The Strawberry and the Sky escrita por Yuushirou


Capítulo 2
二 Be our friend or not




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Uma vez vestido com um disfarce de si mesmo, como Sora havia entendido o conceito de Gigai, já que, basicamente, você se vestia com uma roupa que era exatamente igual a você e lhe cobria por inteiro, da cabeça aos pés, seu próximo desafio depois de se acostumar com roupas tão diferentes das que estava habituado a usar na Soul Society seria o de conhecer mais Shinigami que viviam no mundo humano como humanos (não tão) comuns. Ele nunca havia interagido com algum até conhecer Urahara Kisuke e o gato Shihouin Yoruichi – quem ele ainda se perguntava se era mesmo um Shinigami ou qualquer outra coisa – mas, até então, pareciam gente como qualquer gente do Rukongai.

Endireitou a postura e as novas roupas, como Kuukaku o havia ensinado – depois de alguns socos bem aplicados, sempre de cima para baixo sobre sua cabeça, no melhor estilo Shiba Kuukaku de educar crianças hiperativas e ainda não civilizadas – sempre que fosse se apresentar a alguém, e esperou o homem de chapéu listrado abrir a porta do apartamento onde ele lhe dissera que viviam os tais Visored, termo que Sora ainda não havia entendido bem o que significava.

Konbanwaa, Hirako-san! – cumprimentou Urahara, alegremente, assim que um cara de cabelo louro cortado reto na altura do queixo e uma expressão de puro tédio o atendeu – Pessoaal!

— Hãa...? Você? – respondeu o sujeito com cabelo de tigela. Sua voz transmitia tédio e indiferença, exatamente assim como o seu rosto. Parecia prestes a questionar sobre o motivo da repentina visita e quem era o garoto que acompanhava Urahara, mas foi interrompido por uma garota magrinha de baixa estatura, cabelo louro dividido e preso em dois rabos-de-cavalo e uma expressão bem malcriada, que o atropelou com um chute voador de dois pés, atirando-o para um lado.

— Hãaa, você?! – esbravejou a garota, apontando um dedo para Urahara, aparentemente não gostando nem um pouco de vê-lo ali – O que faz aqui, e quem é esse pirralho???

Sora chegou a entreabrir a boca na intenção de dar uma resposta para a garota que, apesar de ter a sua mesma estatura, o chamava de "pirralho", mas o Shinigami a seu lado foi mais rápido.

— Hiyori-san! Veja, trouxe para brincar com você!

Brincar comigo?! NÃO TEM MAIS MEDO DE MORRER?

— Hiyoriii...!!! – resmungou, do chão, o cara que se chamava Hirako, ao que massageava as próprias costelas – O que pensa que está fazendo?! A casa é minha, ok?!

— Pessoal... Que tal acalmarmos os ânimos por aqui...? – perguntou um segundo cara, este também louro, porém vestido com uma peça de roupa negra, aberta em seu centro, com uma segunda peça, mais fina e de cor branca, por baixo. Parecia mais tranquilo que os outros dois. Que assim o fosse.

Sora aproveitou o momento para se virar para Urahara e apontar para os três Shinigami recém-conhecidos, perguntando:

— Quem são esses doidos? E você ainda não me explicou por que me trouxe aqui...

— Oh, é mesmo! Me desculpe, me desculpe! – respondeu o Shinigami com um sorriso – Deixe-me explicar: você irá passar alguns dias aqui, sob os cuidados de Hirako Shinji-san e seus companheiros.

 

 

— EEEEEEEEEEEEEEEEEEEEHHHH...? –  exclamaram várias vozes ao mesmo tempo, inclusa a do próprio Sora, após um breve silêncio.

— Eeei, espere aí!! – a garota birrenta tornou a retrucar – Por que nós teríamos que ficar com este pirralho?! É um Shinigami por acaso?! Onde está a sua zanpakutou???

— Este é Shiba Sora-kun – respondeu Urahara, de maneira gentil – Infelizmente não irei conseguir mantê-lo comigo enquanto eu faço alguns preparativos para que ele possa voltar para a Soul Society. Então, eu pensei que vocês...

