Noiva por Herança escrita por Juffss


Capítulo 3
Capítulo 3




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Flatotel - New York, NY

15 de Abril de 2005

06h15min

 

O despertador do meu celular soava insistente no aparador do outro lado do flat. Forcei meu corpo a se sentar na cama e respirei fundo. Subi uma de minhas mãos para a máscara com a qual eu dormi e a puxei lentamente, abrindo meus olhos para a realidade, mais uma vez. Levantei da cama, ainda cambaleando pelo sono, e caminhei até onde o celular ainda tocava quebrando o silêncio da manhã. Coloquei minha mão sobre ele o trazendo para perto de mim, e o abri, olhei a data, 15 de abril, é, eu tinha alguma coisa para fazer, mas não me lembrava o que poderia ser. Arredei um pouco a cortina que cobria a janela deixando o ambiente um pouco mais acolhedor e olhei o movimento da rua. Essa cidade realmente não dormia.

Olhei mais uma vez para o meu celular procurando, agora, a hora. 06h17min, o que eu queria acordada tão cedo? Talvez não fosse nada importante, eu tenho certeza que lembraria mais tarde. Voltei para o quarto e separei uma roupa de ginástica. Já que comecei o dia cedo, por que não o começar direito? Deixei a roupa sobre a cama e rumei para o banheiro. Tomei um banho rápido, porém relaxante. Voltei para o quarto e me arrumei da melhor forma para ir à academia que tinha no edifício.

Passei meus olhos pelas chaves e tomei meu celular entre as mãos, uma garrafa d’água e uma toalha pequena para a academia, e coloquei tudo dentro de uma bolsa esporte qualquer. Desci para o restaurante e sentei em uma das mesas negras com arranjos florais rosa. Pedi um cardápio e o abri sem saber o que iria querer hoje. Chamei um dos garçons e o olhei com um sorriso.

- Iogurte com frutas – pedi.

- Só isso, senhorita Hale? – Forcei minha mente a lembrar o nome do garçom que me atendia. Eu sorri sem saber o que falar.

- Sim – Respondi enquanto minha mente falhava em associar um nome a sua aparência. Cocei minha nuca tentando entender o que havia acontecido comigo para estar desse jeito, eu não era de não lembrar as coisas. Na verdade, sempre lembrei muito bem de tudo o que aconteceu comigo. É só um dia ruim, pensei comigo mesma.

- Ei, Will – Escutei alguma pessoa chamando e vi o garçom a minha frente sair.

Willian, esse é seu nome. Sorri com a ajuda dos céus. Esperei ele voltar com meu pedido e fiz questão de agradecer usando seu nome. Pareceu que ele iria falar algo, mas depois balançou a cabeça negativamente saindo. Dei de ombros e prestigiei a refeição. É, realmente parecia que meu dia iria melhorar agora.

Meu celular vibrou com a ligação de alguém. Olhei para sua tela e vi o nome e a foto de Royce piscando insistentemente. Revirei os olhos e pedi para ele desistir, mas logo deixei um sorriso de lado escapar desistindo de esperar que ele desistisse, pois isso poderia demorar um dia inteiro. Coloquei o celular ao lado direito da minha face e atendi sua ligação matinal.

- Já acordou princesa? – Ele perguntou docemente repugnante.

- Não, ainda estou dormindo! – Falei cínica. Royce surtia esse efeito em mim. Maldita herança!

- Você é tão doce, amore mio. – Coloquei a colher que iria levar a boca de volta na taça de iogurte, provavelmente, o que já havia comido voltaria depois dessa. Meu estomago revirou e eu sorri contradizendo meu corpo.

- Fala logo para que ligou. – Pedi com a minha voz fria, mesmo sem querer fazê-la.

- Para saber como está, doçura – Se ele continuasse com esses apelidinhos ridículos eu juro que eu assalto um banco pra pagar essa divida rápido.

- Estou bem. E se é só isso, Adeus! – falei grossamente esperando que ele realmente desligasse o telefone, mas seria pedir de mais, não é?

- Não! – ele gritou antes que eu pudesse apertar o botãozinho vermelho tão convidativo em uma conversa com ele. – Eu só queria avisar que mandei fazer outro anel de noivado para você.

