Retratos da família Inuzuka Aburame. escrita por Deby Costa


Capítulo 8
Capítulo 8- Obaachan


Notas iniciais do capítulo

Lembrando mais uma vez que a história não esta sendo betada.
A Fanart ( lindíssima) da Tsume que Ilustra o capítulo, foi feita pela Iara Tara.

Boa leitura.



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— Obaachan! Obaachan!

O chamado insistente diante da sua casa arrancou um sorriso de seus lábios. O escarcéu e a agitação proveniente do chakra denunciava que a dona daquela vozinha estridente possuía zero paciência quando o assunto era esperar pelos outros. Aquela garotinha não tinha senso de perigo e Tsume dava um desconto, pois sabia que sangue Inuzuka corria naquelas veias.

Assim como o pai Ômega, Himeko adorava uma festa e era por esse motivo que estava ansiosa daquela maneira.

— Estou indo! — Após passar uma camada leve de gloss sobre os lábios, a Beta finalmente deu sinal de vida

Como estava pronta para sair, foi necessária apenas uma última conferida em sua imagem refletida no espelho que ficava na antessala.

Tsume havia cortado o cabelo e estava vestida no macacão preto que Himeko havia lhe dado no último dia doze de agosto, quando completou quarenta e seis anos. A Beta nunca foi mulher de grandes vaidades, sem falar que quando seus filhos eram pequenos nem sempre sobrava dinheiro para gastar consigo mesma. Arrimo de família, sempre priorizou o conforto e bem-estar de Hana e Kiba, mas agora não havia muito com o que se preocupar e podia ter certos mimos, pois ambos estavam com a vida encaminhada.

— E não é que a danadinha acertou no tamanho e na cor. — Tsume deslizou as mãos pela cintura, conferindo a textura e o caimento do tecido.

Além do rostinho gracioso, sua neta havia puxado o bom gosto de sua filha mais velha. A princesinha da família era quem mais a incentivava a se cuidar, além de amar lhe ver bem vestida e maquiada. Há alguns meses as duas adotaram uma rotina mensal que consistia em tirar um dia do mês e dar uma passadinha no salão de beleza para dar um “tapa no visual.” A atividade fortalecia o vínculo entre avó e neta e fazia Tsume sentir-se cada vez mais viva, sem falar que era um meio delas criarem lindas memórias juntas.

— Obaachan!

— Tsc! — Tsume revirou os olhos e estalou a língua em reprovação. — Tal pai, tal filha.

A Beta decidiu se apressar do contrário a danada invadiria sua casa. Mal pisou no genkan, Tsume se lembrou de algo muito importante, então deu um passo atrás e pegou uma wagasa no cabideiro de parede à sua direita. Mesmo o sol dando indícios que em breve iria se pôr, se esquecesse do objeto, Sora ficaria triste.

O Ômega tinha costurado e pintado àquela sombrinha a mão para lhe dar de presente de aniversário. Um trabalho de delicadeza e técnica impressionante para uma criança que ainda frequentava o Shogakko. Algo que a deixava muito feliz e orgulhosa, visto que o artesanato não deixava em evidência somente o talento que seu neto tinha para aquele tipo de ocupação, mas todo o carinho que ele sentia por ela. Tsume não ficaria surpresa se Sora se tornasse um artista plástico no futuro, muito menos se o sobrenome Inuzuka Aburame ficasse conhecido no mundo das belas-artes por causa dele.

— Dona Tsume, vamos lá!

De posse da peça, finalmente a Inuzuka abriu a porta e saiu da residência, sendo imediatamente recebida por uma Beta furiosa com um biquinho imenso nos lábios.

— Vó, puxa vida! — Himeko brigou assim que a avó colocou os pés na varanda. — Como você demorou!

 A avó já esperava por aquela reação. A menina estava acompanhada dos pais e do irmão. Todos estavam bem arrumados, mas as crianças estavam lindas e aquela observação nada tinha a ver com o fato dela ser uma avó babona. Sua neta vestia uma yukata colorida e o neto, um quimono de cor neutra. Com o calor que fazia em Konoha por conta do verão, os trajes vinham bem a calhar. Akamaru e Himaru também estavam com eles e havia um lenço colorido envolvendo o pescoço de cada um dos ninkens, com certeza obra da pequena Beta, que adorava deixar os dois animais bem estilosos.