 

 

Todos os indivíduos que estavam dentro do apartamento, até mesmo a tal da Hiyori, pareceram atordoados com o simples fato de terem ouvido e entendido o nome “Shiba Sora”, o que mais uma vez deixou o garoto aborrecido. Causar tanto espanto assim nos outros estava começando a se tornar uma irritante dor de cabeça. E daí que Shiba Kuukaku teve um filho? O que afinal ele não sabia, que ninguém queria lhe dizer? O tal Hirako Shinji, até então estatelado no chão depois de ser atingido por uma voadora da Hiyori, rapidamente voltava a ficar de pé, a expressão de incredulidade.

— O... O que você disse...? "Shiba"?

— Sim, filho de Shiba Kuukaku. O próximo chefe da família, se viver o suficiente – respondeu Urahara com um sorrisinho, certamente esperando por mais reações de puro horror dos tais Shinigami Visored.

Felizmente, não foi o que aconteceu. Hiyori mais uma vez conseguiu quebrar o clima com o seu humor explosivo:

— Báa! Ele nasceu então depois que deixamos a Soul Society! PIR-RA-LHO!

O homem louro dos cabelos longos revirou os olhos, aparentemente habituado à agressividade gratuita da garota, embora achasse irritante. Um homem grande e gordo, sentado mais ao fundo em um sofá, decidiu se manifestar:

— Bem, se não há para onde ir enquanto precisar ficar no mundo dos vivos, não vejo por que não o recebermos.

— Hacchi?! – questionou-o Hiyori – Está brincando, não é???

— E depois... Acho que devemos um favor a Urahara Kisuke depois daquele episódio... – completou um cara forte de cabelo curto e prateado, encostado a um canto, usando uma peça de roupa simples que exibia os braços musculosos.

— K-... Kensei! Você também?!

E Urahara abriu o seu melhor e mais pidão sorriso de todos, irritando-a mais ainda, deixando Sora com ainda mais vontade de sair dali correndo mas, no fim, conseguindo a aprovação dos demais Visored.

— Muito bem! – disse levando uma mão às costas do garoto e o empurrando para a frente – Então, está decidido! Shiba Sora-kun é o seu mais novo hóspede!

— Vocêee... Me pagaaa...!!! – resmungava Hiyori, erguendo um dos punhos na altura do rosto – Eu ainda irei enfiar um soco muito bem dado nessa sua cara de texugo...!!!

 - Hiyori... – disse uma outra garota, esta de cabelos negros presos em uma trança, usando uma roupa curta feminina nas cores azul com branco e um par de óculos. Ela lia algo com aparente tanto interesse, que até então não parecia nem mesmo ter percebido a presença de Sora ali – Já está decidido. O garoto dos Shiba fica.

 

E assim, Sora iniciou a sua breve temporada de permanência na moradia dos Visored. No geral, pareciam ótimos caras, mesmo a mal-humorada e implicante Sarugaki Hiyori, que passava o dia tentando acertá-lo ou incitá-lo para uma luta.

— Desiste – dizia a ela – Eu não brigo gratuitamente com meninas.

— Está me menosprezando por ser uma garota?!

Ao fundo, Muguruma Kensei, o sujeito dos braços fortes, dava um sorrisinho:

— Não é que Urahara tinha razão? Ele trouxe um amiguinho para fazer companhia para a Hiyori. E parece mesmo que ele consegue entretê-la.

— Não é nada disso – continuou Sora – Você sabe o que é uma situação desigual? É você ser uma Shinigami, com uma zanpakutou, e eu ser só um cara vindo da Soul Society, sem uma zanpakutou! E de qualquer forma, você é menina. Eu não te machucaria sem motivos.

— Seu pirralho, eu sou uma ex-Vice-capitã do Gotei 13! E você é um filho de Shiba Kuukaku com uma Reiatsu considerável. Duvido que seja fraco, com ou sem zanpakutou, nós não estamos em nenhuma situação desigual!

— Hiyori... – chamou-a Shinji, observando toda a cena com uma expressão de... Bem, de tédio, como sempre.

— Hiyori não sabe a hora de parar quando ela cisma com algo... – comentou Rose a um canto.

— Caara... – Sora suspirou – Se a gente lutar e você se machucar, vai querer insinuar que fui um covarde!

— Eles vão lutaar, Kensei! – disse Mashiro, animada.

— É..? Que seja... – ele respondeu, aparentemente desinteressado.

— Mas... Mas eu também quero lutar, Kenseei!

— Então vá lá lutar com eles, e não me encha o saco!!

