The Strawberry and the Sky escrita por Yuushirou


Capítulo 3
三 Everyone wants the life a cat has




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Yuushirou não gostava de ser um nobre. Com pouco mais que 110 anos, ele não tinha amigos e ainda não conhecera nenhum lugar fora do Kizokugai, o Distrito dos Nobres. Nem a Seireitei ele conhecia direito porque, basicamente, nunca saía de casa. Simplesmente não podia. Além de muito jovem, ele era Shihouin Yuushirou Sakimune, 23º Chefe da Família Shihouin e atual Guardião dos Armamentos Divinos. Deveria manter, de maneira reclusa, o seu posto, até que tivesse poder suficiente para derrotar a atual Comandante da Onmitsukidou e Capitã da 2 Divisão do Gotei 13, Soi Fong. Quando – e se— ele iria conhecer a irmã, Shihouin Yoruichi, ele não tinha a menor ideia. E se ela se cansou daquilo tudo e não tinha mais a intenção de voltar? Yuushirou nunca iria ter a oportunidade de conhecer a mulher incrível que todos falavam que ela era e que, categoricamente, também afirmavam ser a sua cara! Com a invasão Ryoka, agora é que ele nunca iria ter permissão mesmo para sair de casa, pois, trocando em miúdos: se Yuushirou fosse morto durante o conflito, quem iria continuar a Família e proteger o Armamento Divino? Com Yoruichi já não sendo mais a chefe oficial da Casa, o que fazia dela uma deserdada da nobreza da Soul Society, o destino do garoto negro de olhos âmbares sela-se com ele sendo um eterno prisioneiro de sua própria família... O que não pretendia continuar a aceitar passivamente! Praticamente desde que havia aprendido a andar, ele vinha sendo treinado como Shinigami e como assassino para que um dia pudesse ser o próximo capitão da 2ª Divisão e comandante da Onmitsukidou representante de sua Casa. Tinha adquirido habilidades que deveriam ser suficientes para que conseguisse traçar um bem-sucedido plano de fuga. Sim, fugir! Era exatamente isso o que ele iria fazer e estava decidido. Só assim ele poderia conhecer o mundo lá fora e ter uma chance, ainda que única, de ver a irmã. Já estava começando a pensar em como iria fazer isso, quando recebeu a visita inusitada de...

— Ukitake Taichou...?!

Exclamou ao reconhecer o homem de longos cabelos brancos e semblante quase sempre gentil, mas que agora passava a impressão de estar em uma situação de urgência. Como fora instruído a fazer sempre que encontrasse com um capitão, o garoto se aproximou rapidamente de Ukitake e curvou bastante o corpo para a frente para cumprimentá-lo respeitosamente de um jeito um tanto quanto exagerado, fazendo com que parecesse um servo recebendo o patrão recém-chegado.

— Seja muito bem-vindo!

— Ah, Yuushirou-kun! – disse o visitante com um sorriso simpático, embora não conseguisse esconder totalmente a sua preocupação – Não há necessidade de tanta formalidade.

Yuushirou reergueu a própria postura e perguntou:

— Precisa de alguma coisa...?

O Shinigami capitão pensou por alguns segundos.

— Acho que você já está ciente de que a Seireitei está passando por uma crise... – respondeu – Irei precisar do Escudo Divino dos Shihouin.

Àquilo o jovem arregalou os olhos.

— O Escudo...?! Mas... – olhou para trás, em um movimento instintivo de quem procurava saber se estava sendo observado – Eu não posso...

— Eu preciso salvar a minha subordinada. Kuchiki Rukia – disse Ukitake, dando um suspiro – Algo não está certo, Yuushirou-kun. Estão adiantando a punição dela, que já é desproporcional, sem qualquer explicação plausível. Se eu a deixar morrer sem ter feito nada a respeito, não poderei mais sequer visitar o túmulo de Kaien.

A explicação fez Yuushirou morder o próprio lábio, pensativo. Parecia mesmo ser algo muito importante e urgente que precisava de uma intervenção...

— Kuchiki Rukia... Ela realmente não fez nada de errado? – perguntou.

— Eu... Não posso afirmar que ela não cometeu um erro grave ao doar o seu poder para um humano, que por sinal é um dos Ryoka, mas... – fez uma pausa – Há alguma coisa me dizendo que devo interferir. A propósito, Yuushirou-kun, a sua irmã é uma dos invasores.

— Heeeh...?! A Yoruichi-neesan??? O senhor a viu?! Falou com ela?!

