Um amor inesperado escrita por Tianinha


Capítulo 13
Vandalismo na estufa




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À noite, Giane e Bento foram à casa de tio Gilson. Encontraram tio Gilson, tia Salma e seu Silvério na sala. Tia Salma e seu Silvério estavam sentados no sofá, e tio Gilson, em uma poltrona.

— Boa noite, boa noite! — disse Bento, assim que entrou.

— Boa noite! — Giane cumprimentou.

— Chegou o morador mais ilustre da Casa Verde! — disse tio Gilson. — E aí? Como é que foi o teu dia, Bento?

— Bem movimentado, viu, tio Gilson? — disse Bento, sentando-se na poltrona ao lado de tio Gilson.

— É. Precisava ver o bando de perua assanhada que foi lá na loja ver o Bento. — disse Giane, enciumada.

— Mas elas compraram, não compraram? — perguntou Bento. Dirigiu-se ao restante de pessoas na sala. — E a gente faturou super bem hoje.

— Você acha que a fama dura, né, Bento? Tudo fogo de palha, cara! — disse Giane.

— Mas o nosso trabalho não é, Giane! — Bento replicou. — E apesar da sua rabugice, a gente se virou muito bem. Vai dizer que você não ficou feliz, quando a mulherada elogiou a loja e disse que ia voltar?

— Como que eu ia ficar contente, hein, Bento? — disse Giane, enciumada. — Você lá, jogando charminho pra elas, e eu, carregando flor, né, pra um bando de gralha! Aliás, ó, se for pra ser assim, eu tô fora, cara! Tô fora! — disse Giane, indo embora.

Mais tarde, ao passar na rua, Giane encontrou Bento conversando com Charlene. Pelo visto, conversavam sobre a visita ao Kim Park.

— Eu vou lá, sim, curtir uma farrinha com as crianças. — disse Charlene para Bento. — E acho que você tinha que fazer o mesmo.

— Também acho. — disse Giane. — Isso aí, Charlene. Eu posso muito bem cuidar da loja sem você. — referiu-se a Bento.

— Você, me dando moleza? — disse Bento, estranhando. — Desde quando você me libera pra...?

— Para ir ao Kim Park, eu te libero, até. — disse Giane.

— Aí, ó! — disse Charlene.

— Você tá precisando resolver essa parada, né, cara? — disse Giane. — Não vai ser fugindo, né, Bento? — dirigiu-se à Charlene. — Oh, leva ele. E se ele não quiser ir, você pode amarrar e arrastar ele com você!

— Beleza. Se eu precisar, eu juro que te chamo. — disse Charlene, apertando a mão de Giane.

— Isso aí! — disse Giane. Charlene riu.

— Tá bom, tá bom. — concordou Bento. — Então, eu vou no parque, pra ajudar com as crianças.

Deu para ver que Bento não se sentia confortável com a ideia de ir ao parque.

— Olha, a farra vai ser tão boa, que você nem vai se lembrar do que aconteceu. — disse Charlene.

No dia seguinte, Bento foi ao parque com Charlene, Malu e as crianças da Toca do Saci. Giane foi trabalhar sozinha na loja. Várias clientes apareceram, entre elas Gertrudes e Caetana. Perguntaram pelo Bento.

— Bom, o Bento não está, mas eu posso ajudar!  — disse Giane.

— Ai, obrigada, querida! — disse Gertrudes. — A gente prefere ser atendida por ele! — dirigiu-se à Caetana. — Vamos.

— A gente volta amanhã! Tchau. — disse Caetana.

— Hum! Vocês querem flor ou o Bento, hein? Ah! — disse Giane, enciumada, vendo as clientes irem embora. — Bando de perua oferecida, viu?

Começou a fazer anotações em um caderno.

— Flores...

Ouviu passos. Olhou para o lado e viu que era Fabinho. 

— E aí? — cumprimentou o rapaz. 

Giane revirou os olhos. O que ele veio fazer ali? Não sabia por que, mas a simples presença dele a incomodava, lhe dava nos nervos. Além do mais, achou que ele veio ali na loja aprontar alguma. Boa coisa não viera fazer. No mínimo, viera falar mal do Bento, soltar seu veneno. 

