A Família Olimpiano e suas nações - Parte 3 escrita por Anne Claksa


Capítulo 29
O muro




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“ Mãe. A senhora me pediu para tomar conta da Alemanha e acatar qualquer ordem vinda dos Aliados. Mas é que aconteceu algo, que achei necessário a senhora ter conhecimento. Há um muro dividindo Berlim, agora existe Berlim ocidental, que pertence aos americanos. E Berlim oriental, que pertence aos soviéticos. Mais do que isso, dividiu a nação. Por isso, estou pedindo para a senhora, assim que puder, retornar à Alemanha. ”

Essa foi a mensagem austral que Ares mandou para Hera. Ela recebeu a mensagem em 1961, porém, Ciano era muito novo, por isso, ela decidiu retornar para a Alemanha, alguns anos depois. E foi isso que fez.

Em 1963, Hera voltou para a Alemanha. Ela levou Ciano, que tinha quatro anos. Ao chegar em casa, foi recebida por Frigga.

— Ivy, que saudades. — Frigga deu um abraço apertado em Hera. — Que bom que voltou.

— Também senti saudades suas, Frigga. Senti saudades de todos. — Disse Hera ao sair do abraço.

— E esse menino, quem é?

— É o meu filho e de Ixião, Ciano. — Hera sorriu e tentava fazer o menino, que se escondia atrás dela, aparecer. — Vamos, filho, dê oi para a tia Frigga.

— Oi. — Disse Ciano, timidamente.

— Oi, Ciano. Você é um menino lindo. — Disse Frigga. — Fico feliz que tenha voltado, Ivy. Mas a situação por aqui, não está boa. Soube da infame novidade?

— Sim, soube. Esses anos que passei em Cingapura, me ajudaram muito, me fortaleceram e me deram coragem para encarar tudo o que vier pela frente. Por isso voltei, para retomar as rédeas da Alemanha e tomar conta do país e dos alemães. É uma promessa que fiz para Delayoh e que irei cumprir.

— É o certo a se fazer. Tomarei conta de Ciano enquanto resolve este assunto importante.

...

Hera caminhava por Berlim, quando de repente, se deparou com um imenso muro de concreto no meio da cidade. Ela se aproximou e se revoltou, como puderam fazer isso com sua nação?

O muro foi obra e ordem de Sarah, ela não queria que seus alemães soviéticos, se misturassem com os alemães capitalistas. Porém, Hera ficou furiosa e como Raicca estava em Berlim Oriental, foi tirar satisfações com ela sobre a decisão da filha.

— Como sua filha ousa levantar um muro, que divide a capital da minha nação, mais do que isso, dividiu o meu país? Não questiono a vitória dos aliados, mas dividir o território alemão como bem entendem, é demais. Não se importaram se isso iria separar famílias, não se importaram com os alemães.

Raicca ouviu tudo que sua tia disse e apareceu para conversarem.

— Não sei o motivo de tanta preocupação, tia Hera. — Disse Raicca, se sentando no sofá bege. — Sua filha, seu país e seus alemães perderam a guerra. Como a Sarah fazia parte vencedores, tomou posse do território dos perdedores e pode fazer o que bem entender com eles. Não banque a indignada e a revoltada com minha filha, você sabe muito bem quem provocou a segunda guerra e quem causou todo o terror.

— Como eu disse, não questiono a vitória deles. O que eu quero questionar é a construção desse muro.

— A parte leste da Alemanha teve muitas deserções e passaram para a parte ocidental. Para que não ocorresse mais isso, Sarah me pediu para autorizar o governo soviético a construir o muro. Confesso que um muro seria uma atitude muito radical, mas ele está aí, não posso fazer nada.

— Como não pode fazer nada? Eu entendo que agora, que o muro já foi construído, não há mais o que fazer. Mas antes, poderia ter dito a ela que um muro era uma forma torta de se resolver uma situação. Além de minha sobrinha, você é mãe dela.

— Eu até falei com ela, mas Sarah não me ouviu. — Raicca pensou por um instante e se levantou. — Espera um pouco. Estais a me dizer que eu deveria ter mais atenção com a Sarah e não ter deixado ela simplesmente fazer a vontade dela e construído o muro? Logo você, tia Hera, que deixou a Delayoh fazer o que bem quis e não fez nada.

— Isso não vem ao caso, Raicca.

— Vem ao caso sim, quis me dar lição de moral, por não repreender Sarah, mas se esqueceu de que a Delayoh fez muito pior e você, que é a mãe dela, deveria dizer o que era errado e a parar, simplesmente a deixou fazer.

No fundo, Hera sabia que Raicca estava certa, não só ela, mas todos os outros da família, Delayoh foi presa novamente porque Hera não deu limites para a filha, a deixou cometer diversos crimes e nem interferiu, agora chora a prisão dela e se esquece de que por culpa dela, a Alemanha está dividida. Mas Hera não deixava isso transparecer, ela aprendeu bem a esconder os seus sentimentos. Respirou fundo e disse:

— Eu cuido de minha filha, não preciso que ninguém me dê sermões. Não vim aqui falar sobre Delayoh. Vim dizer que eu estou de volta a Alemanha e que irei governar junto com o Stanley, quando ele voltar da prisão, e com a Sarah.

— A Sarah já mais concordaria com isso. — Disse Raicca, se aproximando de Hera.

— Ela pode até não concordar, mas aceitar, ela vai. Porque antes mesmo da Delayoh nascer, a Alemanha é minha nação, eu a fundei e tenho o direito de cuidar dela. E ficarei no poder até minha filha voltar.

