Um amor inesperado escrita por Tianinha


Capítulo 14
Despedida de solteiro




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No dia seguinte, Giane e Bento foram trabalhar, como sempre. Colheram as flores e colocaram as caixas na van.

— Pronto! Vambora, que a gente tá atrasado. — disse Giane.

— Me dá só um minutinho, tá, Giane? — pediu Bento. — Ela já deve estar chegando.

— Ela? Que ela? — perguntou Giane, ajeitando as flores, sem entender nada.

Lara Keller apareceu, junto com a equipe do programa. Estacionaram o carro atrás da van. Lara, Caio e Peixinho saíram do carro. Peixinho agora era o novo diretor do Luxury. Havia substituído Vitinho Barata. 

— Olá! Bom dia! — disse Lara, fechando a porta do carro. — Demoramos?

— Pelo contrário, vocês foram superpontuais. — disse Bento.

Bento cumprimentou Lara com um beijo no rosto. Giane observava tudo de cara amarrada. Não estava entendendo nada. Por que Bento resolveu chamar a Lara? Ele, que tinha aversão à mídia, que não gostava de aparecer, agora resolveu dar outra entrevista para o Luxury? Só podia ser para impressionar Amora. Giane não estava gostando nada desta história.

— O que essa mulher tá fazendo aqui, Bento? — perguntou Giane.

Bento tinha de explicar essa história para ela.

— Ué, você não contou pra sua funcionária? — Lara perguntou para Bento. Dirigiu-se à Giane. — O Luxury vai acompanhar um dia na vida de Bento de Jesus, futuro genro de Plínio Campana.

— Peraí, Lara. — disse Bento. — Não é bem assim. A Giane é minha sócia e eu não sou genro do Plínio Campana, eu sou apenas amigo da filha dele.

Lara suspirou.

— Ai, você e a Malu ainda estão naquele momento “se conhecendo melhor?” — disse Lara, fazendo aspas com os dedos. — Aff! Está demorando, hein?

— Você está zoando com a minha cara, né, Bento? — perguntou Giane, furiosa e enciumada.

— Ô Giane, a Lara vai filmar a gente pro programa dela. — disse Bento.

— E os bacanas que assistem essa porcaria lá tem interesse pela gente?

— Tem sim, cherry. — disse Lara. — Por várias razões. O Luxury está mirando um público mais popular. O negócio de flores é, realmente especial. E o mais importante, o Bento, além de toda estampa de galã... — olhou Bento de cima a baixo — está envolvido com a filha do famoso...

— Ele já disse que não tem nada com a Malu! — disse Giane, cheia de ciúmes.

— Calma, Giane. — pediu Bento. — Vai ser bom pra divulgar o negócio.

— Que negócio, o quê! — disse Giane, furiosíssima. — Tá na cara que você só quer impressionar aquela patricinha de mer... Você sabe, Bento, só que eu estou fora, tá?

— Peraí! Peraí, Giane! — disse Bento. — Giane, espera! Giane!

Giane nem dera ouvidos. Foi embora para casa. Não quis trabalhar. Não havia condições. Ela é que não ia participar desta palhaçada. Ao chegar em casa, contou tudo ao pai, enquanto seu Silvério cuidava das plantas.

— Você acha certo, pai, o Bento querer pagar de famoso só porque ele está afim da Amora? — reclamava Giane, caminhando em direção ao muro da frente de sua casa. — É imbecil, né, esse cara? Imbecil!

Seu Silvério continuava podando as plantas, sem falar nada. Giane começou a jogar no chão algumas pedrinhas que estavam sobre o muro. Estava furiosa com Bento. Charlene chegou e cumprimentou:

— Bom dia, seu Silvério!

— Bom dia! — disse seu Silvério.

Charlene estranhou ao ver Giane ali.

— Giane? Ué, você não devia estar trabalhando? Ou o Bento te deu o dia de folga?

— O Bento resolveu dar uma entrevista pro Luxury. — disse Giane, furiosa. — Tudo pra agradar a Amorinha dele, né?

— Ih! Então aquele beijo rendeu. — Charlene soltou sem querer.

— Beijo?! — disse Giane, estranhando. — Que beijo?

— Ai, meu Deus, como eu sou bocuda! — disse Charlene, batendo na boca.

— Fala, Charlene! Que beijo? — perguntou Giane, histérica.

Charlene não disse nada, mas pela expressão do rosto dela, Giane entendeu tudo.

— O Bento beijou a Amora, foi? — perguntou Giane, chateada.

— É. — disse Charlene. — Rolou um “vem pra cá, meu bem” entre eles, mas não aconteceu nada. Porque a Amora não quis saber do Bento. Você sabe.

— Mas é claro que não, né? — disse Giane, histérica. — Como é que o Bento pode ser tão cego, tão burro, cara? Que ódio desse cretino!

Giane correu para dentro de casa. Foi direto para o quarto, chorando.

— Que ódio! — gritou, abrindo a porta do quarto.

Sentou-se na cama e agarrou sua bola de futebol de pelúcia.

— Cretino! Cretino! Por quê que você fez isso, Bento? Por quê? Que ódio! Que ódio! Que ódio!

