Arco 1 - Vale da Lua de Prata

Em algum lugar desconhecido do Universo Primordial…

Haruki corre às pressas pela floresta, seguido por Aruhana que, aos gritos, pede para ele esperar. Akira, por sua vez, somente dá de ombros e acompanha os dois com uma velocidade relativamente menor. O Gennin Senju, com a garota logo atrás, vai passando por entre as folhas de arbustos e árvores menores enquanto os sons animalescos ficam cada vez mais perceptíveis: para ele, um sinal claro de que está se aproximando. Enfim, o pequeno chega em outro local da floresta, uma espécie de clareira. Parando, ele é alcançado por Aruhana e, instantes depois, pelo terceiro menor de idade.

— Como imaginei, são lobos – fala o garoto, ainda ao longe dos caninos, tentando pensar em uma maneira inteligente de avançar.

Os Gennins são capazes de perceber que dois lobos cinzentos estão rosnando com todos os dentes à mostra para um pequenino criatura. O filhote, quase totalmente preto com exceção de manchas cor-de-mel em suas patinhas dianteiras e acima dos olhos, está tentando se proteger no buraco do casco de uma árvore. Ele chora e treme diante dos predadores, o que comove os três espectadores humanos.

— É um cachorrinho. Parece muito jovem – articula a Gennin da Aldeia da Nuvem, deduzindo que se trata de um cão com não muito mais que semanas de vida.

— Talvez tenha se perdido da ninhada – considera Haruki, realmente preocupado com o bichinho ao longe. – Não gosto de atacar animais, mas eu preciso ajudar.

O jovem irmão de Aiden Flynn, tendo em mente algumas coisas que aprendeu com ele, abre sua bolsa de ferramentas na cintura com a mão direita. Retirando uma kunai dali, imediatamente corre na direção dos lobos. O barulho do seu avanço e do esmagamento de folhas e gramas atrai a atenção dos caninos adultos. Imediatamente, ainda rosnando e babando, os lobos olham para trás e se preparam para atacá-lo.

— Mas que sujeitinho imprudente! – declama Aruhana, saindo da sua posição para acompanhar Haruki, e sendo seguida por Akira.

Haruki avança contra os lobos, os caninos avançam contra o garoto. Quando próximos o suficiente, o primeiro lobo salta e abre bem a boca, preparado para mordê-lo. Contudo, Haruki bloqueia com a kunai, segurando-a com as duas mãos e fazendo com que os dentes do bicho feroz cravem na lâmina. Para a surpresa dos seus aliados, ele demonstra uma considerável força física para alguém tão jovem, berrando e dando tudo de si para jogar o animal para cima com o movimento dos dois braços. Enquanto o primeiro lobo está no ar e o segundo salta para realizar seu ataque, Haruki consegue realizar dois cortes no rosto do animal.

— É, acho que eles não precisam da minha ajuda… – articula Akira, observando Aruhana dar um grande salto e acertar um chute da perna direita no rosto do lobo que Haruki jogou para cima.

— Entrada Dinâmica! – declama a garota, lançando o lobo para alguns metros de distância após o chute, aterrisando no solo segundos depois.

O lobo atingido por Aruhana se choca com uma árvore e perde a consciência. Enquanto os dentes do segundo lobo enfrentam os movimentos da lâmina da kunai usada por Haruki, Akira arregala seus olhos. Isso porque ele escuta o rosnado de um terceiro lobo que, agora, está bem acima dele após saltar para atacá-lo.

— Akira! Cuidado! – exclama Aruhana, percebendo o que está prestes a acontecer.

De maneira ágil, no último instante, o Gennin de cabelos rosados salta por cima desse novo lobo. Ao passar bem perto dele, Akira adiciona um papel explosivo queimando no dorso do canino adulto. Após alguns instantes, a tarja detona e causa uma explosão, mas o ninja dos Apátridas sai ileso por aterrissar sobre a grama a metros consideráveis do alcance da detonação.

Por fim, após alguns instantes de confronto com o seu próprio inimigo de pêlos, Haruki pega duas outras kunais com a mão esquerda, salta para longe do lobo e atira esses dois projéteis contra o canino. A fera salta para a direita, mas quando está no ar antes de voltar para o solo, a primeira kunai usada pelo Senju se aproxima com um bônus: um papel explosivo anexado no espaço circular do cabo. Desse modo, o animal é atingido pela kunai na barriga e abatido por uma explosão de potência similar a anterior.

— Haruki, olhe! – declama a jovem da Nuvem, sendo a primeira a perceber outro lobo.

