Um amor inesperado escrita por Tianinha


Capítulo 16
Entrevista com Sueli Pedrosa




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À noite, Giane estava em casa, e passou pela sala, onde se encontrava seu Silvério, que estava assistindo à televisão. A televisão estava ligada no programa da Sueli Pedrosa. Giane sentou-se no sofá. Sueli Pedrosa dizia:

— Olha só, gente, Amora Campana, a it-girl preferida do Brasil, tem revelações arrasadoras a fazer sobre o namorado de sua irmã Malu, o florista Bento de Jesus. E que bomba!

Seu Silvério resmungou e ia desligar a televisão. Não queria nem ver a entrevista. Sentia que não era coisa boa. Mas Giane o impediu.

— Não, não, não! — disse Giane, pegando o controle e aumentando o volume. — Eu quero ouvir.

Giane resolveu ligar para Bento. Ele precisava ver o que a Amora ia falar dele na televisão. Certamente, não seria coisa boa, pois Amora não devia ver com bons olhos o namoro de Bento com Malu. Giane tentaria, mais uma vez, abrir os olhos dele. Quem sabe assim, Bento parava de ir atrás da Amora, de defendê-la. Giane continuava chateada por Bento ter ido atrás de Amora depois do que aquela peruinha fizera com ela. Ele precisava se tocar da bisca que ela era. Giane se importava com o amigo, e não deixaria de alertá-lo, mesmo furiosa.

— Ô Giane, até que enfim você resolveu falar comigo, hein, garota? — disse Bento, ao atender ao celular.

— Só tô ligando pra te avisar que vão falar de você no programa da Sueli Pedrosa. Tchau! — disse Giane, e desligou. 

Sueli Pedrosa continuava falando na televisão: “E não há mais nenhuma dúvida, meus amigos! Amora Campana é totalmente contra o namoro da irmã com o florista Bento de Jesus! Vejam o que ela disse sobre ele!”. Em seguida, apareceu a imagem de Amora, dizendo: “O Bento não passa de um falso, de um coitado, de um mentiroso, de um sujeito desesperado pra aparecer que não bastasse usar a minha irmã, agora ele resolveu apelar, mas eu não vou perder mais um segundo com essa baixaria. Se era só isso, com licença, que eu tenho que trabalhar”.

Giane ficou chateada por Amora falar daquele jeito do Bento na televisão. Ela o ofendeu e humilhou publicamente. Giane disse:

— Você viu, pai, o quê que a Amora falou do Bento na televisão? Mas eu avisei a ele que essa fulana não valia nada!

— Você andou discutindo com o Bento por causa da Amora? — perguntou seu Silvério.

Seu Silvério não estava nada satisfeito. Será que Giane não se cansava de ficar arrumando briga com Bento por causa da Amora? Devia deixar os problemas do Bento para lá. 

— Por causa dessa vadia, dessa cobra desgraçada! — explodiu Giane.

— Filha, eu não quero ver você falando assim de ninguém! — disse seu Silvério. Ele às vezes se chocava com as coisas que a filha dizia.

— E eu não quero ver o Bento sendo sacaneado, pai! — disse Giane, levantando-se do sofá. — Pô, ele não merece, coitado! Pior que eu que avisei a ele do programa. Se bem que é bom, né? Pra ele ver quem é essa aí. Mas eu não quero que... Que ele fique magoado, pai. — sentou-se no sofá novamente. — Dá uma ligadinha aí pra ele, pai. Assim, como quem não quer nada. Só pra ele saber se tá bem.

Seu Silvério sorriu e abanou a cabeça. A filha tinha coração de manteiga.

— Tá aí, filha... — levantou-se da poltrona e sentou-se no sofá ao lado de Giane. — Uma boa oportunidade pra vocês pararem com essa briga de uma vez por todas, tá? — pegou o celular. — Olha aqui, liga pra ele. Liga você, liga! Liga!

Giane pegou o celular e digitou o número do amigo. Esperou. Bento não atendeu.

— Caixa postal. — disse Giane. — Eu falo com ele amanhã.

No dia seguinte, Giane foi até a casa de Bento falar com ele. Precisava saber como ele estava, depois do que Amora dissera na televisão. E também pretendia se desculpar com o amigo, acabar com a briga. Viu Amora sair da casa de Bento. Pelo visto, haviam discutido, mais uma vez.

