Stella escrita por Vic


Capítulo 25
Perdoado


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde, pessoas! Esse capítulo foi a maior correria de toda a minha vida, mas consegui terminar kkk (vocês vão ler muito isso nos próximos dias). Enfim, estejam preparados para um barraco e boa leitura!


CAPÍTULO REVISADO



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Naquela manhã ao passar o cartão de identificação para entrar no laboratório, o homem sentiu-se derrotado ao constatar que nem mesmo no trabalho estava livre dos problemas que tinha com a esposa. O relacionamento deles piorava numa velocidade assustadora, e por mais que tentasse contornar a situação, nada parecia realmente funcionar. O sentimento de angústia era constante em sua vida, mas ele tentava manter tudo isso longe da filha. Em contrapartida, Stella não tinha a menor intenção de esconder que estava fazendo tudo de má vontade, criando um clima pesado na casa.

Ele queria fazer de tudo para evitar esbarrar com a mulher pelos corredores do laboratório, mas a localização da sua sala e o fato das portas serem feitas de vidro não o ajudavam em nada. O homem respirou fundo e caminhou com passos firmes pelo corredor, olhou para dentro da sala dela e viu que ela estava distraída com o computador, era só passar reto e pronto, mas foi nesse momento que ele parou para pensar que essa atitude só a deixaria ainda mais irritada. Então sacudiu a cabeça para tentar se livrar daquela avalanche de pensamentos e foi até ela.

— Oi. – Ela tirou os olhos da tela do computador e olhou para ele com uma cara de tédio. – Está tudo bem? – Aquela era uma pergunta idiota, mas era melhor do que simplesmente ficar calado a encarando.

— Eu estou bem. – Deu uma risadinha, estranhando a pergunta. – Mas por que a pergunta?

— Por nada... – Coçou a nuca, diminuindo aos poucos o tom de voz. – Só achei que estivesse...

— O quê? – Arqueou as sobrancelhas enquanto o encarava. – Assustada, chocada? – Os dois seguiram para fora da sala, indo direto pelo corredor. – Eu faço isso todos os dias, nada mais me assusta nessa cidade.

— Eu sei, Stella. – Segurou em seu braço esquerdo, a obrigando a parar para ouvir. – Mas você está passando por um momento muito difícil, e essas coisas podem acabar mexendo com o seu emocional.

Ela olhou para a mão dele em seu braço e sentiu a raiva começar a borbulhar em seu interior novamente.

— Você está com medo da depressão pós-parto me transformar numa inútil?

— Não foi isso que eu quis dizer...

— Mas eu estou ficando ótima nesse lance de ler as entrelinhas.

— Eu só estou tentando te ajudar...

A mulher seguiu o seu caminho pelo corredor, sem se preocupar se ele a acompanharia ou não.

— Ótimo. – Abriu um sorriso irônico. – Então por que não começa me tratando como a pessoa forte e capaz que você sabe que eu sou, em vez de ficar me tratando como se eu fosse um caso perdido?

— Você está certa. – Essas palavras a fizeram parar no meio do caminho. – Eu é que sempre estou errado. – Concluiu, dando meia-volta e seguindo rumo a sua sala. Stella esperou alguns segundos e fez o mesmo, indo diretamente para a sua própria sala.

— Oi, Stella. – Jas acenou da porta, estava muito feliz em ver a amiga tão bem disposta. – Nada como começar a manhã com um homicídio nas mãos, não é?

Elas riram enquanto Jas entrava e se acomodava na cadeira vazia à sua frente.

— É... mas pelo menos isso vai manter o Will ocupado.

— Isso não me soa nada bem.

— Eu sei. – Umedeceu os lábios, encolhendo os ombros em seguida. – Ei, eu tenho uma pergunta para te fazer.

Jas arrastou a cadeira um pouco mais para perto da mesa.

— E o que você quer saber?

— O meu psiquiatra me receitou antidepressivos, mas eu não gosto de tomar... – Jas estreitou os olhos e colocou a mão no queixo enquanto tentava ler as entrelinhas daquela conversa. – Será que outro médico não me receitaria algum medicamento alternativo?

Na sala ao lado, o marido dela também tentava resolver aquela mesma questão.

— Oi. – Lindsay entrou na sala, ficando parada na porta.

— Oi.

— Eu te vi conversando com a Stella, está tudo bem? – Ela sabia perfeitamente que as coisas entre eles não estavam nada bem, mas ainda assim tinha esperanças.

