— Hahaha, então é isso.

Thaozan, mesmo imóvel, se mantinha confiante e apenas ria enquanto olhava para seus discípulos, todos em posição de ataque com seus bastões e cajados.

— Calado! Você não tem o direito de falar conosco! Demos nossa vida pelo templo, confiamos em você como um tutor, como um pai!

Um dos monges chorava enquanto apontava seu bastão se aproximando de Thaozan.

— Garoto, você está louco? O que eu fiz de errado com você? Eu nunca destratei ninguém do templo, treinei todos vocês da melhor maneira, vocês nunca iriam encontrar um templo shaolin com um mestre como eu! Deviam ser gratos por todos os ensinamentos, como ousam me chamar de impostor?

— Um mestre é? Você está mais pra alguém que usava essas crianças pro seu bem próprio, apenas cultivava eles pra ficarem fortes o suficiente pra pegarem esse pergaminho de merda, não é?

A pessoa que apareceu atrás dos monges era Yi-Fang, ela sorria enquanto andava lentamente.

— Um demônio, hm? Então vocês se deixaram persuadir por um demônio! Vocês precisam ser castigados!

Thaozan-Feng gritou enquanto se desfez de todos os selos quando uma aura amarelada transpareceu em seu corpo, em poucos segundos ele estava parado na frente de um dos seus discípulos e o pegou pelo pescoço o erguendo do chão.

— Vocês ousam me trair por um demônio!?

— Ei velhote, não fale comigo como se eu fosse um ser imundo. Eu não persuadi ninguém, apenas fui lá e os chamei pra apreciarem o seu querido mestre levando seus discípulos pra morte por seu bel prazer, acho que eles não gostaram muito, né?

Yi-Fang se esquivou do corpo do monge que Thaozan-Feng havia jogado sem escrúpulos em sua direção.

— Você é o demônio aqui mestre!

Os monges começaram a atacar Thaozan-Feng, todos foram ao mesmo tempo, eles usavam seus bastões para tentar atingi-lo mas o mestre era mais rápido e desviava de alguns golpes, enquanto outros ele rebatia usando sua mão direita com movimentos sutis.

— Huo-Huo, acho que é uma boa oportunidade pra cairmos fora.

Yi-Fang ajudou Huo-Lei a se levantar, ele havia quebrado alguns ossos mas graças ao seu cultivo ainda conseguia andar.

— E vamos deixar esses monges pra morrer?

— Hm? Mas não foi pra isso que você me pediu pra trazê-los aqui?

— Eu queria que eles nos ajudassem, mas nunca pretendi deixa-los pra morrer.

— E você acha que no seu estado tem chance? A sua irmã ali está só o pó, o Yuan-Shui mal tem energia depois de curar o monge, e o monge traidor parece bem abalado psicologicamente além de ainda não estar recuperado, eu não daria nem 1 minuto pra todos esses garotos morrerem, acho que nesse prazo dá tempo pra gente ir pra longe, eu dou cobertura com alguma ilusão.

Yi-Fang dizia com um tom de voz sem emoção e sério.

— Vão! Esse assunto é meu, se eu tiver que morrer, irei morrer com meus irmãos, vocês ajudaram o suficiente e sou grato, mas não posso deixa-los aqui.

Jin Manchu, enquanto cuspia sangue, disse para Huo-Lei e Yi-Fang.

— Você mal consegue matar um coelho.

Yi-Fang o respondeu dando uma leve risada.

— Eu tenho o que ele quer.

No momento em que colocou a mão em seu bolso, Thaozan havia matado quatro dos discípulos já, todos estavam hesitantes em atacar naquele momento.

— Vocês querem morrer em vão??? Vocês não entenderam ainda? Eu não traí vocês! Aquele Jin Manchu é o responsável pela morte dos seus irmãos, ele roubou o pergaminho selado que não podia sair daquela caverna, eu apenas quero pegá-lo para evitar que ele volte na seita com o poder que aprender dele e mate todos vocês! Quando eu o deixei fugir ele jurou que se vingaria, eu estou fazendo isso pelo bem de vocês!

As palavras de Thaozan-Feng deixaram Jin com ainda mais ódio e repulsa.

— Seu maldito, inventando essas coisas bem na minha frente!

— Irmão, isso é verdade?

Um dos monges questionou Jin enquanto o fitava com suspeita.

— Claro que não! Eu e todos vocês foram traídos, ele só se importa com esse pergaminho!

— Vocês viram, ele está com o pergaminho, ainda acreditam nele!? Ou acreditam em mim, que cuidei de vocês a vida toda? Eu não quero ter que matar mais ninguém. Peguem o pergaminho dele e vamos embora, acabem com esse traidor!

As palavras de Thaozan soaram convincentes para os monges, não que ele parecia estar dizendo a verdade, mas os monges conviveram com ele a vida toda, enquanto que Jin era visto como o monge que matou várias pessoas no templo anos atrás, eles foram condicionados a vida toda a pensarem assim.

— Devolva isso e deixaremos você ir irmão.

— Vocês realmente não acreditam!?

Jin cerrou os dentes e fechou os punhos.

— Mesmo que eu tenha sido o injustiçado por todo esse tempo...

O monge fez sair duas fileiras de terra do chão e atingiu dois monges que estavam mais próximos dele.

— Então vocês também são traidores!!!

O monge avançou e começou a lutar com todos os seus companheiros do templo.

Mesmo ferido, Jin ainda conseguia bloquear vários golpes e revidar apenas com seus punhos.

— Yi... Você tá com o pergaminho né!?

Huo-Lei perguntou sussurrando para Yi-Fang.

— Claro, esse otário não se deu conta ainda que eu roubei dele.

Quando Yi-Fang foi pegar o pergaminho no seu cinto, ela percebeu que havia algo errado.

— ...

— O que foi?

— Esse careca maldito é mais sagaz do que imaginei.

Yi-Fang rasgou o pergaminho que havia pego.

— Ei!?

Huo-Lei tentou entender a ação mas ela já estava quase ajudando os outros monges a espancar Jin.

— Ele me enganou, ele sabia que eu pegaria e deve ter trocado, ele tá com o pergaminho real agora.

— Me desculpe demônio, eu vou te pedir um último favor.

Enquanto se esquivava de um cajado que veio em sua direção, Jin falava com Yi-Fang.

— Leve eles pra longe daqui, eu ouvi quando você ficou pra me proteger, obrigado, irmão Huo, eu desejaria ter ido pro último céu com você.

Ao dizer isso, Jin bateu as palmas das mãos no chão e fez levantar um morro de terra de quase 500 metros de extensão impedindo com que Huo-Lei e os outros se aproximassem da batalha.

— Jin!

Huo-Lei tentou impedir mas Jia-Li o segurou pela mão.

— Vamos embora irmão, ele fez sua escolha.

Yuan-Shui e Jia Li estava atrás de Huo-Lei, mas no momento que iam fugir, Thaozan-Feng segurou Yi-Fang pelo pescoço e o quebrou jogando o corpo dela para longe.

— Vocês acharam mesmo que após tentarem acabar com meu templo iriam fugir?