— Não posso dizer que tive uma conversa com ela... – ele sorriu – Mas sim, eu a vi. Ela salvou um Ryoka. Não fosse a sua intervenção, ele teria sido morto por Byakuya.

“Aah, ela é mesmo incrível!”, pensou o jovem Shihouin, se sentindo muito triste de repente por não ter tido a oportunidade de estar lá no momento em que Yoruichi aparecera para salvar o dia. No entanto, tal cena imediatamente desenhada em sua cabeça da maneira mais fantástica possível foi o suficiente para enchê-lo de coragem e disposição para ir, imediatamente, buscar o escudo com o brasão da Casa Shihouin entalhado, que apesar de grande e pesado para o seu tamanho, ele conseguiu recolher e trazer equilibrado bem acima de sua cabeça para o Capitão tranquilamente, sem nem mesmo pô-lo no chão para descansar os braços nem nada do tipo. A mera notícia de que sua irmã estava por perto parecia ser o combustível certo para Yuushirou fazer grandes coisas.

— Aqui está...!

— Muito obrigado, Yuushirou-kun! – disse Ukitake pondo as mãos no armamento – Genryuusai-dono não vai gostar nada disso, mas, prometo não envolvê-lo nesta bagunça.

— Pode falar que fui eu! – "Afinal, eu vou sumir mesmo...", pensou Yuushirou – Não precisa se prejudicar, eu assumo toda a culpa!

— De forma alguma. Eu que vim aqui pedir um dos armamentos que você protege. Não seria justo permitir que seja perseguido... – respondeu o capitão – Bom, eu vou indo! Yuushirou-kun, por favor não faça nada que o coloque em encrenca. Até mais!

"Me perdoe, Ukitake Taichou, mas eu irei sim me colocar em uma grande encrenca...", pensou o garoto. Afinal, ele ia abandonar o seu tão importante posto, chocando e decepcionando a todos em nome de um desejo pessoal de "respirar". Mas, não pretendia deixar de ser um nobre, trair sua família ou fazer qualquer coisa contra a Sociedade das Almas. Ele só queria ter o direito de ir e de vir, de fazer o que tinha vontade de fazer, de ser livre. Tudo o que não podia enquanto estivesse dentro de casa abaixando a cabeça para todas as ordens de seus tutores, que pareciam considerá-lo feito de porcelana ou tão importante que não poderia ser tocado pelo mundo exterior ao Kizokugai.

Uma vez que traçou o seu tão esperado plano de fuga, ele aproveitou o caos que a Seireitei vivia para enfim pô-lo em prática. Sabia esconder a sua Reiatsu, uma habilidade básica de qualquer agente da Onmitsukidou. Como assassinos e espiões profissionais, eles deveriam não apenas ser talentosos no combate corpo-a-corpo, de modo que fossem capazes de se defender sem a necessidade de uma arma em mãos, como também deveriam estar aptos a se esconder para fins de assaltos ou obtenção de informações importantes. Embora se sentisse mal internamente por estar enganando os olhos de sua família, de quem havia cuidado da sua segurança e educação desde que nasceu, Yuushirou não pôde deixar de abrir um sorriso quando enfim se viu deixando o perímetro do Distrito dos Nobres. A Seireitei. Ele finalmente iria explorá-la! Onde será que a nee-san estava? Será que era seguro ele a procurar agora, ainda que estivesse tudo caótico na Cidade dos Shinigami? Ou será que isso não aumentaria as chances de ser pego e levado de volta para a residência dos Shihouin? Melhor não... Ele ainda estava muito perto de casa. Se facilitasse demais a sua própria captura, nunca mais teria outra oportunidade como aquela. Deixaria para procurar por sua irmã quando estivesse bem longe dos olhos da Seireitei. Se ela era uma dos invasores, como Ukitake lhe dissera, certamente não iria permanecer na Seireitei por muito tempo. Logo logo, deixaria o lugar para não ser pega também. Seria aí que ele iria procurá-la! Por hora, o Shihouin mais novo precisaria ser paciente. "Já sei!", pensou, "E se eu procurar pelos Shiba? Eles são amigos da nee-san... Será que me esconderiam?". Só saberia quando os encontrasse. Embora não soubesse onde exatamente viviam, sabia que a sua localização seria sempre nos arredores de Rukongai. Yuushirou teria que percorrer todo o Rukongai.

