A Família Olimpiano e suas nações - Parte 3 escrita por Anne Claksa


Capítulo 12
Segunda Guerra: Consequências




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— Ivana, será melhor, sabes bem que a guerra mudou de cenário, o meu exército e o de Francine estão ganhando batalha após batalha, mas ainda precisamos de ajuda. Então, quero lhe pedir para lutar ao meu lado e de Francine. Eu prometo que quando ganharmos, lhe darei uma parte das terras que conquistei na África.

Ivana ainda se lembra das palavras e da promessa de Elisabeth. Promessa que não foi cumprida, ela não recebeu tais terras e para piorar, a Itália enfrentou uma grave crise logo após a guerra, por isso, sente tanta raiva da deusa inglesa. Apesar de lutar a maioria das vezes com Delayoh, Beth lutou também contra Ivana, entretanto, não se deu bem contra os poderes terrestres da deusa italiana e sua prima, eram raízes que brotavam do solo e enlaçavam as pernas, areias movediças, poças de lama e tantos outros ataques. Ivana não gosta de guerras, é uma deusa ligada à vida, porém neste momento, a raiva que sente de Elisabeth, supera qualquer outro sentimento e isso tem preocupado Demeter, ela decidiu conversar com a filha.

— Ivana, está muito ocupada? — Perguntou Demeter.

— Não mãe, pode entrar. Só estava organizando alguns planos de guerra. — Disse Ivana, cercada por uma pilha de papeis e pastas.

— É tão estranho ver você assim. — Demeter se aproximou e pegou um dos papeis.

— Assim como?

— Planejando uma guerra, até seu pai notou essa mudança. — Disse Demeter enquanto deixava o papel sob a mesa com certo desinteresse. — Ivana, não é o seu estilo, você não combina com a guerra. Ainda não consegui entender o porquê de estar envolvida com isso.

— Eu não queria me envolver em mais uma guerra. Mas Elisabeth me obrigou quando me fez promessas de terras que não cumpriu. Gastei o que tinha e o que eu não tinha para ajudá-la. Por culpa dela, a Itália enfrentou uma grave crise. E confesso que está sendo divertido vê-la sendo derrotada.

— Ivana, como pode dizer isso? Tudo bem que Elisabeth errou em não cumprir a promessa que fez, mas ela é sua prima, faz parte da nossa família. Acho que essa proximidade com Delayoh não está lhe fazendo bem.

— Delayoh é minha melhor amiga e estando ao lado dela nessa guerra, é uma forma de me desculpar pelo que fiz com ela na outra guerra, mesmo que não concorde com algumas coisas que ela faz.

Demeter olhou com curiosidade para a filha, ela mexia no cabelo diversas vezes, o enrolava, torcia. Ela sabia que algo estava incomodando a filha.

— Filha, sinto que tem mais para me falar. — Disse Demeter.

— Por que acha isso? — Quis saber Ivana.

— Porque já torceu o seu cabelo umas mil vezes e sei que quando quer falar algo, fica o torcendo.

Ivana soltou seus cabelos, se levantou da cadeira e resolveu contar o que sentia para a mãe.

— Delayoh é minha amiga, mas ela está tendo atitudes que me deixam intrigada. Por exemplo, tem dias que ela não aparece no campo de batalha, aliás, ela desaparece e volta com um sorriso, mas não é um sorriso normal, um sorriso... de satisfação, quase que maquiavélico. Eu e Nihon perguntamos a ela em que lugar ela ia e voltava tão contente, Delayoh disse que estava cuidando de um assunto. Sinto um tremor quando escuto isso, tenho medo de ela estar fazendo algo de errado. — Disse Ivana enquanto andava pela sala.

— Ela te disse que assunto é esse? Ou comentou algum plano com você? — Perguntou Demeter.

— Nada. Nem Nihon sabe. Delayoh é muito misteriosa, ela sabe usar a frieza para manter alguns assuntos em segredos e temo que seja algo terrível.

