Stella escrita por Vic


Capítulo 17
Alguém que me proteja


Notas iniciais do capítulo

Bom dia!! Fico feliz em dizer que a minha criatividade voltou com tudo, estive doente há alguns dias, mas já estou novinha em folha. Sem mais delongas, esse arco vai ser grandinho mesmo... espero que estejam prontos.
Boa leitura!


CAPÍTULO REVISADO



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— Quero deixar claro que me diverti muito essa noite. – Scott segurava o queixo da mulher para que pudesse olhar no fundo dos seus maravilhosos olhos verdes. Enquanto isso, o marido dela assistia a tudo em completo silêncio, deixando que as lágrimas que estava segurando finalmente molhassem seu rosto sem nenhuma cerimônia.

— Eu também. – Colocou um sorriso sedutor nos lábios. – Obrigada por tudo.

— Quero que saiba que se mudar de ideia sobre ir embora... adoraria te ver outra vez. – O homem disse com um brilho misterioso nos olhos, a noite não tinha acabado como ele gostaria, mas se tudo desse certo, poderiam haver outras oportunidades.

— Você é um dos caras mais doces que eu já conheci. – O sorriso que ela tinha no rosto se abriu ainda mais e ela cruzou os braços, era tão boa toda aquela sensação de liberdade.

— Doce? – Indagou com a voz esganiçada. – É sério isso?

— É claro que é. – Riu com vontade, o fazendo cair na risada também. – Ainda mais porque você apareceu quando eu mais precisava de você e sou muito grata por isso.

Ouvir a sua mulher dizendo aquilo para outro homem doeu como se ele tivesse sido marcado com ferro em brasa.

— Nem foi tão difícil assim. – Piscou para ela, que riu.

Aquilo fez o estômago do outro homem revirar.

— Ah, qual é? – Deu um empurrãozinho no ombro dele e riu. – Aposto que você adoraria ter ido ver o jogo com os caras.

Ele sorriu e mordeu os lábios.

— Eu posso ver os meus amigos quando eu quiser, mas uma mulher linda desse jeito não entra na minha vida todos os dias.

A expressão da mulher se fechou quando ela parou para pensar em tudo que aconteceu entre eles.

— Mas você não está chateado?

— Acho que você tinha alguém muito especial te esperando em casa e se ainda não está pronta para estar com outro homem... eu respeito isso. – Ela suspirou e assentiu. – Então espero que você seja muito feliz, Georgie. Você merece.

— Obrigada. – Ele deu um beijo na bochecha dela. – Você também merece, Scott.

— Adeus. – Virou as costas para ela, dando uma última olhada para trás antes de ir embora pelo mesmo corredor por onde o marido dela também havia acabado de sair.

A mulher ainda ficou alguns segundos parada observando o corredor, então fechou a porta do quarto e colocou a mão na testa, estava na hora de voltar a ser a Stella.

O homem ainda estava em estado de choque quando chegou em casa, por mais que lutasse para processar tudo o que tinha visto e ouvido naquele corredor. A única coisa que ele conseguiu fazer foi tirar a chave do bolso e jogar em cima da mesinha de centro, então se virou para a porta e ficou encarando o vazio. Estava tão imerso em si mesmo, que nem percebeu quando Lindsay chegou com a filha dele nos braços.

— Encontrou a Stella?

Ele virou para ela e assentiu.

— Sim. – Respondeu com a voz embargada, o choro formava um nó em sua garganta.

Ela olhou ao redor, estranhando a ausência da amiga.

— E por que ela não veio com você?

— É porque ela continua num quarto de hotel em Redfield.

— Oh... – Diminuiu a distância entre eles. – Tomara que esteja tudo bem com ela.

— O pior é que eu nem consegui falar nada... – Foi se sentar no sofá. – Ela estava muito ocupada beijando outro cara.

Lindsay virou para ele de uma vez.

— O quê? – Uma expressão de imenso choque estampava seu rosto. – Isso só pode ser um engano...

