The brightest star escrita por docpadfoot


Capítulo 2
Arsonist's Lullaby




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/802495/chapter/2

 O aniversário de dezessete anos de Regulus foi marcado literalmente em seu corpo. Ele estava em uma casa numa cidade trouxa, cercado por mais de cinquenta Comensais.

 Severus Snape estava lá ao lado de Bellatrix e Rosier, eles pareciam animados. Lucius Malfoy tinha perdido um pouco a sua altivez, ele falava em tom baixo com Rookwood - duas figuras do Ministério, Regulus riu para si.

 Ele conhecia todo mundo ali, alguns desde pequeno em jantares dados por Walburga, outros eram seus colegas em Hogwarts. Ele era o mais novo, mamãe estava orgulhosa. Ele conhecia as vozes, os risos, os movimentos de cada pessoa no ambiente, ele imitara trejeitos e manias deles, por sobrevivência. Como o jeito que Snape falava com ele quando ainda era estudante em Hogwarts, apenas na ausência da preciosa Lily Evans-quase-Potter (Regulus fazia questão de relembrar Snape desse detalhe, para ver o desgosto na expressão do mais velho - Regulus aprendera com Sirius a apertar os botões das pessoas até elas explodirem). Ou os olhares cruéis e maníacos que Bella dava. Com o passar dos anos, Reg tornou-se mestre.

 Quando ele ainda era criança, ele ouvia vozes. Algumas riam e cantavam - eram seus familiares e outros das quase 28 sagradas famílias (algumas já eram traidores de sangue que nem eram convidadas) -, outras gritavam. Elas chamavam por “seu Deus”, seja lá quem fosse (em Hogwarts ele descobriu que trouxas adoravam figuras metafísicas, o conceito de Religião sempre foi meio confuso para ele - mas ele entendia a obsessão, o fanatismo e as proporções que a fé tinha). Crescendo ele descobriu que não eram vozes da sua cabeça, havia trouxas na sala de jantar, eles só não estavam ali para comer e beber e rir.

 Uma vez, Sirius estava em Hogwarts e já era tarde, então mamãe e papai assumiram que Regulus já estava dormindo, ele desceu as escadas sem fazer barulho - habilidade adquirida - e ele viu. Tinha uma senhora ali, com roupas estranhas, eram calças de algodão e um cardigã outrora branco, agora estava vermelho. Ela chorava com o cabelo caindo no rosto úmido de suor.

 -Ela não grita… - Cygnus reclamou, - Eu gosto de quando eles fazem barulho, torna tudo mais interessante.

 -Se quisesse algo a mais o preço subiria, Black -  um homem respondeu. Regulus nunca o conheceu oficialmente. Ele tinha a roupa mais suja, desajeitada e rota. - A minha mercadoria é excelente, mas vem com um preço.

 -Tudo vem com um preço, meu caro. Sempre. -  Abraxas Malfoy comentou com a taça quase tocando os lábios.

 -A sua mercadoria não está boa hoje - Orion disse, mexendo a cabeça de um lado para o outro.

 -Que pagasse mais. - o homem teve a audácia de rebater, Regulus segurou a respiração assim que o pai levantou-se da cadeira e andou até o homem, com passos lentos e despreocupados. Orion Black sempre fazia isso quando queria ser intimidador. Ele não gritava e se estressava como a esposa, ele falava com uma calma assustadora, como se nada pudesse o abalar, e depois, ele machucava.

 -Você tem sorte que nós pagamos, - ele falou colocando a mão no encosto da cadeira em que o homem se sentava (sem o menor decoro), - Levante-se.

 O homem riu e levantou lentamente, seu corpo todo gritava um deboche e descaso pelas figuras a sua volta. Papai apontou para a senhora no chão. O homem andou até ela.

 -Você serviu o seu propósito, docinho - ele respirou no pescoço dela.

 -E você serviu o seu - Papai falou antes de uma luz verde sair de sua varinha e acertar o homem, que caiu duro na senhora. Foi aí que ela começou a gritar, chamando por “Deus”, foi nesse momento que ele descobriu que não eram seus familiares nos quadros que chamavam por essa figura a noite para perturbar o seu sono, eram trouxas que Papai trazia para casa.

 Malfoy andou até o homem e caçou no casaco dele um saco com as moedas que ele tinha recebido para trazer a senhora, depois jogou na mesa.

 -Tudo vem com um preço - e riu.

 Foi aquela risada que trouxe Regulus de volta para a “celebração” dos seus dezessete anos.

 -Meus bons amigos - Abraxas Malfoy chamou. - Eu presumo que todos aqui saibam para qual ocasião nos reunimos hoje.

 Papai levantou a taça em sua mão e falou:

 -Meu menino está a se tornar um homem. Ele finalmente tem idade para se juntar a nós.