— Visitinha da Amora logo cedo? — perguntou Giane, aproximando-se ao ver o amigo.

— Ah, não, Giane! — disse Bento, impaciente. — Olha, se é pra você atacar, eu...

— Não, Bento. — disse Giane. — Eu vim aqui pra saber como é que você tá. Eu não devia ter te falado do programa da Sueli Pedrosa. Eu fiz isso porque eu estava com raiva, entendeu? De você ter ido atrás dela, depois do que ela fez comigo. — mostrou um machucado no braço, resultado da briga com Amora. — Olha só o que a sua Amorinha doce fez comigo. Ela me atacou. Foi na minha casa me agredir.

— Ok, Giane, eu já sei. — disse Bento. — A Amora errou. Mas você também, né? Você não ia contar pra imprensa que a gente deu um beijo? Pô, Giane, além de ser uma fofoca de quinta, você ia atingir ela e eu. Eu, Giane!

— Eu só queria abrir seus olhos, Bento, pra falsidade daquela ordinária. — disse Giane.

— Esquece isso, passou. — disse Bento. — Deixa a Amora tocar a vida dela, a gente toca a nossa, pronto.

Giane ficou sem jeito. Tinha vergonha. Não sabia como olhar para Bento depois do pai ter dito que ela era apaixonada pelo amigo.

— Eu só não queria que você pensasse que eu fiz o que eu fiz por causa daquela besteira que o meu pai te falou, entendeu? Eu, eu fiz por...

— Porque você gosta de mim. — disse Bento, e Giane ficou sem jeito. — Como um irmão. E quer o meu bem, quer cuidar de mim, quer me proteger. — Giane balançou a cabeça positivamente. — Assim como eu quero o seu. — Bento passou a mão no rosto dela, em seguida, no ombro. — E se algum dia você se meter com alguém que não valha a pena, eu vou querer te proteger também.

— Então, você já sacou que a Amora não vale a pena? — perguntou Giane.

— A única coisa que vale a pena, é a nossa amizade. — disse Bento. — Eu não quero perder isso nunca.

Bento a abraçou e lhe deu um beijo na testa. Só que Giane não gostava muito de beijos e abraços. Não era chegada em um grude.

— Essa melaçãozinha toda é pra eu trabalhar com você, é? — disse Giane, brincalhona, dando um tapa no ombro dele. Bento riu. — Se for, tudo bem. Agora, chega de ternurinha, que você sabe que eu detesto! — bateu de leve o braço no ombro dele.

— Olha, mas você é uma casca grossa mesmo, hein? — disse Bento, apertando-a ainda mais e lhe dando um beijo no rosto. — Olha só, eu preciso dar uma saída antes de abrir a loja. Você não quer recolher as flores do pessoal, enquanto isso, pra mim?

— Sim, senhor, sócio! — disse Giane, sorrindo.

Giane foi recolher as caixas, como sempre. Conversou com dona Odila sobre os acontecimentos do dia anterior. Já estava sabendo que Érico havia sido demitido, e como se não bastasse, ele havia terminado o noivado com a Renata, ao flagrá-la aos beijos e amassos com o primo Tito, filho do Wilson. Foi o maior escândalo na rua. Érico e Renata brigaram feio na frente de toda a vizinhança. Não ia mais ter casamento. Estava tudo acabado.

Giane e dona Odila estavam reparando que as flores estavam murchas.

— Impressionante, né, menina? — disse dona Odila. — Olha como as flores sentem tudo que acontece ao redor. Estavam lindas ontem. Aí.

— Pode deixar que elas vão arribar. — disse Giane. — E a Renata, como é que está?

— Saiu. Deve ter ido atrás do Érico, né? — disse dona Odila.

— Será que tem volta? — perguntou Giane.

— Duvido, viu, Giane? — disse dona Odila.

Seu Nestor correu atrás de Pixinguinha, seu cão de estimação.

— Pixinguinha! Ai, meu Deus do céu! Peraí um pouquinho.

Pixinguinha correu em direção ao Érico, que segurou o cachorrinho.

