Te Amarei Para Sempre escrita por deboradb


Capítulo 4
Te Amarei Para Sempre




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“A vida é um presente para aqueles que sabem como desfrutá-la.”

***

Era noite de Natal e as ruas de Brighton estavam novamente cobertas pela neve, dando à cidade um verdadeiro espírito natalino. Chloe estava apoiada no parapeito da varanda observando atentamente os piscas-piscas ao redor das inúmeras casas espalhadas pela rua, soltando um longo e pesado suspiro vez ou outra. Aquele cenário era lindo de se ver, uma cena típica de filmes de comédia romântica natalina, contudo, ela não estava nem um pouco animada ou no clima para comemorações. Desde que acordara naquela manhã, a morena vinha se sentindo um pouco estranha, um tanto fora de órbita. Ela andava, falava, interagia, mas era como se uma parte do seu corpo não estivesse ali, como se de algum modo ela estivesse se vendo por fora, como se estivesse flutuando e observando tudo de longe, do alto. Era uma sensação angustiante, incomum e completamente inexplicável, mas que ela sabia exatamente o significado. Aquilo era somente a maneira que a vida havia encontrado para lhe avisar que sua estação de desembarque se aproximava, e que mais hora, menos hora, o trem seguiria sua jornada sem ter Chloe Madsen como sua passageira.

A britânica suspirou pelo que pareceu ser a sétima vez naquela noite e apoiou a cabeça na coluna de madeira ao seu lado, sentindo a garganta fechar e os olhos arderem pelas lágrimas que desde cedo insistiam em lhe fazer companhia. A morte era realmente surpreendente, não? Sempre nos pegava desprevenidos. Uma hora você estava com a pessoa, brincando, conversando, fazendo planos para o futuro, mas segundos, minutos, ou até mesmo horas depois, você se encontrava em cima de um caixão lamentando pela partida daquele que tanto significou para você. Já em outra ocasião, você era o próprio corpo dentro do caixão. Flores, velas, algodões enfiados no nariz e o corpo sendo pressionado em um pedaço de madeira para meses depois virar pó. Apenas pó enterrado no pó.

Era torturante pensar na morte daquela maneira, porque a enxergávamos sempre como sendo o fim de tudo, como a grande vilã que estava sempre disposta a acabar com a vida. Mas talvez a verdade não fosse aquela. Chloe preferia acreditar que, diferente do que as pessoas pensavam, a vida e a morte não eram opostas, muito menos rivais. Na verdade, elas eram irmãs, amigas, quase que a mesma coisa. E que após viver, amar, sonhar, desapegar e delirar, a morte seria aquela que fecharia o show da vida após aplaudi-la de pé. Ela era aquela que daria início a um novo começo, o começo da eternidade. E, quem sabe, não houvesse realmente um final ou uma linha de chegada, mas apenas um caminho diferente. Porque era dolorosamente triste ver o quanto a vida havia sido banalizada pelo próprio homem. Drogas, assassinatos, pragas, fome, preconceitos, doenças impregnando o mundo e ceifando muito mais do que o natural para se possuir uma evolução. Talvez, em meio a tanto caos, a morte fosse o escape que a humanidade necessitava para progredir, como uma espécie de saguão onde nossa alma pudesse transcender sem dores, medos, destruição, ódio ou crueldade. Quiçá ela fosse a porta para o tão sonhado paraíso.

Após aquele momento de devaneios bastante esclarecedores, a morena finalmente aceitou a sua sentença de que: em uma hora inevitável, mas não menos fatídica, ela morreria com a alegria de saber que deixou para trás alguém que a amou, que se preocupou e que iria querer vê-la novamente algum dia. Então, quando o seu corpo desse o último suspiro e o seu coração a última batida, ela apenas acolheria a morte como uma velha amiga.

Chloe apoiou suas mãos cobertas pelas luvas no parapeito da varanda, sentindo o vento extremamente gélido tocar sua pele tão clara quanto a neve sobre à cidade. Ela só precisava de um pouco de silêncio para que pudesse sentir o movimento da sua caixa torácica, ironicamente, provando fisicamente que ela ainda existia. Então a morena apenas fechou os olhos, permitindo que as lágrimas escorressem livremente por suas bochechas, levando consigo toda e qualquer dor que um dia ela chegou a sentir.

— E no final das contas, a vida acabou se revelando a imperfeição mais perfeita. — sussurrou em meio a outro suspiro, instantes depois de recuperar-se da crise de choro.

Quando ela enfim abriu os olhos, viu que os flocos de neve enfeitavam novamente as ruas. Então respirou fundo e enxugou suas lágrimas, apagando os vestígios daquelas que foram suas fiéis companheiras, mas que agora teriam o seu merecido descanso.