Tudo o que Yuushirou sabia sobre o Distrito das Almas Errantes se resumia a onde viviam as almas comuns da Soul Society, aquelas que tinham vindo do mundo dos humanos após a sua morte e que não eram organizadas em famílias, isto é, almas que, basicamente, não possuíam raízes, vivendo soltas como folhas ao vento sem um propósito. "Família" para os nobres significava necessariamente a conexão sanguínea entre um determinado grupo de indivíduos. Ela era a garantia da estabilidade e dos objetivos daquele grupo e, por isso, era uma característica marcante da nobreza da Soul Society. Ser um nascido na Soul Society e saber quem eram os seus pais e irmãos eram dois dos privilégios de um nobre. Baseando-se em tais conceitos, Yuushirou imaginava o Rukongai como um conjunto caótico e sem qualquer tipo de ordem ou de estabilidade de distritos, mas,  não foi bem isso o que viu. De uma maneira geral, era bem parecido com a Seireitei, com a diferença de que não se via indivíduos armados e trajados com o vestuário dos mortos*, além de as construções serem menores e mais rústicas. O ponto que mais o chamou a atenção, no entanto, foi o fato de, mais ou menos a partir da segunda metade dos distritos, ele ter começado a ver pessoas equipadas com katanas e vestidas com roupas semelhantes à padrão dos Shinigami, porém, em tons diversos. Mas... O porte de katanas não era proibido no Rukongai? Não havia uma lei que dizia que, pelo bem estar e segurança das almas errantes, estas não teriam permissão de portar armas de nenhuma natureza, e, no entanto...?

Pensando bem, ele agora se questionava: era realmente possível controlar o porte de armas no Rukongai? Havia Shinigami designados a isso? Decidiu que deixaria a sua curiosidade falar mais alto, para que pudesse sanar aquelas dúvidas. Ele adentrou um estabelecimento para comer alguma coisa. Ia aproveitar para fazer algumas perguntas cuidadosamente selecionadas sobre quem eram aquelas pessoas, mas não precisou. Já dentro, viu um pequeno grupo de homens e uma única garota armados sentados. Eles conversavam enquanto se serviam da comida. Yuushirou decidiu se sentar próximo para ver se conseguia capturar alguma conversa. Ouviu, então, a garota dizer:

— ...e os batedores disseram que houve uma invasão na Seireitei. Teve algum dedo seu nisso?

Ela era bem bonita, mais que a média das garotas errantes que Yuushirou até então tinha visto. Tinha um cabelo de comprimento médio castanho preso em um rabo-de-cavalo alto que somente não continha a franja repicada, olhos de igual cor e um rosto delicado, porém, de poucos amigos. Vestia um quimono semelhante aos Shihakusho, só que nas cores roxa e preta. Uma katana embainhada repousava no chão bem a seu lado. Sentado de frente para ela, havia um rapaz que também podia ser considerado muito bonito pelos traços faciais, vestido com um quimono bem parecido com o dela, só que nas cores azul e branca. Seu cabelo era preto-azulado, ainda mais longo que o da garota, e estava preso em um rabo-de-cavalo baixo. A franja também era repicada, mas era mantida dividida. Dispostos dos lados deles, formando, ao todo, um quase quadrado de indivíduos, havia homens com vestes bem mais discretas, em tons pastéis, mas também acompanhados de katanas como o rapaz com quem ela conversava. Yuushirou chutava que deveriam ser subordinados do casal bonito, tanto pelo seu silêncio quanto pela escolha de cores mais simples nas roupas. Com um sorriso que soava atrevido, o rapaz a respondeu:

— Meu?? Claro que não, Sawachika-san! De onde tirou tal ideia?

A garota que atendia pelo nome de Sawachika estreitou os olhos, mas deu de ombros.

— É você o ansioso por alcançarmos o perímetro da Seireitei. Imaginei que tivesse resolvido dar início ao plano, com ou sem permissão.

Mas que história era aquela de alcançar o perímetro da Seireitei?! Por um breve momento ele sentiu a sua Reiatsu se manifestar ao ouvir tal coisa, mas logo a ocultou novamente. Precisaria ser alguém muito habilidoso para ter percebido. Apesar de serem espadachins, eles não tinham habilidade de sentir a sua aura espiritual... Certo?

Yuushirou olhou cuidadosamente para o estranho grupo para ver a reação de seus membros, mas felizmente nenhum deles pareceu ter reparado em seu descuido. Ou, pelo menos, não demonstravam. Tudo o que ele tinha que fazer era ouvir com cuidado cada palavra enquanto comia seu yaki-udon** silenciosamente.

— Ora, eu não passaria por cima da vontade de todos – disse o rapaz bonito – Sei muito bem que, para tudo, deve haver um consenso!

Sawachika assentiu.

— É bom...

— Você me acha um tremendo de um malandro, não?

