Retratos da família Inuzuka Aburame. escrita por Deby Costa


Capítulo 7
Capítulo 7- Sr. e Sra. Rabbit


Notas iniciais do capítulo

A fanart que inspirou esse capitulo, ( e que esta presente no corpo do texto) é mais uma obra prima da @rasqueria. Tara para os íntimos!

Lembrando que outra vez o capitulo não foi betado, mas foi escrito com muito carinho.

Boa leitura.



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O álbum de retratos dos Inuzuka Aburame não era composto apenas pelas memórias de Shino, Kiba, ou as de seus filhos. Pessoas importantes para os quatro, eventualmente, também contribuíam para que o acervo de recordações da família fosse único. Uma dessas pessoas era Hana. A Beta não escondia de ninguém o quanto era feliz por ter tal honra, principalmente quando o assunto era seus sobrinhos. No que dependesse da médica de bichinhos, como os gêmeos costumavam lhe chamar, Sora e Himeko teriam belas lembranças nas páginas que ainda seriam incluídas naquele acervo…

— Pirralhos… — Sua animação era notável, quando o interfone soou no interior de seu consultório veterinário. Pelas imagens da câmera de segurança, Hana podia ver quem havia tocado a campainha. — Estão prontos?

A pergunta foi feita aos dois sobrinhos e também a Ito, que frequentemente acompanhava os gêmeos nas visitas que os dois faziam ao seu local de trabalho.

— Sim! — A resposta tripla e carregada de expectativa fez Hana sorrir.

A Beta amava tudo aquilo. Ela adorava apresentar coisas novas para os pequenos, e isso não excluía o filho de Torune e Fū, pois há tempos havia adotado o menino como sobrinho de coração. Livre da obrigatoriedade que a educação e formação de valores impunha aos pais deles, ela jamais se isentou de participação no desenvolvimento do caráter e aprendizagem daquelas três criaturinhas por quem era completamente rendida.

Sora, Himeko e Ito, eram um gostoso bálsamo na agitada rotina de seu consultório, que ao longo dos anos vinha se tornando conhecido, resultando num aumento significativo nos atendimento e consequentemente numa sobrecarga de trabalho para ela, que se questionava se não seria interessante buscar uma sociedade e montar uma clínica mais confortável, aliás, esse sempre foi o seu maior sonho.

— Então… — Empenhada em tornar o dia das crianças inesquecível, afinal seria a primeira vez que elas teriam contato com mamíferos herbívoros pertencentes à classe lagomorpha. Animais totalmente diferentes de ninkens, aos quais eles estavam familiarizados. — Precisam me fazer uma promessa, certo?

Deixados pelos pais antes de ambos os casais irem para seus respectivos compromissos, as três crianças estavam ansiosas para conhecer o Sr. e a Sra. Rabbit, coelhinhos que haviam sido abandonados numa caixa de madeira em frente a floricultura dos Yamanakas, localizada a poucos metros do seu local de trabalho. Yamanaka Ino, que estava aguardando a médica abrir o portão, foi quem os encontrou. Sem saber como cuidar dos peludinhos, a Alpha acabou os levando até Hana, tanto para realizar um check-up médico, quanto para serem colocados para adoção. Algo que a médica não julgava ser difícil devido à fofura dos peludos, e mais ainda pelas inúmeras vantagens de se ter coelhos, como animais de estimação. Muita gente conhecia a fama da espécie. Além de ótimos companheiros para seus donos, os bichinhos eram bastante inteligentes, muito dóceis e carinhosos.

Espero que aquela Alpha tenha cuidado deles direito.

 Hana balançou a cabeça para afastar a preocupação repentina, e só então, se voltou para as crianças de novo:

— A partir de agora, os três terão que me prometer fazer silêncio para não assustar os coelhinhos. Acham que conseguem?

— Eu consigo! — Himeko deu um pulinho. A garotinha era pura alegria aquela hora, o que era uma novidade, considerando o quão mal-humorada geralmente era durante a parte da manhã.

— Eu também! — Ito ergueu a destra e respondeu tão alto que Hana não duvidava que os transeuntes na rua tivessem escutado.