— Ah, não! O que você quer dessa vez, hein? — perguntou Giane, impaciente, virando-se e ficando frente a frente com ele.

— O Bento está aí? — perguntou Fabinho, coçando o pescoço, sem olhar para ela.

— Não. É só isso? — perguntou Giane.

— Vem cá, é verdade que ele tá namorando a filha do Plínio Campana? — perguntou o moço, finalmente olhando para ela, continuando a coçar o pescoço.

— Hum! Eu sabia, mas é claro! — disse Giane. — Você veio aqui só soltar o seu veneninho ou fazer intriga, né?

— Não, engano seu! — disse ele, coçando o pescoço e em seguida o queixo. — Eu vim aqui, na verdade, pra comprar uma flor pra uma menina que eu tô saindo aí. Perguntei por curiosidade.

— Ahã. — disse Giane, rindo. Jamais cairia na conversa dele.

— É que eu achei estranho. O Bento namorando a irmã da Amora, né? — perguntou Fabinho, cutucando o queixo.

Por que será que ele estava tão interessado na Malu? Será que era porque a Malu estava com Bento? Pelo visto, Fabinho continuava com inveja do Bento. Ele queria tudo que era do Bento, impressionante! 

— Sabe o que que você tem? — perguntou Giane.

— Hã?

— Eu vou te dizer o que você tem. — disse Giane. — O que você tem é dor de corno! É isso que você tem! — virou-se para o balcão. — Sempre teve!

— Dor de corno do quê? — disse Fabinho, irritado. — Dessa banquinha de flor que vocês têm? Ou tenho dor de corno da... Da casinha que ele tem nos fundos? Ou tenho dor de corno da amizade que ele tem com os molequinhos de rua, que nem você?

Giane riu, virando-se para ele.

— Cara, você sempre teve inveja do Bento! Olha só, eu não sei se você lembra, mas eu vou te lembrar.

— Hã.

— Quando aquela mulher que te adotou foi lá no lar do tio Gilson, não era você que ela queria não, lembra? Era o Bento! — disse Giane. — Mas você fez charminho, se fez de coitadinho, aí ela te levou, né, cara?

Estava na cara que Fabinho não gostou do que ela dissera.

— Você tá viajando, tá falando besteira. — disse Fabinho.

— Não tô viajando, não. Não tô viajando não. — disse Giane.

— Tá sim. — disse o rapaz.

— Ó, eu me lembro muito bem, cara! A tua sorte é que o Bento não queria ser adotado. Senão era ele quem tinha ido lá com a tal da Margot.

— Aham. — disse Fabinho, sacudindo a cabeça, irônico.

— E agora, o que você quer? — provocou Giane. — É a namorada dele? É por isso que você quer saber se ele tá com a Malu, é isso?

— Hum! Errou feio! — disse Fabinho, com um olhar de escárnio.

— Errei feio, é? Hã? — disse Giane, olhando para ele. 

— Errou feio! Mas olha só, você é meu amigo de infância, né?

Giane riu.

— Então, eu vou te dar uma dica. — disse o rapaz.

— Hum.

— O dia que você ficar sabendo por que que eu voltei pra São Paulo, você vai cair pra trás! — disse Fabinho.

— Hã! — disse Giane, ainda olhando para ele. 

— Aí você vai saber quem tem que ter inveja de quem!

— Aham! — disse Giane, sem tirar os olhos dele. 

Feio ele não era. O que tinha de malandro, tinha de bonitinho. Mas o que ela estava pensando? Fabinho, bonito? 

— Tá bom? Um abraço. — disse Fabinho, despedindo-se.

— Ué, você não ia comprar flor pra tua mina? — perguntou Giane.

— Eu ia comprar flor pra minha mina, mas eu dei uma olhada aqui e achei tudo meia-boca! Mulher minha merece coisa fina! Tchau, Giane!

— Palhaço! — disse Giane, rindo, vendo o rapaz ir embora.