— Hera e Ares devem saber. — Disse Demeter com um rosto pensativo e com a mão no queixo. — Vou perguntar, quem sabe eles não falam algo.

 

— Se falarem será um milagre. Ares é irmão de Delayoh, está sempre ao lado dela, principalmente no campo de batalha.

— E ele iria perder uma oportunidade dessas? Ares foi o deus da guerra, deve se sentir à vontade em um campo de batalha.

— E como. A tia Hera é mãe de Delayoh, vai defender a filha até o fim e óbvio, que se Delayoh tiver algum plano, ela não vai falar. O que me deixa mais preocupada.

— Ivana, mesmo com esse temor todo, essa desconfiança, tem certeza de que quer continuar lutando ao lado de Delayoh?

— Sim, vou continuar mãe. Delayoh pode estar fazendo tramando algo, mas isso se torna irrelevante perto do que Elisabeth fez comigo. A vontade de me vingar dela é maior, do que saber o que a Delayoh faz.

...

1941 tinha tudo para ser ano com mais do mesmo, domínio sobre a Europa. Porém, no mês de Junho tudo mudou. As férias de Delayoh foram interrompidas, o que não a deixou feliz. Ela chegou em casa, se jogou no sofá, colocou as mãos em seu rosto e respirou fundo.

— Será que uma deusa não pode tirar férias, que um mortal se acha no direito de a desafiar? — Delayoh tirou as mãos do rosto, as agitou enquanto falava. — Estava indo tudo tão bem, correndo perfeitamente, não consigo acreditar que tudo que venho planejando, desde que fui presa, pode desandar, ou melhor, sendo irônica, pode ser enterrado no gelo.

— Vamos ser confiantes, irmãzinha. Essa invasão pode dar certo. Se o exército alemão conseguiu varrer a Europa até aqui, a União Soviética será conquistada. Pode demorar, mas vai acontecer. — Disse Ares, dando um beijo na testa da irmã. — Porém, penso que exagerou ao dizer para os alemães que não iria os ajudar, enquanto estivessem em terras soviéticas.

Delayoh se apoiou na cabeceira do sofá bonina e encarou o irmão.

— Exagero? Eles me desobedeceram, preferiram dar ouvidos a um mortal imbecil do que a mim. Agora, eles que se virem lá para conquistar a União Soviética, sozinhos. Mas depois do recado que dei, creio que isso não acontecerá novamente. — Delayoh mostrou o chicote. — Pelo menos assim espero.

— Meus ouvidos doíam a cada estalo. — Ares passou a mão no ouvido, para mostrar o desconforto causado pelo som do chicote.

— Agora há algo importante para se pensar. — Delayoh se ajoelhou no sofá. — Sarah rompeu o nosso armistício e agora, a União Soviética está em guerra contra a Alemanha. Ela vai se unir com a Elisabeth contra mim, apesar de ser filha de um mortal com uma deusa, Sarah é bem forte.

— Mas não deves temer. Você é poderosa. Nenhuma outra deusa tem um cabelo que se mexe, mata só de olharem para os seus olhos e ainda tem poder duo de gelo e fogo. E não vamos esquecer do controle de raios. Sarah não tem nenhuma chance contra você, Delayoh.

— Está certo, bruder. Sou forte, não tenho o que temer, posso encarar a Sarah e a Elisabeth sem problemas.

Heringuer chegou à casa de Delayoh, assim que ouviu o barulho da porta se abrindo, a alemã o encarou com uma cara nada contente.

— Cuidaste bem da Alemanha, Heringuer. — Disse Delayoh, ironicamente. — Sua desatenção ocasionou na invasão da União Soviética.

— Em minha defesa, Dee, eu digo que quando foi feita esta invasão, eu não estava na Alemanha. Estava em Sobibor, como havia me pedido. Mas não serei leviano com o meu erro, deveria ter prestado mais atenção no que aquele mortal obtuso estava planejando, a minha falha lhe trouxe problemas.