 — Hi-me-ko. — Apesar de baixo, o tom de Shino teve intenção de educar a filha. A pequena beta encolheu os ombros e sentiu a repreensão no olhar paterno, mesmo ele usando lentes escuras, por isso não demorou a ela se retratar.

— Desculpa obaachan. — Tsume não sabia, mas naquele instante, Himeko recordou a conversa sobre comportamento e educação que seus papais tiveram com ela e Sora antes dos quatro saírem de casa. — É que você demorou um bocado. — A menina choramingou ao tentar justificar o injustificável.

Foi à vez de Kiba encarar a garotinha, mas Tsume entendia que se havia alguém ali que jamais julgaria Himeko, esse alguém era seu filho. Mesmo não sendo mais o molecote de outrora, o Ômega estava tão ou mais ansioso que a filhote para conferir o festival de verão.

— Tua neta já 'tava a ponto de colocar um ovo em frente à sua casa achando que a senhora havia ido sozinha à queima de fogos no templo!

— Quem puxa aos seus não degenera. — Tsume alfinetou e nem foi preciso dirigir um segundo olhar na direção de Kiba para que ele vestisse a carapuça e encolhesse os ombros, igualzinho a filha havia feito há apenas um minuto. Ainda estavam frescas em suas lembranças as inúmeras vezes que seu filho, na companhia de Naruto, aprontava todas quando havia algum evento em Konoha. — Hã, hã, hã.

 A Beta balançou a mão no ar, dispensando o pedido de desculpas. A Inuzuka jamais tiraria a autoridade de Shino e Kiba, contudo, detestava ver seus netos chorosos. Ao contrário de seu filho caçula, que sempre foi uma peste, Sora e Himeko eram dois anjos. Não era necessário que ambos se preocupassem com regras e condutas tão cedo quando o assunto era diversão.

 Que seu moleque jamais ouvisse aqueles pensamentos.

— Venha cá, moleca. Dê um beijo na vovó e ‘tá tudo certo. — Himeko não pensou duas vezes. Quando a avó se inclinou e apontou indicador para a própria bochecha, a neta deixou um beijo estalado no local e ganhou um gostoso abraço em troca. Segurando o riso, a matriarca voltou-se para Sora, que a olhava em expectativa. — E você, mocinho? — Tsume voltou-se para o neto. — Onde está o meu beijo?

 Sora imitou a irmã, beijando no rosto da avó bem sobre as marcas do clã, na sequência, em total contraste ao comportamento de Himeko, o menino fez um breve ojigi, cumprimentando-a educadamente.

  — Bom dia, obaachan. A senhora está muito bonita hoje!

Tsume acariciou os cabelos do garoto. Aquele fim de tarde, ela estava se sentindo especialmente bonita e o elogio pontual do Ômega a fez sentir-se ainda mais. A vontade de espremer seu netinho era grande, no entanto, ela se conteve. Não queria constrangê-lo, visto que Sora nunca sabia como lidar com seus ataques de avó apaixonada.

— Ok, vamos embora. — Com um bico que nada tinha de zangado, Tsume pôs-se a andar à frente dos quatro. — Estamos mais que atrasados e não quero ser culpada por vocês perderem o início da queima de fogos.

 Temendo perder a avó de vista, Himeko ergueu Himaru do chão e abrigou o cãozinho dentro de sua yukata igual Kiba fazia com Akamaru quando tinha aquela idade. Destemida, a garota segurou firme na mão do irmão, pois Sora era um Ômega e precisava de sua proteção, segundo ela. Contudo, ao ver Chiyo-san, que caminhava devagar rumo ao núcleo do festival com seus inúmeros balões infláveis em formato de bichinhos, a menina ignorou qualquer conselho que o pai ainda tinha para lhe dar e bateu em disparada atrás da mulher, arrastando o minishino rua afora.

 Antevendo que se não puxasse o freio, seus filhos eram quem sairia de sua vista em meio aos pedestres que rumavam para o templo, Kiba tentou alertar:

 — Sora, Himeko, não corram! — O Ômega gritou, mas as crianças já estavam longe. — Ei, seus pestinhas! — Deixando Tsume para trás, Kiba juntamente com Shino e Akamaru apertaram o passo e seguiram atrás dos filhotes.

A Inuzuka riu.

Tendo a experiência a seu favor, ela calmamente abriu sua sombrinha e dirigiu-se até a velha amiga. Conhecidos como eram por toda a Vila da Folha, logo algum morador antigo seguraria as duas crianças até a chegada dos seus pais. Por ora, ela daria um tempinho para que Kiba, que naquele instante dava indícios que surtaria em breve, pudesse se desesperar com calma.

