Stella escrita por Vic


Capítulo 44
Pessoa de interesse


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde! O capítulo de hoje está saindo mais tarde porque entrei em desacordo comigo mesma, mas o importante é que eu consegui terminar e revisar. Se ainda tiver algum erro no texto, não se preocupem, irei revisar mais uma vez.
OBS: Estou fazendo revisões em todos os capítulos, mas não muda nada no roteiro... apenas a escrita mesmo.
OBS²: Posso vir a demorar um pouco para postar em virtude dos meus estudos para um concurso!
Boa leitura!


CAPÍTULO REVISADO



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O termo pessoa de interesse é um jargão policial muito utilizado para referir-se a alguém que a polícia acha que pode estar envolvido em um crime, mas que ainda não foi presa. Sendo assim, várias pessoas podem acabar sendo rotuladas como pessoas de interesse ao longo de uma investigação. Assim que a festa acabou, Sage convidou Jas, Danny e Dante para se reunirem em sua casa para falarem sobre uma nova pessoa de interesse no caso Hannah Knox.

— Diana Hubbard? – Continuou a andar de um lado para o outro, saber daquilo com certeza o tirou do eixo. – Tem certeza disso?

Sage assentiu com muita veemência.

— Absoluta. – Afirmou com toda a certeza. – Ela me procurou alguns meses atrás e me pediu para seguir o marido dela, porque suspeitava que estava sendo traída... achei que seria um trabalho fácil, sabe? – Os outros assentiram, estavam concentrados em cada palavra que saía de sua boca.  – E então esse cara... esse policial apareceu na minha porta e foi meio agressivo comigo, exigindo que eu entregasse os relatórios que fiz a respeito do caso do prefeito com a senhorita Knox.

Jas levou a mão ao queixo, ainda estava processando os mínimos detalhes daquela história.

— Espera. – Semicerrou os olhos. – Tem como explicar essa história do início?

— Claro. – Assentiu. – Naquele dia, segui a senhorita Knox até o quarto 104 do Hotel Even e parece que aconteceu alguma coisa lá dentro, porque ouvi um grito, e... – Fez uma pausa para tentar se lembrar dos fatos com mais clareza. – Em seguida, o prefeito saiu e foi direto para uma lojinha comprar um remédio, depois ele voltou para o quarto... e foi nesse momento que as coisas começaram a ficar muito estranhas, a secretária dele chegou e em seguida o Will e a Stella também chegaram. – Contou nos dedos. – Os quatro ficaram lá dentro por um tempo e depois ele saiu e foi embora.

Jas e Danny se entreolharam.

— Mas... você acha mesmo que ela bateu a cabeça no chuveiro ou alguma coisa assim? – Jas perguntou. – A família dela não vai desistir do processo e nem de encontrar um culpado pela morte dela.

— Tenho certeza de que tem alguma coisa muito errada nessa história. – Dante entrou na conversa. – Ninguém sai andando depois de uma queda e simplesmente vai parar em cima de uma mesa no necrotério.

— Como assim? – Danny franziu as sobrancelhas. – O que está insinuando?

Dante deu de ombros.

— Vocês não perceberam? Isso com certeza foi uma desculpa para tentar esconder a verdade. Não tenho dúvidas de que se trata de um assassinato, e um dos mais covardes que já vi. – Explicou. – A senhora Hubbard acaba de se tornar uma pessoa de interesse nesse caso.

Um sorriso ainda iluminava o rosto de Stella quando ela e o marido chegaram em casa.

— A Lily dormiu. – Comemorou, exibindo um sorriso cheio de dentes enquanto se sentava ao lado dele no sofá. – Ainda bem que você não teve que ficar de plantão essa noite.

— É... mas o que é que vamos fazer com o Danny? – Indagou em um sussurro cansado.

— Não faço ideia. – Deu de ombros. – Mas também estou muito preocupada com tudo o que tem acontecido, ainda mais depois da briga que ele teve com aquele cara no bar.

— Eu também.

— Parecia até que ele queria mesmo apanhar...