— Só pioram... – Abaixou a cabeça, colocando a mão na testa. – E ela ainda me culpa por tudo que acontece... parece que nada do que eu faça ou diga importa. Eu estou começando a achar que ela só está procurando uma desculpa para me largar de uma vez.

A mulher o olhou com pena enquanto se sentava na cadeira à sua frente.

— Mas você sabe que grande parte de tudo isso que tem acontecido é só a depressão pós-parto falando.

Ele levantou a cabeça, olhando diretamente para o rosto dela.

— Lindsay, ela fica na defensiva por qualquer coisinha. – Balançou a cabeça e deu um longo suspiro. – Eu sei que é porque ela se sente culpada por ter me traído com aquele cara...

Enquanto isso, Jas se esforçava para colocar algum juízo na cabeça da amiga.

— Mas você está indo ao psiquiatra justamente para tratar a sua depressão pós-parto... e se ele prescreveu antidepressivos é porque ele acha que você precisa deles.

— E a minha opinião? – Colocou a mão no peito. – Não conta?

Jas umedeceu os lábios e respirou fundo, era mesmo muito difícil tentar colocar juízo na cabeça de uma pessoa tão teimosa.

— Você sabe muito bem que não está em posição de se autodiagnosticar.

— Mas eu sei que existem um bilhão de opções. – Insistiu enquanto a outra revirava os olhos. – Tem um monte de medicamentos naturais, ervas, plantas e dietas.

— Mas você já tem o seu próprio plano de tratamento... e é normal demorar um pouco para que ele comece a dar certo. – Stella fechou os olhos e tentou se acalmar, não adiantaria nada tentar discutir aquilo com ela. A outra mulher estava pronta para continuar argumentando, quando o seu celular tocou. – Eu tenho que ir agora. – Saiu caminhando com o celular no ouvido.

A mulher encheu os pulmões de ar e o soltou lentamente, passando as mãos no cabelo, estava estressada demais e precisava afastar imediatamente aqueles pensamentos de sua mente.

— Oi, você tem um tempinho para conversar? – Sage deu duas batidinhas na porta antes de entrar.

— Depende. – Respondeu sem nem olhar para ele. – Você precisa mesmo da minha ajuda ou só está aqui para ter certeza de que estou sob controle?

— Opa! – Exclamou, surpreso com a atitude dela, que levantou a cabeça e abriu um sorriso desdenhoso para ele. – Por que toda essa agressividade? Por que acha que vim aqui para isso?

— É porque isso está escrito na sua cara. – Revirou os olhos. – É óbvio que você também acha que eu enlouqueci.

— Isso não é verdade. Eu não acho isso, mas talvez você ache... – Usou o mesmo tom frio que ela e saiu da sala.

O assunto do dia naquele laboratório parecia mesmo ser a vida dela.

— Eu quero muito ajudar e estou tentando muito, mas...

— Então seja mais paciente. – Lindsay aconselhou com muita calma. – Ela não vai se curar do dia para noite.

— Eu sei. – Murmurou, puxando-a para mais perto. – Eu sei muito bem disso, mas estou começando a me perguntar se o problema é mesmo a depressão pós-parto. – A porta estava entreaberta quando a mulher dele passou por ali e ouviu parte daquela conversa. – O nosso casamento está desmoronando.

Stella terminou de abrir o restante da porta e entrou, encarando os dois com uma expressão de pura raiva.

— O nosso casamento pode estar uma verdadeira merda, mas isso é um problema só nosso. – Encarou a amiga com um olhar fulminante. – Agora estou vendo o quanto você quer me ajudar. – Engoliu em seco e saiu, sendo seguida pelo marido.

— Estou mesmo fazendo tudo o que eu posso para te ajudar, Stella. – Explicou quando eles pararam no meio do corredor vazio.

Ela deu uma risada irônica que ecoou pelo corredor.

— Sim, tudo... exceto respeitar a minha privacidade. – Começou a bater o pé no chão, o som do salto em contato com o piso fez ainda mais barulho no corredor.

— Você não é a única pessoa que está sofrendo com isso. – Usou o mesmo tom irônico que ela. – A única diferença entre você e eu, é que eu não tenho medo de pedir ajuda.

— Mas é claro que não! O problema aqui não é você, sou eu! Eu que sou uma péssima mãe e você é só o coitado do pai que está sofrendo muito com tudo isso!