— Lindsay, acho que sou eu quem está cometendo um erro. – Murmurou muito baixo, deixando que a tristeza tomasse conta do seu semblante. – Estou aqui tentando lidar com a depressão pós-parto dela, brigando com os nossos amigos, cuidando da nossa garotinha, enquanto ela lida com isso dormindo com outro cara. – Desabafou, deixando a mulher sem palavras. – Sabe o que eu acho engraçado? – Terminou de tirar o sobretudo e o jogou no sofá. – Que quando nos conhecemos, ela me criticava por dormir com um monte de mulheres... e agora ela é quem está me traindo.

— Acho que essa é uma situação muito delicada.

— E você tem razão, mas acho que o que complica mais é o fato dela ser HIV+ e não sabermos se ela contou isso para esse cara. – O seu tom era áspero, pensar na sua mulher com outro homem causava uma sensação estranha no seu estômago. – Talvez ela tenha preferido manter isso em segredo, ou talvez ela ache melhor não estragar a diversão... sabemos como está a mente dela.

— Will... – Mordeu o lábio inferior. – Sei que isso deve ser muito perturbador para você, mas...

— É? Sério? – Havia uma pitada de ironia no seu tom de voz. Os seus olhos pararam em cima da garrafa de vodca esquecida sobre a mesa, tornando-a ainda mais convidativa.

— Olha... não estou tentando defendê-la, mas li muito sobre depressão pós-parto e devo dizer que essa é uma das condições mais imprevisíveis que eu já vi.

Ele deu uma risada irônica enquanto tomava mais um pouco da bebida.

— E era para eu me sentir melhor com isso, Lindsay?

— Não... – Encolheu os ombros. – Mas te ajuda a entender que ela não está fazendo isso de propósito, isso tudo são sintomas de uma doença muito grave...

— Certo... – Assentiu. – Então deixa eu ver se entendi, não é para eu levar isso para o lado pessoal, não é? – Elevava a voz aos poucos. – Então me diz uma coisa, você não levou para o lado pessoal quando o Danny te traiu quando ele era um viciado? – A mulher ajeitou a afilhada em seus braços e ficou em silêncio enquanto ele voltava a se sentar no sofá. – Me desculpa por isso... sei que foi muito puxado todo aquele lance com a cocaína.

— Tudo bem... – Disse em um sussurro quase inaudível. – Foi uma ótima comparação... sei exatamente como está se sentindo.

— Como se tivesse acabado de levar um soco no estômago... – Engoliu em seco, na verdade a sensação era muito pior, era como se ainda estivesse levando socos no estômago, um atrás do outro.

Ela sentou ao lado dele.

— É como se o mundo que você conhece se despedaçasse em um milhão de pedacinhos...

— De todas as coisas... de todas as coisas que eu pensei que iria encontrar quando chegasse lá... essa foi a única que nunca passou pela minha cabeça.

A mulher arrumou a chupeta que estava prestes a cair da boca da menina.

— Mulheres com depressão pós-parto se sentem sobrecarregadas e também se sentem um fracasso como esposas e mães, então elas fantasiam com uma vida perfeita onde nada disso existe e onde elas podem ser o que elas quiserem. – Abraçou a criança, deitando sua cabeça em seu ombro.

— Eu entendo isso, mas não consigo entender os motivos que a levaram a se agarrar com outro cara e agora não sei como vou tirar essa imagem da minha cabeça. – Colocou a mão na cabeça e deu um longo suspiro. – E ainda me sinto um fracasso por não a ter trazido para casa.

— Ela vai voltar...

— Vai saber...

— Ela vai. – Colocou a mão livre nas costas dele.

— Oi, querida vem aqui com o papai. – Sorriu para a filha, tirando-a dos braços da madrinha e se levantando com ela. – Estou aqui com você.

— Ela te ama e também ama a filha de vocês. – Ele deu alguns tapinhas nas costas da menina. – Vocês são tudo que ela sempre quis, um marido maravilhoso e um bebê saudável. – Ele olhou para a amiga de relance. – O problema dela é que ela acha que tudo tem que ser perfeito.

— Ela conseguiu destruir isso. – Abraçou a pequena.

Lindsay se levantou e foi até eles.

— Quando ela voltar para casa, vocês dois vão poder discutir isso.

Ele deu um beijo na cabeça da filha.

— Não, por favor... – Interrompeu. – Não quero mais falar sobre isso e também não quero que ninguém saiba que eu sei que ela estava com outro homem, principalmente ela.