Ele suspirou.

— Espero que ele consiga ficar longe de confusão por um tempo.

Ela apoiou o cotovelo no ombro do marido, descansando a cabeça na palma de sua mão e também suspirou.

— Pelo menos a nossa noite foi maravilhosa, não foi? – Sorriu, fazendo-o sorrir também.

— Todas as noites são maravilhosas com você, querida. – Encostou seu nariz no dela, dando-lhe um beijo de esquimó. – Feliz aniversário, eu te amo.

— Eu também te amo. – Retribuiu com um beijo. – Foi muito divertido, muito obrigada. – Arrumou sua posição, se aconchegando nos braços dele. – Em quantas brigas você já se meteu naquele bar?

— Não sei. – Riu. – Já perdi as contas.

— Me lembro daquela vez que o Jake me ofendeu e você deu um soco nele.

— Saiba que não me arrependo de nada.

Ela sorriu.

— Mas dessa vez você não socou ninguém. – Sua voz ganhou um tom mais manhoso. – Uma pena...

Ele franziu as sobrancelhas, enquanto Stella exibia um sorriso travesso.

— Você parece estar decepcionada com isso.

A mulher deitou a cabeça em seu ombro, aproveitando para acariciar seu rosto.

— Tenho que admitir que é muito sexy quando você entra numa briga.

Ele beijou sua testa, fazendo seu sorriso se abrir ainda mais.

— Ah, é mesmo? – Sussurrou. – Você acha, é?

— Uhum – Assentiu, levando sua mão até a nuca dele, que deu mais um beijo em sua testa como resposta.

Alguém bateu à porta, cortando totalmente o clima que havia entre eles.

— Ah, não. – Will reclamou. – Assim vão acabar acordando a Lily.

Ele se desvencilhou dos braços da mulher e foi atender a porta.

— Oi. – Eileen o cumprimentou. – Lamento por tê-lo incomodado tão tarde da noite, mas é melhor que você fique sabendo logo.

— Uhum.

— Estarei te processando por coautoria no processo que a família de Hannah Knox está movendo contra o detetive Messer. – Concluiu, sorrindo ao final da frase. – Tenham uma ótima noite. – Saiu, deixando-o parado no mesmo lugar. O homem bateu a porta com tanta força que o próximo som que ouviram na sala foram dos gritos seguido pelo choro de Lily através da babá eletrônica.

Stella largou o diário e deu um longo suspiro, sua noite tinha acabado de ser oficialmente arruinada. No dia seguinte, todos começaram a trabalhar muito cedo em seus respectivos objetivos, aquele sem dúvidas seria mais um longo dia.

— Vou precisar do arquivo do caso Hannah Knox, por favor. – Will disse ao passar por Michelle.

— Achei que já soubesse que esse caso foi arquivado ontem. – Respondeu sem nem olhar para ele.

Ele revirou os olhos.

— É claro que sei. – Tentou não ser muito rude. – Mas preciso do arquivo mesmo assim.

Michelle virou para ele e suspirou ao fechar os olhos na tentativa de controlar toda a raiva que estava sentindo.

— Eu não sou uma mulher muito paciente, Will. – Umedeceu os lábios. – Até que eu gostaria de ser e até tento ser, mas não tem dado muito certo. – Ele a encarou, ambos possuíam a mesma expressão de desgosto em seus rostos. – Acho que você e a sua mulher deviam tentar se comunicar mais.

Ele deu de ombros.

— E o que é que está tentando insinuar com isso?

Ela não respondeu, apenas lançou um olhar na direção da mulher que parecia estar mexendo em alguns relatórios. Will deu um sorriso amarelo para sua subordinada e foi ao encontro da esposa.

— Stella. – Ela olhou para ele e sorriu. – O que está fazendo aqui? Não era para você estar passeando no shopping com a Lily, ou alguma coisa do tipo?

