A seita da jade é umas das seitas mais antigas do murim que mantém suas próprias tradições.

Desde sua fundação, seu original criador, Ye-Xiun, líder do selo da psique, a seita manteve os dogmas de prezar por igualdade entre todos os povos e tribos, independente as crenças que eles seguiam.

A jade acreditava que um bom país era feito por boas relações políticas, então eles evitavam qualquer tipo de disputa, mesmo que tivessem que se humilhar ou oferecer suborno.

Na verdade, a jade sempre conseguia se afastar dos problemas por conta de suas fontes de riqueza.

Sendo considerada uma das seitas mais ricas do murim, com suas jazidas de ouro e joias, principalmente da jade, eles negociavam muito bem e conseguiam limpar a barra de vários lutadores da seita da jade que arrumavam problema, ou até mesmo em disputa por terras.

A seita da jade fica próxima do grande centro do murim, considerado um dos melhores locais. Inicialmente as seitas e palácio foram divididos através do ranking dos lutadores que foram designados para tomar conta de cada seita após o grande torneio que aconteceu há séculos atrás, como consequência da alta colocação de Ye-Xiun, a jade conseguiu alocar seu território em uma região próxima de Doshiang, uma das cidades com mais mercadores e comércio, além de ficarem próximos do litoral e do palácio de âmbar.

Jion reuniu seus conselheiros em uma sala enquanto a madrugada passava, ela já havia informado Zao-Kung da presença de Huo-Lei e Jia-Li no palácio, mesmo se sentindo mal por traírem a confiança dos convidados.

Jion não era alguém que gostaria de se envolver nesse conflito, mas ela sabia que se Zao-Kung e o império fossem contrariados, e, ainda mais, se soubessem que eles ficaram de frente com Huo-Lei, as consequências poderiam ser maiores do que ouro e jade poderiam resolver.

Na verdade, o palácio da jade estava quebrado. Depois de alguns conflitos e estagnação, o império da jade já não era como antes, muito disso se deu por sua omissão em participar de vários confrontos ao longo da história e se abster de negociações importantes.

A jade pode ter conservado suas cidades e seus moradores, mas na neutralidade eles acabaram perdendo a grandeza que possuíam no começo.

Jion sabia que se a situação progredisse, eles poderiam tomar um grande golpe eventualmente.

Tudo que ela poderia fazer agora era trocar a vida de Huo-Lei e seu grupo por segurança e um alívio por pelo menos mais alguns anos, já que um golpe envolvendo a sombra e o sangue eram eminentes.

Ela não sabia se acreditava muito na informação passada por Zao-Kung a respeito de Huo-Lei, mas os rumores sobre o Último Céu ela sabia que eram reais.

— Jion, se esse garoto está mesmo com o mapa, vamos toma-lo agora! Zao-Kung pode nos passar a perna.

Um dos conselheiros, um homem baixo e velho com cabelos finos e cinzas começou a exclamar para Jion que parecia manter a calma imóvel em seu acento.

— Não podemos fazer movimentos precipitados, estamos com ele, isso que importa. Vimos eles acabarem com aquela besta de rank A, onde 8 dos nossos soldados foram mortos, não existem muitos lutadores hábeis na jade, e os que existem estão em missão, sabemos disso, por isso não tomei nenhuma atitude precipitada, se entrarmos em confronto com aquelas pessoas iremos morrer.

— Absurdo!

Outro conselheiro, um ancião de barba longa e careca bateu sobre a mesa sem entender a colocação de Jion.

— Acha que duzentos homens não poderiam acabar com eles? Eles podem ser fortes mas são apenas cinco!

— Você arriscaria a vida de duzentos soldados por algo que já temos garantido?

Jion olhou com raiva para o ancião.

— Garantido? Você confia mesmo naquele cachorro do império?

— Eu sei que Zao-Kung cumpre com suas promessas, e também sei que ele não está ligando pro império, aquele homem tem seus próprios planos.

— Mesmo que ele venha pegá-los, podemos não receber nada em troca.

— A garantia de não envolvimento nesse confronto é nada pra você, seu rato? Vocês que ficam sugando o palácio há anos, acham que estarão seguros porque nunca se depararam com o caos de verdade, mas eu vos digo, se ficarmos neutros nesse conflito ou se tomarmos o lado errado, a seita da jade sucumbirá.

Jion se levantou se retirando da sala deixando todos os conselheiros irritados.

Kuoran a acompanhava junto de outro guarda.

— M-mestra, esses homens, devíamos deixa-los calados (?)

Kuoran disse enquanto gaguejava.

— Seu tolo, por que vocês só pensam em derramar sangue? Em conseguir as coisas dessa maneira? Eu bem que queria esfolar aqueles ratos eu mesma, mas sei que se fizer isso os familiares deles do império não deixaram por isso, não é fácil ser uma imperatriz ou liderar um exército.

Jion expressou seu cansaço com um suspiro, ela liderava o palácio da jade por mais de 15 anos. A mulher era experiente em negociações e nesse período em que esteve a frente do palácio, nunca houve conflitos ou perdas grandes para a jade, a seita da jade seguia crescendo mesmo não estando entre as mais fortes do murim.

Jion era gananciosa mas ela sabia sua posição, sabia que qualquer movimento desnecessário afundaria ainda mais sua seita que já estava começando a se fragmentar.

No quarto do grupo de Huo-Lei, após eles acabarem de traçar seus planos, Yi-Fang desfez a ilusão dos dois guardas e quando eles ‘voltaram para a realidade’ todos estavam dormindo, exceto Jin, assim como eles estavam ‘vendo’ em sua ilusão.

— Ei tio, vocês não se cansam de ficar em pés? Sabe que pode se sentar né?

Jin Manchu apontou para uma cadeira no quarto, o guarda mais novo se sentiu feliz, mas quando ele ia para sentar, o outro mais velho o puxou pela camisa irritado.

Naquele momento, Jin percebeu que havia uma movimentação estranha na parte de fora do palácio.

O quarto onde eles estavam era no terceiro andar, mas de frente para a avenida principal.

— Está tendo algum tipo de festa lá fora? Podiam pegar algum espetinho para mim, faz tempo que não como!

Jin Manchu se aproximou da janela tentando enxergar o que estava havendo.

— O-o que tem lá?

O guarda mais novo ficou curioso, ele olhou para o mais velho que deu de ombros sem sabe, mas quando viram o olhar espantado de Jin, eles não puderam deixar de se aproximarem.

— Aquele robe... é a seita da terra?????

Jin apontou para um dos homens que estavam de frente para o portão de entrada, quando o guarda mais velho viu ele sentiu um frio na espinha.

Alguns segundos depois vários soldados da jade passaram correndo pelo corredor, o guarda mais novo abriu a porta.

— O que está acontecendo?

Um dos soldados parou ofegante.

— A seita da terra... a seita da terra está atacando!