O que será que ele viera fazer em São Paulo?

— O que será que esse cara tá aprontando, hein?

Passou o dia todo trabalhando na loja. À noite, resolveu ir à casa do Bento. Sabia que ele não estava em casa. Pulou a janela. Gostava de estar na casa do amigo. Era um lugar onde se sentia segura. Gostava de estar perto das coisas dele. Deitou na cama desarrumada, feliz, e estava sonhando acordada, quando ouviu um barulho. Assustou-se.

— O quê que é isso? Que treta é essa?

Subiu em uma cadeira, em seguida em uma mesa e pulou a mesma janela pela qual tinha entrado. Viu que alguém estava destruindo a estufa, quebrando as portas, derrubando os vasos, fazendo um verdadeiro estrago. Ela precisava fazer alguma coisa. Não podia permitir que acabassem com a estufa. Não pensou duas vezes. Agarrou um ancinho. Não sabia se funcionaria, mas precisava tentar. Estava disposta a acabar com a raça do invasor. Iria até o fim do mundo para pegar o invasor e botá-lo na cadeia. 

— O quê que está acontecendo aqui? — gritou. — Mostra a cara, manezão! Não tenho medo não!

O invasor tratou de se esconder atrás das mesas onde estavam os vasos de plantas e flores.

— Aparece, bundão! Quem tá aí?

Sabia que o invasor estava escondido, agachado atrás das plantas e flores. Dava para ouvir passos. Foi atrás, com o ancinho, olhando para todos os lados. Ouviu um barulho e deu de cara com o invasor, que havia tropeçado em alguns dos vasos caídos no chão. O bandido estava caído no chão. Não dava para ver o rosto, pois ele usava uma espécie de gorro, que deixava apenas os olhos de fora.

— Agora eu te peguei, vacilão.

Correu em direção ao invasor. O homem levantou-se. Com medo de que o homem pudesse estar armado com um revólver ou uma faca e avançasse nela, Giane resolveu atacar. Caiu em cima, e acabou acertando em cheio a mão dele. O sujeito gritou e a empurrou. Saiu correndo.

— Volta aqui. — disse Giane, levantando-se e pegando o ancinho. — Seu safado!

Correu atrás do sujeito, porém, não o encontrou. A rua estava deserta.

— Cadê você, babaca? — gritou. — Tá com medo de mim, é? Vem encarar!

Ouviu passos ao lado de uma casa, à direita, e correu atrás. Começou a subir as escadas, ao lado da casa. 

— Pega ladrão! Pega ladrão!

Não conseguiu alcançar o sujeito.

— Droga, o filho da mãe é rápido!

Douglas e Jonas vieram atrás dela, pois haviam ouvido seus gritos:

— O que aconteceu, Giane? — perguntou Jonas.

— Galera, galera! Me ajuda a caçar o ladrão. Tava lá na casa do Bento.

— Ladrão? Você foi atrás dele com isso aí? — espantou-se Jonas, referindo-se ao ancinho.

— É, ô, e se ele tiver maquinado? — perguntou Douglas.

— Vocês são dois bunda-mole, viu? — disse Giane, indo atrás do bandido.

Se o bandido estivesse armado, já teria dado um tiro nela. Jonas e Douglas eram dois medrosos, na opinião de Giane. 

Foi andando na frente. Ouviu a voz de Jonas:

— Peraí, Giane, peraí! Calma, Giane, peraí.

Giane viu que Douglas e Jonas estavam atrás dela.

— Vem, vem, então, pô! Vem atrás.

Olharam para a frente. Ouviram um barulho.

— Acho que ele tá pra lá, vem. — Douglas apontou para o lugar de onde ouviu o barulho.

Procuraram, mas não encontraram o delinquente. Giane ficou furiosa. Voltaram para a rua onde moravam. Giane reclamou:

— Se não fosse um bando de bundão, ele não tinha fugido.

— Reclama de tudo. — disse Jonas.

— Bando de medroso! — disse Giane.

Encontraram tio Gilson e tia Salma, que estavam em frente à casa deles.