 Uma ronda de aplausos e gritos de comemoração preencheram o salão. Regulus levantou a taça em sua mão, num agradecimento educado e polido.

 -E por isso, nosso Lord acabou de chegar.

 Voldemort entrou no salão lentamente, ele andava como Papai. Obrigava todos a olhar para ele.

 -Nós fizemos um bom percurso juntos - ele começou, levantando os braços num gesto convidativo. - E sempre precisamos de mais pessoas para fazer o percurso conosco. Venha aqui, rapaz - ele gesticulou para Regulus se aproximar. - A família Black sempre foi tão prestativa nisso. Sempre trazendo novos adeptos à nossa nobre causa.

 Voldemort colocou a mão em volta do pulso do braço esquerdo de Regulus, subindo a manga até o antebraço estar todo descoberto. Com a mão direita ele colocou a ponta da varinha na pele branca de Regulus.

 A pele dele queimava, ele fechou o punho e cerrou o maxilar para combater a dor, as unhas fincadas na palma da mão para distraí-lo da dor.

 -Seja bem vindo, garoto - Lord Voldemort falou - Espero que você se mostre tão prestativo quanto os outros da sua família.

 A noite decorreu tranquilamente, eles bebiam e faziam comentários deploráveis, que Regulus já tinha aprendido a ignorar.

 Poucos meses depois, eles tiveram outro jantar. Tudo estava igual até Voldemort chegar. Ele parecia mais cansado, não mais fraco, mas com menos paciência para ser o orador que ele era.

 -Eu trouxe um pequeno presente para vocês - ele compensou. Um garoto entrou na sala com Nagini, a gigantesca cobra de Voldemort. Ele deveria ter oito anos, ele observava a sala toda com um misto de curiosidade e pavor - Eu salvei esse pobre garoto de se tornar um monstro nojento - o garoto parou no final da mesa, no lugar oposto ao de Voldemort - Por pouco que ele não vira um lobisomem.

 As pessoas fizeram sons de desgosto, Regulus também.

 -Mas nós temos um pequeno problema - ele continuou, levantando-se da cadeira - o garoto não é como nós, ele ficou surpreso com magia. Ele não sabia que magia era real…

 Voldemort parou atrás de Regulus e perguntou:

 -Sabe o que isso quer dizer?

 -Um trouxa…?

 -Exatamente - Lord Voldemort riu - Regulus Black, mostre para o garoto como nós fazemos magia, e como é divertido.

 Regulus levantou a varinha e fez pequenos lampejos de luz, que imitavam fogos de artifício, como Sirius fazia com as mãos quando começou a ter controle da sua magia, antes mesmo de ir para escola. O garoto riu, divertido, um contraste gigantesco com a expressão que ele tinha quando entrou no salão.

 -Agora mostre como fazemos com pessoas como ele - Voldemort jogou a cabeça para o lado - Eu quero que ele grite - Voldemort murmurou.

 -Crucio— Regulus falou baixo, apontando a varinha para o garoto, e assim que o raio de luz chegou ao seu corpo o menino soltou gritos de dor. Regulus obrigou os olhos a ficarem abertos, os braços a ficarem firmes e a cabeça erguida. Ele não podia se mostrar fraco, não ali.

 -Basta! - Voldemort mandou, e, assim que Regulus parou continuou - Assim está melhor, não é mesmo, pequeno John? - o garoto acenou que sim com a cabeça, hesitante, fazendo Voldemort dar um sorriso - Bom menino! - ele levantou a varinha e saiu uma luz verde. O garoto caiu duro no chão. Os outros comemoraram.

 Voldemort colocou a mão no ombro de Regulus e falou:

 -Eu preciso do seu elfo.

 -É claro, milorde - ele aceitou ansiosamente, queria agradar seu mestre depois daquela demonstração.

—Tenha certeza do que diz, garoto. E se eu ver você fraquejando, você estará do outro lado da varinha - Voldemort sussurrou - Eu sou imortal.

 Já na casa dos pais, Monstro estava com Voldemort, e seus pais estavam bravos.

 -O que foi aquilo, Regulus? - Papai perguntou com raiva - Luzes para o trouxa?

 -Eu fiz o que o milorde mandou - ele rebateu.

 -Pobremente - a mãe comentou.

 -Você foi feito para ser grandioso, não para ser um bruxo patético - Orion continuou.

 -Achei que o filho grandioso era Sirius— Regulus soltou - Queridinho dos Potter, de Dumbledore-

 -Não fale desse germe na minha casa - seu pai levantou a varinha - aquele imundo não é meu filho, ele é um traidor de sangue! E Dumbledore é um velho nojento que não merece nenhuma fração do meu tempo.

 Regulus riu.

