Promessas escrita por Kathe Black


Capítulo 6
Capítulo 6 : Verdade e consequência




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    -Eu preciso voltar, preciso conversar com a Claire, nos duas temos que estar juntas ao contar pra minha mãe. – eu disse mexendo com o garfo no ovo mexido, sem vontade alguma de comer. Jacob se sentou no banco ao meu lado, uma perna de cada lado virado para mim. Depositou um beijo no meu ombro.

      Ele tinha um lado carinhoso, novidade.

    - Boa escolha, se me permite uma sugestão, chama a Rachel também. – ele sugeriu – Eu cresci vendo minha irmã e a sua mãe sendo inseparáveis. Sua mãe esteve lá para Rachel na primeira desilusão amorosa e quando a Bella descobriu a gravidez, Rachel foi a primeira a saber. – ele ri baixinho – Eu tinha sei lá, quase onze anos e me escondia para ouvir as conversas. Eu acho que fui o segundo a descobrir de você.

       - Não, dessa vez eu vou preferir deixar ela de fora disso. Minha mãe decide quando contar as outras pessoas.

       - Renesmee, você quer conversar antes sobre o que rolou ontem?

         - Foi algo de momento, eu estava mal e bebi, você bebeu também e acabamos tendo uma noite intensa. – dei de ombros – Nada demais.

         Jacob estacionou em frente ao meu prédio por volta das 15h do sábado. Foram quase vinte e quatro horas sem dar noticias. Contei até cem mentalmente antes de retirar o cinto, ele se mantinha imparcial e em silêncio, aguardava por qualquer ação da minha parte.

       Eu me inclinei em sua direção, para dar um beijo na sua bochecha, não pretendia beijar ele aqui. Já tinha problemas demais para resolver, nossa família era praticamente a mesma e eu sei bem a complicação que é se relacionar com alguém da família. Só que ele não compartilhava os mesmos planos que eu. Seus lábios encostaram nos meus, minha boca correspondendo ao beijo antes mesmo que eu tivesse consciência disso. Me afastei quando ouvi alguém bater no vidro. Olhei assustada, temendo ser minha mãe ou avó. Era Jared, eu havia esquecido que tinha pedido para ele me esperar na minha casa, queria meu amigo por perto para garantir que eu manteria meu próprio autocontrole se acaso meu pai estivesse em casa.

        - É sério isso?- ele trincou os dentes, abriu a porta do carro e me guiou para fora do veículo. – Você não acha que tem problemas demais não?! – ele falava olhando para Jacob.

      - Já te falei para não se meter na minha vida, moleque. – ele me olha – Se precisar de qualquer coisa, já sabe onde me encontrar. – ele pisca pra mim. Jared fecha as mãos em punho, seu maxilar travado, seu olhar deixando transparecer sua raiva, e eu não entendo toda essa reação exagerada.

      No momento em que a ferrari cruza a esquina, Jared começa seus questionamentos.

       - Você transou com ele, não foi?

      - Sim.

       - Você é mesmo inacreditável! – ele se exalta.

      - Qual o problema? Não é o primeiro com quem eu durmo. Você sabe bem disso.

      - O problema é que desde que ele se separou da Heidi, ele e ela tem várias recaídas, cedo ou tarde reatam o casamento e eu não quero você envolvida em algo assim.

      - Eu não sabia que ele foi casado.

      - Casamento relâmpago, por conta da filha. Com o divorcio pouco antes da menina nascer. Você sabe que ele tem filha, certo? – assenti. Disso eu sabia, encontrei ela passeando pelo shopping com Rachel. – Breanna logo completa dois anos.

       Jared toca meu rosto, me fazendo olhar em seus olhos.

       - Sei que sou ciumento e protetor, mas eu também estou do seu lado para tudo. Só, por favor, não se apaixonada de verdade por ele. Não vale a pena.

       - Foi apenas uma noite, não se preocupe. Não costumo sofrer por homem nenhum. – suspiro me lembrando do motivo de ter chamado ele - Infelizmente, parece que não puxei a minha mãe. – ele me abraça.

      - Estou aqui, por você. – ele murmurou, depositando um beijo na minha cabeça.

       Caminhamos abraçados até a porta da frente, entramos no prédio indo direto até o elevador. Apertei o botão e respirei fundo, Jared acariciava minha mão com seu polegar, estávamos de mãos dadas. Nesse momento me dei conta de como realmente especial era a nossa amizade, não sei o que seria sem ele. Quando entrei em casa, minha mãe estava lendo uma revista médica, tomando seu precioso chá da tarde – hábito que ela adquiriu ainda na adolescência – ela ergueu os olhos, sorrindo satisfeita ao me ver com Jared.

