The brightest star escrita por docpadfoot


Capítulo 3
Way down we go




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/802495/chapter/3

 A caverna era extremamente úmida. Ou talvez era apenas as roupas de Regulus.

 Monstro parecia nervoso com toda aquela situação, mas Regulus não poderia parar de jeito nenhum, ele já tinha deixado passar tanta coisa que causava dor física nele. O Medalhão estava ali em algum lugar, o falso estava no bolso do gigante sobretudo preto. Os seus sapatos perfeitos (trouxas perguntariam se era de alguma marca italiana) já estavam cobertos de lama.

 Chegar ali tinha sido fácil, Monstro lembrava bem da rocha que constantemente era banhada pela água do mar, da umidade do ambiente, do céu estrelado, do penhasco, da ausência de flora e areia. Era majestoso e deprimente. A descida até a caverna não tinha sido tão boa, as rochas eram um pouco escorregadias, era tudo escuro e às vezes respingos do mar caiam no rosto de Regulus.

 -Lumus! - ele murmurou, apontando a varinha para baixo, estudando a parede de rochas, tinha uma fenda lá embaixo e era preciso nadar para chegar lá - Merda… - ele reclamou antes de se jogar na água e começar a nadar. Monstro seguia, ele avisou que não era possível para bruxos aparatarem lá dentro e ele não lembrava muito de como era caverna por dentro, seria um risco gigantesco tentar chegar através de magia. O cheiro salgado preenchia as narinas de Regulus, por Merlin, como ele detestava água salgada. Ele nadou pela fenda até chegar numa espécie de escada que dava na caverna.

 Monstro tomou a dianteira e foi em direção à parede da câmara enquanto Regulus secava sua vestimenta, ao tocar na parede, Monstro revelou um arco branco brilhante e virou-se para Regulus.

 -Mestre Black, é preciso pagar.

 -Tudo vem com um preço, meu caro— ele repetiu as palavras de Abraxas Malfoy com um riso sarcástico, procurando por uma pedra afiada o suficiente para cortar a própria pele. Ele fez um grande corte na mão esquerda, com o sangue escorrendo, uma luz prateada invadiu o espaço e o arco reapareceu, a rocha suja de sangue desapareceu. Regulus fez um encantamento que Snape ensinara anos antes que curou o corte, e iluminou o caminho para dentro do novo espaço.

 Regulus nem acreditava que era um espaço fechado, de tão amplo e grandioso. Tinha um enorme lago negro e não era possível ver o teto, refletida na água tinha uma luz verde distante. O ambiente pesado fez Regulus engolir seco, Monstro pegou levemente nas vestes do Mestre para confortá-lo.

 Eles andaram pelas margens do lago até Monstro parar e levantar as mãos, um ruído metálico cresceu quando uma corrente apareceu nas mãos do elfo. A corrente puxava um barco de dentro da água.

 -Isso é seguro?

 -Lord que fez esse barco para ultrapassar o lago, Mestre Black.

 Regulus acenou e eles entraram no barco, era tão pequeno que mal cabia uma pessoa, então Regulus colocou o elfo em seu colo e segurou-o, como se protegesse uma criança sem agência nenhuma. O barco andava sozinho, então Regulus observava a caverna, ele notou cadáveres na água e apertou Monstro para mais perto.

 A luz verde foi crescendo até eles chegarem numa ilha menor do que o quarto de Regulus, lá eles saltaram do barco, evitando a água a todo custo. No centro da ilha estava a fonte da luz, uma bacia de pedra sobre um pedestal.

 Regulus observou a bacia e perguntou que líquido era aquele, pois a luz saía dele.

 -Uma poção que faz mal, muito mal… - Monstro respondeu - E também é uma barreira, náo podemos colocar a mão nela, olhe! - e tentou enfiar a mão na poção, sem sucesso - É preciso beber.

 -Eu bebo - Regulus deu de ombros sem pensar duas vezes.

 -Mestre! - Monstro arregalou os olhos gigantescos.

 -Eu vou morrer de qualquer jeito, Monstro.

 -A poção não mata, ela faz mal, muito mal - ele repetiu.

