O Reino de Lotaria escrita por Anderson Ricardo Paublo


Capítulo 5
Capítulo 3: A Tempestade




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Capítulo 3: A Tempestade

Na escuridão profunda da noite, Reinald despertou, um pressentimento sombrio turvando sua mente. O céu estava em fúria, raios rasgavam as nuvens com uma intensidade que ele conhecia muito bem. Não era uma tempestade comum que se aproximava; era um prenúncio de calamidade, um aviso de que o mundo como eles conheciam estava prestes a mudar.

Reinald levantou-se silenciosamente, evitando acordar sua família. Seu coração batia forte, ecoando o trovão distante que parecia trazer consigo uma mensagem. Os padrões dos raios, a cadência dos trovões, tudo lhe era estranhamente familiar, um eco de um passado distante que ele esperava nunca reviver.

Andando até a entrada de sua tenda, ele observou o céu, tentando decifrar os sinais que a natureza lhe enviava. A inquietação cresceu dentro dele, uma certeza instintiva de que aquele não era um fenômeno natural, mas um augúrio de violência e destruição.

Andrea, sentindo a ausência de Reinald ao seu lado, juntou-se a ele, uma expressão de preocupação em seu rosto. "O que há de errado?" ela sussurrou, percebendo a tensão em seu olhar.

"Uma tempestade está chegando, mas não como as outras," respondeu Reinald, sua voz carregada de gravidade. "Precisamos nos preparar. Algo muito ruim está por vir."

Sem perder mais um segundo, Reinald acordou seus soldados e começou a preparar o acampamento para o que estava por vir. 

A tempestade não era apenas um prenúncio do caos; era o arauto da destruição. Enquanto preparava o acampamento para o embate, seus olhos se fixaram numa figura que se destacava contra o horizonte tempestuoso, um homem cuja presença era tão ameaçadora quanto a própria tormenta que se aproximava.

Era Raiden, o temido assassino mercenário, cujo nome era sussurrado com medo e reverência em toda Lotaria. Sua habilidade em manipular raios e sua velocidade sobre-humana o tornavam um adversário formidável, brutal e implacável. Os raios que o cercavam pareciam obedecer aos seus comandos, um espetáculo de poder e fúria que anunciava sua chegada.

"Preparem-se!" Reinald gritou para seus homens, a voz firme apesar do peso em seu coração. "Raiden não está aqui por acaso. Ele vem com propósitos sombrios."

Raiden avançou, uma silhueta imponente contra o céu em tempestade, os raios dançando ao seu redor como fiéis servos. Com uma velocidade sobrenatural, ele cruzou o espaço que separava o acampamento de sua presença ameaçadora, pronto para desferir o primeiro golpe.

Sem hesitar, Reinald fez o que qualquer pai faria para proteger sua prole. "Anderson, pegue Gabriel e esconda-se. Não saia até que eu o chame," ordenou Reinald, sua voz impregnada de uma urgência que fez o coração do jovem pulsar com medo e determinação.

Anderson obedeceu, embora cada fibra de seu ser quisesse ficar e lutar ao lado de seu pai. Com Gabriel firmemente preso em seus braços, ele desapareceu na noite, enquanto os primeiros sinais do confronto iminente começavam a se manifestar.

Reinald e Andrea permaneceram, enfrentando o avanço de Raiden. Era um duelo entre titãs, transcendentes cujos poderes desafiavam as leis naturais de Lotaria. Raiden, conhecido por sua brutalidade e comando sobre os raios, contra Reinald, um guerreiro cuja força residia não apenas em sua habilidade marcial, mas em seu domínio do místico.

A batalha começou com um estalar de dedos de Raiden, desencadeando uma saraivada de raios que caía sobre o acampamento com uma fúria implacável. Um após outro, os soldados de Reinald foram consumidos pela tempestade elétrica, suas vidas extintas em um piscar de olhos. Apenas Reinald e Andrea sobreviveram, protegidos por um escudo conjurado no último momento, uma barreira de energia que brilhava com um esplendor defensivo.

A poeira da destruição ainda se assentava quando Reinald, com Andrea ao seu lado, se preparou para o próximo ataque. Seus olhos encontraram os de Raiden, um desafio mudo passando entre eles. Raiden avançou, cada passo carregado de poder devastador, mas Reinald estava pronto.

O que se seguiu foi um confronto de magias e habilidades transcendentes, cada golpe ressoando com o poder dos antigos. Reinald, apesar de enfrentar um oponente formidável, lutava com a ferocidade de um homem que tinha tudo a perder.

À medida que a luta entre Reinald e Raiden se intensificava, a batalha transcendia os limites do terreno, elevando-se aos céus. Os dois transcendentes, seres de poder inimaginável em Lotaria, defrontavam-se não apenas com força bruta, mas com habilidades que desafiavam a compreensão mortal. Eles voavam, seus corpos cortando o ar tempestuoso, um balé mortal entre nuvens carregadas de raios e trovões.

A determinação de Reinald em proteger sua família e sua terra era palpável, cada movimento seu carregado de uma energia desesperada, mas controlada. Consciente de que a batalha poderia muito bem decidir o destino de todos que amava, ele fez o impensável.

Com um grito que ecoou através da tempestade, Reinald invocou o espírito da Fênix Negra, uma criatura mítica cujo poder residia na espada que ele empunhava com tanta destreza. A lâmina brilhou com um esplendor negro, um contraste sombrio contra o céu iluminado por relâmpagos, enquanto o espírito da Fênix emergia, suas asas escuras se desdobrando com majestade e terror.

