Uma semana depois, sábado de manhã, lanchonete do Jiraya…

— Você não vai acreditar – disse Ino para Naruto, assim que ele se sentou na frente delas. – A gente cronometrou e advinha quanto tempo conseguimos prender a respiração embaixo d’água? Quinze minutos – ela estirou a mão e Sakura, que estava terminando de comer um sanduíche, bateu na mão dela em comemoração. 

— Isso é impressionante – ele elogiou as duas. 

— Acho que a gente aguenta mais tempo se tentar – disse Ino. 

— Será? – Sakura a desafiou. 

— Acha que pode me vencer? – Ino se virou para ela.

— Eu tenho certeza – Sakura respondeu com um sorriso convencido. 

— Vocês estão bem felizes com isso – Naruto percebeu. 

— Estamos – Ino respondeu. 

— Nós duas sim – disse Sakura apontando com a cabeça quando Hinata entrou na lanchonete. 

— Oi – Ino a cumprimentou assim que ela se sentou ao lado de Naruto. – Por que não atendeu o celular? A gente te ligou. 

— Para que? – Hinata perguntou na defensiva. 

— Para nadar, você tem que vir, a água tá um delícia – Sakura pediu. 

— Eu não quero saber – Hinata se negou. 

— Não pode fugir da água para sempre, você é metade peixe agora – disse Naruto. 

— Tenho coisas mais importantes para me importar – a garota cruzou os braços. 

— Tipo? – Ino perguntou.

— As tartarugas, sabiam que uma tartaruga ficou presa numa rede de pesca hoje? E não é a primeira vez que isso acontece essa semana. Isso é importante – respondeu Hinata. 

— Não acredito no que eu tô ouvindo – disse Sakura começando a ficar irritada. 

— O quê? – Hinata estranhou. 

— Deixa de ser hipócrita! – Sakura atirou. 

— O que você quer dizer com isso? – Hinata se sentiu acuada.

— O seu pai é pescador, são as as redes dele que pegam as tartarugas – Sakura respondeu apontando o óbvio.

Hinata ficou em choque por um momento. 

— Não é verdade, o meu pai não faria isso – ela se negou a acreditar. 

— Sério? – Sakura ergueu uma das sobrancelhas.

Hinata saiu dali.

. . . 

Mais tarde…

— Eu falei com o meu pai e ele negou tudo – disse Hinata assim que viu as duas caminhando pela orla da praia. 

— Lamento te informar, mas a gente tava lá, o barco dele tava nadando em águas que não devia e com redes impróprias – disse Sakura. 

— Não pode ser verdade – disse Hinata se recusando a acreditar. – O meu pai não faria isso. 

— É verdade – Ino apertou a mão dela. – Sinto muito.

Hinata saiu dali e foi até a praia, o lugar onde Naruto relaxava. 

— Oi – ele a cumprimentou quando a viu. – Tudo bem?

— Eu não sei o que fazer, eu tenho medo – Hinata confessou. 

— Tudo bem, todo mundo tem medo de alguma coisa, mas você é incrível – Naruto a incentivou.

— Só porque eu tenho esses poderes, não quer dizer que eu seja incrível – disse Hinata se afastando. 

— Eu não tava falando dos poderes – Naruto murmurou.

. . . 

Domingo de manhã…

No dia seguinte Hinata decidiu seguir o barco de seu pai, precisava ver com os seus próprios olhos o que estava acontecendo. 

— Hinata? O que tá fazendo aqui tão cedo? – Naruto perguntou surpreso quando a viu no cais, ele segurava uma vara de pesca. 

— Quem é aquele? – ela perguntou ao ver um homem que não era seu pai entrando no barco da família. 

— Seu pai é que não é – disse Naruto. 

— Vai chamar as meninas, eu vou seguir o barco do meu pai e ver o que tá acontecendo.

Então Hinata prendeu a respiração e pulou na água. Não demorou para sua cauda aparecer e tentou nadar, mas se desesperou quando não conseguiu, só ia afundando mais e mais, logo ia ficar sem… fôlego? Não se sentia perdendo o fôlego. Como era mesmo que Ino falava? Tinha que usar as pernas, só que agora o que tinha era uma cauda, então a balançou instintivamente e conseguiu se empurrar para cima. Era… fácil. Fácil demais. Como podia ter sentido medo antes?

Hinata sorriu embaixo d’água e nadou atrás do barco do pai.

Alguém estava usando o barco dele de forma ilegal e precisava provar isso.

. . . 

— Gente – Naruto encontrou as duas perto da casa de Ino. 

— O que foi? – Ino perguntou. 

—  A Hinata – ele tomou fôlego, tinha corrido muito. 

— Cadê ela? – Ino perguntou preocupada. 

— Tá na água – ele respondeu. 

— Até que enfim – Sakura sorriu. 

— Não, vocês têm que ir atrás dela – disse Naruto.

As meninas correram em direção a praia depois que Naruto explicou a situação.

. . .

Sakura e Ino nadavam o mais rápido que podiam, Sakura tinha razão quando disse que podiam nadar tão ou mais rápido do que os golfinhos. Até que viram Hinata presa em uma rede. Ino apontou para cima enquanto Sakura ia até Hinata esquentando a rede debaixo da palma da mão para derreter, era mais difícil usar o poder embaixo d’água.

A rede parou de ser puxada para cima e Sakura deduziu que Ino congelou o equipamento. Depois que Sakura derreteu algumas partes da rede foi mais fácil rasgar e libertar Hinata.

As duas empurraram Hinata para cima e ela pode enfim respirar tranquila. 

— Você tá bem? – Sakura perguntou. 

— Sim, eu entrei em pânico, não sabia que podia prender a respiração por tanto tempo, e aí lembrei do que vocês disseram e sabem de uma coisa? Perdi a conta depois de dezesseis minutos – Hinata disse aliviada.

— Isso é bom, mas a gente tem que ir – disse Ino antes de mergulhar.

. . . 

Domingo à noite, na lanchonete de Jiraya…

— E aí? – Sakura perguntou assim que Hinata se sentou ao lado de Naruto. 

— Contei pro meu pai sobre o que aconteceu. 

— E como você explicou que sabia sobre as redes e as tartarugas? – Ino perguntou. 

— Disse que tinha ouvido por aí – Hinata deu de ombros.

— E como foi nadar, você sabe, na forma de sereia? – Naruto perguntou baixinho. 

— Foi demais, vocês tinham razão, é incrível – Hinata sorriu feliz. – Nem acredito que um dia eu já tive medo do mar.