Um amor inesperado escrita por Tianinha


Capítulo 12
Celebridade instantânea




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/812059/chapter/12

Bento ligou para seu Silvério. Giane ouviu quando o pai atendeu à ligação:

— Sério? Qual site? — perguntou seu Silvério, diante do computador. — Ah, eu tô entrando aqui, ô famosão. Depois eu te ligo, tá? Boa noite, Bento. Fica com Deus!

— O que o Bento queria essa hora, pai? — perguntou Giane, sentando-se no sofá.

— Ele deu uma entrevista e saiu na TV a cabo. — disse seu Silvério. — Eu estou tentando entrar no site do programa aqui. — esfregou as mãos. — Pronto. Abriu. Agora é só esperar. Lançamento, Artur Bicalho. Vamos computador. Vamos. O computador é muito lerdo. Está muito velho. Bom, quer saber de uma coisa? Eu vou embora. Eu vou dormir. Amanhã, eu vejo. — Levantou-se. — Boa noite, filha! Fica com Deus, tá?

— Boa noite, pai. — disse Giane.

— Não demora, tá? — disse seu Silvério, indo se deitar.

Giane deu uma olhada no computador, que continuava ligado. Olhou para o site do Luxury, uma página com o vídeo da entrevista que Bento havia dado ao Luxury, ao lado de Malu. O vídeo estava demorando a carregar. Giane não estava nem querendo ver a entrevista. Nunca se interessou por fofocas da vida de ricos e famosos. Porém, era o Bento que estava sendo entrevistado. Mas ele estava ao lado de Malu, e ela não suportava vê-lo ao lado da outra. 

— Esse Luxury é muito ridículo, viu? Não quero nem ver.

A princípio não quis ver mesmo, procurou ficar longe do computador. Mas acabou não resistindo e assistindo ao vídeo. Bento parecia estar bastante à vontade ao dar a entrevista. O problema é que Lara falava de Bento e Malu como se eles fossem um possível casal.

— Eu e a Malu somos apenas bons amigos. — disse Bento à Lara.

— Ah, entendi, vocês estão naquele momento se conhecendo melhor, né? — disse Lara.

Giane chorou. Não gostou nada de ver Bento dando entrevista ao lado daquela patricinha, tirando uma onda de empresário das flores, que estava conhecendo melhor a Malu Campana. Além do mais, Giane morria de medo de que a fama subisse à cabeça de Bento e ele começasse a esnobá-la, virar a cara para ela. Não queria perdê-lo, de jeito nenhum.

No dia seguinte, acordou bem cedo e foi tomar café. O pai resolveu assistir à entrevista, e chamou-a:

— Filha! Filhota! Corre aqui! Vem ver como o Bento ficou bonito no vídeo! Vem cá! Vem cá!

— Depois eu vejo. Depois eu vejo, pai. — disse Giane, mal-humorada.

Ela já tinha visto o suficiente. Não queria ver de novo.

— O que é isso? — disse seu Silvério, estranhando a reação da filha.

— Bom dia! Bom dia! — disse Bento, entrando na casa.

— Oh Bento! — disse seu Silvério, contente, indo abraçá-lo. — Parabéns pela entrevista, hein? Tá bonitão, tranquilo, parece até um galã de novela.

— Valeu, tio Silvério! — disse Bento. — E aí, Giane? Bora trabalhar?

Giane levantou-se, pegou a xícara e o pires e levou à pia.  

— Trabalhar? Não sabia que famoso pegava no pesado, não.

— Onde é que você está vendo famoso aqui? — perguntou Bento. — Foi só uma entrevista, sua boba. Aposto que hoje ninguém se lembra mais.

— Será? — disse Giane. — Agora, você anda cheio de celebridades em volta, né?

Bento e seu Silvério acharam graça. Seu Silvério até fez uma careta, e Bento sorriu. Giane era uma boba mesmo.  

— Vai que surge um monte de entrevistas. Aí você esquece dos amigos. — disse Giane. 

 Bento riu.

— Você está vendo essa, tio Silvério? A sua filha está achando que cinco minutos de fama vão mudar a minha cabeça. — disse o rapaz.

— A sua vida pode ser até que mude, mas você, eu duvido. — disse seu Silvério para Bento. Dirigiu-se à filha. — Ô, filha, deixa de besteira. Até parece que você não conhece o seu amigo.

— Você jura que vai continuar tudo igual? — Giane perguntou para Bento.

— Olha, se você não deixar de bobagem, a gente vai brigar e vai ser pior. — disse Bento, levantando o queixo da garota. — Agora, vambora, vai, sua molengona, que as flores estão esperando!

— Já pegou tudo? Cadê as flores? — disse Giane, indo atrás de Bento.

— Claro que eu já peguei. — disse Bento.

— Será que você já levou tudo lá... — disse Giane.

Saíram de casa tagarelando, prontos para pegar no batente. Começaram a carregar as caixas cheias de flores.

— Vambora, Giane! Está muito molenga hoje, hein? — disse Bento.

Giane resmungou, e levou a caixa para dentro da van. Bento também.

— Licença! Falta só mais essa, hein! — disse Bento, referindo-se a uma caixa que Giane já estava levando para a van.

— Bento! — chamou Malu, de dentro de seu carro.

— Malu! — gritou Bento.

— Bom dia! — disse Malu, descendo do carro.

— Tudo bem? — perguntou Bento.

— Tudo joia! — disse Malu. — Bom dia, Giane! Tudo bem?