— Se estava em Sobibor, está perdoado, o trabalho naquele campo era importante. Gostei do “mortal obtuso”. — Delayoh soltou uma risada. — Estou carente, preciso do seu abraço.

Heringuer se sentou no sofá e abraçou Delayoh, durante o abraço, ele afagou os cabelos negros dela, que estavam presos por um coque e amarrados por uma longa fita preta. Também fazia carícias no rosto dela e dava beijos, beijos carinhosos, mas que deixavam Ares um pouco envergonhado. Ele interrompeu perguntando se queriam algo, Heringuer disse que queriam uma xícara de café e de imediato, Delayoh respondeu:

— A minha xícara tem que ser bem grande. O meu humor só melhorará com uma boa e grande xícara de café. Não ouse voltar aqui sem uma, ou irás sofrer com meus tapas, entendido, Ares?

...

Enquanto acontecia a revolução russa em 1917, Raicca se apaixonou por um mortal, um operário que lutava pela causa socialista, tiveram um romance que durou um certo tempo, até 1922, quando Raicca ficou grávida. Pouco tempo depois do término, ela teve Sarah, porém não pôde amamentar a filha, pois, seu leite secou pouco depois do parto. Por este fato, Sarah é a semideusa de uma grande união de países que formam uma única nação, a União Soviética. Apesar de ser filha de um mortal, Sarah tem a força de uma deusa, tem o fogo como principal poder, fisicamente se parece com Raicca, mas os olhos e cabelos pretos, herdou do pai. Em 1941, tinha apenas 19 anos, mas já era uma semideusa forte no comando dos soviéticos, quando o exército alemão invadiu o território soviético, ela ordenou que o seu exército os enfrentasse para defender o lugar. A luta perdura por um bom tempo. Sarah encarou esse fato como uma afronta e quebra do armistício, que havia assinado com Delayoh, por isso, declarou guerra à Alemanha e mais do que isso, procurou Elisabeth, se aliaria a ela, já que as duas tinham uma inimiga em comum.

Sarah foi para Londres e foi recebida pela própria Elisabeth.

— Sarah, que surpresa em vê-la por aqui. Fique à vontade, vou pedir para trazerem um chá, assim o tomamos e conversamos. — Disse Elisabeth.

— Não será necessário, serei breve. Eu quero me aliar a você contra a Delayoh. — Disse Sarah.

— O quê? — Elisabeth perguntou incrédula. Depois de tanto tempo, ela está recebendo ajuda e não era qualquer ajuda, com o exército britânico e o exército soviético, a chance de derrotar Delayoh era enorme.

— Isso mesmo que ouviu. A União Soviética lutará ao lado da Inglaterra. Soube da tentativa de invasão do exército alemão à União Soviética?

— Sim, soube. Achei a noticia de que havia assinado um armastício com a Delayoh, um tanto curiosa. Sua mãe foi rival dela, na outra guerra, então, pensei que um acordo como esse nunca aconteceria, mas ele aconteceu.

— Exatamente por isso que vim procura-la. Delayoh rompeu esse acordo ao invadir o meu país, ela pode dizer que não pediu para o exército dela para fazer isso, mas eu não acreditarei. Então, declarei guerra a Delayoh e a Alemanha. E vendo que você está precisando de ajuda, vim lhe oferecer a minha, lutaremos juntas para derrota-la.

Elisabeth quase chorou de emoção e aceitou a ajuda de Sarah, as duas apertaram as mãos e selaram o acordo, a partir dali a guerra, que parecia perdida, começava a tomar outros rumos.


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Notas finais do capítulo

- Bruder: Irmão, em alemão.
ATENÇÃO! RECADO IMPORTANTE! A CENA DO CHICOTE NÃO ACONTECEU DE VERDADE! IDEIA FEITA ESPECIALMENTE PARA ESTE CAPÍTULO.



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