— Parece que você encontrou um lugar para se esconder. — Chloe olhou sobre o ombro, avistando Louise caminhando calmamente em sua direção, com um cobertor em mãos e um sorriso nos lábios — Está muito frio aqui fora, coloque isso ou vai acabar pegando um resfriado. — envolveu protetoramente o cobertor quentinho em torno do corpo da morena.

— Obrigada. — depositou um beijinho suave no nariz da Gutiérrez, pouco antes de enlaçar a cintura da mesma com seus braços.

— Por que está aqui sozinha e não lá dentro com o resto do pessoal? — questionou, erguendo as mãos para afagar carinhosamente as bochechas de Chloe, que haviam adquirido um tom mais rosado por conta do frio.

— Eu só precisava... pensar um pouco. — respondeu, sua voz saindo mais baixa do que pretendia e Louise logo notou que havia algo errado.

— Está tudo bem? — a preocupação em seu tom de voz era visível e a morena apenas sorriu.

— Está sim, não se preocupe. — desta vez, o beijo foi direcionado a testa da italiana, com a intenção de tranquilizá-la. Então, seus olhos se encontraram, e assim como em todas as outras vezes, Chloe se viu perdida naquela pequena tempestade que eram as orbes castanhas de Louise. Ela amava aquela coloração completamente única que os olhos da mesma possuíam. Lindos, profundos, e que a deixava completamente inerte.

— O que foi? — perguntou, estranhando o fato de Chloe a estar encarando tanto tempo sem pronunciar uma única palavra.

— Nada, eu só estou feliz por ter te conhecido. — respondeu com sinceridade e os lábios da italiana se ergueram em um belo sorriso, aquele de covinhas que a morena tanto amava — Sabe? Muitas coisas bonitas não podem ser vistas ou tocadas, apenas sentidas dentro do coração. E o que você fez por mim é uma delas, Ise. Por isso, eu gostaria de te agradecer por nunca ter desistido de mim. Por ter ficado ao meu lado mesmo eu sendo uma chata às vezes.

— Só às vezes? — elevou uma sobrancelha de modo sugestivo e a de olhos verdes riu — Você não tem que me agradecer por nada, Lo. Eu só queria que você fosse feliz.

— E eu sou. Posso te garantir que sou a mulher mais feliz desse mundo inteiro! — exclamou ao abrir os braços e desta vez quem riu foi Louise, agarrando a morena pela gola do casaco para poder beijá-la com todo o seu amor.

Assim como Chloe, ela também poderia garantir que era a mulher mais feliz do mundo. Nunca passou pela cabeça da italiana que a sua ida para a Inglaterra pudesse lhe trazer o grande amor da sua vida. Louise já havia se apaixonado, já havia se machucado, mas no exato momento em que seus olhos se cruzaram com os de Chloe depois de tantos anos, ela soube que seria eterno.

— Agora vamos entrar, estão todos nos esperando. — murmurou com a respiração entrecortada e a britânica apenas assentiu, não muito diferente dela.

As duas seguiram até a sala de jantar, onde todos já se encontravam prontos para dar início à tão aguardada ceia de Natal. Chloe sorriu ao encarar cada um ao redor daquela mesa. Seus pais, seus tios, seus primos; Amelia, Veronika, suas melhores amigas com seus namorados. Ela sentia em cada célula de seu corpo que aquele seria o seu último Natal, mas podia afirmar com todas as letras que seria o mais completo também. O único em que ela realmente sentiu toda a magia e todo o amor que aquela data tão especial representava.

— Bom, antes de darmos início à ceia, eu queria propor um brinde. — começou James, atraindo para si os olhares dos demais presentes — Um brinde a todos os fracassos e a todas as vitórias. Um brinde aos dias de chuva e frio que nos encheram de nostalgia e desanimo. Um brinde aos sorrisos, aos amores, às dores... Um brinde a todas essas coisas que nos aconteceram, pois foi graças a elas que aprendemos a dar valor àquilo que temos de mais precioso, a família. — ele sorriu, colocando um de seus braços em torno dos ombros de Karen para poder abraçá-la de lado — Então, um brinde a nós. Um brinde ao amor. — todos ergueram suas taças e brindaram.