      - Sabia que estaria com ele, você sempre está com ele. – ela não disfarça a animação

     - A Claire tá em casa? – perguntei

    - Não, ela foi ao shopping falou que só volta para o jantar.

    - Renesmee, se quiser pode conversar com ela outra hora. – eu sabia que ele estava me dando a chance de ter o apoio da minha irmã ao falar. Eu quase aceitei, mas quando vi meu pai saindo do quarto usando apenas a calça de moletom a raiva subiu a minha cabeça novamente.

     - Você é mesmo inacreditável! Hipócrita, cretino! – xinguei. Minha mãe me molhou alarmada

    - Renesmee! – ela elevou o tom de voz me repreendendo.

    - Renesmee. – Edward falou baixo, claramente nervoso. – Acalme-se- ele pede

    - Eu quis acreditar, por um maldito segundo eu acreditei que você tivesse a decência de ao menos contar a ela antes que eu voltasse. Ou que tivesse tão envergonhado que nem pra casa voltasse, mas vergonha e decência é algo que claramente você não conhece!- apontei pra ele.

      Jared soltou a minha mão e passou o braço pela minha cintura , tentando me conter.

    - O que está acontecendo aqui? – Minha mãe se levanta do sofá, entendeu que algo bem sério estava acontecendo. – Edward? – ele não responde – Renesmee? – respiro fundo, tentando me acalmar. – Jared? – ela apela quando não tem resposta.

     - Desculpa, tia. Estou aqui só pra conter ela. – ele responde

     - Conta pra ela. – falei – Conta. CONTA PRA ELA!! – aos poucos fui aumentando meu tom de voz – Conta pra ela sobre a Tânia, Conta pra ela sobre a Kate Cullen! – minha mãe ficou pálida, caindo sentada no sofá atrás dela. – Conta que você tem outra família.

    - Edward? – os olhos marejados da minha mãe faz meu coração doer. Eu me desvencilho de Jared e me abaixo, ficando de cócoras a frente dela. Meu coração ficando apertando de ter que ser a pessoa a revelar aquilo pra ela.

    - Eu o vi mãe, vi ela chamando ele de amor. A garotinha até o sobrenome dele tem. O dinheiro da conta de vocês está sendo desviado para a conta da tal Tânia, não é a transportadora que está dando menos lucro, é o papai que não consegue mais disfarçar as retiradas que ele faz. A mulher se apresentou antes que eu dissesse quem eu era.

       Ele se mantinha calado. Não havia como se defender. Ele não ousaria negar.

      - Como você pode fazer isso comigo? Com a nossa familia?– minha mãe se levanta, pega o vaso de plantas e o joga em direção a ele, por sorte não acertou , por pouco. – Eu sempre estive ao seu lado!

       - Bella, me deixe corrigir...- ela corta a fala dele.

      - Corrigir ? O que você pretende corrigir, Edward? VOCÊ TEM UMA FILHA COM ELA! - era a primeira vez que eu ouvia ela gritar. – E tanto que eu te pedi para ficar longe de Tânia. Eu te dei chances demais, Edward.

      Minha cabeça girou. Me levantei tonta, me segurando na parede. Minha mãe sabia sobre Tânia. Meu pesadelo tinha  ficado pior.

      - EU FIQUEI DO SEU LADO QUANDO ATE A ESME ME DEU AOPIO PARA DEIXAR VOCÊ, ACREDITEI QUE FOSSE UM ERRO ISOLADO. Eu acreditei em você. – ela se vira pra mim. - Se você a viu, foi porque ela armou pra você ver. Tânia foi a sua babá, ela te conhece perfeitamente.

       A única babá da qual eu tinha recordação era a de Claire, o que consigo lembrar da minha infância era da Renée cuidando de mim para que a minha mãe e meu pai pudesse concluir os estudos.

       - Vai embora da minha casa! – ela o empurra, ele se desequilibra mas segura ela pelos pulsos.

      - Não pode me expulsar da minha própria casa. Vamos nos dois resolver isso, conversando

      - Me solta, Edward! – ela grita, tentando se soltar. – Me solta, tá me machucando.

      - Você está se machucando, eu estou apenas evitando que você me agrida. Pare de se debater.