— Era, mas decidi sacrificar o nosso passeio para ter a certeza de que o pai dela não vai acabar sendo preso por negligência. – Lambeu o lábio superior lentamente, colocando um sorriso travesso nos lábios em seguida. – E a mamãe aqui vai fazer o que ela faz de melhor, investigar e descobrir exatamente o que foi que aconteceu com a amante do prefeito. – Seus olhos estavam brilhando, ela sentia saudades daquela parte do trabalho. – Alguma coisa contra?

Will abriu a boca, mas desistiu de falar.

— Não, é claro que não. – Encarou o chão. – Muito obrigado pela ajuda, eu estava mesmo pensando numa coisa.

Stella colocou as mãos na cintura.

— Então me conta.

— Olha, se vamos mesmo tentar descobrir o que aconteceu com Hannah Knox... então acho que devíamos começar pelo chuveiro. – Ambos sorriram com a ideia.

Enquanto os dois detetives trabalhavam na reconstituição dos acontecimentos daquela manhã, um outro detetive e uma policial também tentavam encontrar provas a seu modo.

— Isso aqui é muito complicado. – Danny disse para a irmã, era quase uma missão impossível abrir aquela maldita porta. – Não é tão fácil quanto parece.

— Está fazendo do jeito que eu te disse? – Indagou enquanto olhava de um lado para o outro, não queria ser pega no flagra.

— Sim, é claro que sim. – Continuava concentrado na tarefa. – Mas parece que esta aqui foi muito bem reforçada...

— Mais rápido, Danny! – Começou a dar pulinhos, como sempre fazia quando estava muito nervosa. – Alguém pode aparecer aqui a qualquer momento.

— Acho que não, ainda é muito cedo. – Tentou usar a chave de fenda de outro jeito, mas não funcionou.

— É, mas eu não quero pagar para ver. – Colocou as mãos nos bolsos traseiros da própria calça. – E também estou começando a achar que foi uma péssima ideia tentar invadir o escritório do prefeito.

— Hannah Knox era assistente e amante do prefeito, então suponho que muita coisa aconteceu neste escritório. – Argumentou. – Essa fechadura é uma porcaria!

— Espera. – Franziu as sobrancelhas. – Você está me dizendo que estamos invadindo o escritório do prefeito para tentar provar que ele e a Hannah fizeram sexo no sofá?

— Não é bem essa a intenção... – Continuou tentando, mas a porta não estava querendo ceder. – Mas sim.

— Você é maluco. – Cruzou os braços. – Sai daí, me deixa tentar. – Tirou a chave de fenda das mãos dele e tomou seu lugar. – Vai ser rapidinho. – Girou a chave uma vez e a porta se abriu.

Danny ficou impressionado.

— Uau!

— Meu padrasto me ensinou. – Explicou. – Ele era chaveiro. – Entregou a chave de volta para ele. – Vamos nessa. – Entrou na frente, sendo seguida pelo irmão.

— Fica com a mesa. – Apontou para a mesa. – Vou procurar nos arquivos.

Os dois ficaram procurando por quase cinco minutos, mas não encontraram nada.

— Urgh! – Jas fez cara de nojo ao cheirar o perfume que estava sobre a mesa. – Ele é metrossexual, e ainda por cima usa um daqueles perfuminhos vagabundos que o cheiro fica no corpo durante horas.

Ainda estavam em busca de provas quando ouviram a voz do prefeito do outro lado da porta. O pânico começou a tomar conta da dupla e eles se encararam, em questão de segundos seriam pegos no flagra. Enquanto os irmãos viviam um momento de forte tensão no escritório do prefeito, uma outra funcionária do laboratório tentava encontrar um jeito de impedir uma injustiça.

— Isso é um interrogatório oficial? – O homem indagou com um certo nervosismo em sua voz e permaneceu em pé ao lado da cadeira.

— Não, é claro que não. – Negou com a cabeça. – Eu não estou aqui para interrogar ninguém, Santiago. É só uma conversa entre amigos, eu juro. – Garantiu, colocando um sorriso amigável nos lábios. – Sente-se, por favor.