O jantar decorreu animadamente, com os demais compartilhando histórias engraçadas e afetuosas, sorrisos genuínos e olhares confessos. Enquanto isso, Chloe apenas observava tudo atentamente, encantada com toda a energia positiva que emanava daquele ambiente. Foi então que, em um certo momento, a morena se deu conta de que não fazia a menor ideia de como iria se despedir de todas aquelas pessoas quando sua hora enfim chegasse. Ela não fazia a menor ideia do que fazer ou de que palavras dizer. Talvez o melhor fosse somente ficar em silêncio, deixar que o destino fizesse o seu trabalho. Seria doloroso, infinitamente doloroso, mas ela sabia que o tempo iria amenizar sua partida, que iria tornar o aperto no peito menos angustiante e, quem sabe, até arrancar das memórias mais sorrisos. Ao conformar-se com a ideia, Chloe balançou a cabeça para se livrar daqueles pensamentos e voltou a dar atenção às pessoas ali presentes, torcendo para que Louise não tivesse notado seu pequeno momento de torpor. O que não deu muito certo, já que a Gutiérrez estava sempre atenta a cada movimento da morena. No entanto, Louise decidiu não comentar nada e assim como a de olhos verdes, voltou a dar atenção a conversa divertida que os demais partilhavam.

Quando a ceia natalina chegou ao fim, todos se dirigiram até a parte externa da casa, onde a chuva de fogos começou a banhar o céu com toda a sua beleza e intensidade, fazendo assim, a noite se tornar ainda mais mágica e perfeita. A italiana passou seus braços ao redor da cintura de Chloe e repousou a cabeça no ombro da mesma; enquanto isso, um a um, os moradores iam saindo de suas casas para compartilharem o apreço por tamanha beleza que eram aquelas centenas de faíscas coloridas iluminando o céu acima de suas cabeças. A britânica sorriu e intensificou o aperto de seus braços em torno dos ombros de Louise, tentando aquecer seus corpos por conta do frio, enquanto sua mente divagava sobre o quanto as pessoas eram parecidas com os fogos de artifício. Ambos cresciam, brilhavam, se dispersavam, e depois se distanciavam. Mas ao invés de serem apagadas como os fogos, de alguma forma, as pessoas continuavam brilhando... para sempre

— Vem comigo. — murmurou no ouvido da italiana, que ergueu o rosto para encará-la confusa.

— Pra onde?

— Só vem. — foi o que disse antes de sair puxando a de olhos castanhos pela mão em direção a sua casa. Apesar de estar um pouco perdida, Louise não protestou, e em questão de segundos ambas já estavam dentro do quarto de Chloe.

— E então, por que você me trouxe aqui? — indagou ao retirar o casaco e as luvas.

— Porque eu queria ficar com você. Só nós duas. Comemorando o nosso Natal. — respondeu com um pequeno sorriso, aproximando-se da italiana.

— Isso me parece perfeito. — retribuiu o sorriso, pouco antes de puxar o rosto de Chloe para tomar os lábios dela nos seus. Não importava a quantidade de beijos que ambas já haviam trocado, cada vez que seus lábios se encontravam, era como se fosse a primeira vez — O que você fez comigo, Chloe Madsen? — a voz de Louise não passou de um sussurro entrecortado devido à respiração ofegante — Você apareceu e bagunçou por completo toda a minha vida.

— Uma bagunça boa ou uma bagunça ruim? — perguntou igualmente ofegante e a Gutiérrez soltou uma pequena risada.

— Uma bagunça boa. Muito boa, na verdade. A melhor de todas. — respondeu com sinceridade ao acariciar a nuca da morena, deixando-a levemente arrepiada.

— Eu poderia dizer o mesmo de você, sabia? — elevou uma de suas mãos para afastar uma mecha de cabelo da frente dos olhos de Louise — Eu estava tão quebrada, tão destruída. Mas então você chegou e mesmo que eu tenha te implorando para se afastar, você apenas ficou. — Chloe a olhou profundamente — Você foi à morfina da qual eu necessitava para enfrentar todas as minhas dores. Eu me tornei porcelana quebrada, colada novamente, e sou infinitamente grata a você por isso, Ise. No entanto, eu ainda não entendo o porquê de você ter escolhido a mim.

— Porque você era apenas o meu tipo de pessoa perfeita. — a italiana colou suas testas — É como a gravidade. Coisas importantes me atraem. — sorriu emocionada.

— E eu era algo importante. — concluiu.

— Você não era. Você é algo importante, Lo. E sempre será. — aquelas palavras aqueceram o coração da britânica.

— Eu te amo. — declarou após alguns instantes de silêncio, e os olhos de Louise se tornaram marejados tamanha intensidade com que aquelas três palavrinhas saíram dos lábios de Chloe.

— Eu também te amo. — murmurou contra os lábios da morena — E isso já basta para me fazer feliz.

