Stella escrita por Vic


Capítulo 26
Culpa


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde! Bom, tenho novidade para vocês... para alguns não vai ser muito bom, mas vai me ajudar a continuar postando. Vou começar a postar capítulos novos apenas uma vez por semana, o dia escolhido foi sábado, assim conseguirei descansar mais a mente e não terei que estar sempre correndo para entregar capítulos para vocês. Espero que me apoiem nessa decisão e boa leitura!


CAPÍTULO REVISADO



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O sentimento de culpa era uma coisa constante em sua vida. Stella sabia que era corajosa, forte, amorosa e capaz, e também sabia que o seu passado não a definia, mas mesmo assim ainda não conseguia parar de se culpar por tudo de ruim que acontecia em sua vida. Ela queria muito ser uma boa mãe e também queria muito ser uma boa esposa, mas simplesmente não conseguia... era como se existisse um abismo entre ela e todos que ama. Na verdade, sempre existiu.

Ela sentia-se muito mais aliviada desde que contou toda a verdade ao marido, mas isso não diminuiu o peso que ela carregava em seus ombros. O mais desesperador era ver a filha chorar e ser incapaz de a acalmar, aquilo partia o seu coração e também era um castigo muito cruel, mas o pior era que ela achava que merecia.

— Oi, será que tem como eu dar uma olhadinha no relatório do duplo homicídio de ontem? – Will esfregou os olhos com as costas das mãos, estava praticamente caindo de sono, mas teria que superar isso se quisesse ser produtivo.

— É claro. – Lindsay passou o relatório para as mãos dele. – Outra noite em claro?

— Sim. – Suspirou, torcendo para que o cansaço não o derrubasse. – A Lily deu um trabalhinho essa noite. – Explicou enquanto bocejava, tinha passado quase a noite toda tentando colocar a filha para dormir, e quando ela finalmente caiu no sono já eram quase 3h, e ele teria que estar de pé às 5h. – Estou com medo de todo esse cansaço acabar atrapalhando o meu trabalho.

Ela colocou a mão em cima da dele, fazendo uma leve carícia.

— Mas você passou a noite toda acordado com ela?

— Sim... – Murmurou. – A Stella ainda não está pronta para fazer isso... e eu também não quero forçar nada. Ela tem que fazer isso no tempo dela, não no meu. – Fez uma pausa para dar mais um longo bocejo. – E eu acho que nem devíamos estar falando sobre isso.

— Ah! Corta essa. – Bateu as mãos na mesa. – O que ela está pensando? Você não pode ficar guardando isso tudo... e nós três ainda somos amigos.

— Sim, mas agora é que as coisas estão começando a melhorar entre nós. – Dante vinha descendo as escadas e parou para escutar a conversa. – E foi muito errado da minha parte fazer aquilo com ela na frente de todo mundo, isso sem falar que também foi totalmente antiprofissional da minha parte.

— É verdade. – Os dois se viraram para olhar para Dante, que se encolheu. – Foi uma cerimônia de reabertura muito esquisita, mas não precisa se desculpar... nem foi tão ruim assim.

— Você está de sacanagem? – A risada que ele soltou foi tão alta que chamou a atenção dos outros dois. – Ele disse que a mulher dele estava ficando com outro cara na frente de todo mundo. – Os outros dois abaixaram a cabeça. – Isso dói muito, sabia?

— Eu sei que deveria tê-la confrontado mais cedo a respeito disso...

A mulher tentou contornar a situação abrindo um sorriso simpático.

— Mas o importante é que deu tudo certo.

— É verdade. – Assentiu, mas não concordava totalmente com aquilo. – E o mais importante é que finalmente conseguimos estabelecer alguns limites.

— E com estabelecer limites, você quer dizer que está dormindo no sofá? – Dante continuava rindo. – Não é?

— Certo... – Ela pegou uma das pastas e foi até ele. – Então por que você não aproveita todo esse seu tempo livre e dá uma olhadinha nesses relatórios?

Ele pegou a pasta das mãos dela.

— Mas é claro. – Saiu.

A mulher virou de volta para o amigo, que a observava com uma expressão de orgulho.

— Olha... eu sei que não foi o lugar e nem a hora certa, mas pelo menos vocês conseguiram colocar tudo em pratos limpos.

Stella entrou no consultório ainda meio sem jeito e limpou a garganta, estava com muita vergonha da forma com que havia se comportado das últimas vezes.