— Tem certeza de que eu não deveria ligar para a minha advogada? – Repetiu a pergunta, arqueando levemente a sobrancelha. – Se for esse o caso, acho que ela chega aqui dentro de alguns minutos.

— Sim, eu tenho certeza, não precisa chamar a sua advogada. – Garantiu enquanto passava a mão no rosto. – Sente-se.

Ele puxou a cadeira e se sentou ainda meio desconfiado.

— O motivo dessa nossa conversa é a Eileen...

— Ela está com algum problema?

Michelle hesitou, esticando os braços sobre a mesa.

— Não tenho certeza...

— Me explica.

— Eu quero que ela desista desse processo que ela está movendo contra os detetives Messer e Taylor. – Foi direto ao ponto. – E acho que você é a única pessoa que pode me ajudar com isso.

— Mas esse é o trabalho dela.

— Sim... – Assentiu, desviando o olhar para as próprias mãos. – Mas se ela continuar insistindo nisso, muitas pessoas inocentes serão prejudicadas no processo... pessoas decentes, me entende? – Santiago arqueou as sobrancelhas, ainda não estava entendendo aonde ela queria chegar com aquela conversa. – Só quero que você me ajude a fazê-la parar.

Ele riu e passou as mãos no rosto, odiava se sentir encurralado.

— Sinto muito, senhorita O’Rourke... – Voltou a encará-la. – Mas acho que estou de mãos atadas.

A mulher se levantou de sua cadeira e se sentou na ponta da mesa, assim poderia olhá-lo mais de perto.

— As evidências que temos sugerem que não há um caso sólido aqui... – Começou a explicar. – Muita coisa se perdeu nesse caso e muitas informações são contraditórias. Até acho que aquela camareira foi paga para não abrir a boca... – Esperou que ele reagisse, mas o homem continuou calado. – A Eileen acha que houve uma grande conspiração policial nesse caso, mas ninguém acredita que isso realmente possa ter aconteci...

Ele pigarreou.

— E você já tentou conversar com ela sobre isso?

— Sim, mas não deu em nada.

— Eu sei que ela respeita muito a sua opinião...

— Eu acho que ela aceitaria melhor a sua opinião...

Ele riu do comentário.

— E eu acho que não.

Michelle umedeceu os lábios enquanto encarava o chão e se levantou, voltando direto para sua cadeira.

— Sei que vocês estão em um relacionamento. – Resolveu mudar de estratégia. – Não é?

Ele deu de ombros.

— Sim. – Inclinou o corpo para frente, arrumando sua posição na cadeira.

A mulher entrelaçou os dedos uns nos outros e também se inclinou sobre a mesa.

— Muitas vezes em um relacionamento é preciso ter pulso firme... – Fechou o punho sobre a mesa. – E dizer para as pessoas exatamente o que elas precisam ouvir.

— Hum... – Estalou a língua. – Você sabe que a Eileen não gosta quando meto o meu nariz nas questões jurídicas dela... ela chama isso de conflito de interesses.

— A questão é que ela se sente segura com você, Santiago. – Abriu um sorriso cansado. – Não só fisicamente, mas emocionalmente também. – Respirou fundo. – E espero que ela...

Algumas batidas na porta cortaram seu raciocínio, a pessoa do outro lado simplesmente abriu a porta e entrou.

— Oi. – Eileen disse.

O homem se levantou da cadeira de imediato ao ouvir a voz da namorada.

— Eu estive pensando numa coisa...

Santiago pigarreou, focando em tentar arrumar a própria gravata. Eileen lançou um olhar desconfiado para a amiga, que permanecia sentada.

— Ótimo... – Comprimiu os lábios. – Acho que o meu convite deve ter se perdido no correio.

Enquanto sua subordinada enfrentava uma situação complicada em algum lugar da cidade, Will e sua esposa trabalhavam em algo muito mais ousado.

— Certo... – Começou a tirar o jaleco enquanto os dois entravam no banheiro. – Acho que esse banheiro é quase idêntico ao do Even.

— Concordo.