— Se a minha prima voltar, não é tia Hera? Lembre-se ela estará presa por tempo indeterminado e pelo o que o juiz disse, Delayoh não sairá da prisão tão cedo.

Hera pensou em rebater a sobrinha, mas guardou para si as palavras.

— Veremos, Raicca. Veremos. — Disse Hera com firmeza.

...

Após essa conversa, retornou para casa. Ela subiu as escadas, entrou em um quarto e deu um beijo em Ciano, que dormia profundamente. Depois, foi para um quarto especial, o quarto de Delayoh. Sentiu vontade de chorar ao entrar, o perfume, as roupas, joias, sapatos, objeto, tudo remetia à Hera lembranças da filha. Na mesa de cabeceira, havia um retrato de Delayoh, Hera o pegou e apertou contra o peito, deixando duas lágrimas caírem. Olhando para o retrato, disse:

Meine totcher. Eu voltei para a nossa Alemanha e como prometi a você, vou cuidar dela e dos nossos alemães. Farei isso até você voltar.

...

Métis foi para o hospital de Apolo, ela iria fazer uma visita para Stanley.

— Com licença, eu estou aqui para ver meu filho, Stanley La vouir Olimpiano. — Métis comunicou a uma enfermeira negra e cabelos presos por um coque alto, que prontamente atendeu ao pedido e a levou até a cela.

Ao entrar na cela de Stanley, Métis abraçou o filho, a enfermeira deixou os dois a sós.

— Como você está, meu filho? Está se alimentando direito? Estou te achando tão magro e com os olhos tão fundos. — Comentou Métis.

— Estou bem sim, mãe. Não precisa se preocupar. — Stanley fez um carinho no rosto da mãe. — As refeições são boas, não tanto quanto uma comidinha feita por uma mãe, mas já estou me acostumando, afinal, ficarei aqui por um bom tempo. Sobre as olheiras, confesso que não tenho dormido bem. Tenho custado a dormir, pois, fico pensando nas cidades destruídas, tia Héstia proferindo palavras raivosas contra mim, enfim, tudo isso tem me tirado o sono. E também, no choque que dei em Delayoh, até hoje isso me atormenta. Mas é só durante a noite mesmo. Durante o dia, tenho muito serviço, jardinagem, limpeza, algumas vezes faço artesanato, pode parecer engraçado, mas eu tenho feito belos cestos de palha. E todos esses trabalhos tem ocupado a minha cabeça.

— Fico feliz em saber que esteja envolvido em alguma ocupação durante o tempo que estiver aqui.

— Como anda tudo durante minha ausência?

— Na medida do possível, está tudo bem. Seu pai está cuidando da parte ocidental da Alemanha.

— Parte ocidental da Alemanha? Como assim? Quando a guerra terminou, nós quatro aliados, quer dizer, eu e a Sarah, determinamos que cuidaríamos da Alemanha, sem fazer nenhuma distinção de território.

— Tenho uma novidade. Berlim e a Alemanha foram divididas por um muro. Agora tem a Alemanha Ocidental, que pertence aos Estados Unidos e a Alemanha Oriental que pertence à União Soviética. O mesmo aconteceu com a capital.

— Um muro? Agora já sei porque Sarah conversava em segredo com a Raicca e fazia algumas ligações.

— Seu pai e eu temos reparado que os alemães orientais têm passado para o lado ocidental, parece que o outro lado não é tão bom quanto parece.

— E para evitar uma grande debandada, Sarah pediu para Raicca, que ordenasse ao governo soviético que construísse o muro. Estou e não estou surpreso. Sarah sempre foi autoritária. Entrei na guerra para salvar o meu pai e a minha irmã, deveria ter parado quando os dois foram salvos, mas continuei e Sarah parecia um general. Tudo tinha que ser feito do jeito dela, só ela que mandava, planejava, coordenava, apenas ela. Mas Sarah se esqueceu de que ela errou feio conosco ao esconder que sabia onde Polyana estava. Sarah é assim, só ela pode acertar e jamais estará errada. Só estou surpreso com uma atitude tão radical.

Nesse instante, Sarah passou perto da cela de Stanley, a pena dela já havia terminado, mas retornou ao hospital para pegar alguns objetos que tinha deixado por lá. Métis se espantou com a aparência dela, estava mais velha, seus cabelos pretos começavam a perder a cor e sua pele ganhava rugas e linhas que marcavam o seu rosto. Sarah nem se parecia com a semideusa valente que entrou na guerra.

— Estou espantada em como a Sarah envelheceu. — Disse Métis.

— A senhora se esqueceu de que Sarah é uma semideusa? Ela não gosta de que falem isso, aliás, ela nem quer que a lembrem de que é filha de um mortal. — Disse Stanley. — Sarah, além de autoritária, é muito orgulhosa.

— Algum dia você vai receber a visita da sua tia Hera, já que agora você tem uma parte da Alemanha.

— É mesmo, bem lembrado. Esperarei a visita dela e enquanto ela não vem, espero que tia Hera e meu pai façam as pazes, para trabalharem em prol da Alemanha.

— Hm, será difícil. Hera está com muita raiva de Zeus, penso que será até mais fácil, ela criar outra parte da Alemanha para não ter que encontrar o seu pai. — Métis riu. — E você tem visto a Delayoh?

— Não. Estranho, ela não aparece nos trabalhos e nem na hora das refeições, parece que está completamente isolada.

— Também, não é? Depois do que ela fez, deve estar em prisão perpétua e sem direito de sair da cela ou receber visitas.

Stanley deu de ombros.

— Não sei, mãe. Ela pode sair quando nós estamos em nossas celas, mas se for isso, nunca a vi. Parece que algo bem grave aconteceu com Delayoh e ela não pode sair.


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