Maldita herança! Esbravejei mentalmente. Eu não acredito que meu pai tenha feito isso comigo.

- isso? – perguntei falsamente doce.

- Por enquanto é só, eu te ligo mais tarde! Até, meu amor. – Desliguei o telefone sem me despedir. Acenei para Willian vir até a mesa e sorri, de novo, com sua aproximação.

- Me traga o que você tem de mais calórico aqui – pedi com um sorriso torto nos lábios. Eu precisava descontar minha raiva em alguma coisa, e já que estou em um restaurante, que seja na comida. – Obrigada, Willian – agradeci enquanto ele se afastava.

Segurei aquele aparelho minúsculo entre as mãos e procurei o nome de Royce nos contatos. Apertei para editar seu toque e lembrei-me de colocar uma música que me lembrava enterros. Seria a melhor música para descrevê-lo. Vera riria se estivesse comigo, mas parece que ela está realmente gostando de sua vida de casada e agora se esqueceu das amigas... Meus dedos abaixaram a lista até chegar a seu nome e eu entrei em uma contradição interna para saber se deveria ligar. Olhei para o topo da tela e desisti de fazê-lo, era muito cedo e ela provavelmente deveria estar dormindo. Fechei o celular e terminei de comer o que estava na taça.

Não demorou muito para o outro pedido chegar e eu acabar com ele também. E pela primeira vez, não me importei com as calorias que aquilo teria, eu só queria comer. Mais uma vez chamei Willian, porém, dessa vez, apenas pedi para colocar o que gastei na conta do meu flat. Ele balançou a cabeça afirmando que o faria e eu subi para a academia. Agora era gastar o que acabei de comer. Devo ter passado algumas duas ou três horas correndo na esteira e alguns minutos fazendo alongamentos.

Voltei para o meu quarto e me deitei na cama. Eu ainda tinha algo para fazer, não é? Só me restava saber o que era. Mas, enquanto eu não descobria, eu iria curtir minha quinta-feira da melhor maneira. Levantei em um pulo e segui para o armário para pegar uma roupa confortável para ir ao Central Park. Tomei outro banho, mais demorado do que o primeiro, e segui para trocar de roupa.

Uma calça skinny em um jeans azul claro e uma regata verde folha com uma sapatilha cinza talvez fosse uma boa escolha. Coloquei tudo e me olhei no espelho, ficou muito simples. Olhei para o armário e, como se reluzisse, estava uma blusa de frio de um cinza que me lembrava a sapatilha, seu decote era maior do que esperado e deixava boa parte da regata verde aparecendo. Coloquei alguns acessórios e peguei uma bolsa vinho. Coloquei uma faixa no cabelo e o ajeitei emoldurando meu rosto. Agora sim, eu estava apresentável, no mínimo.

Abri a porta do flat e sai. Caminhei pelo corredor e entrei no elevador dando “bom dia” para algumas pessoas. Logo ele desceu e finalmente me vi na rua. Os carros passavam apressados como se, por um acaso, parassem eles iriam ser destruídos por alguma coisa incrivelmente veloz e furiosa. Não me importei muito, eu já estava me acostumando com esse movimento todo. Havia pouco mais de dois meses que estava naquela cidade, e, bem, mais cedo ou mais tarde eu teria que me acostumar com ela. Caminhei até a esquina e peguei a 6th Avenue até o Central Park.

Passei pelos portões sem cerimônias e me coloquei a caminhar pela imensidão que era aquilo. Devo ter passado alguns minutos apenas me concentrando em colocar um pé na frente do outro. Quando meus pensamentos reclamaram, eu percebi que estava cansada e que precisava sentar, pelo menos por alguns minutos. Não demorei em encontrar um banco qualquer e relaxar um pouco.

Por alguns instantes questionei o que fazia naquela cidade. Eu ainda não estava 100% certa de que encontrar alguma coisa para fazer seria o ideal. Eu poderia transferir o dinheiro da conta polpuda que meu pai deixou para a conta da dívida com os Kings, mas como viveria sem esse dinheiro?