E a garota de cabelos verdes se jogou no chão, fazendo birra, fazendo Sora se questionar qual seria a sua real idade, mas ele sente a parte da frente de sua roupa sendo puxada bruscamente de repente.

Vem! Eu vou acabar com você, e...!!!

Mas Hiyori não conseguiu finalizar. Shinji a aplicou um único soco, de cima para baixo, bem em sua cabeça, fazendo a menina cair sentada e retrucar com uma mão na cabeça:

— O que é agora, Shinji Careca?!

— Não vou repetir: o Sora é nosso hóspede, não é um Shinigami e, se está tão interessada assim nele, arrume outra forma de chamá-lo a atenção!

Que?! Você anda comendo esterco?! Quem disse que eu estou interessada em um molequinho como ele?!

O garoto apenas observou a briga agora transferida para entre Hiyori e Shinji.

— Você acostuma – disse Lisa para ele, em seu costumeiro cantinho, sem desgrudar do seu mangá – Anda, fica à vontade. Senta e bebe alguma coisa. Você só come e bebe no chão, separado de todo mundo. Parece até um estranho.

Verdade.

— Tá... – ele respondeu assentindo, sendo servido por Rose com uma lata de Coca-cola, a qual em um primeiro momento segurou e ficou encarando e girando com os dedos – Como abre isso?

— Aah, me desculpe... – disse Rose abrindo a latinha, que fez um sonoro e curioso "Tss!" – Você veio da Soul Society, provavelmente nunca viu uma lata de Coca-cola.

— Nem nunca viu isso daqui – disse a garota de óculos, virando o mangá que lia para o garoto, as duas páginas bem abertas com uma cena um tanto quanto imprópria sendo exibida.

 

 

A julgar pelas caras de todos, todo mundo estava prestes a berrar alguma coisa, mais provavelmente um uníssono e sonoro "LISA!", mas a reação de Sora aparentemente foi tão surpreendente que deixou a todos ainda mais perplexos do que a ideia maluca da garota Shinigami de óculos de apresentar conteúdo quase adulto para ele:

— Ah, é isso o que tanto lê.

E ele simplesmente foi se sentar em uma almofada posicionada no chão ao lado do sofá, bebendo sua mais nova bebida gasosa favorita e observando o conteúdo que passava na Tv.

— Você não se interessa pelo corpo de uma garota, Sora...? – perguntou ela.

Bem, a verdade era que aquilo não era nada do que ele já não tivesse visto em um século de vida. Não que na Soul Society existissem mangás Ecchi, apenas não era o grande milagre da vida de um garoto ver, por exemplo, o corpo da sua própria mãe. Ele se perguntava internamente se seria muito problemático explicar ou se era melhor deixar todo mundo achar que não, ele não se interessava por corpos de garotas.

— Oe, oe! Eu não vou dar explicações à Kuukaku se ele desenvolver o hábito de ler essas coisas, Lisa! – alertou Shinji com um dedo acusador apontado para ela.

— Ah, qual é! Shiba Kuukaku não é a mulher mais coberta do mundo, convenhamos... E depois, ele já é um adolescente. É completamente normal um garoto dessa idade ter acesso a essas coisas.

Sora arrotou a Coca-cola – uma experiência bem interessante, por sinal – e decidiu enfim comentar:

— Eu tomava banho com a minha mãe. Só isso.

E deu de ombros.

 

 

— Ehhh...? – foi a única coisa que a maioria dos Visored, boquiabertos, conseguiu dizer, o que fez o menino revirar os olhos e acha-los ainda mais esquisitos.

As exceções se deram à Lisa, que continuava entretida em sua leitura, Mashiro, que encarava Sora com curiosidade, e Hacchi que apenas permanecia quieto em seu canto, sereno como sempre.

— Feh! É um bebezão...!!! – disse Hiyori, da forma mais desaforada e debochada que conseguia — Só criancinhas tomam banho com a mãe!!

Bem... Ele não havia dito que ainda tomava banho com Kuukaku, mas tudo bem. Concluiu uma coisa:

— Vocês não foram criados pelos pais de vocês.

Em sua cabeça, era natural a ideia de crianças tomando banho na companhia dos pais, principalmente da mãe. O que tinha demais?

Os Visored se entreolharam por um momento, até que Love decidiu se manifestar:

— Bom... Nós... Não sabemos... Desde que nós nos demos por gente, ou alma, vivíamos correndo pelas ruas de Rukongai... – e ele encolheu os ombros – Não tivemos esse negócio de pai e mãe. Pelo menos na Soul Society.