— Eu quero que você me desculpe pela forma com que me comportei das outras vezes.

— E por que você acha que tem que se desculpar comigo?

Ela coçou a cabeça, tentando evitar qualquer contato visual.

— Eu me comportei como uma adolescente de catorze anos.

Ele riu enquanto pigarreava.

— Concordo.

— Eu odeio isso.

O homem abriu um sorriso acolhedor para ela.

— Eu imagino.

— Então... – Umedeceu os lábios na tentativa de encontrar as palavras certas. – Ainda é muito difícil admitir que tenho mesmo... depressão pós-parto, mas estou tentando. – Falou como se aquilo fosse alguma espécie de maldição. – Eu sei que não vou conseguir melhorar se continuar negando isso, sendo teimosa e culpando todos que estão ao meu redor.

— É muito bom ouvir isso.

— Eu finalmente acordei para a vida e percebi que se eu não melhorar... – Engoliu em seco, era terrível pensar naquela possibilidade. – Vou acabar perdendo tudo. – Sua voz falhou. – Eu já passei por muita coisa ruim na vida, e o pós-parto é só mais uma delas.

Ele abriu um sorriso orgulhoso.

— É isso aí! Você falou como uma verdadeira campeã.

— É. – Arqueou a sobrancelha, estava se sentindo um pouco mais confiante. – Eu acho que sim.

— Você se desculpou pelo seu comportamento, e agora parece que está pronta para seguir em frente, são muitas mudanças para tão pouco tempo.

Ela deu de ombros.

— Sim. – Riu. – Mas é exatamente assim que eu faço as coisas.

— Essa é uma reviravolta e tanto. – Ela começou a bater o pé no chão, aquela conversa estava começando a deixá-la nervosa. – E você sabe o porquê disso tudo?

— Meu marido e eu tivemos uma briga horrível no trabalho ontem. – O fim da frase saiu como um mero sussurro. – Ele me acusou de ter dormido com aquele cara, o Scott. O cara de Redfield.

— Então quer dizer que você contou para ele sobre isso?

— Ele já sabia disso. – O homem a encarou com um olhar surpreso. – Ele estava lá, me viu o beijando e acabou tirando algumas conclusões precipitadas. Ele achou mesmo que eu tinha o traído, mas eu não fiz nada disso e me machuca muito saber que ele estava me espionando.

— Mas ele só foi atrás de você lá, porque você mesma disse que o encontraria e não foi. E depois você ainda começou a se afastar dele e da filha de vocês, ficando fora por um dia e meio. O pior é que você nem ligou para ele, e ainda fingiu ser outra pessoa. E quando o seu marido finalmente te encontrou, você se sentiu como se estivesse sendo vigiada o tempo todo.

— Mas ele estava mesmo me vigiando. – Tentou argumentar. – Se ele tivesse pelo menos me falado alguma coisa... eu teria contado toda a verdade para ele e teríamos evitado todo esse sofrimento, mas ele não me disse nada e agora estamos lidando com isso há semanas enquanto ele conta para todo mundo o quão doente eu estou. E... e... – Simplesmente perdeu a voz. – Eu não sei. – Encolheu os ombros. – Tudo isso acabou simplesmente explodindo ontem.

— E como você se sentiu quando ele gritou com você no trabalho?

— Eu te garanto que não foi muito divertido. – Murmurou. – Mas ainda bem que deu tudo certo, quando as coisas se acalmaram eu disse para ele que não dormi com o Scott e eu acho que ele acreditou em mim e... você sabe o que eu estou querendo dizer. Eu acho que isso só prova que o Will e eu ainda nos amamos... só ficamos perdidos por um tempo, mas precisamos lembrar disso e eu preciso melhorar para poder colocar a minha vida nos trilhos, porque só assim poderei viver em paz... com o homem que eu amo e a carreira que eu adoro.

— Isso é muito bom.

— É sim.

— Mas você percebeu que não incluiu a sua filha nessa vida perfeita que você quer ter?

O sorriso que ela tinha no rosto desapareceu aos poucos e a culpa ganhou um novo espaço em seu peito.

— É óbvio que ela faz parte de tudo isso...

— Então acho que você vai pegá-la no colo quando chegar em casa e colocá-la para dormir, ou quem sabe até a alimentar. – Ela fechou os olhos, sentia um aperto no peito só de se imaginar fazendo isso. – Você ainda se lembra de qual foi a última vez que você olhou para o seu bebê?