      Vou até eles, tentando fazer com que um se afastasse do outro, acabo sendo empurrada pelo meu pai, tropeço no tapete e caio, batendo minha testa na ponta da mesinha. O foco de ambos mudou, vindo em minha direção.

        - Renesmee, filha, me desculpa por favor. Me desculpe, me desculpa...- ele repetia essa palavra como um mantra, eu o vi pela primeira vez desesperado e em pânico – Eu nunca quis se machucar.

       Minha mãe trazia um kit de primeiros socorros.

         - Ajude ela a se levantar, Jared. – mamãe pediu. Toquei ninha testa e senti o líquido quente escorrer por ela.- Isso foi a gota d’água, junte suas coisas e saia desse apartamento ou irei dar queixa de agressão a sua filha.

       Ele falou mais alguma coisa, mas tudo o que conseguia pensar agora era no corte em minha testa.

        - Renesmee você sabe que eu nunca encostei um dedo em você. – ele disse antes de sair – Me desculpe.

        Ignorei, enquanto minha mãe fazia meu curativo.

        - Melhor você ir tio, depois você conversa melhor com elas. – sugeriu Jared. – Deixa elas se acalmarem.

 

 

        Recebi uma mensagem de texto por volta das 19h, não fazia ideia de quem era o remetente.

      Jared disse a Rachel o que aconteceu, acabei ouvindo. Você está bem? Precisa de alguma coisa? Se precisar, sabe onde me encontrar.

     Logo abaixo estava a localização em tempo real, esse era o número de Jacob, o número pessoal. Eu só tinha o número que ele usava apara negócios.

       Minha mãe e irmã precisam de mim hoje, talvez outro dia. Respondi, logo chega outra mensagem.

       Você é que foi fisicamente ferida hoje, me deixe cuidar de você, vou te buscar em 15min.

        Minha família não pode saber da gente. E estão todos aqui hoje.

       15 minutos, esteja pronta.

         Mais problemas. Como se eu precisasse de mais. Não me troquei, permaneci vestindo meu moletom confortável, e meu tênis. Cabelos presos em um rabo de cavalo com alguns fios soltos. E para completar o visual, lindos dois pontos costurados na minha testa.

       - Renesmee, Jared veio te buscar. – disse Claire, colocando a cabeça pela pequena abertura da porta do meu quarto.

     - Jared?! – não era bem uma pergunta. Mas certamente não esperava que ele viesse me buscar.

     - Vim te buscar para esfriar a cabeça. – ele disse de forma suave.

      - Não posso, vou jantar com a minha família hoje.

      - Filha, não se preocupe. Eu estou bem, e estou com a sua irmã e sua avó. – ela suspira – Já passei por isso antes, vai ficar tudo bem. – ela sorriu em direção a Jared. – E eu estou muito feliz que vocês estejam saindo juntos. – Claro que esse saindo juntos tinha uma conotação diferente do habitual.

        Jared passou o braço pelo meu ombro, me guiando para fora em direção ao elevador, quando as portas do elevador se fecharam ele soltou uma risada.

      - Hoje a tarde facilmente eu teria socado a cara do meu tio, e estou aqui horas depois servindo de desculpa para que você possa ir encontrar com ele.

      - Também não estou entendendo. – falei com descrença

     - Eu vi a preocupação dele quando ouviu que você tinha se machucado, talvez eu esteja errado. – ele da de ombros. – Só, vai com calma. Não acelere demais as coisas. – ele pede.

      - Falou a pessoa que me tirou de casa de moletom. – ele olhou para as minhas roupas.

      - não tinha reparado, mas fico feliz, assim seu corpo está coberto o suficiente. – ele debocha – Mas não acostuma, não vou ficar de ‘ namorado fictício’ sempre.

       - Não estou namorando! - adverti

       - Está se apaixonando, o que é ainda pior. – ele rola os olhos

       Jared dirigiu até uma aérea da cidade que eu não conhecia. Era um bairro novo, com várias casas em construção. Passamos direto indo até um dos poucos prédios finalizados e com moradores, pelo que pude perceber. Ele me entregou uma chave.

       - Passe pela recepção, diga seu nome e que Jacob te espera. Volto em três horas pra te levar de volta.

       - Não estou acreditando que você tá fazendo isso mesmo.

     - Você sempre me encobriu, chegou a hora de retribuir um pouco. Não acostuma. – ele pisca- Agora, sai logo do meu carro antes que eu me arrependa.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


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