— Ai, rapaz! — disse seu Nestor, pegando o cachorro no colo. — Desculpa aí, viu, Érico?

— Não, que isso, seu Nestor? Não foi nada! — disse Érico.

— Não, eu não estou falando do cachorro. — disse seu Nestor. — Sabe o que é? Desculpa aí, por tudo, viu Érico?

Dona Odila e Giane, que estavam por perto, ouviram tudo.

— Desculpa por tudo? — disse dona Odila, indignada. — Como é que é? Como é que é? Você está pedindo desculpa, depois de tudo o que ele fez com a nossa filha? — apontou para Érico. — Olha aqui, Érico, a minha filha agiu mal e eu sei. Mas nada justifica você ter xingado ela daquele jeito e muito menos na frente de todo mundo!

Tia Salma havia acabado de sair de casa e ouvido tudo. Ficou furiosa ao ver dona Odila defender Renata. Estava magoadíssima com Renata, por ela ter magoado ao Érico. Resolveu defender o filho.

— Mas você queria que ele falasse o quê? Depois do que aquela vagabunda da sua filha fez? — disse tia Salma.

— Você morde a língua pra falar da minha filha, hein, Salma! — disse dona Odila, furiosíssima, apontando o dedo para tia Salma. Não admitia ofensas à filha, muito menos vindo de Salma. 

Giane não estava gostando nada de ver tia Salma e dona Odila brigarem por causa dos filhos. Elas sempre foram tão amigas.

— Falo, sim, senhora, porque quem magoa o meu filho, magoa a mim! — replicou tia Salma. — E lá em casa, ninguém mais quer ver a cara da Renata!

— Ah, não quer ver a cara da Renata? — disse dona Odila. — Pois fique sabendo que sou eu que não quero mais ver a tua cara, tá bom?

— Eu que não quero ver a sua cara! — gritou tia Salma. Érico começou a arrastar a mãe. Não podia deixar a mãe e dona Odila se baterem.

Seu Nestor pegou no braço de dona Odila.

— Me solta! — protestou dona Odila.

— Vambora, vambora, Odila! — disse seu Nestor.

— Devolve minha panela de pressão! — gritou tia Salma.

— E você, minha forma de bolo! Egoísta! — gritou dona Odila, afastando-se.

— Egoísta é você! — gritou tia Salma, do portão de sua casa.

Seu Silvério aproximou-se de Giane e pegou uma das caixas que ela carregava.

— O que tá acontecendo? — quis saber seu Silvério.

— Ih, pai! Tia Odila e tia Salma estão brigando, por causa dos filhos, né?

— Ih! — disse seu Silvério. Também não estava gostando disso.

— Justo elas, que sempre foram tão amigas. — disse Giane. Mostrou as flores murchas. — Ó, elas brigam e as plantas que sofrem.

— É. — disse seu Silvério, olhando as flores na caixa.

— E o Bento? — perguntou Giane. — Disse que ia dar só uma saidinha. Onde é que ele se meteu, hein?

Seu Silvério não sabia onde Bento estava, nem o que estava fazendo. Algum tempo depois, Bento voltou e ajudou Giane a levar as caixas com as flores para a van. Giane comentou:

— Demorou, hein? Estava dando outra entrevista?

— Não, Giane. Estava dando uma força pra avó da Malu. — disse Bento, colocando uma caixa com flores na van.

— Ah, claro! Esqueci. Se não é Amora, é Malu, né? — disse Giane, enciumada.

— Fica quieta, ô pentelha! — disse Bento. — Vai, vamos carregar isso logo, que eu te conto no caminho. Vambora, vambora, vambora!

— Sim, senhor! — disse Giane, levando as caixas para dentro da van.

Entraram na van e foram para a loja. No caminho, Bento contou que Bárbara Ellen havia tentado internar dona Madá em um manicômio. Bárbara havia dopado a mãe. Mesmo assim, dona Madá conseguira escapar para a Toca do Saci, apesar de estar grogue. Porém, Bárbara fora até à Toca com a equipe do manicômio e encontrara a mãe lá. Dona Madá teria sido internada se Bento não tivesse chegado na hora para impedir. Bento chamou Malu, que viera correndo, com Plínio junto. Dona Madá acabou indo para o apartamento de Plínio. Giane achou que Bárbara Ellen era uma pessoa horrível, para querer internar a própria mãe. Bento, mais uma vez, bancara o salvador da pátria.