— Hum! — Sora sussurrou antes que Hana lhe perguntasse algo. O olhar dele a fazia crer que o menino foi o único que compreendeu sua orientação.

— Okay! — Não adiantaria exigir atitude diferente por parte de Himeko e Ito, dadas suas personalidades inquietas. Só esperava que os coelhos não estranhassem tamanha agitação. — Apenas se comportem, pois, precisarei de vocês como meus ajudantes hoje.

Os olhinhos dos três  brilharam. Para eles, a médica veterinária era uma referência. Hana representava em suas vidas, uma fonte de amor e segurança a mais, além dos avós e dos pais. Ito também pensava assim. O menino amava Hana-obasan, com a mesma intensidade com a qual Himeko e Sora amavam, os dois últimos ainda possuíam um maravilhoso adendo de tê-la como uma rica fonte de "causos" referentes ao passado, segundo ela mesma, vergonhoso de Shino e Kiba.

— A gente promete que fica quietinho! — Himeko foi a porta-voz do trio. Ela temia que a tia jamais abrisse aquele portão.

Hana bagunçou os cabelos da menina, achando adorável como ela tão naturalmente tomava a dianteira dos meninos, postura que fazia jus ao que Tsume dizia sobre a neta: Himeko possuía aura de Alpha, embora não fosse uma. Algo que Kiba sempre desejou, mas Kamisama não havia sido tão generoso com o coitado.

— Então, vamos iniciar o dia, pirralhos! — Finalmente Hana liberou a passagem de Ino.

Após breves minutos, a Yamanaka mostrou o rosto através da fresta da porta entreaberta, antes de escancara-la  por completo.

— Ohayo! — A saudação à la Ino, alta e animada como sempre, agitou mais os pequenos. Hana, que mesmo frisando antecipadamente sobre a importância do silêncio na área de atendimento, não conseguiu evitar sorrir quando a recém-chegada entrou em seu campo de visão.

— Chegamos! — Ino ergueu o transporte onde estavam o Sr. e a Sra. Rabbit. Curiosas, as crianças se aproximaram da Alpha, impedindo-a de caminhar— Ei, vão com calma, pestinhas!

A garota chamou a atenção das crianças, mas seu foco era os olhos de Hana, que sem jeito, desviou o olhar. Ficar sem graça diante da outra era algo que vinha lhe acontecendo com frequência, desde que a amiga de infância de seu irmão caçula passou a criar oportunidades para se enfiar em qualquer programa que Hana fizesse na companhia dos sobrinhos e de Ito, que além de primo da mais nova, visto que Yamanaka Fū era tio da Alpha, era também afilhado dela.

— Sora, Himeko, Ito… — Após alguns segundos, Hana encontrou a própria voz para repreender os pequenos pelo barulho que estavam fazendo. — O que conversamos agorinha, hein?— Calou-se por alguns instantes antes de cumprimentar a loira —  Bom dia, Ino.

— Doutora! — Ino seguiu falando alto, no entanto…

 Discretamente, Hana caminhou até o balcão de atendimento e  inclinou a cabeça mostrando para a outra um quadro de avisos, onde um simpático ninken usando jaleco e estetoscópio em volta do pescoço, sinalizava com o indicador da pata dianteira que ali era um lugar que se priorizava o silêncio

Ao perceber seu mau exemplo, a jovem se desculpou:

— Ops! Me perdoem, foi mal… Onde coloco esses dois ilustres pacientes?

— Pode colocar o transporte aqui, por favor.  — Sem se dar conta, a Inuzuka colocou uma teimosa mecha de cabelo que lhe cobria o olho, atrás da orelha. 

Ino não podia ficar mais feliz, por já ter notado que a Beta realizava aquele gesto sempre que estava nervosa. 

— Prontinho. —  Ino disse e cedeu espaço para que as crianças se aproximassem do balcão.

— Obrigada, Ino. — Hana agradeceu e achou melhor focar nos bichinhos para ter certeza que estavam bem. Não queria prestar atenção na loira, que continuava observando-a.