— Acho que você tem a mesma altura e o mesmo peso da Hannah. – Olhou para a mulher quando eles pararam embaixo do chuveiro. – E isso é perfeito. – Colocou o jaleco em cima da mureta que separava um chuveiro do outro.

— E você deve ter a mesma altura e o mesmo peso do prefeito... – Exibiu um sorriso de lado. – Só que é muito mais bonito e está em ótima forma...

Will também sorriu.

— Muito obrigado. – Começou a enrolar as mangas de sua camiseta.

— E como é que nós vamos fazer para descobrir se ela bateu a cabeça no chuveiro ou no chão? – Foi para debaixo do chuveiro e deu alguns pulinhos, mas não conseguiu nem chegar perto da altura em que o chuveiro estava.

— Ainda não sei, mas... vamos fazer um teste. – Flexionou os joelhos, ficando da altura dela. – Vamos nessa, subindo. – Deu tapinhas nos próprios joelhos, convidando-a para subir. A mulher entendeu o recado e riu antes de envolver o pescoço dele com os braços enquanto ele segurava suas coxas, arrumando-a numa posição confortável para ambos. – Certo... – Olhou para o rosto sorridente da esposa.

— Humm. – Stella caiu na risada, tirando alguns fios de cabelo da frente do próprio rosto.

— E agora? – Também começou a rir.

— Ah... – Encarou o marido. – Que tal um pouquinho mais de ação?

— Assim? – Sacudiu a mulher algumas vezes, fazendo-a rir ainda mais.

Stella colocou a mão na cabeça e começou a fingir.

— Ai! Ai!

Os dois estavam tão focados na tentativa de reproduzir os acontecimentos daquela manhã, que nem se atentaram ao que aquilo pareceria aos ouvidos do restante da equipe.

— Você acertou! – Continuava gritando. – Um pouquinho... um pouco mais forte.

— Não, eu não quero te machucar. – Will respondeu.

— Quase lá.

— Não quero te machucar. – Continuava sacudindo a mulher para cima enquanto ela ria sem parar. – Ainda bem que eu estou em forma...

Sage abriu a porta e caiu na risada ao se deparar com aquela cena.

— Estou ansioso para ouvir a explicação que vocês me darão para isso. – Cruzou os braços.

O casal parou de rir e ambos encararam o amigo com a mesma expressão de uma criança quando é pega fazendo arte.

No escritório do prefeito, Danny e Jas tentavam pensar num jeito de escapar daquele flagrante. A solução encontrada por eles foi se apertarem atrás de um dos armários de arquivos.

— Já disse que preciso de dois policiais para fazerem a minha escolta. – O prefeito se queixou, sendo seguido por Dante, que continuava de boca fechada. – As pessoas já sabem que sou uma pessoa de interesse nesse caso, e como posso dizer... não estão sendo nem um pouco gentis comigo

— E eu já disse que estamos com pouco pessoal. – Retrucou em um tom quase ácido. – Tem gente trabalhando em cinco casos ao mesmo tempo. Cinco. – Frisou. – E quer saber por quê? – O outro homem o encarou por alguns segundos. – Nós tivemos que dispensar metade do pessoal, e acho que ainda teremos que dispensar mais. E do nada você me diz que precisa tirar mais dois policiais do esquadrão porque está se sentindo ameaçado?

— Eu entendo que estejam passando por um momento difícil, Scarola. – Folheou alguns documentos que estavam sobre sua mesa. – Mas isso não quer dizer que te devo explicações. – Sentou na cadeira. – E caso tentem anular meu pedido, irei até a corregedoria, e então as coisas ficarão realmente muito difíceis...

Dante estava prestes a abrir a boca para responder, quando olhou para o lado e viu sua esposa e seu cunhado agachados atrás de um dos armários de arquivos. Jas deu um sorriso amarelo para ele e acenou, enquanto seu irmão apenas abaixou a cabeça.

— Escuta, Scarola. – O prefeito chamou a atenção dele de volta para si. – Não quero ter que recorrer a ameaças, estou pedindo gentilmente que acatem o meu pedido.