Ah... Era verdade. A grande maioria das almas residentes da Soul Society não tinha nascido na Soul Society, e se tinha, era bem comum não saberem de onde eram ao certo ou de quem era filhos. Esse era um dos fatores que determinava quem era nobre e quem não. Sora não se sentia um nobre, embora tivesse o sangue de um. Ele tinha sido criado solto, correndo pelo Rukongai e explorando as florestas das regiões próximas. Crianças nobres não eram educadas daquela forma pelo que ele sabia. Mesmo ele tendo sido uma, ao mesmo tempo era quase um renegado social devido ao atual status de sua família.

— Bom, garoto... Se você quiser treinar um pouco conosco, estamos à disposição. É um desperdício um carinha com uma Reiatsu como a sua viver somente perambulando por aí. Daria um grande Shinigami – disse Kensei estralando os dedos de ambas as mãos como se se preparasse para um duelo.

Àquilo o jovem Shiba sorriu.

— Heh... Acho que a minha mãe não ia gostar muito se eu resolvesse me tornar um Shinigami. Muito menos o meu tio, que odeia todos vocês.

— Se a sua mãe lhe enviou para este mundo atrás de Urahara Kisuke, acho que ela não tem muitas escolhas. Talvez não seja nem mesmo uma questão de escolhas, mas de destino... – comentou Shinji, exibindo agora um sorriso enigmático – A sua Reiatsu chama atenção. Duvido que não será assediado pela Seireitei ou até por qualquer entidade espiritual que exista por aí.

É, pensou Sora, encarando a agora latinha de Coca-Cola vazia. Ele tinha percebido. Um Hollow que parecia uma cobra o havia perseguido por quase toda Karakura enquanto ele procurava pela Urahara Shop.

— Eles têm razão... – disse Rose – A sua mãe não poderá te esconder para sempre. Cedo ou tarde, a probabilidade de você precisar lutar, é grande.

— Vocês não entendem – respondeu – Meu tio Kaien, foi morto por um Shinigami, e ele era um. Desde então, as coisas nunca mais foram as mesmas para a minha família – Não acho que vocês sejam todos maus, mas nunca encontrei sentido no que aconteceu, e nem no fato de termos sido chutados das Cinco Casas logo depois da morte dele. Então, não, eu não quero ser um Shinigami.

Love riu.

— Nós conhecemos Shiba Kaien, e sabemos que ele era incrivelmente talentoso.

— É você que não entende, garoto... Aliás, não sabe nem a metade da história... – disse Shinji com um semblante agora mais sério – E vocês não foram os únicos que foram “chutados”... Nós, os Visored, não somos mais Shinigami. Pelo menos, não aos olhos da Seireitei. Maaaas, isso é conversa para outro momento... Se você se envolver de alguma forma com a Seireitei, descobrirá o que houve com o seu tio Kaien e a sua família por conta própria... Não vamos irritar a Kuukaku com o nosso papo.

Aquilo o fez unir as sobrancelhas angulosas e ficar pensativo. Será mesmo que acabaria se tornando um Shinigami, como Kaien? Seria bem irônico. Mas, antes que pudesse tecer qualquer outro comentário, ou quebrar o clima estranhamente sério que se formou de repente, seus olhos voltaram a reparar no que estava passando na Tv: um filme de época sobre samurais, onde a protagonista era uma garota muito bonita e solitária, e isso imediatamente o remeteu a uma certa pessoa.

— Que filme é esse?

— "Ichi" – respondeu Rose – É a história de uma espadachim cega que percorre o Japão feudal em busca do seu mestre.

Assentiu, achando a premissa interessante. Ela lembrava sua amiga de infância, Sawa, embora ela não fosse cega e nem tivesse um mestre desaparecido por aí. O jeito sério e solitário da garota do filme, a técnica que ela tinha com a espada, tudo isso o lembrava Sawa e a sua promessa de se tornar muito forte.

— Gosta da temática? – perguntou Kensei – Sabe lutar com espadas, Sora?

— Nada, sou melhor com Kidou – respondeu – Espadas não fazem o meu estilo.

— Os Shiba sempre foram muito bons com Kidou... – comentou uma Lisa finalmente desviada de seu mangá – Temos um expert em Kidou aqui. Certo, Hacchi?

