A Jornada Para o Último Céu escrita por Kamihate


Capítulo 12
Capítulo 11 - Guerra Eminente




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"Eu não quero pensar mais nisso, não posso, não..."

Huo-Lei começou a sentir falta de ar, ele colocou as duas mãos em seu pescoço como se tentasse desobistruir as vias

— Irmão Huo, ei!

Yuan-Shuin tentou se levantar mas caiu sentado, ele estava com algumas costelas quebradas e um ferimento em sua perna.

— Não... A seita...

Huo-Lei ouvia os gritos vindos da seita das mil pétalas, eram gritos dos discípulos lutando e sendo mortos por aquele ancião da ordem.

— Irmão Yuan, nós somos os únicos sobreviventes da seita das mil pétalas.

Por mais que Huo-Lei quisesse negar para si mesmo, a verdade estava nítida. Não havia como ninguém sobreviver.

— Precisamos voltar lá, o meu avô...

— Seu avô morreu! Todos morreram!

— O que você tá falando seu filho da puta!

Yuan se levantou e segurou Huo-Lei pelo colarinho do seu robe, mesmo sem força.

Os dois caíram no chão, Huo-Lei não possuía nenhuma expressão, ele olhou para o céu nebuloso em cima das copas das árvores sem piscar.

— Vai se foder... Isso é culpa sua!

Yuan-Shui começou a chorar enquanto se levantava.

— Devemos sair daqui, é o último pedido do meu avô, ele sacrificou toda seita pra que sobrevivêssemos, e no meu ímpeto, eu sei que isso não foi por mim, mas por você e sua irmã, de alguma forma, ele sacrificou uma das maiores seitas do murim por vocês, eu não consigo entender porque e jamais aceitarei isso, mas sei que ele teve suas razões e vamos descobrir.

Yuan-Shui olhou para Huo-Lei que ainda permanecia sem expressão.

— Eu vou voltar lá e vou matar aquele desgraçado, mesmo que seja a última coisa que eu faça.

— Você vai ser morto em dois segundos.

— Ele tem razão.

Naquele momento, uma voz feminina surgiu por trás de um pinheiro.

— Quem...

Antes que Yuan-Shui pudesse apontar sua espada, uma garota de cabelos negros e curtos com uma roupa que lembrava muito a de um sacerdote apareceu diante dos seus olhos.

— Você é da ordem!?

Huo-Lei havia voltado sua compostura, ele cerrou seus olhos e estava prestes a avançar na garota.

— Wow wow, calma lá. Eu estou de passagem, mas depois que vi vocês agonizando ali não pude deixar de observar.

— Por que alguém estaria aqui a essa hora? Ainda mais ouvindo as explosões e vendo o fogo vindo da seita.

Huo-Lei olhou diretamente nos olhos da mulher que claramente estava mentindo.

— Certo certo, não consigo mentir, bom, eu estava observando tudo desde o começo, fui enviada da cidade de Huolong pra verificar a situação das mil pétalas, mas mal sabia eu que a seita não mais existiria antes do nascer do sol.

A garota esboçava um sorriso irônico em seus lábios finos, Yuan-Shuin havia ficado furioso, mas antes que ele pudesse avançar até a garota, Huo-Lei o impediu.

— Você pode nos levar até sua cidade?

— Hm, eu pretendia fazer isso, vocês podem possuir informações valiosas.

— Mas quem exatamente te enviou? E por quê?

— Isso eu não posso dizer, vocês podem perguntar diretamente pra ele quando chegarmos lá.

— Irmão, isso pode ser uma armadilha.

Yuan-Shui advertiu.

— Vocês preferem se arriscar a cair em uma armadilha ou serem alcançados logo por aquele demônio?

A garota deu de costas para os dois.

— E com essa mocinha desacordada aí e vocês feridos como estão, não daria nem tempo de correr. Bom, eu sei um atalho.

— Chega de conversa, vamos logo.

Huo-Lei pegou Jia-Li em suas costas, ele não sabia se a garota estavam levando-os para uma armadilha, mas não havia outras escolhas no momento.

Os quatro trilharam por um caminho íngreme meio a um cipozal e outras árvores estreitas e espinhosas.

— Esse é mesmo um atalho que acho que ninguém pegaria.

Yuan-Shui reclamava enquanto cortava alguns galhos com sua espada.

— É o único caminho fora o principal, e devido ao som do vento nas árvores, dificilmente alguém nos notará.

Depois de caminharem alguns minutos, os quatro chegaram em uma pequena estrada e de longe puderam enxergar a cidade de Huolong.

— Essa é a famosa cidade dos comerciantes intermediários de Wunshuu...

Jia-Li havia acordado, ela estava sendo carregada por Huo-Lei.

— Irmã, você está bem?

— Eu sinto minha cabeça sonsa e...

Quando Jia-Li recobrou completamente sua consciência ela entendeu o que havia acontecido, ela se lembrou do golpe que havia tomado do ancião.

— Irmão, o ancião...

Huo-Lei e Yuan desviaram seus olhares, Huo-Lei se sentiu impotente diante das palavras de sua irmã.

— Não pode ser...

— Ei ei, agora que estamos quase lá vocês não vão parar pra chorar né? Deixem pra afogar as mágoas tomando um bom vinho na pensão.

Ao chegarem na pensão de entrada da cidade de Huolong, todos olharam para os visitantes com atenção e ficaram em silêncio, haviam 3 homens na entrada, como se já estivessem esperando a presença dos forasteiros.

— Não sejam hostis com nossos convidados, eles passaram por algumas coisas nada agradáveis.

Os homens tinham a aparência brusca e não parecia ser de muita conversa, eles portavam espadas grossas em suas cinturas.

A cidade parecia silenciosa como se todos estivessem se escondendo ou esperando por uma tempestade.