Deitou-se na cama, abraçada à bola, chorando. Não podia nem imaginar Bento beijando outra mulher, ainda mais se tratando de Amora. Era demais para o coração de Giane. Gostava tanto dele. Por que ele não podia amá-la?

Mais tarde, seu Silvério explicou à Giane tudo o que havia acontecido. Bento e Amora haviam se beijado. Bento tivera esperanças de que Amora rompesse o noivado com Maurício para ficar com ele, mas não foi o que aconteceu. Amora e Maurício continuavam juntos. Assim, Giane finalmente entendeu por que Bento resolvera dar uma entrevista ao Luxury. Fora para provocar Amora. Giane ficou com raiva de Amora, por fazer Bento sofrer. Também, quem mandava ele ficar se iludindo com a patricinha.

Bento não apareceu mais o resto do dia. Ficou fora o dia todo, dando entrevista. Anoiteceu, e ele ainda não voltara. Giane resolveu perguntar para tio Gilson e tia Salma se eles sabiam do Bento. Será que a entrevista terminara? Foi até a casa deles. Eles estavam em frente à casa, com Douglas e Jonas. Érico havia acabado de chegar, e comprara um monte de fantasias para sua despedida de solteiro que ia acontecer no Cantaí.

— Oi, gente! Alguém viu se o Bento já voltou, lá da entrevista? — perguntou Giane.

— Já, mas saiu de novo, e numa estica! Você precisava ver! Lindão! — disse tia Salma.

— Ah, Giane, relaxa aí, vai, escolhe uma fantasia pra você ir na festa. — disse Douglas, que estava carregando uma sacola cheia de fantasias.

— Pô, você tá louco, mano? — disse Jonas. — As mina daqui da rua não vão na despedida de solteiro do Érico, não!

— Que mina, cara? É a Giane, meu! — disse Douglas.

Giane deu um beliscão em Douglas. Ficou furiosa. Douglas insistia em tratá-la como se fosse homem.

— Se toca, hein, cara! Olha o respeito! Eu sou mulher! — olhou para todos os que estavam presentes. — Gente, se o Bento voltar alguém fala pra ele passar lá em casa? A hora que for!

Precisava falar com Bento. Queria acabar com a sociedade. Se era para Bento ficar aparecendo toda hora na mídia, para impressionar Amora, ela, Giane, estava fora. Não queria mais saber de parceria com Bento. 

Giane ficou de olho para ver se Bento aparecia. Bento ficou horas sem dar notícias. Onde será que ele tinha ido? Algum tempo depois, viu um táxi descer na frente da casa do Bento. Viu Amora descer do táxi. Resolveu dizer poucas e boas para aquela patricinha entojada, que só fazia Bento sofrer, brincando com os sentimentos dele. Ficava dando esperanças a ele e continuava com Maurício. Amora estava mesmo precisando ouvir umas boas verdades. Giane estava disposta a fazer de tudo para proteger Bento daquela cobra.

 — Perdeu seu tempo! — Giane gritou.

Giane caminhou em direção à Amora.

— O Bento não está aí, não. — gritou.

— Vem cá, você não tem mais o que fazer do que cuidar da vida dele? — perguntou Amora. Giane vivia atrás do Bento, impressionante!

— Não. — disse Giane, aproximando-se. — E daí? Eu cuido mesmo da vida do Bento. E é por isso que eu vou te dizer: vaza daqui! Não aparece nunca mais.

— Quem é você pra me dizer o que eu devo ou não... — disse Amora.

— Pra sua vida, eu não estou nem aí. — Giane interrompeu. — Mas, da vida do Bento, você vai ficar longe. Já não basta o estrago que você fez.

— Que estrago? Do que que você está falando, sua louca?

— O Bento era feliz, antes de você aparecer. — disse Giane. — Você não trouxe, nem nunca vai trazer nenhum bem pra ele. Todo mundo aqui já sabe que você não presta. E é por isso que eu vou te dizer: entra nesse táxi e desaparece.

Amora suspirou. Passou a mão na nuca. Estava na cara que a mocoronga da Giane estava discutindo com ela porque estava mordida de ciúmes. Só podia estar caidinha pelo Bento. Só isso para explicar a obsessão dela pela vida do Bento. Desde criança, Giane era a sombra dele. Giane sempre foi sua rival. Desde criança, já tinha ciúme do Bento, disputava a atenção dele com ela. Mas ela, Amora, tinha mais o que fazer do que discutir com aquela idiota. Aquela garota não se enxergava não? Giane não tinha como competir com ela, não tinha chance alguma. Que homem se interessaria por Giane?

— Quer saber? Eu não vou perder meu tempo discutindo com um moleque idiota, feito você. Se quer continuar cuidando da vida do Bento, problema seu. Mas não pensa que, por causa disso, ele vai parar de pensar em mim e... — fez um gesto circular com o dedo, ao mesmo tempo em que fez uma cara de horror. — prestar atenção que você existe, porque isso, na verdade, é feito pra um herói. Um herói, não. Um cego, surdo, mudo...