No laboratório, uma outra briga parecia estar ganhando forma.

— Sim, eu vi os seus relatórios. – Dante respondeu. – Mas o que aconteceu?

— Você trocou a ordem deles?

— Eu achei melhor dividir em duas partes. – Confessou com um certo receio da reação dele. – É muito trabalho para uma pessoa só.

— Se eu organizei assim, é porque eu sabia exatamente o que estava fazendo, não se muda a ordem das coisas assim do nada. – Fechou a cara, odiava quando alguém tentava fazer o seu trabalho no seu lugar. – Você vai acabar é destruindo a carreira de alguém. E quem te disse que você pode simplesmente fazer isso?

— Eu só queria te ajudar.

— Eu não preciso da ajuda de ninguém, muito menos da ajuda de um cara que nem sabe o que está fazendo. – O tom rascante em sua voz deixou bem clara a sua intenção de magoar o outro. – Fique bem longe dos meus casos. – Saiu.

— Sem problemas. – Foi atrás dele. – Fica frio, cara. Todo mundo aqui sabe que você nem está tão zangado assim... só está com vergonha do papelão que você e a sua mulher fizeram aqui ontem.

Will virou para o encarar.

— Não é nada disso! – Colocou o dedo na cara dele. – Não é nada disso. Você sabe muito bem que não devia ter feito isso.

— E você devia estar fazendo o seu trabalho.

— Então quer dizer que você bagunça tudo e eu que sou o incompetente?

Lindsay se meteu no meio.

— Gente...

— Só fique longe dos meus casos.

— Eu só estava tentando ser um bom amigo.

— Não, você não estava. – Discordou, cerrando o pulso. – Você estava era tentando me mostrar que é um bom detetive, mas você não é um detetive, você não faz parte de nada disso aqui! Você é um policial, o seu trabalho é na delegacia e não...

— Will! – A mulher interrompeu a discussão, afastando o amigo mais para trás. – Eu estou te pedindo como sua amiga... saia daqui e vá tomar um pouco de ar fresco, faça uma pausa.

O homem deu as costas para eles e saiu, talvez estivesse mesmo na hora de fazer uma pausa. O bar estava quase vazio quando ele entrou, os clientes mais assíduos eram policiais e detetives, e estes estavam trabalhando como nunca naquela semana.

— Cara. – Jake abriu um sorriso ao vê-lo.

Will o cumprimentou com um aceno e sentou-se no banco à sua frente.

— Oi.

— Não era para você estar no meio de cadáveres essa hora?

— Era, mas eu precisava sair um pouco do laboratório.

— E então acabou vindo parar aqui? – Pegou uma garrafa de cerveja, fazendo menção de servi-lo. – Então veio ao lugar certo, cara.

— Não. – Recusou com um aceno. – Eu só quero um café mesmo, quero voltar ao trabalho sóbrio.

Jake colocou a garrafa de volta no lugar e serviu uma xícara de café para ele.

— Sem problemas.

— A minha vida não está nada fácil, Jake. – Pegou a xícara de café que ele havia acabado de servir. – Estou sempre tendo que voltar para alguma coisa.

— Mas é para uma coisa boa ou ruim?

— Uma coisa chamada ter mulher e filha.

— Olha... se você quiser eu posso colocar um pouco de açúcar nisso aí. – Brincou, fingindo estar colocando algo em seu café. – Mas está tudo bem?

— Eu acho que ainda não estragamos a vida da Lily.

— Mas a Stella foi embora outra vez?

— Não que eu saiba, mas as coisas com ela estão muito... – Limpou a garganta, nem ele mesmo conseguia definir a situação em que se encontravam. – Num dia parece que tudo vai dar certo, que a Lily tem pais amorosos e um lar feliz e no outro estamos brigando e jogando coisas na cara um do outro.

Jake passou a mão no bigode, o arrumando.

— Mas ela ainda está indo ao psiquiatra, não está?

— Sim, e também está tomando os antidepressivos. Ela ainda está em casa, mas parece que isso tem dado certo. Ela também está toda empolgada para melhorar logo, disse até que vai fazer tudo que estiver ao alcance dela.

— Isso é bom, não é?

— Sim, é maravilhoso. – Tomou um gole do café. – Se isso acontecer mesmo.