Stella estava encerrando sua estadia naquele hotel e naquela cidade, era hora de voltar para a cidade que nunca dorme e encarar sua vida outra vez.

Era madrugada quando Will tirou a filha do berço e desceu com ela para observar as estrelas através da enorme janela da sala.

— Ei, você também não está com sono, não é? – Ele deu um beijo no topo da cabeça da menina, que parecia estar um pouco mais ansiosa desde o desaparecimento de sua mãe. Se não fosse tão pequena, seu pai poderia jurar que ela sabia exatamente o que estava acontecendo. – A sua outra opção é me ouvir. – Sentou no sofá com ela. – Mas acho que você não vai querer fazer isso, estou muito confuso. – Deu outro beijo em sua cabeça. – Estou tendo alguns problemas com a mamãe... pensei que ter uma esposa e um bebê em casa fosse trazer a felicidade instantânea, mas eu estava errado. – Lily bocejou e resmungou. – Sei que a sua mãe tem tudo que ela sempre quis, mas parece que agora ela não quer mais... ela foi embora em busca de uma coisa que eu não sei o que é, e acho que ela também não sabe. – A menina continuava resmungando enquanto seu pai desabafava com ela. – Mas eu não quero que você se preocupe com nada disso, tá? – Sussurrou. – Prometo que vou cuidar de você... – Deu mais um beijo na cabeça da filha. – Não importa o que aconteça. – Finalizou com uma sequência de beijinhos no rosto dela.

Quando estava se preparando para voltar para o andar de cima, a porta da sala se abriu e ele deu de cara com a esposa.

— Estou em casa. – Ensaiou um sorriso enquanto o homem enxugava o rosto na manga da própria camiseta.

Enquanto ela terminava de organizar suas coisas em casa, ele foi ao andar de cima e colocou a filha no berço, precisava conversar com a mulher naquele exato momento.

— Sei que você não quer saber, mas a Lily está bem. – Informou assim que voltou do andar de cima.

— Ótimo. – Respondeu enquanto continuava dobrando algumas peças de roupa.

— Stella... eu sei onde você estava. – Revelou. – O Danny colocou um alerta... – Ela umedeceu os lábios, mas continuou calada. – Eu ia te buscar, mas...

— Mas não foi. – Terminou a frase por ele. – E era melhor eu voltar com as minhas próprias pernas. – O silêncio tomou conta da sala. – Eu estava indo te encontrar para jantar... – Parou de dobrar as roupas e começou a andar no meio da sala. – Acabei numa encruzilhada que ia direto para a rodovia e... – Sentou no sofá. – Não sei... alguma coisa aconteceu na minha cabeça e acabei pegando a estrada direto para a rodovia. O que eu queria mesmo era pegar a estrada e ir para bem longe de tudo que estava fazendo eu me sentir um fracasso... aquela era a minha chance e acabei nem pensando direito. – Ele ainda estava a encarando. – Sei que parece loucura...

— E por que Redfield?

— Foi aleatório. – Franziu as sobrancelhas. – Parei em um bar e fiquei conversando com a bartender.

Ele arqueou a sobrancelha.

— Com uma mulher?

— Com uma mulher chamada Lulu. – Ele tirou os olhos dela e suspirou, ela ainda continuava mentindo descaradamente. – Ela tinha uma menininha linda... acabei dizendo para ela que o meu nome era Georgie Samms e nem sei como cheguei a esse ponto, mas acabei inventando uma identidade nova, sem nenhum compromisso ou responsabilidades. Também disse que não era casada, que não tinha filhos e que era uma representante de venda de produtos farmacêuticos da Grécia.

Will respirou fundo e sentou na outra ponta do sofá, deixando o meio vazio.

— E ela foi a única pessoa com quem você conversou a noite toda?

— Sim. – Mentiu. – Voltei para o meu quarto de hotel e... quando me olhei no espelho não consegui mais ver a Stella, nem a esposa, a mãe ou a detetive e... estou com muito medo. – Explicou com a voz embargando. – Preciso de alguém que me proteja de mim mesma. – Admitiu em um sussurro. – Acho que estou mesmo com depressão pós-parto... preciso da sua ajuda, por favor.


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Notas finais do capítulo

Finalmente ela admitiu que está doente, agora vamos ver onde isso vai dar...
Até o mês que vem! Até o próximo!



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