O homem gordo se mexeu onde estava, mas sem se levantar. Sora achava que ele estava sempre em meditação, tão quieto e misterioso aquele cara parecia ser.

— Será um prazer treiná-lo caso seja da sua vontade, Shiba Sora-kun.

O garoto assentiu e brincou:

— Acho que só sirvo para isso mesmo, no fim das contas – e acrescentou: – A Sawa já me treinou uma vez. Ela é que leva jeito com espadas.

— Sawa?

— Uma amiga. Hamine Sawachika. Ela é do Rukongai e se parece com essa garota do filme. Só não é cega.

— Aaah, então ele tem uma namorada... – disse Shinji – Você vai ter que procurar outro alvo, Hiyori!

— Perguntei se você comeu esterco, maldito!!!

E ela arremessa um de seus chinelos favoritos na direção dele, atingindo-o em cheio. Brigas à parte, Sora no fim considerou interessante o convite de Hacchi para um treinamento.

— Quando começamos? – perguntou.

— A hora que você quiser, meu jovem.

 

 

Os Visored possuíam um galpão desocupado próprio para quando queriam treinar um pouco, fosse para aperfeiçoar suas habilidades, fosse para matar o tédio de não estarem atuando como verdadeiros Shinigami. O galpão possuía uma entrada que, segundo Hirako Shinji, dava para um local ultrassecreto de treinamentos especiais desenvolvido por Urahara, que foi justamente para onde Sora foi levado para fazer uma demonstração das suas habilidades com Kidou. Estava animado. Ele gostava de mostrar o que tinha aprendido com Kuukaku e do que era capaz como um Shiba. Mal fora posto frente a frente com o ex-Shinigami Hacchi, a uma distância mais ou menos segura, e seus lábios já começaram a proferir, quase que de uma maneira automática:

— "Salpique os ossos da besta! Topo da torre, cristal vermelho, círculo de aço. Mova-se e faça o vento. Pare e traga a calmaria. O som das lanças hostis preenche o castelo vazio!" Hadou no Rokujuusan: RAIKOUHOU!

Já com o punho energizado pelo encantamento, ele avançou para disparar de seu punho fechado uma grande esfera explosiva de eletricidade.

— Bakudou no Hachijuuichi: DANKU! – proferiu Hacchi, e Sora soube que não conseguiria o atingir.

Uma barreira translúcida apareceu na frente do homem o protegendo do ataque elétrico.

— Muito bom – as disse Hacchi, ao que a poeira se dissipava no ar – Você tem a habilidade de um oficial do alto escalão, talvez até a de um Vice-capitão. Já pensou em ser um membro do Kidoushuu?

O impacto inevitável entre a energia lançada de seu punho energizado e o escudo repentino e intransponível levantado à frente de Hacchi causou um pouco de dor em seu antebraço, mas Sora já era habituado a ter alguns desconfortos e contusões no treinamento de Kidou. Ele massageou o próprio braço, sorrindo.

— O que é esse Kidoushuu? – perguntou.

— A Seireitei não se limita aos 13 Esquadrões. O Kidoushuu é uma corporação filiada à Seireitei. Seus membros são grandes usuários de Kidou e, também, são responsáveis por abrir o Senkaimon, proteger selos e criar barreiras. Eu fui o vice-chefe desta corporação.

— E quem era o chefe? – Sora olhou ao redor, encarando cada Visored – Algum de vocês aqui?

— Se você veio com Urahara, você conheceu a figura: Tsukabishi Tessai – respondeu Lisa.

A resposta fez o garoto fazer uma careta de incredulidade. Como é que é? Aquele pervertido de garotos desacordados tinha sido o chefe da tal Kidoushuu?! Não podia ser...

— Nem ferrando aquele cara foi um oficial importante da Seireitei! – protestou – Eu desmaiei no dia em que cheguei na Urahara Shop, e aquele maluco simplesmente se debruçou sobre mim! Pensei que queria me beijar!

 

 

— DAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!! Eu queria ter visto isso!! – berrou Hiyori, quebrando o repentino silêncio, apontando um dedo para Sora – Isso só não deve ter sido mais engraçado do que o Shinji quando ficou careca de verdade!!!

— Não tem graça! — retrucou o jovem Shiba — Você ia gostar de acordar com um cara que você nunca viu em cima de você?!