Ele olhou para os dois mais uma vez e tornou a olhar para o homem a sua frente.

— Então era por isso todas aquelas suas coletivas de imprensa? – Arqueou a sobrancelha em um tom desafiador. – Foi divertido nos chamar de incompetentes e ficar insinuando que estamos sendo coniventes com o crime nessa cidade?

— Dado a incapacidade da sua equipe de desmantelar as organizações criminosas dessa... – Interrompeu sua própria fala. – O que você esperava que eu dissesse? Há uma onda de crimes assolando a cidade bem debaixo dos narizes de vocês!

Dante colocou as mãos na cintura e desviou o olhar.

— Não vou ficar aqui respondendo perguntas idiotas que não me levarão a lugar nenhum e nem vou ficar tentando achar um culpado para toda a desgraça que é o crime nesse estado. – Afrouxou um pouco a gravata, estava começando a suar. – Já que você quer tanto tirar dois homens do esquadrão, então sugiro que vá até a delegacia e assine toda a papelada pessoalmente.

— Certo. – Levantou. – Vou te acompanhar até lá agora mesmo. – Saíram deixando a porta do escritório aberta.

— Essa foi por muito pouco. – Danny comentou com um sorrisinho de canto.

Os irmãos esperaram mais alguns minutos para terem a certeza de que a barra estava mesmo limpa, teriam que lidar com o fato de sua busca não ter terminado como eles gostariam, mas pelo menos conseguiram escapar e não corriam o risco de acabarem em uma cela. No laboratório, Stella ainda tinha que explicar para a amiga o motivo de ter sido pega no flagra debaixo do chuveiro junto com o marido.

— Eu achei que a Michelle estivesse falando de outro tipo de comunicação... – Lindsay comentou com um ar risonho. – Como foi o seu banho?

Stella riu e se aproximou mais da mulher que estava de costas para ela.

— Ah... – Cruzou os braços, estava intrigada com aquela pergunta. – Como... como você sabia que estávamos no chuveiro?

Lindsay riu com um ar debochado.

— Eu tenho um par de olhos bem atrás da minha cabeça. – Apontou para a própria nuca, arrancando uma risada da outra. – Sei de tudo que acontece nesse laboratório.

— Às vezes parece que tem mesmo... – Manteve o sorriso no rosto, gostava do bom humor da amiga. – Na verdade, não é nada disso que você está pensando, nós estávamos no... chuveiro. – Fez uma pausa para pensar. – Mas não estávamos nos “comunicando”, só estávamos testando uma nova linha de investigação.

A outra mulher parou o que estava fazendo e se virou para ela.

— E você acha que eu vou cair nessa?

Stella estava pronta para responder, quando ouviu alguém chamando o seu nome. O homem surgiu na sua frente como se fosse um furacão, e pela expressão em seu rosto, ela soube que aquela conversa não seria nem um pouco agradável.

— Que bom que você ainda está aqui, Stella. – Dante disse. – Eu preciso que você me faça um favor.

— Eita. – Cerrou os dentes em um sorriso constrangido. – Você está com a mesma expressão de um soldado ferido. O que foi que os irmãos encrenca aprontaram dessa vez?

— Fui ao escritório do prefeito e aquele idiota começou a me insultar... – Comentou com um certo rancor. – E quando olhei para o lado, adivinha o que eu vi? – Ela franziu as sobrancelhas e esperou a resposta. – Minha mulher agachada atrás de um armário junto com aquele maluco do irmão dela.

Stella fez uma careta e colocou a mão no queixo.

— O que eles estavam fazendo no escritório do prefeito?

— E quem é que sabe? – Deu de ombros. – Só sei que com certeza eles estavam invadindo.

— Certo... – Fechou os olhos por alguns segundos. – E você está bravo por isso ou pelo fato deles estarem juntos nisso?

— Ambos. – Confessou em um sussurro. – Odeio quando ele a coloca no meio dessas maluquices dele.

Ela coçou a nuca.

— Isso pode ter sido ideia dela...

