Stella escrita por Vic


Capítulo 3
Obrigação dolorosa


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas. Mais um capítulo para vocês, espero que gostem!
Boa leitura!

CAPÍTULO REVISADO



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Minha filha está nascendo...

O esforço para se manter acordada era inútil, Stella não se lembrava exatamente de como chegou ao hospital, mas sabia que Will estava ao seu lado, segurando sua mão com uma força contida, como se ela e sua filha fossem fugir dele a qualquer momento.

— Quantas semanas? — Uma das enfermeiras perguntou para ele. A mulher estava quase inconsciente, nem conseguia mais distinguir o que realmente estava acontecendo com ela.

— Trinta e sete semanas, não era para nascer ainda. – Estava preocupado, dava para notar a angústia em seu tom de voz. – A cesárea está marcada para a próxima semana... – Stella adormeceu novamente, quando retomou a consciência já estava na sala de parto. Will ainda estava ao seu lado, segurava sua mão como se quisesse reafirmar a sua presença. – Vai ficar tudo bem. – Sorriu ao perceber que ela já estava de olhos abertos, em seguida a beijou na testa.

— Eu sei que vai... – Segurou a mão dele com um pouco mais de força. – Porque você está aqui comigo. — Disse o vendo sorrir novamente, a erguendo para mais próximo de seu corpo e a aconchegando em seu peito.

— Sempre estarei aqui... – Ele acariciou o rosto dela com sua mão livre e deu-lhe um beijo no topo da cabeça. – Com vocês duas. – Seu carinho agora se voltava para sua barriga, onde ele passou a mão delicadamente.

As horas passavam como grãos de areia em uma ampulheta, a criança não havia nascido e Stella ficava cada vez mais cansada e sonolenta.

— A bebê não está na posição correta, vamos ter que arrumá-la para que ela possa vir ao mundo sem nenhuma complicação. – A enfermeira checou os sinais vitais novamente, a preocupação em seu olhar era evidente, tornando a situação ainda mais difícil para as duas.

— O que você quer dizer com isso? – Apertou ainda mais a mão de Will, fazendo um pouco mais de força na tentativa de ajudar sua filha a nascer.

— Quero dizer que vou ter que fazer um cortezinho em você para tentar ajudar o bebê. – Tentou confortá-la com um sorriso, o bisturi em suas mãos deixava claro que aquele parto doeria um pouco mais. – Isso vai ser um pouco difícil, mas vamos tentar fazer com que nem você e nem o bebê sofram tanto. – Disse, abrindo um pouco mais as pernas dela. – Está pronta? – A mulher deu outro pequeno sorriso.

— Faça com que fique tudo bem com a minha filha. – A firmeza em sua voz transparecia sua determinação, a sua filha iria ficar bem, não importava o que ela tivesse que fazer para garantir isso.

— Farei, não se preocupe. Só não durma.

A mulher reuniu todas as suas forças e pensou no rostinho de sua filha, tinha que ser forte por ela. Mais algumas horas se passaram, Lily parecia se recusar a vir ao mundo. Apesar dos esforços médicos e da própria Stella... nada parecia funcionar. O parto seria muito mais difícil do que ela estava imaginando, e o pior é que ela já estava muito cansada, um sono avassalador começava a tomar conta de seu corpo.

— Não dorme, Stella. Não dorme. – Will dizia, a sacudindo levemente para que ela continuasse acordada.

— Estou cansada... – Tentou se virar para olhá-lo, mas seu esforço era inútil, a dor não a deixava fazer muita coisa. – Só quero que ela nasça logo... só quero ir para casa... me leva para casa. – Lágrimas começavam a escorrer pelo seu rosto, sendo limpas quase que de imediato por Will.

— Sei que você está cansada, mas seja forte. – Recostou a cabeça dela sobre seu peito e ela permitiu-se fechar os olhos por alguns instantes. – Você não chora, lembra? – Will sussurrou em seu ouvido, a fazendo sorrir. Ela mesma havia dito aquilo para ele quando eles se conheceram.

Ela continuou se esforçando para que sua filha viesse ao mundo, mas por mais força que fizesse, a criança ainda não havia nascido. Os médicos tinham decidido junto com Stella que tentariam o parto normal, mas se a criança não nascesse em dez horas, o parto seria feito como planejado anteriormente, cesárea.