— E com quem deveríamos falar aqui de tão importante?

Huo-Lei perguntou.

— Acho que vocês já ouviram falar do mestre da neblina venenosa não? Bom, todos ouviram obviamente.

A garota respondeu rapidamente.

— O demônio Luo-Shi? Não pode ser...Ele havia sido morto há 20 anos atrás!

Yuan-Shui se espantou ao ouvir o nome de um dos maiores mestres do veneno do Murim.

— Claro, ele foi morto mesmo, mas isso só de fachada, aliás, essa é uma informação que, caso vocês espalhem, podem se considerar cadáveres sabe.

A garota olhou para trás e sorriu fechando seus olhos enquanto abria a porta da pensão.

Era um local amplo com 5 andares.

Na recepção havia uma senhora de meia idade sentada escrevendo algo em um pergaminho.

— Oh, você chegou jovem Mei.

A senhora recepcionou a garota que os acompanhava enquanto se levantava.

— Creio que vocês precisam de uma boa noite de descanso. Vou pedir pra Mei-Khuan os acompanhar até seus quartos.

— Obrigado pela recepção senhora, mas não creio que podemos ficar...

Huo-Lei cerrou seus punhos, ele sabia que podiam estar sendo perseguidos naquele momento e a presença dos três ali poderia trazer perigo para toda a cidade.

— Hohoho, que atencioso da sua parte, os jovens de hoje em dia realmente tem mais educação, mas não precisa se preocupar, eu garanto que ninguém vai entrar nessa cidade.

As palavras da senhora pareciam fortes e com convicção.

Se aquele lugar fosse mesmo onde o antigo demônio do veneno estava, então talvez eles possuíssem pessoas capazes de lugar contra aqueles que acabaram com a seita das mil pétalas.

— Ei, vamos lá, vocês não podem nem parar em pé, se não dormirem vão cair mortos. Eu vou falar pra vó Gao preparar um ensopado pra vocês, então apenas relaxam, amanhã fazemos o que precisamos.

Mei-Khuan deu um tapa nas costas de Huo-Lei que se inclinou para frente sentindo muita dor.

— Quem te deu permissão pra relar em meu irmão?

Jia-Li havia colocado uma de suas mãos por cima de uma adaga em sua cintura e Mei-Khuan sentiu um enorme frio da espinha e recuou.

— Hahaha erro meu erro meu! Eu tenho esse impulso as vezes sabe...

— Bom, se possível... eu gostaria de ficar no mesmo quarto que meu irmão.

Aquela frase de Jia-Li fez com que Mei-Khuan a olhasse ainda mais torto.

— Oh, então vocês tem esse tipo de relação...

A vovó Gao apenas deu risada mas Huo-Lei tentou se explicar rapidamente.

— N-não, não é nada disso, bem, nós somos irmãos, não de sangue mas... Creio que a Jia-Li só queira ficar no mesmo quarto porque está assustada! Acabamos de passar por muitas coisas...

Jia-Li olhou torto para Huo-Lei estufando as bochechas.

— Se é assim eu também quero ficar no mesmo quarto! Não vou ser o único a ficar sozinho e ser decapitado enquanto dorme!

Yuan-Shun se colocou na frente dos dois enquanto resmungava.

— Nem pensar! Não vou dormir em um mesmo quarto que um suposto abusador.

— E POR QUE DIABOS EU SERIA UM???

Yuan-Shui cuspiu sangue tentava se inocentar na frente da velha e da garota.

Depois de alguns minutos, Yuan-Shuin e Huo-Lei foram parar no mesmo quarto, enquanto Jia-Li ficou junto de Mei-Khuan, a pedido do próprio Huo-Lei, mesmo com as enormes reclamações de sua irmã.

— Ei, tem certeza que não tem problema deixar aquelas duas juntas? Digo, não confiamos muito bem nessas pessoas e...

Yuan-Shui tomava sua sopa sentado no chão de frente para uma mesa pequena, do outro lado, Huo-Lei comia uns pepinos cozidos.

— Não se preocupe, eu não sinto nenhum QI maligno vindo da garota, só sei que ela é forte e pode proteger a Jia-Li.

— Mas não existe a possibilidade dessas pessoas serem mercenários ou sei lá o que e oferecerem nossas cabeças pro Zao-Kung? Aposto que ele pagaria uma boa quantia.

— Ei, é mais possível de você fazer isso.

— Não zombe de mim! Aquele maldito matou meu avô e todos da seita! Tudo que mais desejo agora é vingança.

— Então primeiramente precisa se acalmar e pensar com calma. Zao-Kung é um dos altos membros da ordem, eles acabaram de destruir uma das maiores seitas da região, não tem como ser apenas por minha causa e da Jia-Li, eu te contei do pergaminho que recebi e da 'missão' até a última montanha do murim, acho que isso pode ter alguma relação,

"O caminho é a Última Montanha. Leve consigo as pessoas que conseguem entrar nessa terra, restam apenas três anos, se não chegarem a tempo, o mundo todo será devastado pelo caos, até o reino espiritual será devastado. Encontre o último céu."

Huo-Lei abriu o pergaminho novamente.

— Se eles apenas queriam o pergaminho, então era só matar você e a Jia-Li, pra que ter feito aquilo com a seita?

Yuan-Shui não podia entender e aceitar as ações que haviam acontecido.

— E você acha que toda ordem e os grandes mestres já não estão cientes disso? Por mais que nos últimos anos nossa seita tenha se tornado irrelevante, ainda assim, somos referência, não tem como algo assim acontecer e não se iniciar uma guerra, mas visto que supostamente o demônio do veneno pediu para nos buscar, várias facções já devem ter sido separadas e possivelmente todo murim esteja em guerra agora.

 


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