Quando chegaram à Acácia Amarela, encontraram Sueli Pedrosa e toda a equipe em frente à loja. Pelo visto, queriam entrevistar Bento.

— Ai, não! Mas não é possível! — reclamou Bento.

Sueli Pedrosa aproximou-se, sem esperar Bento e Giane saírem da van.

— Bento, bonitinho, eu vim atrás de uma palavrinha apenas. Posso?

Certamente, Sueli Pedrosa viera ali falar a respeito das declarações de Amora, a respeito do Bento. Giane não queria saber de imprensa. Tinha o dia cheio, não queria dar entrevista. E não queria que Bento fosse exposto. Ele já sofrera demais com esta história. Sueli Pedrosa devia deixá-lo em paz.

— Você pode é dar meia-volta, antes que eu quebre tua câmera. — disse Giane, enfezada, sem paciência. — É isso que você quer?

— Por que essa braveza toda? Nossa! — disse Sueli. Dirigiu-se a Bento. — E essa recepção tão calorosa? É por causa do que a Amora disse a seu respeito? É mágoa o que você tá sentindo, Bentinho?

— Você quer mesmo saber a minha opinião sobre a Amora? — perguntou Bento.

— Uhum. — disse Sueli Pedrosa.

— Pois então, liga a sua câmera aí, que vou te dar o que você quer. — disse Bento.

Bento saiu da van para ser entrevistado. Giane ficou na van, observando tudo. Não sabia o que Bento pretendia, mas esperava que ele esculachasse a patricinha. Amora merecia, depois de tê-lo ofendido e humilhado publicamente. Sueli ligou a câmera e perguntou a Bento:

— O que você tem a dizer sobre ela?

Para surpresa de Giane, Bento respondeu:

— Ô Sueli, a Amora estava só brincando.

— Estava nada! — replicou Sueli. — Quando ela te chamou de falso e mentiroso, ela falou muito sério, que eu vi!

— Você não entendeu a piada, querida. — disse Bento. — Amora é um doce, ela não fala mal de ninguém. Aquilo foi apenas uma brincadeira.

— Como é que você pode... — dizia Sueli Pedrosa.

— Agora, com licença, porque eu preciso trabalhar. — Bento interrompeu.

— Corta! Corta! — disse Sueli Pedrosa ao cameraman.

O cameraman desligou a câmera. Bento começou a ajeitar algumas coisas na van. Sueli Pedrosa disse a Bento:

— Você perdeu uma ótima oportunidade de se vingar e ainda vai fazer papel de idiota, elogiando uma fulana que acabou com você!

— Tenha uma boa tarde, Sueli! — disse Bento. Entregou um ramalhete de flores para ela. — Olha, pra perfumar o seu programa. Que por sinal, cheira muito mal.

— Olha aqui, pega essas flores e... Engole! — disse Sueli, furiosa. — Vambora, galera! Isso que dá jogar pérolas aos porcos!

Bento riu, enquanto pegava as caixas com flores.

— E nós é que somos os porcos, não é, Giane?

A esta altura, Giane tinha saído da van e estava em frente à loja, ajeitando as flores que havia tirado de dentro da van.

— Quem mandou falar bem da patricinha?

— Era o único jeito de acabar com isso. — disse Bento. — Tudo que essa cobra queria era mais polêmica. Agora, a gente vai poder tocar a nossa vida sem fofoca, sem Sueli Pedrosa, sem Amora!

Era tudo o que Giane queria ouvir. Então ele não queria saber de Amora?

— Sem Amora?

— É. — disse Bento.

Será que Bento se tocara que tinha que ficar bem longe daquela cobra?

— Tá falando sério? — perguntou Giane.

Atirou-se nos braços dele, de tão feliz que ficou.

— Que isso, garota? — perguntou Bento, surpreso.

— Nem acredito que eu ouvi isso! — disse Giane, feliz.

Mas ficou envergonhada ao perceber o que acabara de fazer.

— É, vambora trabalhar, né? — disse, afastando-se dele e entrando na loja.

— Vamos. Vamos trabalhar. — disse Bento.


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