O garoto da Folha é capaz de ouvir o choro desesperado do filhote. Ao olhar para metros diante de si, outro predador está puxando o cãozinho para fora do buraco com a boca em seu pescoço. O lobo consegue retirá-lo e o atira para a grama, avançando contra ele para dar uma mordida fatal. Porém, o que o animal morde é o braço esquerdo de Haruki, que surge entre ele e o filhote com uma expressão de dor.

— Talvez eu não seja muito bom em Ninjutsu, Taijutsu ou Genjutsu. Acho que isso é uma verdade – fala o filho da Segunda Hokage, sentindo o lobo apertar os dentes contra o seu antebraço e seu sangue sendo derramado. – Mas tem algo em que eu sou bom e que herdei da minha mãe…

O menino aperta bem o seu punho da mão direita. Movendo-o com tudo contra o animal de dentes cravados em sua carne, o Gennin da Aldeia da Folha atinge a fera com um Soco Explosivo impressionante para alguém com apenas 12 anos.

— Eu tenho a força bruta de um legítimo Senju! – enfim completa os seus dizeres.

Aruhana e Akira arregalam seus olhos quando veem o animal sendo atirado para bem longe e, em seguida, rolando pelo chão até se chocar com uma grande pedra no solo e desmaiar. Ofegante, Haruki permanece olhando para o adversário animalesco nocauteado ao longe. O sangue do seu outro braço ainda pinga contra a grama, mas ele suspira profundamente para tentar esquecer a dor.

— As regras médicas que minha mãe criou dizem que a origem da dor é essencialmente psicológica – diz para si mesmo em seus pensamentos, abaixando o punho cerrado que acabou de usar. – Ainda não sou um médico ninja, mas sou capaz de me concentrar pra esquecer que está doendo por enquanto.

Em sequência, o pequeno vira-se para o ainda menor cãozinho que está tremendo ali perto com uma ferida leve no pescoço. Com sua respiração quase normalizada, o irmão de Aiden dobra o joelho direito e estende a sua mão direita para tocar a cabecinha do animal com muita leveza. Os afagos de Haruki fazem o cão se sentir seguro e logo ele para de tremer. O pequeno ser começa a lamber os dedos do humano diante de si enquanto abana seu pequeno rabo com alegria. Isso faz o garoto sorrir.

— Por que você fez tudo isso para protegê-lo? – pergunta Aruhana, surgindo bem atrás dele, separada por poucos metros.

De costas para a mais velha, o filho da Segunda Hokage se coloca de pé uma vez mais. Agora, ele carrega o animalzinho em seu braço direito, acolhendo-o em seu peito. O cão continua lambendo-o como se estivesse extremamente grato pelo acolhimento.

— Quando eu era pequeno, eu me sentia solitário. Minha mãe trabalhava muito para cuidar da Aldeia da Folha, do centro médico e para lutar na guerra. Na época, meu irmão estava muito ocupado com sua carreira como ninja – começa a explicar sem olhar para sua ouvinte. – Eu sempre ouvi burburinhos de que minha mãe era uma pessoa ruim, sem pudor por ter tido filhos fora do casamento… Filhos com um ninja de outro lugar. Não importava o quanto ela se esforçava por todos, sempre existia alguém para julgá-la por coisas sem sentido. Eu comecei a achar que a culpa era minha. Eu era o fruto indesejado que não deveria ter nascido…

Aruhana, ouvindo cada palavra, abaixa o seu rosto com uma expressão entristecida. É como se o relato de Haruki a fizesse lembrar algo do seu próprio passado. Akira, por sua vez, estando mais distante ainda dos dois, permanece olhando para o Senju com uma expressão de compaixão.

— Então, eu… – Haruki prossegue, mordendo o seu lábio inferior por alguns instantes de hesitação. – Queria desesperadamente me sentir amado e receber a atenção de alguém. Quando eu encontrava cachorros ou mesmo gatos por aí, eu tentava dar carinho, abraçar… Mas eu era sufocante, desesperado por atenção. Quando os animais me rejeitavam, eu os machucava. Queria fazer com que sentissem na pele a mesma dor que sentia. Queria não ter mais que sentir tudo aquilo. Cheguei até mesmo a machucar um cachorrinho filhote que ganhei uma vez do clã Inuzuka. Eu o colocava em uma caixa e a soltava repetidas vezes de um lugar alto enquanto ele chorava…

O jovem abaixa o próprio rosto, permitindo que uma lágrima solitária caia de um dos seus olhos. De pálpebras fechadas, Haruki consegue se lembrar com detalhes dessas lembranças que tanto o envergonham nos dias de hoje. A lágrima cai sobre a cabeça do filhote, fazendo-o parar de lamber os dedos do garoto e olhar para o rosto dele acima de si.