 -Então eu bebo, você substitui a Horcrux e vai embora. Não me deixe parar de beber até acabar tudo.

 Monstro fez que não com a cabeça.

 -É uma ordem, Monstro!

 Regulus pegou uma pedra e transfigurou num cálice e mergulhou na poção. Ele bebeu cálice atrás de cálice, mesmo já apoiado na bacia com o rosto contorcido e sonolento.

 -É horrível - ele disse, jogando o cálice no chão.

 Monstro hesitou antes de pegar o cálice, ele tinha ordens para cumprir, mesmo detestando-as profundamente. Encheu novamente e colocou nos lábios de Regulus.

 -É nojento! - ele gemeu, sentando no chão apoiado ao pedestal.

 -Mestre Black tem que beber!

 E assim ficaram, com uma pequena discussão a cada cálice, Regulus obedecendo Monstro e se contorcendo no chão, as lágrimas já tinham molhado todo o seu rosto, ele não tinha nem forças para gritar apesar de tudo doer. Ele começou a chamar pelo irmão, pedindo desculpas.

 -O outro Mestre Black não está aqui… - Monstro comentou, virando o cálice mais uma vez.

 -Ele nunca vai me perdoar - Regulus choramingou - Eu quero morrer e Sirius nunca vai saber como eu sinto muito.

 Monstro internamente xingou Sirius Black. Regulus não era um mau garoto, era apenas um garoto.

 Quando a poção acabou, Regulus deitou em posição fetal e soluçava de tanto chorar, murmurando pedidos de desculpas ao irmão e a um tal de John que Monstro não se lembrava.

 Monstro pegou o Medalhão verdadeiro da bacia e procurou o falso no bolso do sobretudo.

 -Destrua isso - Regulus juntou forças para agarrar o tecido roto que o elfo usava - Eu sei que eu não vou sobreviver, destrua essa merda - ele caiu mais uma vez no chão, se contorcendo, ele se arrastou para água, ele precisava acabar com a sua sede.

 Então os cadáveres que ele tinha visto anteriormente começaram a sair da água, se arrastando e levantando. Eram homens, mulheres e crianças, seus corpos magros andavam até Regulus, que não conseguia manter os olhos abertos por muito tempo, ele soltou um pequeno gemido antes de um dos homens arrastar Regulus para água.

 Monstro apertou os medalhões nas mãos. Jogou o falso na bacia e aparatou para a Grimmauld Place com o verdadeiro. Ele passou anos tentando destruir aquele medalhão, sempre sem sucesso, o que fazia-o sentir uma enorme frustração. Seu mestre morrera e ele não conseguia cumprir o último pedido.

 

Família Black atingida

 Nesta última noite de quarta-feira (18/07), foi reportado o desaparecimento do jovem Regulus Arcturus Black, o filho mais novo de Orion e Walburga Black, presenças tão marcantes na nossa comunidade.

 Após extensa procura, os Autores responsáveis pelas investigações declararam o jovem Black como morto, apesar de não ter sido encontrado um corpo.

 Também foi declarado, pela família, que não haverá um funeral. A família pediu para terem a sua privacidade e seu espaço para processar a morte de um tão querido ente. Walburga Black ainda pediu, citando palavras de Regulus, que Sirius Orion Black apareça de seu esconderijo, pois as famílias são o que mantém uma pessoa sã e ele deve estar com a família dele agora nesse momento tão difícil.

 Nós, do Profeta Diário, mandamos nossas condolências à Família Black.



 Anos mais tarde, o medalhão foi destruído por Ron Weasley com a espada de Godric Gryffindor. Ele era considerado um traidor de sangue para os pais de Regulus, mas Monstro respeitava-o, assim como respeitava Harry Potter e Hermione Granger, um filho de traidor de sangue e mestiço e uma nascida-trouxa, pois eles estavam dispostos a terminar a missão de Regulus. Eles não deixariam a morte do Mestre Black ser em vão. No dia em que Voldemort morreu, Monstro liderou uma armada de elfos, em nome de Regulus.

 Apesar de não ser a estrela mais brilhante, ele continuava uma estrela. Seu brilho percorria milhares de quilômetros, e ele brilhou, brilhou e brilhou.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The brightest star" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.