Talvez o que tenha feito fosse o melhor. Afinal nunca usávamos aquelas diversificadas casas que tínhamos espalhadas pelo mundo, ou todos aqueles carros em cada garagem... Pelo menos a venda de tudo me deu quatro bilhões e meio... Isso é bastante comparado com o que devo. Mais eu ainda tinha meio milhão pela frente, e muitas coisas para resolver. Eu precisava de um emprego e teria que arrumar um bem rápido.

Minha mente se perdeu por algum momento de minha vida e voltou em alguns instantes, talvez por ter chegado a um local que bloqueei há anos. Eu queria me esquecer de tudo relacionado ao amor de meus pais e todos os momentos felizes que passei com eles, ou com um deles. Mas não poderia bloquear tudo, e nem conseguiria. O necessário estava na parte livre do meu cérebro, junto com tudo o que eu aprendi.

Eu não tinha mais medo de perder algo, ou da morte. Essa era apenas um escape da vida quando ela se tornasse cansativa de mais para ser vivida. Mas não era uma escolha, acima de tudo é apenas algo que você sabe que vai acontecer, e se não aconteceu ainda é porque você tem algo para fazer. Mas qual era a minha missão?

Eu não sei da vida, mas naquele momento eu precisava realmente de um emprego bem remunerado. E nessa cidade deveria ser fácil encontrar um com meu currículo, mas por onde começar? Talvez devesse procurar uma agência de empregos, eles saberão para onde me encaminhar. Mas e se não souberem? Existe essa probabilidade?

Fechei meus olhos esperando achar a idéia correta, mas logo voltei a abri-los com o toque do meu celular. O procurei entre os objetos que estavam na minha bolsa, e quando eu finalmente o achei, ele subitamente parou de tocar. Olhei as chamadas perdidas para ver quem me ligava.

O seu nome veio como um banho de água fria. Max Carl, o advogado que havia contratado para ver se ele não achava alguma quebra no contrato de casamento. Eu confiava no advogado da família, eu sabia direito, mas, tanto eu quanto o nosso advogado, éramos superficiais de mais para esses contratos, nos especializamos em outras áreas.

Max, sim, era um homem que entendia perfeitamente bem desses assuntos. E eu esperava que ele achasse essa tão sonhada quebra. Mas acredito, agora, que ele não vai querer me ajudar. Eu sou uma idiota. Como me esqueci desse encontro com ele?

Bati levemente, com a palma da mão, em minha testa. Eu tinha uma chance e acabei de desperdiçá-la. Como eu sou tão idiota? Era a única pergunta que rodava na minha cabeça. Desejei inúmeras vezes poder voltar no tempo e refazer minha manhã, mas não poderia mais. Abri a tela para enviar mensagem e escrevi algo bem singelo me desculpando e mentindo sobre o contrato. Algo como “Me desculpe, mas tudo se resolveu. O dinheiro da consulta de hoje entrará em sua conta mesmo eu não estando presente. Obrigada, mesmo assim!”. Eu não estava com cara para ligar e me desculpar... Eu não conseguiria fingir que está tudo bem e que tudo foi resolvido, simplesmente porque eu sabia que nada havia sido resolvido.

Eu estava um pouco nervosa, isso é fato, mas parece que Deus não quisesse que o final de tudo com Royce fosse dessa forma. Parecia que ele tinha uma carta em sua manga, e que essa carta seria minha salvação, mas faltava eu encontrá-la. E onde ela estaria? Mas isso não importava, eu a procuraria independentemente de onde ela estivesse. Eu a encontraria.

Senti o vento refrescante que vinha das árvores e fiquei mais calma. Era como se sentir em casa, acolhida de todos os males e feliz. É, por mais que achasse que não gostaria daqui, não gostaria da Big Apple, eu estava amando cada segundo que passava nessa cidade tumultuada e movimentada. Levantei-me suspirando e caminhei até um quiosque de sorvete. Talvez fosse uma boa idéia refrescar meu corpo, e, quem sabe a mente?

Paguei devidamente e sai. Mais uma vez, voltei a caminhar pelo Park. Naquela hora eu notei que já não era assim tão cedo. O sol já estava pintando o céu de laranja e a lua logo apontaria. Distrai-me olhando as nuvens, e mal percebi que meu corpo ainda estava em movimento.