— Vamos fazer uma pausa para você descansar, se você desmaiar vai ser pior. – A enfermeira disse, estava tão cansada quanto Stella, aquelas primeiras cinco horas não foram fáceis para nenhuma delas. – Tem alguém aqui que quer dar uma palavrinha com a senhora. – Ignorou o fato de a enfermeira ter achado que ela e Will eram um casal, pela forma que estavam se comportando, era o que parecia mesmo.

Stella virou-se com um pouco de dificuldade, se sentando na cama com o máximo de calma possível... todo o seu corpo doía de uma maneira excruciante, era como ser atropelada por um caminhão. A pessoa que entrou na sala era justamente quem ela imaginava... Lindsay, a sua melhor amiga e aquela que também seria a madrinha de sua filha.

— Stella, eu sei que dói, dói muito. É uma obrigação dolorosa, eu sei... – Lindsay tinha propriedade para falar no assunto, o parto de Luz não tinha sido nada fácil para ela. – Pense que quando toda essa dor for embora, você terá a sua filha nos seus braços e nada no mundo vai ser melhor do que essa sensação. – Sorriu ao se lembrar do dia em que segurou a sua própria filha pela primeira vez.

— Ela tem razão. – Will acariciou o seu ombro.

— Eu sei. – Sorriu para os dois, que assentiram e sorriram um para o outro.

— A senhora tem que sair agora, precisamos terminar o parto. – Uma das enfermeiras disse.

— Tudo bem. – Lindsay acariciou o joelho da amiga uma última vez, antes de se virar e ir em direção à porta.

— Lindsay. – A mulher parou e se virou novamente em direção à amiga. – Eu te amo.

— Eu também te amo, Stella. – Sorriu e se virou e saiu da sala.

— Vamos logo com isso. – Ela virou a cabeça para olhar para Will. – Mas antes preciso que você me prometa uma coisa... você vai cuidar dela. Não importa o que aconteça comigo. – Estava o olhando nos olhos, queria ter certeza de que a sua filha não cresceria sozinha como ela.

— Vocês vão ficar bem, não vai acontecer nada com você e nem com ela. – Tentou a acalmar enquanto passava as pontas de seus dedos vagarosamente por suas costas.

— Promete. – Segurou firme a mão dele.

— Eu prometo. – Will deu mais um beijo na testa dela, antes que tudo recomeçasse.

Os minutos passaram como se fossem horas, parecia um trabalho interminável. Quando uma das enfermeiras anunciou:

— O bebê já está quase para fora, já conseguimos ver. – A animação em sua voz fez a mulher respirar com um certo alívio, estava quase acabando. – Só mais um pouco de força, só mais um pouco.

 Apesar do cansaço, ela fez exatamente o que foi pedido. Seus olhos começaram a pesar, parecia uma tarefa impossível continuar acordada... era como se uma voz dentro dela dissesse para fechar os olhos e dormir.

— Stella, abra seus olhos. – Will insistia. – Abra os olhos.

— Ela está nascendo? – Perguntou, tentando lutar contra o sono que tomava conta de si.

— Quase lá... – Acariciou seu rosto. – Só mais um pouquinho.

A mulher travava uma árdua batalha contra aquele maldito sono, desejava que sua filha nascesse logo para que ela pudesse se entregar de uma vez por todas àquela sensação.

O bebê murmurou baixinho, como se estivesse reclamando de alguma coisa.

— Ótimo trabalho, Stella! – A enfermeira cortou o cordão umbilical, dando um pequeno nó, enrolou a criança em uma manta e a entregou para outra enfermeira.

Ela ainda sentia as dores com grande intensidade e quando se deu conta, estava chorando, ainda faltava fazer o parto da placenta.

— Dói... dói muito.

— Eu sei que dói, meu amor... tente ficar calma. – Will tentava a acalmar, mas ele também já estava começando a entrar em desespero diante daquela situação.

De repente tudo se acalmou, Stella parou de chorar e lentamente começou a fechar os olhos, era um sono tão bom que ela não podia fazer outra coisa além de se entregar a ele. O desespero e a correria ao seu redor se intensificaram, tudo o que ela conseguiu ouvir foi Will dizendo:

— Stella, não dorme!

