Orfeu narrou mais coisas para o pai: histórias de si, como conheceu Eurídice, como cantou numa baiuca; e também histórias que envolviam seu pai, dando-lhe mais crédito do que Morpheus considerava correto.

Podia apostar que, em certa medida, Calliope concordaria que era exagero.

O fato é que o Perpétuo enfim voltava a provar o dissabor da razão, pois a realidade era amarga. Sabia onde Orfeu verdadeiramente estava e não era ali, saudável e contando coisas que precediam eventos angustiantes. 

Mas precisava transbordar seu coração. Aliviar a consciência. Necessitava sonhar.

— Preciso dizer enquanto há tempo. Aliás, preciso pedir: Perdão, meu filho.