— Eu era fraco, egoísta e cruel – o colega de equipe de Zaku Mikazuchi e Akaemi Yuuhi prossegue. – E então… A última batalha da guerra chegou. Minha mãe disse que eu nunca deveria acreditar no que pessoas ruins diziam. Disse que eu era amado e que nada jamais mudaria isso. Pediu perdão por não poder me dar todo o tempo que eu merecia. E que tinha a certeza de que eu saberia usar a minha força no futuro para proteger e não para ferir. E ela partiu… Sacrificou a própria vida para salvar todos aqueles que a criticaram, mas também todos os que a amavam. Ela protegeu todos nós, usando toda a força dela pela paz. A partir dali, eu prometi que nunca mais iria levantar meus punhos contra alguém se não fosse para proteger uma vida. Prometi que nunca mais iria ferir qualquer outra criatura apenas para me esquecer da minha própria dor. Quando os pesadelos vêm, eu prefiro morder o meu lábio e suportar. Então, se eu tenho alguma força, devo usá-la por quem não tem.

É quando a mão direita de Aruhana pousa sobre o ombro esquerdo dele, fazendo-o erguer o rosto e lançar seus olhos marejados na direção da mais velha. A Gennin da Aldeia da Nuvem, sorrindo, alterna seu olhar entre o menor e o filhote em seus braços.

— Eu acho que é uma cadela – diz ao avaliar a fisionomia do animal, pensando em seguida: – E tenho certeza que você será um grande ninja no futuro…

— Eita, sério? – fala Haruki, sorrindo enquanto olha nos olhos escuros do animalzinho. – Então talvez seja bom pensar logo em um nome para ela.

— E devemos tentar sair daqui também – opina Akira ao longe, atraindo para si a atenção de ambos os ouvintes. – Alguma coisa deve ter dado errado quando nos enviaram.

— Verdade – concorda Aruhana, com o semblante sério e o olhar fixo em Akira. – Vamos voltar para o lugar exato no qual chegamos. Pode ser que já estejam tentando nos levar de volta. Aí alguém pode tratar o ferimento do nosso baixinho.

Haruki concorda. Desse modo, os três seguem com passos tranquilos, atentos caso sejam atacados por um novo adversário selvagem. O braço esquerdo do garoto ainda sangra, mas ele está concentrado em seu braço direito, usando a força na medida certa para apenas acolher a sua nova amiguinha.

— Mãe… – pensa o jovem, caminhando com um sutil sorriso em seu rosto. — Você me ensinou que a verdadeira justiça está em usar a nossa força para proteger os mais fracos e vulneráveis. E eu prometo que nunca me esquecerei…

…/–/–/…

Multiversalmente longe dali…

Três figuras se movem em alta velocidade pelo gramado nos arredores do Vale da Lua de Prata, no País da Geada. A figura do meio é Caius Lao Bistal, tendo à sua direita a Jonin Silvanna Senju e à sua esquerda a Jonin Especial Eudora Hatake. Há alguns minutos, a loira pediu o auxílio de Eudora para rastrear a pessoa que ela acredita ter causado a interferência na viagem dos Gennins para o Universo Primordial. Juntas, chegaram à seguinte hipótese: para ocultar a própria presença, o indivíduo em questão utilizou algum tipo de barreira para não ser detectado por ninjas sensoriais antes da interferência.

Caius, por sua vez, decidiu acompanhá-las por medida de segurança, caso fosse preciso mais “poder de fogo”. Azuma Senju, temido por muitos, é conhecido como o único ninja vivo a portar a Kekkei Genkai do Estilo Madeira. Mesmo que Silvanna seja a atual líder do clã e uma das três kunoichis lendárias, Caius acredita que Azuma não deve ser subestimado. Por isso, aqui está, acompanhando-as.

— Esperem! – exclama Eudora, arregalando os seus olhos azuis e parando de se mover.

Mais que depressa, os outros dois também param de se mover, cessando o avanço a menos de um metro de distância da Jonin Especial da Aldeia da Folha. É quando a integrante do clã Hatake aponta para um local a noroeste, levando o olhar dos outros dois para lá.

— Está ali. Eu tenho certeza, a energia residual de quem fez aquilo está lá. Mas… – articula a mais baixa entre os três, percebendo que são múltiplas fontes de chakra. – Se ainda estiverem lá, não é apenas uma pessoa, Silvanna. Se de fato o Azuma estiver ali, e com reforços, precisaremos de ajuda.