— Você está colocando palavras na minha boca...

— Mas toda vez que eu viro as costas, você vai correndo falar com alguém sobre isso. – Simplesmente cuspiu as palavras em cima dele. – Primeiro com o Dante, depois com o Sage, com a Lindsay... e até com a sua mãe!

— É porque eu estou tentando te ajudar!

Uma pequena multidão havia formado um círculo no meio do corredor, e todos estavam muito interessados em saber o motivo de toda aquela gritaria.

— Você ainda fica ganhando a simpatia dos outros com toda essa sua historinha.

Dante deu um passo à frente.

— Stella...

— E o que você queria que eu fizesse?!

Dante tentou afastar o amigo da mulher, mas não conseguiu.

— Will...

— Foi você quem escolheu deixar Nova York! – Apontou para ela. – Você foi embora sem dar nenhuma satisfação e ainda ficou fora por um dia e meio!

— Eu acho que a Lily não foi o motivo de eu ter ido embora.

— Certo. – Engoliu em seco. – Então quer dizer que eu sou o motivo de você ter ido embora. Viver comigo é tão ruim que você nem se deu o trabalho de fazer uma mala decente, só saiu dirigindo por aí.

— Era para você me ajudar!

— Eu não sei mais o que fazer, Stella! – Gritou por cima. – Eu juro que não sei mais o que fazer!

— Então simplesmente decidiu que era melhor trair a minha confiança?

— Olha... pelo menos eu estou sendo honesto.

— É claro que está. – O rosto dela ganhou uma coloração mais avermelhada. – E para quem mais você contou sobre a minha depressão pós-parto? Para a moça da lavanderia, para o cara que entrega o jornal...

— Mas você é muito cara de pau mesmo! – Esbravejou com toda a raiva que estava sentindo. – Você não está em posição de me acusar de nada! Não fui eu que fugi para outra cidade e dormi com um estranho!

— Você não ouse dizer isso de mim! Eu ainda sou a sua mulher e ainda sou a mãe da sua filha! – Colocou o dedo na cara dele. – Eu não sou uma vagabunda qualquer não!

Os outros ficaram muito surpresos com a revelação, alguns mais destemidos faziam comentários e riam enquanto os demais continuavam parados sem esboçar nenhuma reação. Dante conseguiu colocar ordem nas coisas sem muita dificuldade, fazendo com que todos voltassem ao trabalho. O show tinha acabado, mas o casal ainda precisava conversar.

— É você quem está precisando tomar remédio. – Stella estava quase correndo para conseguir o acompanhar. – Você ficou maluco, por acaso? Como ousa me acusar de ter sido infiel? – Os seus dentes estavam cerrados. – Ei! – Bateu nele, estava cansada de ser ignorada.

Ele se virou e a encarou com as mãos na cintura.

— O que foi?

— Todo mundo se reuniu para a reabertura da ala norte e você resolve fazer isso? Tem ideia de o quão inconveniente isso foi?

— Stella... – Passou as mãos no rosto. – Inconveniente? É sério? Você dorme com um estranho e eu que sou inconveniente? – Ela deu um longo suspiro, não adiantava nada tentar explicar o que realmente havia acontecido, ele já tinha tirado as próprias conclusões. – Você não tem o direito de reclamar da forma com que eu estou lidando com isso... foi você quem me enganou!

— Eu não te enganei coisa nenhuma!

— Eu vi, Stella! Eu vi! – Berrou, deixando-a ainda mais surpresa. – Eu te vi do lado de fora do seu quarto quando eu fui te buscar! E também acabei vendo um cara beijando a Georgie! – Fez aspas ao referir-se ao pseudônimo que ela usou quando estava fora. – E isso foi logo depois de você dizer o quão perfeito ele era.

Ele foi interrompido pelo tapa que ela deu em seu rosto.

— Seu filho da puta! Como é que você ousa me espionar? – O homem a encarou com um brilho furioso nos olhos, mas não respondeu e nem revidou. – Então é assim que você planeja me ajudar? – Entrou em sua sala e ele a seguiu. – Ficar me espionando e mentindo para mim?