 Ino era perspicaz e não perdia tempo.

— Eis aqui sua escrava, doutora. — A Alpha jogou charme antes de cruzar os braços e encostar na parede.

Hana tinha certeza de que as suas bochechas estavam vermelhas àquela altura. Ela não negava. Inicialmente as investidas da Alpha a incomodaram bastante. Na época que tudo começou, a Beta ainda via Ino como a moleca que gostava de implicar com seu otouto quando ambos eram pirralhos, mas com o tempo e a proximidade entre elas, começou a perceber o quanto a jovem havia amadurecido. Atualmente a presença forte e jovial da loira não só lhe fazia bem quanto lhe fazia falta, algo que nunca teria coragem de admitir em voz alta…

Enxotando o pensamento inconveniente para longe, Hana retornou ao projeto inicial para aquela manhã de sexta. Tornar o dia de seus sobrinhos especial. 

— Meninos… — A médica fez suspense para implicar com os pequenos shifters. — Vocês estão prontos para conhecer o Sr. e a Sra. Rabbit?

Os três se entreolharam e, após quase duas horas desde a chegada do trio ao local, não titubearam em respondê-la com um sonoro e empolgado.

— SIM!

A afirmativa, que veio em letras garrafais e repleta de euforia, acabou sendo a responsável por despertar um ressabiado Himaru, que até aquele momento estava escondido, cochilando sob a bancada. O ninken adorava Hana-obasan, mas detestava ir ao seu consultório. O motivo? Ainda estava fresca em sua memória todas as vacinas que tinha tomado antes de ser entregue sob os cuidados de Himeko, há pouquíssimos meses.

— Me dê uma ajudinha aqui. — Sem outra opção, Hana pediu a mulher à sua frente. Temia pedir a ajuda de uma das crianças, porque os coelhos poderiam fugir assim que abrisse a porta do transporte. Ainda eram filhotes, se caíssem do tampo de madeira teriam ferimentos graves e todo cuidado era pouco.

— Com prazer, doutora.

Dessa vez, Hana não demonstrou incômodo por conta do gracejo. Após abrir a caixa, ela esperou alguns segundos por alguma reação dos animais, e assim que a obteve, os chamou baixinho:

— Ei, amiguinhos… — Os coelhos reconheceram sua voz, por isso ficaram tranquilos com a sua proximidade. — Tem um pessoalzinho aqui querendo conhecer vocês dois.

Como era o mais curioso, o Sr. Rabbit foi o primeiro a sair do transporte. Explorador nato, uma das principais características da espécie, o coelho começou a farejar o ar ao seu redor, esta  era a maneira mais fácil dele se conectar com o ambiente.

— Uau! Ele é muito lindo! — Himeko foi a primeira a se manifestar. A voz estridente da menina fez Himaru latir. O barulho e a movimentação repentina do ninken, que foi até a tutora querendo ver de perto o animal, afugentou o coelhinho, que retornou com rapidez impressionante para dentro da caixa plástica.

— Himaru, seu feioso! — Zangada, a pequena Beta brigou com o cão.

Chateado, O ninken aninhou-se atrás de Sora. O Ômega sempre o defendia quando a menina brigava com ele.

— Tsc! — O menino estalou a língua antes de acariciar a orelha do Ninken e na sequência lançou um olhar enviesado para a irmã. Munido de suavidade, ele parou o afago que fazia em Himaru e colocou sua mão direita próximo à porta da gaiola.  Não demorou para o Sr. Rabbit se achegar a destra que lhe era estendida com tamanha delicadeza.

— Oi! Sr. Coelho, muito prazer. Eu me chamo Sora. — Cheio de mesura, o Ômega aproximou o rosto da quina da mesa. Paciente, ele esperou que o animal saísse da pseudo-toca e confiasse nele, a ponto de encostar o focinho em seu nariz.

      Surpreso, Sora começou a rir alto à medida que o peludo insistia em lhe cheirar.

— Aê, minishino! O peludinho gostou de você. — Divertida, Ino implicou. Estava adorando ouvir o som daquelas gargalhadas,  algo raro em se tratando daquele Ômega, que por muitas vezes era tão parecido com o pai Alpha que dava medo. 