Ignorando o alerta da sua colega, a loira caminha e se aproxima do ponto designado por Eudora. Carregando a sua Lança Cometa com a mão esquerda e cerrando o punho da mão direita, após dar alguns passos, a tutora de Haruki Senju, Akaemi Yuuhi e Zaku Mikazuchi para repentinamente. Seu objetivo, como uma das melhores em Kekkaijutsus do País do Fogo, é analisar a barreira invisível.

— É meramente uma barreira de classe A – ela conclui, erguendo sua mão direita, passando-a sobre uma superfície sólida invisível bem diante de si. – Será simples.

A kunoichi dá um grande salto para trás, afastando-se daquele ponto por vários metros. Em seguida, fazendo uso de uma velocidade assombrosa, corre em direção ao local onde sentiu a barreira, movendo o seu punho direito para realizar um soco. Apesar de nada ser visível, Silvanna acerta seu punho em algo tão sólido que Caius e Eudora escutam um grande estrondo. A onda de choque gerada pelo ataque cria uma vibração muito potente. É possível ouvir a barreira invisível se despedaçando como uma grande vidraça feita em pedaços.

— Um único movimento do Impulso do Punho Certeiro e ela acabou com uma barreira sem nem mesmo enxergá-la… – Caius, em silêncio, pensa sobre isso. – Não deveria esperar menos da única pessoa que me supera em força bruta em toda a Aliança Shinobi.

Apesar da destruição da barreira, Silvanna e seus colegas percebem que não há nada mais ali. Sem trocarem nenhuma outra palavra, os três compreendem que os inimigos deixaram a barreira intacta para trás, mesmo sabendo que ela se dissiparia normalmente em breve. Tudo parece óbvio: foi uma medida tomada para despistá-los.

— Eles sabiam que o chakra presente na barreira iria chamar a atenção de ninjas sensoriais – reflete Eudora, observando a Jonin ao longe que permanece de costas. – Aproveitaram isso para escapar. Porém, se Azuma Senju realmente estava entre eles, talvez seja melhor assim… A Silvanna, com toda a certeza, iria…

A expressão da loira ao longe é de ira. O seu punho direito está apertado com tanta força que qualquer coisa entre sua palma e seus dedos seria esmigalhada com facilidade. Os olhos claros da kunoichi evidenciam o que sua mente está dizendo para si mesma:

— Azuma… Quando eu o encontrar, considere-se um homem morto.

…/–/–/…

Algum tempo depois, no Vale da Lua de Prata deste mundo…

Apesar da interferência de inimigos desconhecidos para eles, os Jonins e Jonins Especiais reunidos neste local estimaram que os Gennins retornarão naturalmente em breve. Vale Kahn e Eudora Hatake, ambos com habilidades especiais que lhes permitem voar, se encarregaram de ir até a sede da ONSU para informar sobre tudo o que aconteceu. A dupla partiu deste local há poucos minutos. Afinal de contas, os Jonins Especiais da ONSU temem que tudo isso tenha alguma relação com as recentes ações de Kamui Yato Uzumaki.

Enquanto isso, Silvanna e Caius conversam entre si junto de duas outras Jonins. Eles temem que seja inevitável uma reunião urgente dos principais líderes da Aliança Shinobi. Muitas coisas vêm ocorrendo nos últimos tempos e seria leviano não considerar as possíveis ligações entre todos esses fatos.

Repentinamente, um grande círculo de marcas escuras surge no centro do Vale da Lua de Prata. Os Jonins e Jonins Especiais percebem isso, assim como a cortina de fumaça que aparece acima das marcas, trazendo cada um dos Gennins de volta para este mundo. Embora a maioria esteja apenas com leves ferimentos, a Jonin Orihime Inoue e outros médicos de nível Chuunin associados à ONSU se organizam nos próximos minutos para avaliar o estado dos menores de idade e cuidar de eventuais danos por eles sofridos. Logo, os Gennins começam a ser atendidos pelos ninjas médicos disponíveis no local.

— Eu conheci a sua mãe – afirma Orihime, utilizando uma técnica curativa no ferimento de Haruki Senju desde poucos minutos atrás.

Ela é uma ninja médica de nível Jonin da Aldeia da Folha. Sua aparência dócil e fala mansa fazem com que, rapidamente, a maioria das pessoas confiem nela. Por outro lado, certos adversários que a subestimam por isso tendem a se arrepender. Afinal, a ruiva se inspirou na Segunda Hokage Jeanne D’arc Senju para se tornar uma médica ninja e usuária de Kekkaijutsus que também é capaz de batalhar diretamente quando necessário. Sua bandana está fixada em sua cintura como um cinto para seu longo vestido branco.