A presença da Fênix Negra mudou o curso da batalha. Sua forma espectral, envolta em chamas sombrias, enfrentou Raiden com uma fúria que parecia consumir o próprio ar. Cada ataque seu era acompanhado por uma onda de calor abrasador, desafiando a tempestade elétrica que Raiden conjurava.

 

Raiden, surpreso pela primeira vez, recuou diante do poder avassalador da Fênix. Seus raios, embora mortais, pareciam incapazes de deter o espírito flamejante que lutava ao lado de Reinald. A batalha entre luz e sombra, fogo e relâmpago, desenrolava-se como uma antiga lenda ganhando vida diante dos olhos de todos que ousavam assistir.

Enquanto a Fênix Negra desdobrava suas asas sombrias, envolvendo o céu em uma dança de fogo e desespero, Reinald começou a dominar a batalha contra Raiden. Cada movimento seu, agora potencializado pelo espírito da Fênix, forçava Raiden a recuar, embora o assassino se recusasse a ceder. Ferido, mas indomável, Raiden lutava com uma ferocidade que desafiava a própria morte.

No entanto, quando Reinald estava prestes a desferir o golpe final, o inimaginável aconteceu. Uma flecha, mais rápida do que a luz, cortou o ar noturno, vindo das sombras entre as árvores, e encontrou seu peito. Reinald, com sua visão sobre-humana, captou o vulto do atirador, um rosto conhecido que jamais esperaria ver naquele contexto. "Você?" ele sussurrou, incrédulo, antes que mais quatro flechas o atingissem, cada uma marcando o prelúdio de sua queda.

Raiden, vendo a oportunidade, não hesitou. Com um golpe rápido e cruel, atingiu o coração de Reinald, o guerreiro que até então tinha sido um oponente formidável. Andrea, movida pelo desespero ao ver seu marido mortalmente ferido, correu em seu auxílio, apenas para encontrar seu fim nas mãos rápidas de Raiden, que a decapitou sem um segundo pensamento.

Escondido entre as sombras, o coração de Anderson parou por um instante ao testemunhar o inimaginável: a morte de seus pais, os pilares de sua existência. A dor transformou-se em raiva, uma raiva que preencheu cada fibra de seu ser, guiando seus passos até a espada de seu pai.

A enorme lâmina, que sempre pareceu inalcançável para o jovem Anderson, agora brilhava com uma luz sinistra, como se a própria Fênix Negra lhe emprestasse sua força. Ao tocá-la, Anderson sentiu uma onda de poder fluir através dele, um poder que não era só da espada, mas também do legado de seu pai.

Com uma determinação que superava sua idade e seu luto, Anderson levantou a espada. A lâmina cortou o ar, encontrando seu alvo com precisão divina. O golpe de Anderson, impulsionado pela fúria e pelo poder da Fênix, decepou o braço de Raiden, o assassino de seus pais.

Raiden, embora ferido pelo ataque surpresa, era um guerreiro implacável, pronto para esmagar qualquer esperança que Anderson tivesse de vingança. Mas antes que o assassino pudesse revidar, uma nova figura surgiu no campo de batalha.

Julius, em sua armadura branca e dourada, brilhando sob a luz da lua emergente, era a antítese de Raiden. Com uma graça e poder que pareciam transcender os limites mortais, ele atacou Raiden com uma força avassaladora, lançando-o contra uma árvore com um único golpe. A intervenção de Julius não apenas salvou Anderson, mas mudou o curso da batalha.

Abrindo um portal com um movimento de sua mão, Julius se virou para Anderson, seu olhar sério transmitindo a urgência da situação. "Fugir agora é a única opção. Seus pais... eles se foram," disse ele, a verdade dura em suas palavras atingindo Anderson como um golpe físico. "Vou buscar Gabriel. Precisamos ir agora."

Anderson, embora dilacerado pela dor e pela dúvida, entendeu que não havia tempo para hesitar. Com o coração pesado, ele atravessou o portal, cada passo carregado com o peso de sua perda. Assim que passou, o portal se fechou atrás dele, cortando-o do mundo que conhecia.

Do outro lado, Raiden, ferido e enfraquecido, não se rendeu facilmente. Ele avançou sobre Julius, determinado a terminar o que começou. Mas Julius, com uma habilidade que fazia jus à sua reputação, desviou e contra-atacou com facilidade, dominando o assassino sem esforço. "Recue, Raiden. Você perdeu," Julius declarou, sua voz carregada de autoridade inquestionável.

Raiden, derrotado e sem forças, fugiu para a escuridão da noite, deixando para trás o campo de batalha e as consequências de seus atos.

Julius, agora sozinho, dirigiu-se a Gabriel, que permanecera escondido e em silêncio durante todo o conflito. Ao se ajoelhar ao lado do menino, Julius sorriu gentilmente. "É, garoto, parece que agora é só nós dois. Eu vou cuidar de você e te treinar, até que você se torne o novo rei."

Mas ao contrário do que Anderson poderia esperar, Julius não seguiu pelo portal. Em vez disso, ele permaneceu no mesmo lado, decidido a enfrentar quaisquer ameaças futuras diretamente, e garantir que o legado de Reinald não fosse em vão. Ele sabia que o papel que desempenharia na vida de Gabriel seria crucial, não apenas para a segurança do menino, mas para o destino de todo o reino.

O portal, antes uma promessa de refúgio, fechou-se atrás de Anderson, selando seu destino em um lugar desconhecido. Onde ele havia parado era um mistério que apenas o tempo revelaria. Sozinho, longe dos poucos que restavam de sua família, Anderson se encontrava em uma encruzilhada de seu próprio destino.

 

 

 

 

 


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