Senti meu pé ficar para trás quando tentei dar mais um passo, e senti mãos me segurando. Por impulso eu soltei o sorvete que caiu no chão e agarrei aos braços da pessoa que me segurou. Estava a centímetros do chão. Olhei para o homem que me segurou e sem entender engasguei.

Os seus braços musculosos estavam cobertos por um terno negro dando a impressão de uma pessoa séria, porém sua gravata havia sido afrouxada, e alguns botões da sua camisa foram desabotoados, o que o dava o ar de jovem. Ele tinha alguma coisa que me prendia a olhá-lo. Seu cabelo escuro e cacheado contrasta com a pele clara. Seus olhos doces e azuis pareciam o oceano. Seus lábios eram de um rosado natural e sua face tinha uma inocência infantil.

- Me desculpe. – ele sibilou enquanto eu pensava em alguma coisa para falar.

- Me desculpe você. – pedi enquanto ele me ajudava a voltar a ficar em pé. – Eu estava distraída e mal vi a proximidade de nossos corpos. – expliquei.

Ele sorriu. Um sorriso de covinhas que me fez suspirar. Era tão parecido com o da minha mãe que... Bloqueie meu pensamento fértil e tentei buscar algo que não lembrasse minha mãe. Sorri em resposta, não porque eu queria, mas porque era impossível não sorrir para ele.

- Então somos dois. – ele balançou a cabeça negativamente enquanto seu sorriso aumentava – eu só queria me desligar um pouco dessa vida, mas você não quer saber de meus problemas. – ele parou para pensar um pouco – Eu acho que derrubei seu sorvete – ele riu olhando para o chão onde um líquido grosso e creme escorria de debaixo de um copinho de plástico. – Não se importa se eu comprar outro para repor esse, não é?

- Não há necessidade – falei ajeitando uma mecha de meu cabelo.

- Eu insisto, se isso não for te incomodar, claro. – ele disse estendendo a mão para o lado oposto ao que eu ia.

- Não me incomoda – falei docemente.

- Então...? – ele perguntou com dúvida. Sorri revirando os olhos e me virando para acompanhá-lo até o quiosque. – E caminhava pelo Park por que... – ele deixou a frase para que eu terminasse, tentando puxar assunto. O olhei e ele passou a mão por seus cachos os despenteando.

- Eu te conheci a menos de 2 minutos, não vou te contar minha vida. – justifiquei. – Olha, eu sei que pode parecer boba essas coisas para essa cidade, mas eu não costumo contar minhas coisas a qualquer um.

- Então, eu sou qualquer um? – ele me perguntou fingindo indignação.

- Você entendeu. – respondi.

- Ótimo, então eu me apresento e quem sabe você me conta alguma coisa. – ele riu fazendo tudo aquilo ficar mais divertido.

- Não, você poderia me contar qualquer coisa... E eu seria obrigada a dar essa qualquer coisa por verdade, já que não te conheço para te desmentir – Contei, ele pareceu se divertir com isso.

- E se fizéssemos um jogo. Poderemos falar qualquer coisa, verdade ou mentira, o outro escolhe em que acreditar – propôs. É, seria um ótimo passatempo e se voltasse para o flat agora não teria nada para fazer a não ser assistir televisão, por que não?

- Feito – aceitei e ele sorriu – Mas você começa. – impus.

- Ok! – ele colocou a mão no bolso. – Eu me chamo Edmund Maiby, tenho 28 anos e sou dono de uma empresa mundialmente famosa.

- Mentira – julguei – Sou Nicole Martin, tenho 23 anos e sou uma estilista de beira de esquina.

- Hm – ele levou a mão ao queixo fingindo pensar – Mentira. Sou noivo de um homem loiro e com olhos verdes, o sonho de toda menina, porém ele é meu.

- Você não é homossexual, é muito... – procurei a palavra ideal para descrevê-lo -... Másculo para ser gay.

- Isso foi um elogio? – Ele perguntou se escorando ao balcão do quiosque.

- Pode se falar que sim – sorri.

- Vai querer de que? – me perguntou olhando para o vendedor.