Giane ficou com mais raiva ainda de Amora, por conta do esculacho que levou. Aquela peruinha se achava a tal, e que todos os homens do mundo deviam cair aos pés dela. Por isso xingou Amora, enquanto ela entrava no táxi e ia embora:

— Vai, perua! Cachorra! Filha da... — grunhiu. — Cretina!

Nem bem Amora foi embora, apareceu outro táxi logo atrás. Lara saiu do táxi. Giane estranhou. O que será que a Lara queria? Pelo visto, ela andou seguindo Amora.

— Oi, Giane. — disse Lara. — Nossa! Por que que você está tão furiosa com Amora?

Pelo visto, Lara vira ela, Giane, e Amora discutindo. Giane viu logo uma oportunidade de mostrar ao Brasil inteiro quem era Amora. Amora vivia se fazendo de boazinha diante da imprensa, mas de santa não tinha nada. Amora merecia levar o troco por tê-la humilhado daquele jeito, por ter sido tão cruel com ela. Além do mais, quem sabe assim Bento abria os olhos de uma vez por todas e se dava conta de que Amora não valia nada. Sim, porque Amora estava fazendo Bento de idiota e traindo o noivo. Isso era coisa de gente sem caráter. Giane queria mais era que Bento se afastasse de Amora, pois ela só o fazia sofrer.

— É você que não gosta da Amora, não é? — disse Giane. — Estou me lembrando, o dia que você apareceu lá na minha loja querendo saber dos podres da biscateira.

— Biscateira? Por quê? — perguntou Lara.

— Porque essa aí — Giane passou a mão no cabelo. — está noiva do ricão, mas não para de correr atrás do Bento. Até beijar ele, ela já beijou, sabia?

— Mentira, não diga! — disse Lara. — E você tem alguma prova disso?

— Eu falo pra quem quiser ouvir. — disse Giane. — Se quiser chamar a imprensa, pode chamar. Porque eu conto tudo dessa pistoleira.

— Então quer dizer que a Amora beijou o Bento? — perguntou Lara.

— É. — disse Giane.

— Gente, que bafo! — exclamou Lara.

— Ela está enrolando Bento e traindo o Mauricinho. — disse Giane.

— Cherry, mas isso é uma bomba! — disse Lara. — É uma pena não poder te entrevistar. Fofoca foge completamente da linha do meu programa.

— Pode chamar Sueli Pedrosa, pode chamar quem você quiser, que eu boto a boca no trombone. — disse Giane. — Tá fazendo esses dois de idiotas.

— Peraí, você teria coragem de dar declarações tão bombásticas sem se preocupar com as consequências? — perguntou Lara.

Giane não estava nem aí para as consequências.

— Que consequência? Tudo verdade. — disse Giane. — Se ela for pra justiça, eu vou também. Pode chamar esse pessoal todo da imprensa.

— Então tá, eu vou ver isso direitinho. — disse Lara. — Amanhã eu te ligo, tá? Obrigada, Giane. Juntas a gente vai acabar com a hipocrisia das celebridades.

— Que celebridade o quê! Eu quero derrubar é a Amora! — disse Giane, sincera, como sempre. — Você também, né, cherry? Não vem com essa falsidade não, hein? Vamos jogar limpo, tá?

— Tá, tá bom. Ok, jogo limpo. — disse Lara. — Amanhã eu te ligo, tá? — jogou um beijo. — Bye!

— Bye! — arremedou Giane, com a cara amarrada, revirando os olhos, vendo Lara entrar no táxi e ir embora.

Horas depois, Giane ouviu uma algazarra na rua e foi olhar. Eram os rapazes, que estavam saindo da despedida de solteiro do Érico. Bento estava entre eles. Giane viu Bento, completamente bêbado, despedindo-se dos amigos:

— Falou, galera! Boa noite pra vocês! Boa noite! Ô Érico! Cuida da Renata, hein, mano? Ó lá! — disse Bento, cambaleando pela rua.

Bento foi em direção à casa dele. Giane resolveu ir atrás do rapaz. Ele realmente havia tomado todas. Mal estava conseguindo andar. Até esbarrou em um vaso de flor. Giane achou que precisava ajudá-lo. Mesmo furiosa, resolveu ajudá-lo. Entrou na casa do amigo e deparou com ele estatelado no sofá, dormindo de fantasia e tudo. 

— Bento.

Aproximou-se.

— Bento. — deu um tapinha no ombro dele. — Bento. Vem, vem cara, vem que eu te ajudo. — agarrou-o pelos braços, ajudando-o a se levantar. — Todo errado, hein? — Levantou-o e segurou-o, apoiando-o em seu ombro. — Só erra, né, Bento? — levou-o para o quarto. — Erra pra escolher mulher... Erra na dose da bebida... Calma, calma! — deitou-o na cama.

Bento riu. 

— Ai... — gemeu. 

— Deixa tirar isso antes que você se enforque com esse negócio... — Giane disse para si mesma.

Tirou a fantasia do amigo e ficou observando-o, quase sem roupa, adormecido, bem à sua frente. Achava Bento bonito. Parecia um príncipe, ali, adormecido. Até que resolveu ir embora, pois não podia ficar ali olhando a noite toda.


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