No consultório, a mulher ainda falava acerca de seus sentimentos em relação à sua filha.

— Eu ainda não estou cuidando da Lily, mas isso vai mudar. – Explicou com as mãos no joelho e a cabeça jogada para trás enquanto olhava diretamente para o teto. – Eu juro que isso vai mudar, ainda mais agora que eu e o pai dela finalmente conseguimos nos entender. Eu tenho certeza de que ela também ficará mais calma.

— Então você espera que o bebê mude?

A mulher riu, não era bem isso que ela estava tentando dizer.

— É óbvio que para você, eu só estarei cem por cento quando eu for a mãe perfeita.

— Você tem depressão pós-parto, e eu estaria sendo negligente se não te perguntasse como anda o seu relacionamento com a sua filha.

Ela deu um longo suspiro e voltou a encarar o homem.

— Bom... – Cruzou os braços. – Tem sido meio difícil cuidar dela, estou medicada o tempo todo.

— Mas os antidepressivos não deveriam afetar as suas habilidades motoras e nem nada do tipo. – Levou a mão ao queixo. – Eu me certifiquei de que não haveria nem uma contraindicação com o seu remédio para o HIV.

— Eu me sinto como se estivesse desligada o tempo inteiro... – Um arrepio tomou conta de sua pele, ela ainda se lembrava perfeitamente da sensação de estar dentro daquele lago. – Como se estivesse debaixo d’água.

— Mas está tudo bem no trabalho?

Ela abriu um sorriso.

— Sim, tudo ótimo.

O homem fez mais algumas anotações.

— Então os medicamentos não estão afetando a sua capacidade de lidar com a vida e a morte, e nem de passar horas observando todos aqueles cadáveres, só a sua capacidade de cuidar da sua filha?

— É isso mesmo.

— Então acho que devíamos mudar a dosagem... – Limpou a garganta. – Às vezes demora um pouco para encontrar um que realmente faça efeito.

— Mas o ponto aqui é que eu acho que eu não deveria precisar de remédios para conseguir simplesmente viver a minha vida... e também estou me sentindo muito melhor agora.

O doutor riu.

— Isso significa que os remédios estão mesmo fazendo efeito. – Ela tirou o sorriso que tinha no rosto. – Você está começando a se sentir melhor e as coisas estão melhorando entre você e o seu marido... então não vejo motivos para mudar o tratamento.

— Eu quero muito continuar com a terapia, mas eu queria parar com os remédios.

— Mas você precisa continuar tomando. – Censurou a paciente com os olhos. – Espere um pouco para que eles comecem a fazer efeito. – A mulher deu um longo suspiro. – Quando você estiver pronta para parar, faremos isso como uma equipe. Um passo de cada vez. – Ela abaixou a cabeça. – Se você parar de tomar de uma vez, acabará entrando em colapso.

Aquela frase ficou ecoando em sua mente durante todo o trajeto até o laboratório.

— Oi, tem alguma atualização sobre o caso de ontem? – Stella perguntou para a amiga assim que colocou os pés no laboratório.

— Não, ainda estamos procurando testemunhas, mas essas coisas demoram mesmo.

— Certo, muito obrigada. – A outra mulher a olhou de canto de olho. – Ei... eu sinto muito por toda aquela coisa com o Will ontem. Eu sei que não devíamos ter trazido os nossos problemas para o trabalho. Mas agora estou começando a me sentir melhor e também estou muito ansiosa para passar um tempinho com você... como amigas. – Sorriu. – Nem me lembro mais da última vez que almoçamos juntas.

Lindsay também abriu um sorriso.

— Eu acho que nós podíamos ir ao parque brincar com as meninas.

— Mas é claro, isso parece ser muito divertido. – O seu tom de voz deixou claro a sua falta de ânimo. – Ah... estou precisando falar com o Will. Você o viu hoje?

— Ele saiu. – Dante respondeu.

— Mas alguém sabe aonde ele foi?

— Não. – Lindsay respondeu.

Stella até notou o clima estranho que havia entre eles, mas preferiu não comentar nada.

— E ele disse quando voltaria?

— Ele não disse nada.

No bar ao lado, o marido dela ainda falava sobre ela.

— Eu amo a Stella e vou ajudá-la. – O detetive colocou a xícara no balcão.

— Eu sei, mas você não assinou um contrato dizendo que a sua mulher podia dormir com outro cara.