- Creme – disse me encostando ao seu lado no balcão.

- 2 de creme – pediu.

- Sou noiva. – contei e ele me olhou – meus pais morreram há alguns anos e como herança eu fiquei noiva.

- Não – riu desacreditando no que eu disse – Minha irmã quer me arranjar um encontro com a sua amiga.

- Sinto muito – sorri mostrando que acreditava naquela frase. – Por que acha que não posso estar noiva?

- É muito surreal para ser dessa forma. – ele falou estendendo a mão para pegar dois copinhos de sorvete e estendeu um para mim, o peguei. – Por que você sente?

- Para você falar com essa animação ela deve ser muito chata ou muito feia – justifiquei enquanto ele pagava.

- Acho que o primeiro – falou enquanto voltávamos a caminhar.

- E porque sua irmã quer lhe arranjar uma mulher? – perguntei interessada.

- Ela acha que devo me interessar por uma mulher logo, sabe...? Ela acha que com meus 27 anos eu já estou velho. – contou.

- Parcialmente verdade! – exclamei. Ele me olhou com dúvida – Você tinha 28 no início da conversa.

- Verdade. – ele riu – Mas me fale sobre você, Nicole. – ele pediu doce.

Sorri antes de voltar a falar mentiras ou verdades para ele. E foi um final de tarde divertido, assim, entre esses dois extremos, com ele... Devemos ter passado uma, ou duas, horas conversando sentados na copa de uma das árvores.

- Está ficando tarde – comentei ao ver que as luzes já se ascendiam.

- Vem – ele falou se levantando e estendeu a mão em minha direção. – Eu te levo em casa, está tarde e é perigoso.

- Não precisa – agradeci pegando em sua mão para levantar – eu estou a sete quarteirões daqui, e vou passar pela 6th Avenue, não tem problema.

- Existe um: eu insisto em te levar – sorriu enquanto voltava a caminhar comigo.

Passar o tempo com ele era simples, gostoso, e rápido até de mais. Eu estava feliz, como a muito não me sentia. Por um momento eu me senti a Rose de seis anos atrás, uma simples adolescente que tem borboletas no estomago. E ele parou a frente do flatotel esperando que eu subisse. Mas eu não queria fazê-lo.

- Não o desviei muito do seu caminho? – perguntei tentando estender o momento.

- Não – ele sorriu – é só pegar um taxi que estarei em casa em menos de 15 minutos.

- É muito, não? – parei por alguns segundos – Quer dizer, se não tivesse te tirado do caminho você já estaria em casa... E talvez, sem gastar por isso.

- Gastarei o mesmo que gastaria se não tivesse o feito. – ele me olhou – e, se não tivesse me tirado do caminho, eu teria passado uma tarde insuportável escutando sobre a amiga da minha irmã...

- Tão insuportável assim? – perguntei descrente.

- Muito. – ele falou se aproximando. Mordi o lábio inferior para conter um sorriso – Gostei muito mais de passar à tarde com você.

- Qual é sua idade verdadeira? – perguntei e ele suspirou.

- 23 e a sua? – respondeu sincero.

- 21 – suspirei. – É, eu acho que tenho que subir.

- Não mora aí – julgou.

- Como sabe? – perguntei.

- É um flatotel. – justificou.

- Talvez você esteja certo – sorri sincera. – mas realmente tenho que subir.

- Não vou te impedir – ele falou, e eu dei as costas, derrotada, por ele não fazer nada. Sua mão teve urgência em alcançar a minha e me puxar para perto dele. Minha mão se chocou contra seu peito definido e eu o olhei. Senti algo me prender contra seu corpo e mordi meu lábio contendo um sorriso. Eu queria aquilo.

Sua mão subiu pelas minhas costas e meu corpo se arrepiou. Ele era mais alto e eu estar sem salto não me ajudava muito. Seus dedos se enrolaram no meu cabelo e eu esperei ele se aproximar enquanto fechava delicadamente meus olhos à medida que sentia sua respiração tocar minha face. Seu hálito era doce e convidativo. Nossos lábios se encostaram, e aquilo me soou perfeito. Perfeito de mais para ser verdade. Antes mesmo de começarmos o beijo eu escutei a melodia funerária tocar e soube que passei dos limites com aquilo. Talvez fosse um aviso.