Querendo sentir as mesmas sensações que Sora experimentava, as outras duas crianças se juntaram a ele. O coelhinho se deixou acariciar. Até Himaru fez farra festejando o novo amigo. Entre afagos, cheiros e elogios sobre a maciez e a fofura do Sr. Rabbit,  Ito notou algo estranho no ar.  

— Por que a mulher dele não sai logo do transporte? — Ele expôs a questão. Sem muita delicadeza, algo bem comum ao garoto, Ito sacudiu a caixa, fazendo a coelhinha se assustar e consequentemente se encolher no pseudo-esconderijo. — Ei! Sai daí, eu quero ver você, coelha!

— Assim ela ficará com medo de você, seu bobo. Sora pegou o outro Ômega pela mão e o afastou da bancada. Insatisfeito com a intromissão do primo, Ito lhe mostrou a língua e em seguida fez um biquinho aborrecido.

A atitude dos dois Ômegas fez as duas adultas rirem. Aqueles irmãos de casta viviam se bicando devido suas personalidades nada parecidas. Um ano mais novo, Ito era miúdo e possuía traços delicados e angelicais, mas o loirinho de olhos verdes era genioso que só! Sora, ao contrário, trazia na fisionomia e na constituição física, a robustez herdada dos Alphas do clã Aburame, embora seu tom de voz e atitudes fossem de uma sensibilidade ímpar. Tais peculiaridades causavam um lindo e curioso contraste entre os dois meninos, mas fora do núcleo familiar essas mesmas diferenças estimulavam insensíveis e implacáveis comparações entre os dois. 

— Aff! Vocês são muito chatos! Por isso a mulher do coelho não quis conhecer nenhum dos dois. — Himeko resmungou, enquanto acariciava o outro orelhudo.

Naquela hora, Hana e Ino trocaram olhares. Era como se as mulheres pudessem ler a mente uma da outra. No quesito personalidade diferenciada, Himeko ganhava de lavada da dupla de Ômegas. Cansada da picuinha do irmão e do primo, a pequena Beta deixou o Sr. Rabbit de lado e empurrou os dois meninos para longe do balcão. 

Soberana, como o próprio nome sugeria, Himeko falou:

— Oi! Garota, não liga pra esses bobões. Aqui, só eu e o Himaru somos legais. — O tom mais alto agitou ainda mais a coelha. O que era compreensível, já que ambos os animais haviam passado por poucas e boas até chegar a um ambiente seguro. 

Percebendo a ansiedade dos animais com tanta falação ao redor, Ino tomou a frente do trio e resgatou o coelho que estava desorientado sobre a mesa, colocando-o no colo.

— Sim. Ela está com medo, afinal ela não conhece nenhum de vocês. — Delicada, Hana afastou Himeko e ocupou seu lugar. — Temos que ter um pouquinho de paciência, ao menos até que ela se acalme e queira conhecê-los.

A médica buscou obter a confiança da coelha e assim que conseguiu, trouxe a bolinha de pelo para fora, aconchegando-a em seus braços. A Inuzuka coçou as orelhas dela antes de se sentar no chão em posição semelhante a de lótus. Dessa forma poderia acomodar a bichinha confortavelmente em seu colo. 

— Além disto… — Ino se intrometeu, enquanto passava a mão sobre os pelos branquinhos do coelho. — Não dizemos que a Sra. felpuda, é uma mulher. Entendeu, pestinha? 

A forma como o afilhado havia se referido ao animal não havia lhe passado despercebido. Sobre o fato de tratar-se de um filhote, não daria explicações para o garoto, mas, a exemplo da mulher à sua frente, sempre que tinha oportunidade, a Yamanaka corrigia e ensinava coisas novas a Ito, tal como seu tio Fū fazia com ela no passado.

— Dizemos que ela é uma fêmea. — Hana concluiu a explicação que a outra iniciou.