— É... – Murmurou. – Mas estou aqui porque preciso da sua ajuda, tá bom? Preciso saber o que está acontecendo, mas não posso perguntar diretamente para ela, porque sei que ela vai ficar na defensiva. – Stella franziu os lábios. – Eles vão acabar me enlouquecendo, não quero acabar tendo que dar um ultimato neles, ou coisa pior. Isso sem falar que a Jas ainda está zangada comigo por conta de todo aquele episódio do acidente...

Ela pigarreou.

— Certo... – Interrompeu. – Vamos tentar ficar calmos e ser racionais.

— Você escutou o que eu acabei de te dizer? – Elevou o tom de voz, fazendo a mulher desviar o olhar para o chão. – A Jas e o Danny estavam fazendo alguma coisa no escritório do prefeito... – Sussurrou o mais baixo que conseguiu. – Eles invadiram e isso é um crime. Como é que você quer que eu fique calmo e seja racional com uma coisa dessas acontecendo?

— Deixa eu adivinhar... – Umedeceu os lábios. – É nessa parte que eu entro, não é?

Ele colocou as duas mãos nos ombros dela e olhou no fundo de seus olhos.

— Eu quero que use toda essa sua calma para ir até ela e perguntar o que diabos está acontecendo. – Ordenou em um sussurro quase ameaçador. – Por favor...

Mesmo que ainda estivesse contrariada com toda aquela história, Stella decidiu fazer o que seu amigo havia pedido e foi atrás dos irmãos, encontrando-os na casa de Danny.

— O Dante já te contou tudo, não foi? – Jas perguntou ao abrir a porta para ela.

— Sim, Jas... – Entrou na casa. – E ele tem toda a razão de estar preocupado. – Cruzou os braços. – No que é que vocês estavam pensando quando decidiram invadir o escritório do prefeito?

— Eu... – Danny gaguejou, evitando olhar para ela. – Achamos que a morte de Hannah Knox não foi um acidente, mas precisamos de provas concretas...

— Vocês ainda estão investigando a morte da Hannah?

— Não... – Ele abaixou a cabeça. – Mais ou menos.

— E o que vocês descobriram?

— A mulher do prefeito suspeitava que ele estava a traindo, e então ela contratou o Sage para tentar provar ou refutar isso.

Stella franziu as sobrancelhas, aquela era uma informação crucial para o caso.

— Então quer dizer que a mulher do prefeito já sabia que ele estava tendo um caso com a Hannah?

— Sinto muito, não sabia que tinha um compromisso marcado para agora. – Will se desculpou com a mulher que o aguardava dentro de sua sala.

— Eu não marquei um compromisso com você... – Explicou enquanto o olhava dos pés à cabeça. – Mas preciso muito da sua ajuda.

— Tudo bem... – Fechou a porta atrás de si. – Vou fazer o que eu puder para ajudá-la. – Puxou a cadeira para ela, que recusou na mesma hora. – Sobre o que você quer falar?

— Hannah Knox.

Ele assentiu.

— Você é da família?

Ela riu com desdém.

— Deus me livre... – Disse em um tom ácido. – Mas acho que o meu marido diria outra coisa.

— Eu acho que não estou conseguindo entender...

— Aquela vagabunda... aquela desgraçada... – Xingou com um sorriso no rosto. – Continua destruindo a minha vida mesmo depois de morta e enterrada, então acho que temos que dar um jeito de colocar um ponto final nessa história. – Will coçou a nuca. – E é exatamente por isso que estou aqui. – Cruzou os braços. – Sei que está enfrentando um processo por negligência e que isso pode acabar indo parar no tribunal.

— Ok, acho que já passou da hora de você me dizer quem você é.

Ela o encarou como se aquilo fosse um insulto.

— Estou muito surpresa que não tenha me reconhecido. – Franziu a testa. – Sou Diana Hubbard. – Esticou a mão na direção dele. – A mulher do prefeito.


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Notas finais do capítulo

Que delícia que é introduzir novos personagens!!
Até o próximo!



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