Imaginava como seria me casar com você; imaginava nós dois, velhinhos numa cadeira de balanço em nossa pequena fazenda, sonhava com o dia em que você me levaria para jantar e pediria minha mão com uma linda e delicada aliança. O vestido perfeito, o bolo perfeito, a decoração perfeita, as alianças..., tinha tudo salvo na galeria do telefone.

         Cinco anos... Cinco anos dedicados a esse amor.

         Tudo começou quando ainda estávamos no colegial. Em meio a nosso grupinho, lá estava você, cheio de piadinhas de “tiozão”, com um sorriso no rosto e aquela camisa azul que te deixava irresistível. Nunca foi tão fácil me apaixonar por alguém. Você sempre fora gentil, cuidadoso, educado, divertido e muito engraçadinho.

         Cuidava de mim, sem que eu mesma percebesse. Ficava ao meu lado até meus pais me buscarem, mesmo que isso atrasasse todo o seu dia, carregava meus livros pesados mesmo tendo que carregar os seus também. Colava os origamis que eu te dava em seu caderno, independente do que nossos colegas falassem. Conversava comigo praticamente o dia inteiro e ainda passava as madrugadas em ligação comigo, mesmo não tendo assunto.

        Foi numa dessas madrugadas que lhe pedi em namoro. O engraçado é que sempre fui eu a tomar atitude. Eu lhe beijei primeiro, eu lhe pedi em namoro, eu fui em sua casa primeiro..., mas isso nunca me importou. Me apaixonar por você foi quase que inevitável.

         É impossível falar de você e não lembrar de nosso primeiro encontro. Era para ter sido uma saída em grupo, mas quando chegamos ao cinema só nós dois aparecemos. Sua camisa polo vermelha combinava perfeitamente com minha saia xadrez da mesma cor. Assistimos a sequencia do meu filme favorito, passamos as duas horas e meia abraçados. Foi como uma cena de filme, voltei para casa com borboletas na barriga e vomitando arco-íris. “SIMPLESMENTE MARAVILHOSO”.

         Algum tempo depois começamos a namorar. A aliança que você me deu era linda, prata com lindas pedrinhas violetas, eu não a tirava para nada. Discutíamos bem pouco, e quando brigávamos sempre resolvíamos no dia seguinte, todo mês comemorávamos nosso aniversário de namoro, com encontros, presentes e as vezes só com a companhia um do outro mesmo. Foram incríveis cinco anos.

            No entanto, quando menos esperei, num fatídico dia... você Dylan, você me deixou! Você me deixou acreditar que estava tudo bem, me levou para um piquenique, fizemos uma lista do que queríamos para nosso futuro juntos, depois fomos na minha sorveteria favorita (foi uma tortura voltar lá depois) e a noite quando me deixou em casa; puxou o tapete, me deixou sem chão.

            Disse que iria embora para outro estado no final do mês, que não podia esperar mais nenhum segundo, e que deveríamos achar uma solução para continuarmos a distância. No dia seguinte, jogou por terra todas as soluções que arranjei e por fim terminou comigo. Quando tentei correr atrás de você, quando em ligação no dia posterior, pedi para que não me deixasse, você simplesmente me disse para “aceitar”.

           Mas Dylan, como aceitar isso? Como aceitar que o amor da sua vida, a pessoa com quem você achou que se casaria, te deixa sem mais nem menos? Num dia estou passeando com meu amor e no outro estou só! Você se foi e levou meu coração consigo. Não sei se um dia vou conseguir te superar, não sei se um dia voltarei a amar como te amei.

           Você nunca vai ler esta carta. Mas eu queria que soubesse a falta que você me faz. Ainda sonho contigo, ainda tenho todas as bugigangas que você me deu; não tive coragem de apagar todas as nossas fotos. O google fotos vive me atormentando com nossos momentos preciosos.

          E a pergunta ainda fica... como “aceitar”? Queria que você me ensinasse, pois parece que você conseguiu com uma facilidade imensa. Digo a todos que já superei, que você não me faz falta, que já estou pronta para outra. Mas a verdade é que penso em você todos os dias; quando me levanto e quando me deito, meus pensamentos estão em você. Tudo me faz lembrar você e quando toca nossas músicas na rádio, é como se uma faca cortasse meu coração em pedaços. Deixei de fazer muitas coisas que amava, por me lembrar você. O meu coração GRITA de saudade. Meus olhos já não possuem mais lágrimas, mas ainda sim continuo chorando por ti.

           E no final... você acabou nem se mudando para lugar nenhum.

                                       D de Dylan, o que foi embora e levou meu coração junto.