— Eu sei que a mulher do Sr. Rabbit é uma fêmea. O sensei do youchien nos disse. Não foi, Sora? — Himeko estava confiante ao fazer aquela afirmação. De fato, os gêmeos estavam aprendendo muitas coisas na pré-escola e todas as vezes que tinham a chance de trazê-las para as conversas com os adultos, não perdiam a oportunidade. 

Como quem sabe o que está prestes a dizer, Ito colocou as mãos na cintura e empinou o nariz. 

— Ah! Já sei…— A postura do Ômega era semelhante a da prima, pelo menos até antes dele lançar a pérola, que daquela hora em diante traria o motivo pelo qual aquele dia seria lembrado por muitos anos. — Então, o Sr. Rabbit é o fêmeo' da Sra. Rabbit.

As gargalhadas de Ino ecoaram no interior do consultório assustando o casal de coelhos. Confuso, Ito franziu o cenho, pois ele não compreendeu a atitude sem freios da madrinha. 

Hana repreendeu a jovem com o olhar, mas morria de rir por dentro.

— O Sr. Rabbit não é fêmeo’, Ito. — Didática, Hana explicou. Diferente dos primos, o menino tinha entrado na pré-escola com certo atraso devido à demora dos órgãos responsáveis em conceder a guarda definitiva do garoto para Torune e Fū. — Dizemos que ele é macho. 

Ito ergueu a sobrancelha direita como se desconfiasse daquela informação. 

Encostada na parede próxima à porta de entrada, a única Alpha no recinto gargalhou com gosto, causando indignação e desconforto em Himeko. 

— O que é tão engraçado? 

 Altiva, a garota se colocou de pé junto ao menino. Himeko quase o enforcou tentando o proteger num possessivo abraço, mal parecia ela que o havia acusado de ser chato, minutos antes. Solidário a dona, Himaru também se pôs ao lado do menino. Tutora e ninken sempre estavam prontos para defender Ito, de Alphas, Betas, Ômegas. Qualquer ser, ou coisa que ousasse tirar sarro ou fazer mal ao menino. A atitude zelosa da dupla para com o pequeno era tão recorrente, que Sora nem se dava mais ao trabalho de sentir ciúmes da relação dos três…

—Hm… — Hana pigarreou. Seguir o exemplo da loira só pioraria as coisas.

 Ino moveu os lábios: “Desculpa.”  Em seguida escondeu o rosto no pelo macio do coelho e respirou fundo. 

As bochechas da Alpha estavam tão rubras quanto as marcas do clã Inuzuka que Hana e os gêmeos traziam nas bochechas. Enquanto a loira tentava controlar a crise de riso, Hana compreendia o porquê de gostar tanto da presença da outra mulher junto a si.

— Venham cá. — Determinada a dar um tempinho para que Ino se recuperasse do surto, Hana chamou as crianças antes de retirar uma cenoura que estava no bolso do seu avental. Ela deu o legume para a coelha, que passou a devorá-lo apressadamente. — Sentem-se aqui. 

As crianças fizeram o que a tia ordenou. Os gêmeos se acomodaram ao seu lado, Ito a princípio ficou atrás dela. Ele ainda estava ressabiado devido aos últimos acontecimentos. Então, Hana se levantou e o fez se sentar em seu lugar. Queria que o ômega segurasse a coelha e sentisse o quanto ela era fofa. 

Minutos depois, mais recuperada da crise de riso, a Yamanaka colocou o coelho macho junto a fêmea, logo os dois estavam dividindo a cenoura. 

— Uau! Olha, Ito! Eles estão comendo.

— Estou vendo, Himeko! Olha, Sora!

Tão hipnotizado quanto a irmã e o primo, embora disfarçasse bem melhor, Sora arregalou os olhos. 

  Repletas da inocência comum àquela faixa etária, as três crianças esqueceram da súbita problemática com Ino, e mais ainda as orientações da tia relacionadas ao barulho e à agitação em seu local de trabalho. Nenhum deles se preocupou em conter o riso. 

— Acho que eles ficarão bem agora. — Ino comentou ao se juntar a médica que havia se encostado na parede. Tudo indicava que os coelhinhos estavam mais receptivos mesmo com a movimentação ao redor deles, então não havia com o que preocupar.