- Eu tenho que atender – murmurei roçando nossos lábios.

- Tudo bem – ele falou me dando espaço.

Virei caminhando para longe esperando que ele não ouvisse uma palavra do que falaria. Atendi ao telefone.

- O que quer agora? Eu estava ocupada. – joguei nervosa.

- Calma flor de lótus, eu só liguei para perguntar como está – ele falou com seu tom de sempre.

- Horrível, agora – disse seca. – Olhe aqui, eu tenho que fazer mais coisas e não vou perder meu tempo falando com você.

- Rosalie, não esquece que você é minha noi... – desliguei o telefone antes que ele pudesse falar mais alguma coisa sobre isso.

O coloquei no silencioso e voltei para perto do desconhecido de covinhas. Ele sorriu envergonhado quando me viu e acho que fiz a mesma coisa.

- Desculpe – ele pediu quando me aproximei.

- Me desculpe você – respirei – Eu... Realmente tenho que subir – falei olhando para o chão e me virei para ir para dentro do edifício.

Eu estava parecendo uma criança com medo do que estava para vir. Eu estava fugindo de um homem lindo e legal por medo.

- Ei, Nicole – ele chamou e eu virei para trás por impulso – Emmett – se apresentou.

- Rosalie – sorri entrando, finalmente, no local.

Uma multidão entrou entre a gente e eu o perdi de vista. Onde ele estava? Cada pessoa que passava a minha frente me assustava mais. Ele havia desaparecido como um fantasma, e aquela multidão não me deixava encontrá-lo. As luzes da noite refletiam o lugar fazendo tudo aquilo parecer um filme de romance. Mas minha vida não é um romance, na verdade ela está mais para drama.

Procurei seu rosto por cada um que passava por lá. Eu precisava vê-lo de novo, mas como? Essa cidade é extremamente grande e populosa, a chance de encontrá-lo mais uma vez é mínima. Fechei meus olhos desistindo de achá-lo e abaixei a cabeça reclamando mentalmente. Suspirei tristemente e me assustei quando alguém me chamou. Olhei para trás e vi o Willian me olhando preocupado.

- Está tudo bem? – me perguntou.

Estava tudo bem? Eu me sentia bem? Ao certo eu não sabia o que estava passando ao meu interior ou o que o estranho de covinhas tinha feito comigo hoje. O que eu sabia era que eu havia perdido a noção do tempo, a noção do que eu estava sentindo.

Tomei ar para ver se conseguia notar alguma coisa que deixei passar despercebido. Eu nunca tinha me sentido assim. Nunca senti uma vontade de rir só em ver um esboço de sorriso no rosto de um homem, nunca fiquei tão admirada em ver covinhas que me faziam sentir tão bem... Eu, definitivamente, nunca me senti como estou me sentindo agora: acabada e sozinha apenas por ver alguém se perder entre a multidão.

Soltei um sorriso involuntário. Eu estava ficando louca. Além de idiota agora eu era louca. E uma vontade de sair gritando me invadiu. Eu estava feliz por estar louca? Como um estranho conseguia me fazer sentir assim? Era uma coisa meio duvidosa.

Emmett. Seu nome ressoava em minha cabeça me fazendo abrir sorrisos maiores a cada segundo. Minha cabeça gritou, não para ter cuidado, mas que eu estava com fome. Minha barriga reclamou e eu percebi que só havia tomado o café-da-manhã. Caminhei sorrindo até Willian e ele estranhou.

- O que temos para o jantar? – perguntei quase cantando.

 

 

 

 

 

 

 

N/A:

 

Hoje nem vou falar muito...

 

Mas antes de mais nada...

 

Como estão vocês meus anjos?

 

Viram quem resolveu dar as caras por aqui? É, eu amei isso e quer saber de uma coisa? No próximo capítulo vocês descobriram uma coisinha básica e logo um momento que muitos gostaram na primeira versão estará de volta... Porque muitas coisas mudaram, mas outras continuam iguais!

 

Até logo meus amores e eu realmente espero ver todos nos reviews...

 

Beijoooos,

 

Juuh


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