Dois meses depois

     Aos poucos, a vida ia voltando ao ritmo normal, mesmo que a nossa rotina ainda esteja alterada. Cheguei em casa por volta das 20h, e como eu já sabia que atrasaria hoje eu precisei ligar para avisar, qualquer atraso gerava uma crise de ansiedade em Renesmee. Passei por Seth e Tyler que estavam na porta da casa, assim que entrei vi minha mulher sentada no tapete, com o notebook no colo , ela ergueu os olhos para ver quem estava entrando. Ao menos ela passava mais tempo fora do quarto agora. Ela precisou migrar para o sistema híbrido de ensino, e assistia as aulas sempre de casa, quando precisava sair precisava que eu estivesse sempre com ela.

     Desabotoei a camisa, retirei meus sapatos e fui me sentar ao seu lado.

     - Boa noite amor. – sussurrei em seu ouvido, acariciando seu braço. Para a minha surpresa, ela virou o rosto e me presenteou com um beijo calmo e breve.

    - Boa noite amor – ela repetiu. Precisei me conter para não beijar ela novamente, eu sabia que precisava respeitar os limites dela, e ela estava se esforçando para me “aceitar de volta como marido”. - Anthony dormiu cedo hoje, Bree também. – respondeu minha próxima pergunta antes que eu a fizesse.

      - Certo, eu vou tomar um banho e depois desço pra juntarmos juntos. – disse acariciando seu cabelo, que ela havia cortado na altura da orelha.

       Assim que entrei no quarto já senti que havia alguma mudança ali, mas não sabia dizer qual. Retirei minha camisa a colocando sobre a cama, retirei minha calça e coloquei as peças no cesto de roupa suja no banheiro, demorei ali bem mais do que o costume. Quando entrei no closet foi que percebi que as roupas dela estavam aqui novamente, voltando ao quarto vi que o “ algo diferente” era umas peças de roupas dela jogadas de qualquer jeito por cima do travesseiro da cama, ela devia ter se trocado e esquecido a roupa ali. Ela havia finalmente voltado ao nosso quarto.

    Desci e nosso jantar estava já na mesa, Nika tinha um brilho diferente no olhar, o mesmo que indicava que estava feliz. Nessie ainda estava assistindo sua aula, eu a esperaria.

     - Nika, ela pediu para levar as coisas dela de volta? – perguntei, e ela assentiu.

     - Assim que o senhor saiu pra trabalhar a tarde. Ninguém disse nada, ela veio até onde eu estava e me pediu para ajudar ela a retornar ao quarto, nas palavras da mesma “ do meu marido”

     Tivemos um jantar tranquilo, ela quase não falou nada apenas me perguntou se eu tinha percebido as coisas dela no nosso quarto. Eu tinha noção que não poderia esperar muita coisa da parte dela, mas já havia sido um grande passo de volta a normalidade. Ela saiu de seu banho com a pele extremamente perfumada. Tinha vestido seu babydoll no banheiro mesmo e não me olhava diretamente em nenhum momento desde entrou no quarto.

      - Pode olhar pra mim?- perguntei ficando a poucos centímetros dela. Ela ergueu os olhos devagar. – Fica tranquila, você não precisa dormir comigo se não quiser. E não precisa tirar tudo daqui de novo, eu posso ir dormir no outro quarto e só, eu não vou te julgar ou ficar com raiva por isso. Você não é obrigada a nada, sabe disso. E o principal, eu não vou fazer nada sem o seu consentimento. Seus sentimentos, seu bem estar e a única coisa que me importava porta nesse momento.

        - Eu quero voltar a me sentir mulher, como antes– ela responde, com a voz trêmula. – Só não sei se consigo...

      Toquei em seu rosto, acariciando suavemente. Ela fechou os olhos respondendo positivamente ao carinho. Passei meu braço pela sua cintura a puxando delicadamente para mim. Seu olhar não demonstravam emoção alguma.

       - Eu vou te beijar. – falei, mesmo que ela já soubesse disso, queria dará chance dela negar se não quisesse. Ela não o fez, ficando parada bem onde estava.

         Aos poucos ela foi se rendendo ao beijo, o beijo calmo que logo se tornou ardente. Meu desejo era de jogar ela na cama e a fazer minha como tantas outras vezes. Mas eu não podia, a mulher a minha frente não era a mesma mulher sem traumas com quem me casei. Devagar fui me afastando em direção a cama e me sentei, ela se sentou em uma das minhas pernas, e continuou a me beijar. Aos poucos, as coisas foram esquentando e quando percebi estava deitado com ela embaixo de mim, sem colocar todo o meu peso sobre ela, coloquei minha mão por baixo da roupa dela e a vi travar. O corpo dela começou a tremer, e suas mãos empurraram meu peito pra longe dela.

        - Desculpa. Desculpa. – ela pedia ao mesmo tempo que se encolhia como uma bola na cama. Aquela cena me doeu de uma maneira ...

      Rapidamente me sentei atrás dela, a puxando para que ela se acolhesse ali, junto a mim.

         - Calma meu amor, você não fez nada. Calma. – pedi, enquanto a mesma tinha uma crise emocional.

       Ela acabou dormindo nos meus braços. Com a cabeça no meu peito. Eu por outro lado, tive alguns momentos de cochilo, pois a posição em que fiquei foi bem desagradável e não queria acordar ela novamente. Por volta das 4h da manhã, ela se afastou ainda dormindo e eu pude me deitar da melhor maneira para poder dormir um pouco. Acordei com alguém batendo na porta do quarto, verifiquei a hora e ainda não eram nem 8h30 da manhã e eu só precisava estar na transportadora as nove. Aproveitei o momento para puxar ela mais pra mim, ficando de conchinha , eu precisava descobrir um meio de derrubar essas barreiras que Nessie tinha levantado em sua mente como estresse pós traumático.

        Nessa casa eu tinha tudo aquilo que importava na minha vida, não podia deixar que aqueles desgraçados continuassem acabar com a saúde mental da minha mulher. Que é uma das coisas mais valiosas que possuo. Eu farei tudo por ela,npara vê-lá bem novamente