— Acho-o atrevido.

Ele alargou o sorriso.

— Ora, mas por quê? Por eu ter tido a coragem de pedi-la em casamento?

— Não me lembre deste horror...

— “Horror”?! Sabe quantas moças gostariam de estar no seu lugar de futura noiva de Souryuu Tashiro???

A garota revirou os olhos.

— Eu não sou todas essas moças “que gostariam de estar no meu lugar”. Aliás, eu cederia a minha vaga a qualquer uma delas sem um mínimo de objeção – respondeu, seca.

O rapaz que se chamava Tashiro suspirou.

— Você ainda mudará de ideia... – então ele finaliza a sua refeição e faz um rápido curvar do corpo para ela – Estou retornando ao Rukongai Leste. Sabe onde me encontrar, caso deseje.

— Pode esperar até deitado... – murmurou Sawachika enquanto o observava sair.

Então, eles não eram um casal... E o tal do Tashiro parecia ser bem atirado. Ele só não faz um movimento mais atrevido porque a garota provavelmente estava em um posto acima do dele, ou ela apenas o mataria mesmo.

Apesar de ser uma alma aparentemente comum, ela carregava uma Reiatsu comparável à de um Shinigami. Bem, muitos Shinigami tiveram suas origens em Rukongai, mas ele não esperava topar com um forte candidato a Shinigami tão cedo. Será que esse tipo de almas era mais comum do que parecia, ou Yuushirou apenas tivera sorte?

Pensando bem... Embora o porte de armas fosse ilegal, em pouco tempo ele já podia deduzir que era impossível controlar. Havia um total de 320 Distritos ao todo e, quanto mais distante da Seireitei, mais as condições de vida eram precárias, o que devia implicar em uma maior necessidade de se estar armado? Sempre ouvira falar disso, no entanto, ouvir é uma coisa, presenciar é algo totalmente diferente... Será que a própria Seireitei se aproveitava dessa ilegalidade da regra do mais forte para "caçar” talentos?

Todos os homens haviam se retirado juntamente com o tal Souryuu Tashiro. Então eles não eram subordinados da garota? Será que ela, na verdade, não estava no mesmo patamar dele? Se não, então ele deveria ser, talvez, muito apaixonado por ela. Para permitir um tratamento tão seco...

Quando Yuushirou decidiu que era melhor sair, após constatar que ela não sairia tão cedo de dentro do estabelecimento, acabou surpreendido por um olhar direto da garota, que o encarou com uma sobrancelha erguida. O jovem Shihouin decidiu apenas se levantar, como se nada estivesse acontecendo, e ir pagar pela refeição com as moedas que trouxera consigo. Ele agora se sentia no dever de alertar a respeito da existência de grupos em Rukongai que estavam interessados em algo relacionado à Seireitei, muito possivelmente uma rebelião, mas, isso certamente faria com que seu plano de sair um pouco de casa fosse completamente arruinado... Deixaria para depois por enquanto. Afinal, o que um pequeno grupo, que apesar de aparentemente composto por membros habilidosos, conseguiria fazer frente aos Shinigami? Zaraki Taichou sozinho, provavelmente, daria conta de todos!

E, mais uma vez para a sua surpresa, a garota que se chamava Sawachika se aproximou dele em um movimento rápido, provavelmente intencionando ameaçá-lo já que havia desembainhado parcialmente a katana, mas Yuushirou conseguiu recuar rapidamente em um reflexo, e agora ambos eram o centro das atenções dentro do pequeno restaurante. Não havia dúvidas de que aquela garota podia portar uma espada, a julgar pelo fato de ninguém ter comentado ou expulsado a ela ou a seu grupo dali pela atividade ilegal.

— Quem é você? – perguntou Sawachika, intrigada, provavelmente por ele ter sido mais rápido que ela.

Yuushirou não precisava daquela situação. Se descobrissem que ele é um Shihouin, provavelmente iriam querer, ao menos, pôr as mãos nele. Tirando a garota, provavelmente nenhum dos presentes seria um problema, mas ele não estava disposto a brigar. O boato de que um nobre estaria perambulando em áreas periféricas se alastraria rapidamente e ele não teria paz. Fosse ou não capturado.

— Eu é quem deveria perguntar! – decidiu retrucar – Você ia me atacar e esperava que eu permitisse?

Ela uniu as sobrancelhas e respondeu:

— Hamine Sawachika, Divisão Oeste.

Hamine Sawachika... Divisão Oeste? O que aquilo queria dizer? Será algum tipo de milícia? E eles atuavam nos quatro cantos do Rukongai?