Elas sorriram em meio às lágrimas e novamente se beijaram, transmitindo através daquele pequeno, porém tão significativo gesto, o quão importante eram uma para a outra. E foi assim que ambas deixaram que seus corpos dançassem em um ritmo perfeito, único e somente deles. Todos aqueles sentimentos à flor da pele, todos aqueles toques singelos, aqueles sorrisos abertos e a troca de olhares tão intensa e vultosa. Aqueles corações acelerados, aquelas borboletas no estômago, aquelas respirações descompassadas, os corpos suados e em chamas devido ao fogo flamejante da paixão. Elas não trocaram palavras, pois estas um dia seriam esquecidas pelo tempo. Elas apenas trocaram sensações, desejos, temores, amores. Elas não precisavam gritar ao vento tudo o que sentiam uma pela outra, para isso bastava apenas se amarem, pois era exatamente aquele amor que reinaria eternamente perante todo o infinito. Ambas queriam permanecer naquele momento para sempre, mas aí não seria um momento.

Louise havia sido a melhor surpresa que acontecera na vida de Chloe durante aqueles últimos meses. Normalmente diziam que as melhores coisas da vida chegavam sem avisar, e havia sido exatamente assim com relação a italiana. Tudo havia acontecido de modo tão natural, tão intenso, tão complexo e extraordinário, como se o encontro das duas já houvesse sido planejado pelo destino, com dia e hora marcada para acontecer. Ela havia simplesmente aparecido e feito dos dias mórbidos e nocivos da morena, bem mais alegres e saudáveis. A italiana estava lá, sempre a postos para ajudá-la, dedicando boa parte de suas noites a ficar velando o sono de Chloe, sempre sussurrando palavras de conforto todas às vezes que a mesma começava a se debater por conta de um pesadelo. Louise era o seu porto seguro, o farol que iluminava e acalmava as tempestades em seu interior. Chloe a amava tanto. Amava acordar mais cedo todos os dias somente para observá-la dormindo. Amava admirar a forma como os cabelos da italiana caiam em perfeita ordem sobre o travesseiro. Amava a forma como seus lábios se entreabriam minimamente para permitir a passagem de ar. Amava a forma como as bochechas dela coravam levemente sempre que acordava e dava de cara com a mesma a fitando, ou então na forma que os lábios de Louise sempre se erguiam em um belo sorriso após cumprimentá-la com um beijo de bom dia. A morena amava todas aquelas pequenas coisas e as levaria consigo para muito além da vida.

A chuva de fogos do lado de fora da janela continuava intensa, enquanto iluminava seus corpos suados e em completo êxtase sobre aquela cama bagunçada. Ambas se encaravam de forma intensa e até mesmo com um certo ar de luxúria; enquanto isso, a Gutiérrez tentava guardar em sua mente cada mínimo detalhe da face perfeitamente esculpida de sua amada. Chloe possuía uma beleza extraordinária e Louise amava tudo nela. Seus defeitos, suas qualidades, a forma como a mesma ficava tão compenetrada escrevendo seus belíssimos poemas, ou como suas sobrancelhas tão marcantes se franziam em uma adorável careta sempre que era contrariada. De fato, era uma tarefa impossível conhecer Chloe Madsen e não se apaixonar por ela. A britânica era única, e a italiana sentiria falta de acordar todos os dias com aqueles encantadores olhos verdes a fitando com tanto carinho e intensidade. Sentiria falta de seus lábios, de seus abraços, de ter o corpo dela colado ao seu. Louise viu muito mais do que somente a face de Chloe. Ela viu a sua alma. Ela ouviu o que a mesma não disse. A sua confusão em meio a tudo, o rosto tranquilo, mas o olhar confuso, perdido. Louise amou a bagunça de Chloe. Ela lhe era amarga, mas era parecida com a sua, então ela amou. E mesmo que ainda não estivesse preparada para dizer o tão temido adeus, a italiana sabia que não existia vida sem despedidas.

[...]

Chloe acordara no meio da madrugada sentindo fortes dores em sua cabeça, como se estivesse sendo acertada diversas vezes por um martelo ou algo do tipo. Uma dor tão intensa que a mesma se encolheu sobre a cama, a cabeça entre as pernas, tentando se acalmar. Aquela posição fez com que seu estômago se revirasse de diversas maneiras em seu interior, enquanto cada mínimo pedaço de seu corpo parecia estar sendo rasgado ao meio. Sentindo-se completamente agoniada em relação a todas aquelas dores, a morena tentou se levantar para jogar um pouco de água no rosto, já que aquilo sempre a ajudava. Entretanto, ela se deu conta de que, mesmo que houvesse tentado, nada no mundo havia lhe preparado para o que estava por vir. Ao pôr os pés no chão, Chloe sentiu como se todos os seus ossos estivessem se quebrando, um a um, tudo ao mesmo tempo. A dor era tanta que gritos desesperados e agonizantes escaparam de seus lábios, enquanto ela enfiava suas unhas com força no colchão.