— Quem fugiu? — perguntou tio Gilson.

— O bandido, tio, que entrou na casa do Bento. — respondeu Giane. — Mas também, ó... — mostrou o ancinho. — Cravei o ancinho no safado.

— Você fez isso, Giane? — disse tio Gilson, espantado. — O cara podia estar armado.

— A gente avisou. — disse Douglas. — Mas ela quis dar uma de Capitão Nascimento.

— Na hora nem pensei, né, gente? — disse Giane. — O cara tava destruindo a estufa, pô, fui pra cima. Pena que não deu pra ver a cara do fulano.

— O que estava fazendo na casa do Bento, hein, Giane? — perguntou Jonas.

Giane ficou nervosa. Resolveu inventar rapidamente uma desculpa.

— Eu... Fui... Fui dar uma olhada nas damas-da-noite que a gente plantou. Bento me pediu.

Estava na cara que Jonas e Douglas não acreditaram.

— Hum! E aí a “dama da noite” aproveitou pra fazer uma comidinha, arrumar a cama do Bento, só pra ele ver o quanto ela é prendadinha, né? — provocou Douglas, passando a mão no rosto dela.

— “Dama da noite”? Essa aí está mais pra “macho do dia”. — provocou Jonas.

— Para! — pediu tio Gilson.

Douglas e Jonas começaram a gargalhar. Giane odiou ver os garotos zombarem dela, fazerem piada com seus sentimentos.

— Vocês vão ver o macho acabar com a noite de vocês. — disse Giane, furiosa.

Começou a correr atrás de Jonas e Douglas com o ancinho.

— Giane, Giane, larga esse ancinho, Giane! — gritou tia Salma.

Giane largou o ancinho e saiu correndo atrás de Jonas e Douglas. Ouviu-se um burburinho.

Bento demorou horas para chegar. Giane tentou ligar para o celular do amigo, para contar o que havia acontecido, mas ele não atendia. Assim que Bento chegou, ela foi falar com ele.

— Bento, onde é que você estava, cara, que não atendia o celular?

— Ah, não, Giane! Não começa, ó! — disse Bento, impaciente.

— Bento, aconteceu uma coisa séria, cara!

Viu que Bento estava com a boca machucada.

— O que que é isso? Você andou brigando?

— Não, não foi nada. — disse Bento, tocando no canto da boca. — O que que foi? O que que aconteceu de tão grave?

— Você não sabe! — disse Giane.

Contou ao Bento que um bandido invadira a casa dele e destruíra a estufa. Bento foi dar uma olhada no estrago. Tio Gilson, tia Salma e Charlene também vieram olhar.

— Eu ainda fui atrás dele, mas o bandido fugiu mermo. — disse Giane.

— Mas fica tranquilo, que na tua casa, ele não entrou. — disse tio Gilson.

— Também, não tenho nada de valor, tio Gilson. — disse Bento, examinando alguns vasos. — Por que que alguém faria uma coisa dessas?

— Só pode ser alguém que não vai com a tua cara, né? — disse Charlene.

Bento lembrou-se de que brigara com Fabinho e que o rapaz o ameaçara. 

— O Fabinho! — disse Bento, virando-se. — Claro, só pode ter sido ele! A gente acabou de sair na porrada na frente da casa da Amora! E aí, ele veio fazer um estrago desses. É bem a cara dele!

Giane concordou com o amigo. Só podia ser coisa do Fabinho. Aquele moço tinha uma inveja doentia do Bento, desde pequeno. Brigou com Bento na casa da Amora, aí resolvera se vingar. Se fosse qualquer outra pessoa, outro bandido, teria entrado na casa para tentar roubar algo, ver se tinha alguma coisa de valor. Mas o invasor só destruíra a estufa. 

— Não acusa sem ter prova, Bento. — disse tia Salma. — A Giane disse que não viu quem era!

— É, eu não vi a fuça. — disse Giane. — Mas cravei o ancinho no bicho. Se foi o Fabinho, é só examinar as patinhas dele amanhã.