— De quanto foi o prejuízo, Chiyo-san? — Tsume fez piada ao alcançar a idosa. A vendedora havia dado um balão para cada um de seus netos e os gêmeos ganharam o mundo.

Chiyo falou o valor dos balões e comentou:

— Esses dois estão crescendo rápido demais. Ainda ontem eram dois cotoquinhos de gente sendo carregados de um lado para o outro naqueles cestinhos! — Chiyo-san estava saudosa ao recordar de Shino e Kiba passeando com os bebês pela Vila.

 Como avó, Tsume entendia aquele sentimento. Ela recordava o dia em que viu os rostinhos de seus netos pela primeira vez, ocasião em que sentiu um amor tão imenso e inexplicável que mesmo com o avançar dos anos ela duvidava que um dia conseguisse colocar em palavras.

— E o melhor de tudo... — A mulher fez uma pausa e deu uma risadinha sugestiva. — Minha amiga se tornou uma vovó super gata. — Chiyo lançou uma piscadela recheada de malícia na direção de Tsume.

Sem jeito, a Beta respondeu: — Obrigada, minha amiga.

Após o agradecimento, chegou a hora de ir para o templo, nesse meio tempo, como quem assiste a uma reprise de filme cujo final não lhe surpreende mais, Tsume seguiu atrás do casal e dos netos, enquanto revivia um passado recente.

 

******

 

 O Ômega espevitado rodopiou diante da irmã mais velha assim que Tsume terminou de apertar o obi do seu yukata na cintura dele.

 — Hananee, eu estou bonito?

 — Bonito não! Você está lindo, pestinha! — Hana elogiou e apertou as bochechas do irmão caçula. — E vai ser o Ômega mais bonito que pisará no parque arborizado essa manhã. Com certeza irá ofuscar todos os outros durante o festival de música.

 Kiba estufou o peito envaidecido. Seu filho caçula tinha um ego maior que o monumento hokage e Hana ainda alimentava, mas a Inuzuka tinha que concordar com a filha, o Ômega realmente parecia um príncipe vestido naquela yukata que Shino havia lhe dado há uma semana, quando ele completou sete anos. Shibi lhe contou que o Alpha havia economizado moedas num cofrinho por quase um ano para a compra daquele presente.

No instante em que ela pensava no esforço feito pelo Alpha que morava há algumas casas dali, seu filho fechou os olhos e imaginou o que passava por aquela cabecinha inocente que um belo sorriso nasceu no rostinho dele.

 — Será que o Shino irá gostar, Hananee? — Kiba abriu os olhos e olhou para Hana em expectativa.

— Mas é claro que vai, pestinha! — Hana afirmou e assim como a adolescente, Tsume também não tinha dúvidas que o outro gostaria, por isso suspirou.

Hana olhou para ela num misto de pena e divertimento, talvez por saber o que ela pensava sobre aquela história. A Inuzuka acreditava que aquela ligação entre Alpha e Ômega, ultrapassava o elo fraternal existente entre as famílias vizinhas e possivelmente vinha de outras vidas. Tsume já havia conversado com Shibi sobre suas desconfianças e o Aburame tinha uma visão parecida sobre o assunto, no entanto, tanto ela quanto o vizinho esperavam que os dois meninos demorassem a se dar conta daquele vínculo e, pior, consumá-lo. Nenhum deles queria pensar em ter netos antes dos setenta anos.

— Verdade? — O Ômega continuou mostrando as presinhas salientes — Ouviu amigão?— Ele perguntou a Akamaru, que cochilava no carpete fofinho ao lado dos três. O ninken apenas ergueu uma das orelhas. — Hananee disse que eu serei o Ômega mais lindo no parque. O Shino ficará feliz. Foi ele quem me deu esse quimono, sabia?

Kiba contou como se a informação fosse alguma novidade, sendo que todos em Konoha já deviam ter ciência daquele fato, visto a assiduidade com a qual o Ômega só falava nisso nos últimos dias. Agitado, o pequeno dançou na frente do companheiro canino, fazendo questão de segurar o tecido do yukata para que o cão visse melhor o conjunto da obra. A alegria do pequeno era tão contagiante, que Hana se ergueu do sofá e segurando nas mãos do irmão, passou a girar com ele. Akamaru também se animou e começou a latir e pular com os dois irmãos.