— Eu não estava te espionando. – Começou a tentar se explicar. – O Danny te encontrou e ele queria ir atrás de você, mas eu disse que eu era o seu marido e que era eu quem deveria te trazer de volta para casa. – Ela se sentou em sua cadeira e colocou as mãos na cabeça. – E durante toda a viagem até lá, eu fiquei pensando no que eu encontraria... e mesmo que eu estivesse muito chateado e muito magoado, tentei manter a calma, porque eu precisava muito que você soubesse o quanto eu te amo se quisesse te trazer de volta para casa e conseguir ajuda para você. E quando virei o corredor, te vi com aquele cara.

— Mas se você estava lá e viu tudo, então por que você simplesmente não me disse nada?

— E por que você acha que eu não te disse nada? – A resposta era muito óbvia. – Eu entrei em choque... e então fiquei tentando enfiar na minha cabeça que aquilo só estava acontecendo porque você está com depressão pós-parto. Eu acho que você nem sabia o que realmente estava acontecendo, então comecei a pensar que aquela não era a minha mulher.

— Eu entendo, mas se você quer mesmo a verdade... então eu vou te falar toda a verdade. – Esticou os braços, tirando um tempo para alongá-los sobre a mesa. – Eu fui até um bar e conheci um cara chamado Scott. Ele não sabia quem eu era e também não tinha nenhuma expectativa em cima de mim. Ele e eu bebemos um pouco, fomos ao cinema e sim, ele foi até o meu quarto, mas não transamos, tá?

— Ótimo. – Assentiu enquanto ainda sentia aquele gosto amargo na boca, saber disso não mudava muita coisa. – Mas agora me diz por que eu deveria acreditar no que você está me dizendo?

— Olha... eu sei que tenho andado meio estranha ultimamente, mas nós dois sabemos que isso é por causa da depressão pós-parto.

— Eu acho que você está usando isso como desculpa, Stella.

Ela fechou os olhos.

— Eu vou embora daqui. – Levantou, se preparando para sair da sala.

— Não. – Tentou impedir. – Não foi isso que eu quis dizer. Ei, me escuta. – Ela parou na porta. – Você abandonou a sua família, saiu com um cara e atribui tudo isso à depressão pós-parto? E se isso foi apenas mais um jeito que você encontrou de evitar pensar no que você realmente sente por mim e pela nossa filha?

— Então deixa eu ver se eu entendi... você faz esse showzinho para o laboratório inteiro e em vez de se desculpar, você escolheu me culpar pelo nosso casamento ser essa merda? – Saiu sem olhar para trás. – Me diz qual é o seu problema.

— Stella. – Chamou, indo imediatamente atrás dela. – Stella. – Ela virou para ele. – Eu sinto muito por estar sendo esse enorme problema para você. – Foi tudo que ele disse antes de dar meia-volta para retornar para sua sala.

— Espera. Espera, Will. – Pediu num tom muito mais calmo, conseguindo o fazer dar meia-volta. – Você está certo. – Admitiu com um longo suspiro. – Eu destruo tudo o que amo e não sei como parar de fazer isso. – Diminuiu a distância que existia entre eles. – Eu não sei mais o que dizer... eu sinto muito por te fazer passar por tudo isso... sei que não acredita mais em mim.

— Então tenta.

— Tudo o que você disse é verdade. Eu menti, vivo em negação e estou na defensiva. – Ele apenas assentiu. – Eu acho que tem alguma coisa tomando conta da minha cabeça e eu não consigo mais nem pensar direito... começo a sentir isso do nada... e quando vou ver... tem coisas saindo da minha boca, eu começo a te afastar de mim e não é isso que eu queria fazer. – Ensaiou um sorriso, mas o nó em sua garganta atrapalhou. – Eu não quero que você vá embora, eu te amo e eu juro pela vida da nossa filha que eu não dormi com o Scott.

— Isso não é tudo culpa sua, Stella. – Passou as mãos no rosto. – Eu fiquei... fiquei com raiva, com ciúmes... e com muito medo. – Os olhos da mulher começaram a marejar. – Eu cheguei até ao ponto de te atacar em vez de procurar ajuda.

Ela limpou as lágrimas que escorriam por seu rosto.

— Odeio que isso esteja acontecendo com a gente.

— Eu também. – Segurou as mãos dela, colocando-as em volta da sua cintura. – Vem cá. – Apertou a mulher contra seu corpo e em seguida deu-lhe um beijo na cabeça enquanto ela fechava os olhos e deitava a cabeça em seu peito, estava tudo perdoado.


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Notas finais do capítulo

Depois de brigarem o capítulo inteiro... eles fazem as pazes. Oremos para que dure, né akaka.
Até o próximo!



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