— Ela não dormiu com ninguém.

— Cara... – Abriu os braços. – Ela foi embora para Redfield, fingiu ser outra pessoa, pegou outro cara e ainda o levou para um quarto de hotel. O que você acha que aconteceu?

— A Stella tem depressão pós-parto e está fazendo um monte de coisas estranhas, então vamos tentar ir com calma, tá?

— Tudo bem, cara.

— Ela está sofrendo muito com isso, e todo mundo sabe que a coisa que ela mais queria nesse mundo era ser mãe. Mas agora ela não consegue mais nem ficar no mesmo cômodo que a filha e eu é que não vou ficar julgando-a. – Jake simplesmente deu de ombros. – Ainda mais agora que ela está tentando dar tudo de si... ela está tomando os remédios e está indo para a terapia.

— E tudo isso é maravilhoso, mas você acha que ela dormiu com aquele cara?

— Ela me disse que não, e eu escolhi acreditar nela. – Bebeu mais um gole do café. – E você sabe que antigamente se alguém fosse fugir desse casamento, esse alguém seria eu.

Os dois suspiraram.

— É... as coisas mudam, amigo.

— É, eu gosto muito de ser casado e também gosto muito de ser pai. E o melhor é quando eu e a Stella estamos bem, ou quando chego em casa e os olhinhos da minha filha brilham... – Sorriu. – Ontem à noite ela não queria dormir e nós ficamos sentados no sofá assistindo um jogo e... foi perfeito.

— Então quer dizer que é você quem está cuidando do bebê à noite?

— É isso mesmo, estou um pouquinho cansado. – Continuou sorrindo. – Mas quando a babá não está em casa... sou só eu e ela.

— Só de pensar em cuidar de uma criança já me dá um medo do caralho, cara.

— Ontem nós tivemos uma briga muito feia, mas finalmente conseguimos nos reconectar... mas até que ela se cure, eu não sei com qual Stella terei que lidar. – Umedeceu os lábios. – Ela odeia tomar os remédios e também odeia ir para a terapia, mas ela está se esforçando muito para fazer isso dar certo, então eu tenho que dar algum crédito a ela por isso.

— E parece que você está conseguindo.

— Eu acho que ter um filho é muito mais difícil do que estávamos imaginando. – Respirou fundo e terminou de beber o restante do café. – Eu só queria mesmo era a minha mulher de volta.

— Mas também queria que isso desse certo, e eu sei que está procurando um jeito de fazer isso realmente dar certo.

— É... somos casados. E prometemos cuidar um do outro, eu sei que ela só se afastou de mim porque ela está doente. – Suspirou. – E eu não quero desistir dela.

Os outros membros da equipe continuavam empenhados em seu trabalho, mas a tensão continuava no ar.

— Mas se você conseguir encontrar alguma testemunha tente ser discreta. – Stella aconselhou a amiga. – E me diga se precisar de ajuda.

Lindsay anotou cada palavra do que ela disse.

— Eu direi.

— Obrigada. – Exibiu um sorriso. – Eu sei que tenho sido uma pessoa muito difícil de lidar ultimamente, mas eu quero que você saiba que eu realmente sinto muito. Sinto saudades de ser sua amiga.

— Mas ainda somos amigas. – Um biquinho se formou em seus lábios enquanto ela dava um empurrãozinho no ombro da amiga. – Eu sei que você vai conseguir superar isso.

— É, eu vou mesmo. – Afirmou, deixando uma risada escapar de seus lábios. – Muito obrigada. – Saiu, indo para longe dos olhares dos outros.

Ela sabia que estava quase na hora de tomar mais um comprimido, então colocou a mão no bolso do jaleco e sentiu o frasco. Nesse momento alguma coisa começou a borbulhar em seu estômago, sempre ficava muito nervosa nessas horas. Ela tirou o frasco do bolso e passou alguns minutos o encarando, ainda não sabia o porquê de ser tão difícil tomar um comprimido. Mordeu os lábios e sentiu a culpa ardendo em seu peito mais uma vez, e foi por isso que ela tomou a única decisão que sabia que era errada, o jogou na lixeira que estava bem ao seu lado. O tempo a ajudaria a lidar com mais essa culpa.


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Notas finais do capítulo

A Stella é bem apocalíptica mesmo, né?
Enfim... até dia três!



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