Diante de toda aquela alegria, a genitora não tinha dúvidas que Kiba poderia, sim, roubar os holofotes para si quando chegasse ao parque arborizado. Ela só tinha medo que ele fizesse isso do jeito errado.

 — Ufa!— Hana desabou no sofá, mas Kiba ainda estava ligado nos 220 e girou mais algumas vezes em volta do ninken.

Quando percebeu que o garoto estava tonto, Tsume deu uma palmadinha de leve no seu bumbum, impulsionando o menino para frente.

 — Kaachan! — O menino arregalou os olhos e a boca, fazendo ambas as Betas rirem da expressão assustada que surgiu em seu rosto.

— Só espero que esse lindo Ômega se comporte como um, quando pisarmos fora de casa. — Séria, Tsume alertou. — Estou avisando, caso não se comporte, voltaremos imediatamente.

— Mas, mamãe…

— Entendeu ou não?

 Por fim, Kiba se rendeu:

— Entendi. Prometo que irei me comportar.

— Sei. — Tsume disse entredentes. Ao seu lado, não resistindo tamanha fofura, Hana passou a mão nos cabelos do irmão tentando arrumar os fios rebeldes, mas desistiu da missão impossível na mesma hora.

A mãe, por outro lado deu de ombros. Claro que o Ômega se comportaria, em especial porque eles não iriam sozinhos para o centro de Konoha, e foi só pensar nisso para mãe e filha notarem a drástica mudança no chakra do filhote. Kiba ficou em estado de alerta. A repentina mudança fez com que Hana e Tsume trocassem olhares e sorrisos.

Como quem fareja o ar e reconhece um cheiro conhecido, Kiba voltou o rosto na direção da porta e sorriu largo.

— Akamaru, o Shino chegou!

Ignorando a presença das Betas, o garotinho pegou Akamaru no colo e correu para a porta de entrada como se sua vida dependesse daquela rápida movimentação. Quando o Ômega abriu a porta surpreendeu um pequeno Alpha com o punho suspenso no ar, preparando-se para bater na madeira.

— Eu estou bonito?— Kiba atirou a queima-roupa, sem nem mesmo desejar bom dia.

 A julgar o sorriso no rosto do recém-chegado e a ajeitada que deu nos óculos sobre a ponte do nariz ao bater os olhos no outro, o sonho de Tsume de ser avó somente após os setenta sairia pela culatra mais cedo do que o esperado.

 

 ******

 

Na barraquinha de dangos, Kiba insistia em agradecer ao capitão Yamato. A poucos metros, Tsume se solidarizou com o alívio estampado no rosto de seu moleque por achar os filhos gêmeos, embora as crianças só tivessem ficado desaparecidas por meia-hora.

 — Obrigado mesmo, capitão.

Pelas contas de Tsume aquele era o quarto ou quinto agradecimento.

Antes de responder a seu filho, o policial aproveitou para tirar Himeko de sobre o balcão de atendimento, onde ele a colocou sentada minutos antes, juntamente com o irmão gêmeo:

— Venha cá, princesinha! — Yamato fez um high five com a menina após colocá-la no chão. — Agora você, campeão!— Ele bagunçou os cabelos de Sora após acomodá-lo ao lado de Himeko.

Sora abriu um sorriso tímido, surpreendendo Tsume, que achou curiosa a interação do adulto com seus netos, principalmente com o menino, que não era muito receptivo a contatos físicos, salvo no convívio familiar.

Finalmente, Yamato dirigiu-se a Kiba:

— Por favor, não me agradeça. Foi um prazer passar alguns minutos com esses dois anjinhos.

Shino, Kiba e Tsume não sabiam. Yamato havia sido literalmente atropelado por Sora, Himeko e Himaru minutos. O policial estava de folga e não usava o tradicional uniforme que lhe conferia a aparência melancólica da qual muitas vezes ele se aproveitava para intimidar os moleques arteiros da Vila da Folha em grandes festivais, o que não era o caso dos gêmeos Inuzuka Aburame.

— Nos desculpe pelo trabalho que eles deram nos últimos minutos. — Shino pediu, demonstrando gratidão.

— Não foi trabalho algum. — O Beta dispensou a formalidade e voltou-se de novo para os pequenos. — Vocês dois… — Yamato falou com autoridade e inclinou o corpo para frente para ficar na altura das crianças. Didático, ele chamou a atenção da dupla, que ainda seguravam os palitinhos com dangos. — Fiquem atentos, temos muitos forasteiros andando por Konoha durante esses dias, então nada de circularem sozinhos por essas ruas e vielas.