Louise acordou em um sobressalto ao ouvir os gritos de Chloe, e mesmo que um pouco atordoada, em um movimento rápido, a italiana se levantou e foi até a morena. Seu coração estava completamente descompassado e a mesma se perguntava se a de olhos verdes havia tido mais um de seus torturantes pesadelos. Mas o que seus olhos captaram a seguir foi completamente aterrorizante.

— Chloe! Meu Deus! — exclamou pondo as mãos sobre a boca, assustada ao ver a quantidade de sangue que saia do nariz da namorada, e em completo desespero, a italiana correu até o banheiro para pegar algumas toalhas.

Chloe tinha sua visão inteiramente distorcida, mas só veio entender o sobressalto de Louise quando sentiu algo quente molhar sua blusa. Um pouco relutante, a britânica abaixou os olhos e viu que boa parte de seu corpo estava coberto por aquele líquido vermelho, inclusive a cama. Ela então se viu completamente apavorada, principalmente pelo fato de que ainda saia sangue em um fluxo relativamente forte de seu nariz.

A italiana voltou às pressas para o quarto e se ajoelhou ao lado da amada, o rosto banhado pelas lágrimas, tão assustada quanto Chloe. Rapidamente Louise a entregou uma toalha na intenção de conter o sangramento; tudo em vão, pois em questão de segundos a toalha já se encontrava completamente encharcada. A morena sentia todo o ar ser drenado de seus pulmões, e então as grossas lágrimas começaram a rolar livremente por suas bochechas, enquanto seu coração batia tão rápido em seu peito que talvez fosse até capaz de danificar sua caixa torácica.

— C-Chloe... Meu amor... — as palavras saíram entrecortadas dos lábios de Louise, não passando de um sussurro. A italiana estava sem chão, completamente apavorada e desnorteada ao ver sua namorada naquele estado.

— Eu... Eu estou b-bem... — tentou falar, mas sua voz saiu tão rouca que nem ela mesma a reconheceu.

— Não, você está... — Louise passou as mãos pelo rosto enxugando as lágrimas, enquanto tentava pensar em algo coerente para fazer perante aquela situação — Você tem que ir para um hospital agora! — entregou-lhe mais uma toalha e a mesma não ficou muito diferente da outra.

— Céus! — a exclamação saiu dos lábios de James no exato instante em que ele abriu a porta do quarto e se deparou com sua filha naquele estado — Fiquem aqui com ela e tentem conter o sangramento. Eu vou chamar a emergência! — avisou atropelando as próprias palavras, amedrontado, antes de sair a toda velocidade com o celular já em mãos.

— Chloe... — Karen murmurou assustada ao aproximar-se de forma cambaleante. Ela estava completamente sem ação ao ver sua garotinha naquele estado — Oh, minha filha. — desabou em um choro angustiado, enquanto sentava-se ao lado de Chloe para abraçá-la apertado.

— Não foi n-nada, mãe... Eu e-estou... — a morena não chegou a concluir suas palavras, pois os enjoos vieram com força total e a mesma se viu despejando todo o seu jantar no chão. O gosto ruim logo invadiu sua boca enquanto a ânsia se tornava cada vez mais forte.

— Vai ficar tudo bem, meu amor. Eles já estão chegando. — Louise tentou sorrir enquanto ajudava Chloe a pressionar mais uma toalha contra o seu nariz, mas os soluços que escaparam por seus lábios a impediu de concretizar tal ato.

As dores de Chloe estavam aumentando de maneiras inigualáveis conforme os minutos iam se passando, assim como a quantidade de toalhas ensopadas pelo líquido vermelho e pegajoso também. A morena já podia até sentir a leveza tomar conta de seu corpo devido à quantidade de sangue que estava perdendo, e aquilo só contribuiu ainda mais para o desespero de Louise e Karen, que pediam a todo custo para a mesma permanecer consciente. Mas aquela havia se tornado uma tarefa bem difícil, já que os olhos de Chloe pareciam pesar uma tonelada. Ela sentia-se cansada, esgotada, sem forças nem mesmo para respirar, e tudo o que seus ouvidos captaram antes de ela ser levada pela completa escuridão, foram às sirenes da ambulância juntamente com os apelos da italiana para que ela não a deixasse. Mas ambas sabiam que àquela altura do campeonato, ir ou ficar já não dependia mais dela.


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