— Eu sou Yuushirou... Se tem algo para tratar em particular comigo, podemos ir lá para fora resolver isso, Sawachika-san!

— Sawachika-san... – disse um rapazinho que estava servindo aos clientes do estabelecimento.

— Está tudo bem – ela respondeu gesticulando para que ele não se metesse, o que para Yuushirou era um indicativo de que a tal suposta milícia que ela devia fazer parte era famosa e muito respeitada – Apenas continue o seu trabalho.

E o jovem assentiu e se afastou. Sawachika guardou a katana e acenou com a cabeça para Yuushirou, indicando que saíssem do local. Embora estivessem a sós, Yuushirou sabia que deveria tomar muito cuidado. Poderia ser uma emboscada.

— O que quer de mim, Hamine Sawachika-san?

Ela foi direta:

— Estava escutando a nossa conversa? O que pretende?

— Não tive a intenção – respondeu – E, depois, vocês falam alto demais. Se querem ter uma conversa particular, deveriam procurar um local mais reservado.

— Estamos no nosso território, onde as pessoas não têm motivos para nos temerem. De onde raios você veio? Eu nunca o vi por aqui...

O garoto pensou um pouco, mas não tinha grandes ideias para usar como desculpa. Decidiu então arriscar uma conversa fiada:

— Eu só sou um forasteiro perdido! Sairei daqui e você não irá ver mais a minha cara, está bem?

E sem qualquer aviso prévio, Hamine Sawachika avançou velozmente voltando a desembainhar sua katana para acertar o tal forasteiro intrometido com um corte na diagonal. Felizmente, Yuushirou conseguiu desviar novamente do seu ataque. Sair correndo chamaria muita atenção. O jeito seria derrotá-la enquanto estivesse só? Ou seus companheiros estavam esperando o momento certo para emboscá-lo? Se o grupo controla e faz patrulha entre alguns distritos de Rukongai, obviamente eles conhecem os rostos de seus moradores... Será que ela desconfiava de algo? Enquanto pensava em uma forma de despistar a sua inimiga, Yuushirou viu algo que chamou sua atenção: um pequeno saquinho preso à cintura da garota. Discretamente, apanhou o objeto enquanto ela tentava acertá-lo com sucessivos ataques com sua espada.

— O que é isso? – perguntou, balançando o saquinho em sua mão – Dinheiro que você arrecada dos moradores ao fazer patrulha?

— ...!!! Ei, seu ladrãozinho! Este dinheiro me foi dado de bom grado! Não cobramos nada dos moradores de Rukongai!

Perfeito. Ela agora achava que era apenas um jovem ladrão.

— Hehe... – sorriu de maneira travessa, girando o objeto recém-adquirido – Achado não é roubado!! Até mais!

E, à melhor maneira Shihouin de ser, o garoto resolve dar no pé daquele lugar antes que a sua situação piorasse. Diferentemente de seu antepassado, Shihouin Chika, Yuushirou não se sentia muito à vontade em roubar coisas, mas não havia uma melhor alternativa.

Estava agora sobre um galho de uma árvore com as costas apoiada no tronco, próximo à entrada de uma das vilas, jogando o objeto roubado várias vezes para o alto, pensativo. Por ele, devolveria-o à sua dona, mas provavelmente não poderia retornar ao local. Talvez ele não poderia pisar em distrito algum agora, salvo aqueles que avizinhavam a Seireitei, mas isso significa maior probabilidade de ser reconhecido por seus moradores e pego pelos Shinigami. Àquela essa altura, Hamine Sawachika-san já deveria ter emitido algum alerta para os seus companheiros de milícia, o que tornaria ainda mais difícil a sua permanência no Distrito das Almas Errantes. O jeito era encontrar a casa de Shiba Kuukaku o quanto antes.

Ele suspirou. Mal havia saído de casa e já arrumou encrenca. Mas... Foi divertido! Ele sorriu alegremente ao olhar ao horizonte e pode admirar um lindo pôr-do-Sol, algo que ele não podia desfrutar, até agora, de fora dos limites das suas janelas. A leve brisa em seu rosto era o sinal da sua tão aguardada liberdade, mesmo que fosse temporária. Um tesouro que nenhum dinheiro do mundo era capaz de comprar.


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Notas finais do capítulo

*tradução livre para o uniforme negro dos Shinigami, o shihakusho.
**焼 き う ど ん, é um prato japonês frito que consiste em macarrão do tipo udon (う ど ん) branco espesso e macio misturado com molho à base de soja, carne (geralmente de porco) e vegetais.



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