    Sora e Himeko exclamaram junto:

— Sim, Yamato jiji! — Os gêmeos abraçaram as pernas do capitão.

O Ômega adulto olhou o policial de cima a baixo e colocou a destra diante dos lábios em forma de concha antes de sussurrar, ou pensar que sussurrou, para o esposo:

— Yamato jiji?— Kiba ergueu uma das sobrancelhas. — Ele não é muito novo para isso não?

Tsume tinha que concordar com o comentário de Kiba. Dez anos mais jovem que ela, tudo que Yamato não tinha era cara de avô.

— Agora que vocês já estão seguros e na companhia de seus pais. Está na hora de deixar esse velho de lado e ver as coisas incríveis que esse festival tem para oferecer, não é mesmo, crianças? — Visivelmente sem jeito, entretanto sorrindo de orelha a orelha, o homem saiu pela tangente.

Os olhinhos dos dois irmãos brilharam e ambos se preparavam para fugir outra vez, no entanto, Kiba segurou na gola do quimono de Himeko e Shino fez o mesmo com Sora, impedindo-os de seguirem com o plano.

— Ei, vocês dois não estão esquecendo nada? — Kiba simulou desentendimento, mas a vontade de rir era grande.

 Arrependidos, Sora e Himeko se inclinaram para o capitão e após agradecê-lo pelos deliciosos dangos, se despediram.

— Tchau, jiji!

Yamato sorriu largo:

 — Tchau, crianças!

Shino e o Ômega imitaram as crianças e deram adeus ao capitão, do contrário perderiam os filhos de vista outra vez, com um agravante, em breve iria anoitecer.

 Quando Tsume se preparou para seguir o casal, Yamato a impediu:

— Neh, Tsume-san…– O homem coçou a nuca e a Inuzuka teve a impressão que Yamato pretendia lhe falar algo, mas eles foram interrompidos.

— Obaachan, vem logo! — Himeko gritou ao notá-la ficando para trás novamente.

— Não os deixe esperar mais. — Yamato apontou para os Inuzuka Aburame e concluiu: — Desejo que você tenha uma noite muito agradável.

 — Obrigada. — Tsume agradeceu a gentileza.

— Nos vemos no batalhão.

— Sim, nos vemos no batalhão. — Tsume concordou, sabendo que o encontraria no batalhão de ação com cães onde ambos prestavam serviço durante alguns dias da semana, no caso dela adestrando e cuidando da saúde dos animais juntamente com sua filha.

Yamato realizou um ojigi e lhe deu as costas, seguindo um rumo oposto ao seu. Sem saber muito bem o porquê, ela permaneceu observando-o se afastar.

Interessante, Tsume pensou quando o homem virou-se após andar apenas alguns metros. Yamato lhe dedicou um aceno, o qual ela retribuiu.

— Vó!

— Estou indo meu amor, estou indo!

 

******

 

 Enquanto os fogos de artifícios coloriam o céu de Konoha, ao lado do marido, dos filhotes e também dos dois ninkens, Kiba tirava inúmeras selfies que futuramente somariam ao acervo de memórias atemporais do álbum de retratos da família. Com certeza, dali algumas décadas essas imagens iriam lhe emocionar com a mesma intensidade daquele breve instante. Tsume não conseguia esconder a emoção de estar ali, em especial por poder ver a felicidade estampada no rosto do seu moleque.

 Será que algum dia ela conseguiria ver seu filhote como um homem adulto?

Sentindo sua emoção, Kiba olhou para trás e sorriu cúmplice antes de se abaixar e cochichar no ouvido de Sora e Himeko.

 — Obaachan! — Himeko chamou-a pela milésima vez aquele dia, mas ambos os netos correram até ela e lhe puxaram pelas mãos. — Vem, está na hora de tirar fotos.

 Tsume reclamou antes de ser levada pelos netinhos e colocada entre o filho e o genro:

— Vocês sabem que eu detesto tirar fotos… — Aquilo não passava nem perto da verdade. Ela amava tirar fotos com os pequenos. Tais registros eram precisos demais para uma avó não gostar. — Nunca fico bonita nelas. — Aquilo também era outra mentira.

 Shino e Kiba passaram os braços sobre seus ombros, as crianças e os ninkens se posicionaram à sua frente, por conseguinte, ela abraçou os gêmeos.

— Mas como vocês insistem, vou fazer esse sacrifício.