Aquele dia era o dia mais feliz da vida de Will, disso não havia dúvidas, ter sua filha ali com ele era uma das melhores sensações do mundo, mas o estado de saúde da mulher ainda o preocupava. Após o nascimento de Lily, ela caiu em um estado tão profundo de sono, que só conseguiu abrir os olhos novamente meia hora depois.

— O que há de errado? – Stella levantou um pouco a cabeça para olhar toda a movimentação ao seu redor.

— Ela está com um pouco de dificuldade para respirar, mas iremos ajudá-la. – Lily começou a receber uma massagem cardíaca, alguns minutos se passaram e a apreensão crescia dentro de seus pais.

— Ela vai morrer. – Murmurou para si mesma. – Ela vai morrer. – Repetiu, tentando segurar o choro.

— Ninguém vai morrer, Stella. Nossa filha não vai morrer, ela vai ficar bem! – Acariciou o cabelo dela, observando atentamente suas reações.

A criança finalmente estava chorando, um choro alto e forte.

— Tudo bem? – Deu um sorriso cansado para ele.

— Sim, querida... acabou. – Deu um beijo em sua testa.

— Parabéns, papais! – A enfermeira levantou um pouco a menina para que sua mãe pudesse vê-la. – Vocês têm um bebê saudável, uma linda menininha.

— Ela é linda. – Sorriu, a ajudando a se apoiar nele, já que ela ainda não tinha forças para fazer isso sozinha.

Mãe e filha foram realocadas para um dos quartos da maternidade, onde ficariam até estarem fortes o suficiente para receberem alta. Lily havia acabado de chegar do seu primeiro banho, era hora de receber a visita de seus amigos.

— Ela se parece com você. – A enfermeira disse de forma muito simpática e entregou a menina para a mãe.

— Você realmente se parece muito comigo, pequena. – Sorriu para a filha.

A enfermeira saiu, deixando os amigos deles entrarem no quarto.

— Oh, aqui está um bebezinho. – Danny disse, mas antes que pudesse pegar a criança, Lindsay o interrompeu.

— Já decidiram qual nome vão dar para ela? – Tinha um semblante ansioso em seu rosto, o que fez com que todos rissem.

Stella sorriu de maneira misteriosa.

— Escutem todos, gostaria de apresentar a vocês... – Fez uma pausa dramática, sorrindo e olhando para todos ao seu redor. Pelo olhar de desespero de Lindsay, ela estava a ponto de voar em cima de Stella para que ela dissesse logo o nome da criança. – Lily Katsaros-Taylor. – Sorriu.

Os comentários vinham de todos os lados, a maioria eram sobre o sobrenome de Stella.

— Eu já sabia. – Lindsay disse de maneira muito confiante.

— Então por que você estava a ponto de pular em cima da Stella? – Danny apoiou suas mãos nos ombros da esposa.

— Queria confirmar, oras. – Revirou os olhos. – A Lily é muito fofa.

— Está feliz por ter uma filha? – Sorriu para Will de uma forma extremamente doce.

— Sou o homem mais feliz do mundo! – Passou sua destra no rostinho da filha. – Ela é a menina mais linda que eu já vi.

— Quer segurar a sua menina um pouquinho? – Ofereceu a criança para ele.

— Sim. – Estendeu os braços para segurar o bebê.

— Coloca o braço embaixo dela. – Lindsay o ajudou a segurar a menina da maneira correta.

Com um pouco de dificuldade, Will a aconchegou em seu peito.

— Ela ainda não tem dentes. – Stella brincou.

— O quê?

— Ela ainda não tem dentes para morder. Não precisa ter medo de tocar nela. – Disse ao notar que ele ainda estava paralisado, como se tivesse medo de se mexer. – O que é isso? – Se esticou até Will, tocando o ouvido da menina.

— É um machucado... e tem sangue também. – Recolheu com a ponta do dedo um pouco do sangue que havia no corte.

— Ela foi infectada... – Stella disse com um olhar de profundo horror em seu rosto.


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Notas finais do capítulo

Será que a Lily é HIV+?
Até o próximo!



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