— Hum-hum… acho que sim. — A médica cruzou os braços e passou a admirar a cena. Ela estava tão empenhada em proporcionar uma experiência inesquecível para os sobrinhos, que esqueceu o quanto os momentos que passava com eles lhe faziam bem. Feliz por cumprir seu papel tanto como veterinária, quanto como tia, a Inuzuka decidiu tirar folga o resto do dia. — Ino?

— Hã?

— Que tal levarmos as crianças para almoçar e depois irmos todos juntos levar o Sr. e a Sra. Rabbit para passear no parque arborizado da Vila da Folha? — Hana não deixou de olhar as crianças ao perguntar. 

— Está me convidando para um encontro, doutora?— Ino jogou no ar.

— Quem sabe? — Consciente de que os momentos passados ao lado dos seus sobrinhos mereciam ser apreciados da maneira correta, a Beta desencostou da parede e deixou para trás uma Alpha desnorteada ainda processando o que havia acabado de ouvir. Ela bateu palmas para chamar a atenção dos pequenos.

— Pirralhos…



Cena extra



A Inuzuka meneou a cabeça assim que Ino abriu um sorriso e lhe deu tchauzinho pelas imagens da câmera de segurança. A Beta abriu o portão permitindo a entrada da Alpha e do afilhado à recepção do seu consultório. Estava pronta para realizar mais uma consulta de rotina do Sr. e da Sra. Rabbit. Em breve, Hana se mudaria para a clínica veterinária que estava abrindo em sociedade com um amigo dos tempos da faculdade. Aquele seria um dos últimos atendimentos no local, onde ao longo dos anos ela foi muito feliz. 

O casal de coelhos havia sido adotado por Torune e Fū, há alguns meses. O casal percebeu que o filho havia ficado muito mexido com a situação dos animais. Constantemente, Ito interrogava o porquê dos bichinhos terem sido abandonados, se ninguém os amava,  e se esse foi ou era motivo deles terem sido jogados fora? Mas o que pesou mesmo para que os Alphas se decidissem a adotar as duas bolinhas de pelo, foi o fato do Ômega dizer que, assim como ele, os peludos mereciam ter uma casa cheia de amor e papais tão incríveis quanto eram os seus pais… 

— Ohayo, doutora! — Ino abriu um sorriso largo, daqueles que diziam mais do que as palavras conseguiam expressar, no instante que Hana lhe abriu a porta. 

Ao acariciar os fios loiros dos cabelos de Ito, o primeiro que adentrou o espaço, trazendo, não mais uma caixa de transporte plástico, mas um carrinho próprio para carregar seus pets, a médica trocou olhares com a Alpha. Desde o dia em que as duas passaram a tarde com as crianças no parque arborizado, Hana vinha sentindo crescer em si, o imenso desejo de iniciar seu próprio álbum de fotografias, ao invés de ser apenas uma assídua colaboradora nos álbuns alheios. Quer fossem simples acervos fotográficos ou lembranças guardadas nos corações dos envolvidos, memórias antes de se tornarem memórias, precisavam ser vividas no tempo presente para chegar a tal status.

 Repleta de coragem, Hana saudou Ino de volta. O sorriso que adornava  seu rosto dizia tudo. 

— Seja bem-vinda! 

Na mente da mais velha uma vozinha saliente e travessa, acrescentava: Em meu consultório, em minha história, em meu coração. 

Foi dessa forma, sem muito barulho e agitação, que as duas mulheres  iniciaram a construção do seu próprio álbum de fotografias. 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado deste capítulo centrado na personagem de nossa querida Hana.

Agradeço de coração a Iara Tara, que deu um rostinho lindo para meus bebês, Himeko, Sora e Ito. Gente, não sei vocês, mas eu estou ficando cada vez mais apaixonada por essas três crianças.

Ps: Descobri recentemente que a Tarinha não é muito fã de desenhar Fanart com muitos personagens nela, por isso o agradecimento aqui é feito em dobro. Rsrsrs.



Bjs e até.



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