— Tudo bom? — cumprimentou Giane, mal-humorada. Dirigiu-se à Bento. — Eu vou buscar mais caixas lá dentro. — entrou no quintal de tio Gilson.

Giane deixou Bento conversando com Malu e foi buscar outras caixas. Mais ou menos uns dez minutos depois, quando Bento entrou no quintal de tio Gilson para ajudá-la com as caixas, Giane ficou sabendo que ele discutira com Wilson. Bento contou tudo o que havia acabado de acontecer. Wilson viera buscar Vinny, que estava hospedado na casa de tio Gilson e tia Salma. Vinny, como sempre, escapou para a casa dos tios. Wilson aproveitara para lembrar Malu do convite para levar as crianças ao parque. Malu aceitara a oferta. Lembrou-se que estava com o dia livre no dia seguinte, logo, levaria as crianças ao parque. Bento, porém, continuava desconfiando das intenções de Wilson. Bento ainda não superara o trauma de infância.

Giane continuou carregando as caixas, e Bento continuava sentado, em frente à casa dele. 

— Me dá só um minutinho, tá, Giane? Que eu já tô indo. — disse Bento.

— Ô Bento, eu sei que foi horrível o dia que aquele imbecil expulsou a gente do parque. Mas você precisa esquecer isso, né, cara? — disse Giane.

— Eu sei, Giane, eu sei! — disse Bento, levantando-se. — Eu não entendo por que que isso me dói tanto até hoje! Parece que foi ontem, sabe?

Giane teve uma ideia para ajudar o amigo a superar o trauma.

— Ô, Bento, o que você acha de acompanhar as crianças amanhã no parque, hein? É uma boa, né? Pra você virar essa página, hein?

— Você ficou doida? Nunca mais eu ponho os pés naquele lugar.

— Tá bom, tá bom. Você tem o dia todo pra pensar nisso. — disse Giane. — Agora, vamos lá. Vamos lá me ajudar com as caixas que desde que a patricinha chegou, tô fazendo tudo sozinha, né? Anda, molengão! Bora! Bora lá! Levanta esse astral!

— Já vou, chefa. — disse Bento, andando atrás dela.

Logo estavam trabalhando na Acácia Amarela. Giane ficou observando Bento por algum tempo. Ele estava podando um arranjo de flores. Resolveu ir até ele. Precisava falar com ele. Estava segurando um borrifador.

— Ô Bento.

— Hum. — disse o rapaz.

— Você... — fez um estalo com a boca. — Você gosta da vida que a gente leva, cara?

Bento riu.

— Que raio de pergunta é essa, Giane? — disse Bento, indo em direção à pia. Começou a lavar as mãos. 

— É que... É que as coisas podem mudar, assim, de uma hora pra outra, entendeu? Rápido. — disse Giane, indo atrás dele.

— Hum. — disse o moço.

— E eu não quero que nada mude. — disse Giane, colocando o borrifador sobre o balcão. — Eu quero que continue assim. Você promete que vai ser sempre assim?

— Olha, eu prometo que se a nossa vida mudar... — Bento virou-se para olhá-la. — Vai ser pra melhor.

— Mas eu não quero que mude. — disse Giane. — Eu quero... Eu quero que seja assim, entendeu? Nem mais, nem menos. Perfeito.

— Ô, Giane, tudo isso é medo de eu ficar famoso e te virar a cara? — disse Bento, olhando para ela. — Pô, se toca, meu! Sou eu, Bento! Lembra? O Luxury já foi, já passou. Ninguém mais lembra disso. — bateu as mãos uma na outra, em um gesto de que não se importa. — E eu tô aqui, continuo o mesmo, tá? Então, para de coisa. — fez cócegas nela.

Neste momento, notaram a presença de duas clientes.

— Ih, é ele! — disse uma das clientes, uma morena de cabelos curtos.

— Você que é o genro do Plínio Campana, não é? — disse a outra cliente, loira.

— Perdão? — disse Bento, sem entender nada.

— Nós vimos ontem o Luxury. — disse a morena. — Ficamos loucas pra conhecer a sua floricultura.

— Pois não. Em que posso ajudá-las? — disse Bento, gentil.

— Você ainda atende pessoalmente? — perguntou a loira.

— Eu e minha parceira Giane. — disse Bento, colocando a mão sobre os ombros de Giane. Foram até o balcão da frente. — Nós somos, basicamente, produtores. Como vocês podem ver, a loja é pequena, mas as flores são lindas.

— É verdade, são deslumbrantes. — disse a morena.

— Aliás, seus olhos também. — elogiou a loira.

Giane não gostou nada. Era só o que faltava, a cliente paquerando o Bento.

— Sabe que você é muito mais bonito pessoalmente? — disse a loira.

— Obrigado. — disse Bento, abrindo um sorriso.

— Oi! Você é o Bento que apareceu na TV? — perguntou outra cliente, uma senhora que acabou de entrar, em companhia de uma jovem.

— Sou eu, sim. Então, que tipo de flores vão querer? — perguntou Bento.

— Ah, eu quero essa aqui. — disse a morena, apontando para um vaso.

Giane ficou com a cara amarrada, ao ver Bento dar atenção para as clientes. Apareceram um monte de clientes, e levaram vários vasos de flores.

— Deixa que eu ajudo a senhora. — disse Giane, oferecendo-se para ajudar a cliente a carregar os vasos de flores. — Vamos lá. Quanta flor, hein? Parece até que vai abrir uma floricultura.

— É, pra enfeitar a casa toda! — disse a cliente, a morena, de cabelos curtos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Um amor inesperado" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.