De manhã, Giane foi para a casa de tio Gilson e tia Salma. Tio Gilson, tia Salma, Jonas e Bento estavam sentados à mesa, tomando café.

— Bom dia! Bom dia! — Giane cumprimentou a todos, ao entrar na sala. Deu um tapinha no ombro de tia Salma.  

— Opa, bom dia! — disse Bento.

— Filha, tá servida? — perguntou tia Salma.

— Não, obrigada, tia! Eu já tomei café. — disse Giane, sentando-se ao lado de tia Salma. — E aí, Bento? Como é que está a estufa?

— Estou dando o meu jeito lá. Vai ficar bom. — disse Bento.

— A gente devia mandar a conta era pro Fabinho. — disse Giane, furiosa.

— Não acusa sem provas, Giane! — disse tia Salma.

Mas só poderia ter sido Fabinho. Quem mais poderia ser? Quem ia querer destruir a estufa do Bento? Bento não tinha inimigos, com exceção de Fabinho. Assim pensou Giane.

— Ah, tia! — disse a garota.

— Todo o sentido, tia, depois da briga. Foi ele, sim. — disse Bento.

— Mas, por que vocês brigaram mesmo, afinal? — perguntou tio Gilson.

— Sei lá. — disse Bento. — Ele me viu na frente da casa da Amora e partiu pra cima de mim. Eu só me defendi.

— É. Nisso que se defendeu, né? Ele deve ter apanhado muito mais. — disse Giane, rindo. Sabia que Fabinho não era bom de briga. Desde pequenos Bento e Fabinho brigavam, e Fabinho sempre levava a pior.

— Mas, você acha que ele ia se dar ao trabalho de vir até aqui se vingar? — perguntou tia Salma para Bento.

— Ah, mas tia, isso é fácil de tirar a limpo, né? — disse Giane. — É só dar uma olhadinha na marca do ancinho na mão dele. — riu e deu um tapinha na tia Salma. — Cara, onde será que esse babaca está essa hora, hein?

— Ele está fazendo um estágio lá na agência do Érico. — disse Jonas.

— Na Class Mídia? — perguntou Bento.

— É. — disse Jonas.

— Nossa! Mas esse cara não brinca em serviço mesmo. — disse Bento. — Bora, Giane.

— É pra já. — disse Giane, levantando-se. — Valeu! Valeu, gente!

Bento e Giane foram ao encontro de Érico, que estava saindo para trabalhar e se despedindo de Renata com um beijo.

— O Érico. — disse Bento.

— Oi? — disse Érico.

— Você está indo pra agência? — perguntou Bento.

— Tô. — disse Érico.

— Tem como liberar nossa entrada lá? — perguntou Bento. — Tem uma certa pessoa que a gente precisa acertar umas contas.

Explicaram tudo o que havia acontecido a Érico, falaram de suas suspeitas. Érico acabou levando Bento e Giane para a agência de publicidade onde trabalhava. Chegando na agência, Érico foi logo chamando Fabinho.

— O que vocês estão fazendo aqui? — perguntou Fabinho, ao ver Giane e Bento entrarem.

Giane viu que Fabinho estava com uma faixa bem na mão onde ela acertou o invasor. Bento também viu.

— Ah! — disse Giane, apontando para a mão de Fabinho. — Eu sabia! Foi você mermo que entrou na casa do Bento!

— Confessa, covarde! — disse Bento. — Foi você quem invadiu minha casa ontem!

— Fala! Fala! — disse Giane.

— Não tenho nenhuma ideia do que vocês estão falando. — disse Fabinho.

Fabinho escondeu as mãos atrás das costas.

— Ah, é? Então tira essa faixa da mão! — disse Giane. — Eu quero ver! Eu quero ver se não tem a marca do ancinho. Ué, se não tiver, a gente pede desculpa e vai embora!

Fabinho não fez nenhum movimento para tirar a faixa da mão. Para Giane e Bento, esta era a prova de que o rapaz havia destruído mesmo a estufa. Como Giane desprezava aquele garoto! Simplesmente não o suportava. 

— Já que você não tira, tiro eu! — disse Bento, puxando o braço de Fabinho, tirando-o de trás das costas dele.