 -Eu atendi aos pedidos do nosso precioso Lord - a felicidade do Regulus era que os pais nem sempre notavam o sarcasmo em sua voz, Sirius nunca escondia o desprezo, esse tinha sido o principal motivo pelo qual ele sempre foi punido, enquanto Regulus fazias as mesmas coisas e nunca era pego - Ele está com o Monstro agora e eu usei a Maldição Cruciatus no trouxa - em John, ele repetiu em sua cabeça, ele usara uma maldição imperdoável numa criança. Ele estava tão enojado com o próprio comportamento.

 -Não ria, seu insolente! - Mamãe berrou. Regulus expirou, segurando a vontade de revirar os olhos.

 -Talvez você precise de uma lição… - Papai comentou - De como usar a maldição corretamente.

 E aí o corpo de Regulus foi tomado por uma dor excruciante. Ele segurou os gritos, não daria esse prazer para os pais, ele e Sirius aprenderam a aguentar a maldição com a repetição. Depois de quase meia hora daquilo, o Papai parou.

—Foi por isso que Sirius se mandou, vocês sentem prazer em machucar os outros - ele não conseguiu segurar a língua.

 -E você vai aprender a sentir - Papai sibilou e apontou para a porta. Regulus saiu do salão e foi para o quarto.

 Horas mais tarde, Monstro voltou para casa. Ele delirava e falava coisas sem sentido. Coisas sobre uma caverna, poções, um medalhão e imortalidade.

 Black demorou uns minutos para fazer a ligação: Voldemort tinha dito que era imortal, é claro que não era apenas uma ameaça, era uma afirmação. Ele estava tentando tornar-se imortal.

 Regulus tentou extrair mais informações do elfo que ele tanto gostava, e a cada vez que Monstro não conseguia responder por pavor, o garoto sentia o ódio pelo milorde dos pais crescendo. Eram crianças e criaturas que nunca fizeram mal a ninguém que estavam constantemente sendo punidas. Claro, ele já não concordava com as ideologias, ele só queria sobreviver, mas aquilo estava indo longe demais.

 Por dias ele leu livros para entender como um medalhão poderia trazer imortalidade, e com a ajuda de Monstro ele conseguiu.

 Horcruxes. Voldemort tinha uma horcrux. E o Medalhão tinha que ser o de Salazar Slytherin pela descrição dada pelo elfo.

 Ele foi ao apartamento do irmão, que tinha sido difícil de encontrar. Sirius estava com Potter em frente a portaria do prédio, eles riam de algo e Regulus notou que na mão de Potter tinha uma caixinha com uma aliança. Evans realmente iria se tornar uma Potter, Snape iria ficar tão irritado. Mas já não era problema dele, honestamente.

 Ele pensou se ia realmente falar com o irmão contar tudo dos últimos dois anos, desde que Sirius fora embora, sobre os ataques de ódio de Mamãe e Papai, sobre como agora ele nunca gritava quando estava sob a maldição cruciatus, sobre o plano de Voldemort, sobre como ele sentia falta do irmão.

 Sirius viu-o do outro lado da rua e fechou o rosto. Potter ficou confuso por cinco segundos antes de notar a presença de Regulus, fechar a caixa, pô-la no bolso da calça e colocar o corpo em frente ao de Sirius.

 -O que caralhos você tá fazendo aqui, Regulus? Como você sabe onde eu moro? Quem mais sabe? - o irmão urrou.

 -Eu preciso conversar com você!

 -Eu não tenho nada o que falar com você. Como você sabe onde eu moro?

 -Monstro.

 -Quem mais sabe?

 -Ninguém - Sirius soltou uma risada - É verdade. Eu preciso da sua ajuda.

 -Vai se foder, Regulus. Eu já tentei te ajudar.

 -Sim, os Potter iriam me aceitar no lar perfeito deles…

 -Cuidado com a boca, garoto! - Potter avisou.

 -Eles iriam - Sirius gesticulou, com raiva - e você não veio - aquilo realmente tinha acontecido, ainda no verão em que Sirius se mudara, mas os ataques de ódio de Mamãe cresciam muito, e ela ameaçava ir atrás de Sirius, e o mínimo que Regulus podia fazer era direcionar aquilo para ele, então ele ficou - Então não tenho mais nada o que resolver com você. Suma da minha frente.

 E foi o que ele fez.

 Regulus não sabia quanto tempo tinha até Lord Voldemort descobrir o seu plano, então ele aparatou para a porta da casa de seus pais, silenciosamente. Subiu as escadas para seu quarto, abriu todas as gavetas à procura de um colar ou qualquer jóia que pudesse transfigurar.

 Aquilo precisava acabar, Voldemort não podia ganhar de forma alguma.

 Ele já não tinha o que lutar por. Ele já não estava disposto a pagar o preço que vinha com a sua vida, ele não era sua mãe, seu pai ou suas primas Narcisa e Bellatrix. Ele era Regulus Arcturus Black, e ele já estava cansado daquela merda de Mui Antiga e Nobre Casa dos Black.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The brightest star" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.