 Enquanto Tsume sorria para a câmera do celular do genro, que havia pedido para um rapaz que passava tirar a fotografia, a Beta só conseguia pensar na sua trajetória até ali. Aos quarenta e seis anos, mãe de dois filhos e avó de dois netos, sentia-se realizada. Ela estava feliz e muito orgulhosa de seus dois filhos, principalmente de Kiba, que ao lado de Shino vinha construindo uma linda história de amor com a participação de seus dois filhos.

 — Por favor, digam Xis. — O rapaz com o celular nas mãos pediu e os Inuzuka Aburame repetiram juntos.

 — Xis.

 

Cena extra 1

 

Por onde passavam aqueles dois shifters chamavam a atenção das pessoas. Shino e Kiba não estavam vestidos muito diferentes das outras crianças que estavam a caminho do festival de música. O que chamava a atenção dos adultos em relação aos dois meninos eram os sinais de posse provenientes do pequeno Alpha. Todos direcionados para Ômega fofo e sorridente, o qual ele trazia bem seguro pela mão. As duas crianças passeavam sem se preocupar com a curiosidade dos adultos, pois estavam apenas no mundinho delas.

— Olha Shino, é a Chiyo-san!

Sentindo-se adulto, Shino pegou a bolsinha de tecido onde havia guardado as moedas que sobraram do presente de Kiba e perguntou:

 — Você quer um balão?

— Sim! — Kiba gesticulou com exagero.

Ao chegar perto da vendedora, o Alpha sugeriu que o Ômega escolhesse o balão que mais o agradava e Kiba escolheu o maior e mais chamativo.

 Kiba agradeceu primeiro a mulher: — Obrigado, Chiyo-san!

— Não há de que, Kiba.

 Após ouvir Chiyo-san o Ômega ficou nas pontas dos pés e deixou um beijo na bochecha de Shino: — Obrigado, Shino!

Shino imediatamente tocou a bochecha onde Kiba havia deixado o beijo e sorriu. Com uma expressão divertida na face, Chiyo-san, que acompanhava a interação dos dois shifters, meneou a cabeça pensando em Tsume e no trabalhão que sua querida amiga teria com aqueles dois moleques dali a alguns anos.

Sem a presença de nenhum adulto que pudesse os impedir de ir além e juntos, os dois meninos seguiram para o núcleo do festival de música, ambos desejando em seus coraçõezinhos que aquele fosse o primeiro de muitos festivais que eles passariam juntinhos, juntinhos...

 

 Cena extra 2.

 

 Naquele instante, enquanto um Kiba-kun desesperado lhe agradecia por encontrar seus filhos, Yamato recordava o passado. Há alguns anos Tsume lhe agradecendo por tê-lo o encontrado. Os anos se passaram e a história se repetia, só que dessa vez com Sora e Himeko, para sua alegria. Quem sabe aquela não era uma artimanha do destino lhe incentivando a ser finalmente ousado. Diferente do passado, quando deixou o imprestável do Inuzuka Kito, cortejar Tsume e posteriormente casar-se com ela.

— Neh, Tsume-san…

Maldita timidez que chegava numa hora tão inoportuna. A nuca coçava e provavelmente ele estava vermelho e suando frio.

— Obaachan, vem logo!

Coragem, coragem, coragem, homem.

— Não os deixe esperar mais. — As crianças estavam impacientes e era compreensível. — Desejo que você tenha uma noite muito agradável.

Ele ainda era tão covarde quanto outrora, mas como agir diferente com Tsume o encarando tão de perto e estando tão cheirosa.

— Obrigada.

— Nos vemos no batalhão.

Vemos-nos no batalhão, Yamato? É sério, seu cuzão?

—Sim, nos vemos no batalhão. — Tsume concordou e ele queria morrer por perder mais uma oportunidade de se aproximar da mulher que começou a admirar em segredo há muitos anos, sendo mais específico, quando completou dezoito anos, sem saber que aquela admiração se tornaria ainda maior no futuro.

Olha para trás, capitão, olha para trás.

Feito o adolescente de outrora, Yamato se rendeu ao próprio apelo e olhou para trás. Tsume ainda o observava.

Ela estava tão linda!

— Amanhã é outro dia, capitão Yamato… Amanhã é outro dia.


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Notas finais do capítulo

Peço desculpa pelos eventuais erros ( ou não tão eventuais assim, rsrsrs). Já não aguentava mais ler e reler esse capítulo antes de postar.

Espero que tenham gostado.





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