Bento tentou tirar a faixa da mão de Fabinho à força, sem conseguir.

— Bento, Bento! — disse Érico, segurando Bento por trás.

— Bento, calma! — disse Giane.

— Tira a mão de mim, seu animal! — disse Fabinho, puxando a mão enfaixada e empurrando Bento.

— Palhaço! — xingou Giane.

— Foi você quem machucou minha mão ontem, não lembra não, imbecil? — disse Fabinho, olhando para Bento, furioso.

Para Giane, estava na cara que tinha sido Fabinho. Ele ainda tinha coragem de negar?

— Eu lembro muito bem do que eu fiz, e não encostei na tua mão! — disse Bento, furioso, puxando Fabinho pela gola da camisa. — Foi a Giane que te machucou, quando você invadiu a minha casa!

— Tira a mão de mim, tira a mão! — gritou Fabinho. — Carol! Carol, chama a polícia, Carol!

Érico segurou Bento, separando-o de Fabinho. 

— Ei, ei, ei, o que está acontecendo aqui? — berrou Natan, que havia percebido a confusão e foi ver o que estava acontecendo.

— Esse delinquente entrou na agência pra me agredir. — disse Fabinho, referindo-se a Bento.

— Que que isso? — disse Natan. — Chama o segurança, Carol!

— Não, não, não precisa, não. — disse Érico. — Eles vieram comigo e já estão de saída.

— Eu já descobri o que eu precisava. — disse Bento. — Toma cuidado, viu, Fabinho? Se você cruzar meu caminho outra vez, não vai sobrar um osso teu pra contar história!

— E eu ajudo a quebrar tua cara! Bundão! — disse Giane.

Olhou para todas as pessoas que se encontravam no local, toda a equipe da agência.

— Sabe qual era o apelido dele de criança, gente? Fraldinha!

Giane sabia estar humilhando Fabinho, mas não se importava. Fabinho brigara com Bento, destruíra a estufa, tudo por inveja, e estava merecendo levar uma lição. 

— Vambora, Bento! — disse Giane, puxando-o pela mão. Foram embora.

Resolveram não denunciar Fabinho à polícia. Mesmo porque seria perda de tempo. Sabiam que foi ele quem destruiu a estufa, só podia ter sido. Mas não tinham provas. Giane não vira o rosto do invasor, e Fabinho nem deixara olhar a mão dele. Mas Giane achava que, uma vez que Fabinho destruíra a estufa, ela e Bento podiam exigir que ele pagasse o conserto.  

— Eu ainda acho que aquele babaca tinha que pagar o conserto da estufa! Imbecil! — disse Giane, assim que chegaram à Acácia Amarela. Saiu de dentro da van e fechou a porta. — Ah, palhaço!

Estavam bem em frente à loja.

— Esquece isso, Giane! — disse Bento. — Duvido que ele volte a mexer com a gente.

Giane abriu as portas da lateral da van e começou a pegar uma das caixas.

— É, aquela humilhação na frente de todo mundo ainda foi pouco pra ele. Não é, não?

Começou a carregar a caixa, quando viu que Bento continuava dentro da van, no banco do motorista. Notou que o amigo estava com a cabeça longe, pensativo.

— Ei, psiu! Tá surdo?

— Ou! — disse Bento.

Giane foi deixar a caixa sobre uma mesa, em frente à loja, quando Bento perguntou:

— Giane, você viu meu celular por aí? Ele tava aqui, agora mesmo!

— Tá no mundo da lua mermo, hein, cara?

Mais tarde, na hora do intervalo, voltaram para a rua onde moravam. Já haviam descido da van, quando Malu apareceu.

— Oi! — cumprimentou Malu.

— Fala, Malu! — disse Bento.

— E aí? Oi, Giane! — cumprimentou Malu, simpática.

— E aí? — disse Bento.

— Caraca! Você não sai mais daqui, hein, garota? — disse Giane, enciumada e grosseira, como sempre. — Vou buscar mais caixas.

Giane passou o resto do dia trabalhando. 


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