Quando ela avaliou o estado do garoto, deu prioridade ao seu atendimento. Inicialmente, não o reconheceu como filho da Segunda Hokage, mas percebeu que ele começou a prestar bastante atenção quando ativou a Técnica da Palma Mística. Embora sua funcionalidade seja básica, a técnica requer prática e um excelente controle de chakra para gerar uma camada visível de chakra – no caso de agora, caracterizada por um tom entre o azul e o verde. Esse chakra, em contato com ferimentos, acelera o processo de cura celular natural do corpo humano. Vê-lo atento ao procedimento fez Orihime eventualmente reconhecê-lo como Haruki Senju.

— Sério? – ele pergunta, surpreso, olhando nos olhos da mulher adulta curvada que o está curando.

— Sim – confirma a Jonin, fechando suas pálpebras e esboçando um largo e sincero sorriso. – Ela era uma grande mulher, uma inspiração para todos os ninjas médicos como eu.

Quando Orihime abre os olhos e percebe que o ferimento de Haruki já foi completamente tratado, encerra o fluxo de chakra em suas mãos, abaixando-as e colocando-se de maneira ereta outra vez. Por alguns instantes, a adulta apenas observa o olhar curioso do Gennin, vasculhando o próprio braço e impressionado que não restou nem mesmo uma cicatriz.

— Vejo que você é interessado por Ninjutsus Médicos – articula ela, retirando de sua bolsa de ferramentas na cintura um pequeno pergaminho azul claro.

Orihime estende sua mão direita, entregando-o nas mãos de Haruki. Ao se deparar com isso, o jovem parece questioná-la com o olhar. Entre risos, a adulta decide explicar:

— É uma cópia de anotações da sua mãe, da época em que eu era uma Gennin em formação como ninja médica. Não posso me responsabilizar pelo seu aprendizado diretamente porque sou tutora de outra equipe, mas posso entregar isso. Certamente, irá ajudá-lo caso deseje desenvolver técnicas como ninja médico.

— Haruki! – exclama Akaemi Yuuhi ao longe, carregando em seus braços a cachorrinha que também foi curada por um dos ninjas médicos disponíveis.

Do lado direito dela está Zaku e do lado esquerdo está Silvanna. O grupo já está preparado para partir, apenas esperando pelo fim do tratamento do Gennin Senju. Uma vez que ele olha na direção deles, se vira uma última vez para Orihime, agradecendo:

— Muito obrigado, senhora Inoue! Tchau!

— De nada. Até breve – articula a adulta, acenando para o garoto enquanto ele corre para se aproximar da própria equipe uma vez mais.

— Ei, você já decidiu o nome da nova integrante da Equipe Silvanna? – questiona Akaemi no momento em que Haruki se aproxima o suficiente.

Desse modo, todos vão caminhando rumo à carruagem que os trouxe para o Vale da Lua de Prata. Enquanto Silvanna segue silenciosa e séria, os três Gennins parecem empolgados para encontrar um nome adequado para a cadelinha.

— Ainda não – responde o filho da Segunda Hokage, olhando para o filhote nos braços da garota do clã Yuuhi.

— Que tal “Preta”? – sugere Zaku.

— Sem graça – afirma Akaemi.

— E “Pretinha”? – ele insiste, parecendo considerar uma boa ideia.

— Afe, que falta de originalidade. Uma garota merece mais empenho do que isso, Zaku – garante, em um firme tom de reprovação enquanto revira os seus olhos vermelhos.

— Eu pensei em um! – exclama Haruki, dando um pequeno pulinho de animação. – Já que estamos no Vale da Lua de Prata, o que acham de Tsuki?

Neste momento, a cadelinha late como se estivesse entendendo e aprovando a sugestão. Os três, surpresos, olham para a peludinha que está abanando o seu rabo com alegria.

— Lua… – Akaemi se manifesta, sorrindo. – Acho que ela gostou. E combina!

Enquanto eles se aproximam da carruagem, todas as outras equipes, assim como os Apátridas convidados e Jonins Especiais, também estão se organizando para partir. De uma maneira ou de outra, o Vale da Lua de Prata ficará marcado nas memórias de muitos desses jovens como a primeira grande aventura do seu mundo ninja…

Arco 1 - Vale da Lua de Prata… Encerrado!