— Não foi comigo, então eu tiro sarro!! – ela rebateu, e ele decidiu desistir de evitar os embates que ela tanto queria ter com ele.

— Vamos lutar! – desafiou.

Finalmente deixou de ser maricas! – foi a resposta dela – Cai dentro, bebezão!!

Eles pararam frente a frente, porém ainda separados por alguns metros. Sora pensou um pouco e resolveu conjurar um outro tipo de Kidou.

— "Variações do universo, peguem a lanterna da sabedoria, com toda a soberania e mergulhem o cavaleiro e a sua lança na taça do maravilhoso paraíso!" Hadou no Yonjuukyuu: GAKIREKKOU!

Um grande círculo de energia verde surgiu diante de sua oponente Shinigami, como se fosse utilizá-lo como um escudo ou para atingi-la diretamente com ele, mas, na verdade, criando uma série de filetes de reiatsu que logo começaram a ser disparados.

— Feh! É um bebê mesmo! Eu vou te mostrar o verdadeiro terror!!

"O verdadeiro terror"?

— Ei, Hiyori... – alertou Shinji com uma expressão genuinamente preocupada, mas, tinha sido tarde.

Sora testemunhou a cena mais estranha que ele já tinha visto em toda a sua vida: a histérica garota Shinigami fez surgir uma máscara medonha que parecia um crânio de alguma coisa que tinha um chifre bem no meio de sua testa, como um Hollow. Em seguida, disparou um raio de luz negra, tal como um Hollow, na sua direção. Por um momento, ele não entendeu o que aconteceu ali. Aquilo era... Uma máscara de Hollow de verdade? Por que aquela garota maluca agora era um Hollow horroroso??? E aquilo era um... Cero de verdade? Conseguiu desviar, mas não totalmente bem sucedido, tendo sido atingido na cintura e acabando por cair de mau jeito e rolar no chão. O grito de dor foi inevitável. Aquela coisa, como ele havia imaginado, queimava a carne como se a consumisse. De cócoras no chão, Sora não teve muito tempo para pensar em um contra-ataque que pudesse ser realmente efetivo, dado o susto e a adrenalina do momento. Murmurou um novo encantamento, ignorando temporariamente a dor em sua cintura, que parecia derreter pouco a pouco e agora sangrava, e disparou de suas duas mãos:

— Bakudou no Rokujuuni: HYAPPORANKAN!

Vários pilares pesados feitos de energia foram lançados horizontalmente contra o Hollow-Hiyori. Aquele era um Kidou defensivo que havia aprendido que podia ser utilizado para prender ou atordoar o inimigo, dependendo do seu tamanho e de como conseguia o atingir. Hiyori conseguiu esquivar dos primeiros pilares, mas fora pega e acabou arrastada até uma parede de rochas onde ficou presa.

— Minha nossa... – Shinji levou uma das mãos ao seu rosto e soltou um suspiro de desgosto – Hacchi, cuide do garoto!

— Sim, claro!

— Hiyori... – disse Kensei dando alguns passos na direção da agora aprisionada Hollow-Hiyori, que de alguma forma agora estava com apenas metade do rosto coberto pela máscara – Isso foi muito irresponsável! Sequer cogitou que a forma Hollow poderia ser além do que ele poderia enfrentar! Ele não sabe quem somos!

— E o que vocês são, afinal?! – indagou Sora, ainda se recuperando do choque – Afirmam que não são Shinigami... Vocês são o que, então?!

Hirako Shinji coçou a própria nuca e resolveu, provavelmente por ser o líder ali, que iria ser quem iria responder.

— Nós... Éramos Shinigami. Shinigami normais. Mas houve um incidente alguns anos antes de você nascer, que nos tornou meio Shinigami, meio Hollow. Isto fez com que a Central 46 nos rejeitasse e determinasse a nossa execução, mas nós conseguimos escapar a tempo, graças ao Urahara. Nós nos tornamos uma raça nova, que decidimos chamar de “Visored”. Não tente entender, porque nós também não sabíamos que isso era possível, ser um híbrido de Shinigami e Hollow, e aqui estamos nós. Enfim... Descanse por hoje. Amanhã você pode treinar de novo com o Hacchi, ou com a Hiyori se quiser tentar novamente, com quem você quiser. Nós o consideramos um amigo. Não nos faça perder esta confiança em você.


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