Isso não é Romeu e Julieta escrita por Lady Black Swan


Capítulo 9
Chave de cadeia...


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoinha do outro lado da tela! ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/801753/chapter/9

Às vezes Romeu tinha certeza que Margô tinha uma carreira bastante promissora como detetive investigativa em algum futuro próximo, ou quem sabe até uma agente da Abin?

Porque ela conseguia puxar um histórico como ninguém.

—Então você conseguiu a ficha dele? — perguntou incrédulo.

Margô deu-lhe uma tapinha no ombro.

—Não diga absurdos, Romeu.

—Ok, Margô, conte o que descobriu. — Julieta passou a mão pelos cabelos, ela parecia estar achando graça da situação — Por que Aaron é “chave de cadeia”, segundo suas próprias palavras? E fale rápido porque só temos quinze minutos até a aula.

—Doze. — corrigiu-a.

Margô torceu a boca e o nariz, com ar ofendido.

—A culpa não é minha, eu os estou esperando aqui há mais de meia hora!

—Margô o tempo está passando. — Julieta cantarolou começando a se afastar e levando Romeu consigo com o braço enganchado ao seu.

Margô correu para alcançá-los.

—Ai, você não estão me dando à menor bola, não é?! — reclamou — Mas a parada aqui é séria! Aquele pedaço de mau caminho lá é literalmente um mau caminho mesmo!

—Então fala logo o que descobriu. — Julieta incitou-a — Porque agora só nos resta…

—Dez minutos e meio. — Romeu completou.

—Dez minutos e meio antes da aula começar.

—Já disse que isso não é minha c…! Ah, que seja, escutem! — ela agarrou-lhe o braço livre, fazendo Julieta parar também e falou em tom baixo, por entre os dentes: — Aaron está envolvido em coisas como drogas, vandalismo, agressão, roubo de carros… e sabem-se lá mais o que!

Romeu arregalou os olhos.

—Então você puxou mesmo a ficha dele?!

—Não.

A sala de aula estava a apenas uns vinte passos de distância deles agora.

—Então como descobriu essas coisas? — Julieta quis saber.

—Tenho minhas fontes. — Margô respondeu, mas quando Romeu e Julieta continuaram a olharem inquisidores ela cruzou os braços e girou os olhos — Tudo bem escutem: o irmão de uma amiguinha de classe da Gardênia me contou, ele e o Aaron costumavam jogar bola juntos num campo perto da casa dele, até que o Aaron arrumou encrenca com as pessoas erradas e teve que sumir de lá. E tem mais, ele me disse que um primo dele é genro de uma mulher que mora na mesma rua do Aaron e ela disse para ele que já viu o Aaron usando drogas na esquina de casa e que, só no ano passado, a polícia bateu na porta dele umas quatro ou cinco vezes. E parece que ele só está no primeiro ano ainda porque precisou repetir o ano duas vezes, por ter perdido muito tempo de ano letivo devido às suas sucessivas detenções em casas de detenção para menores!

Romeu não conseguia acreditar no que escutava.

—Mas eu não acho que o Aaron seja uma pessoa ruim. — afirmou incrédulo. — Quer dizer, o Zac gostou dele e até aceitou-o na nossa guilda…

Margô pôs a mão em seu ombro.

—Romeu, só porque o seu amigo imaginário gostou dele, não significa que…

—Zac não é…! — começou a protestar.

—Zac não é imaginário. — disse Julieta — Na verdade ele achou que eu fosse.

—Por que todo mundo acha que eu brinco com amigos imaginários?! — reclamou frustrado.

Julieta pegou sua mão.

—De desculpe, Romeu, eu só estava b…

—E quem te disse isso? — Margô a interrompeu.

Julieta desviou seu olhar para ela.

—Aaron.

Por um segundo pareceu que o cérebro de Margô entraria em pane, ela deu um passo para trás com os olhos arregalados.

Ai meu Deus, vocês não estão me escutando? Eu estou dizendo que aquele cara é encrenca, eu tentei avisar antes, mas quando eu mandei mensagem no sábado, ele já estava lá, então eu…!

Alguém pigarreou próximo a eles, sobressaltando aos três, o professor estava logo ali.

—Então vocês três vão assistir a aula ou preferem ficar mais um tempo para continuar essa conversa? Quem sabe tomando um cafezinho na sala da diretora?

—Não, não, pode deixar para a próxima!

Romeu respondeu rapidamente pegando a mão de Julieta e saindo dali sem esperar por Margô, mas assim que eles entraram na sala alguém ao fundo começou a fazer sons exagerados de beijos, e Julieta tentou puxar sua mão de volta — provavelmente para partir para cima dos provocadores —, mas Romeu segurou-a mais forte e, quando o professor entrou logo atrás, ela se conformou em se dirigir pacificamente ao seu assento.

Julieta era assim mesmo, um pouco explosiva, e às vezes acabava entrando em brigas, e se metia em problemas por causa disso, mas ela não era uma pessoa ruim… talvez com Aaron fosse a mesma coisa.

Mexendo-se inquieto Romeu não pôde mais se conter e virou-se para a cadeira de trás.

—Julys, o Aaron não é perigoso, não é?

Julieta batucou com a caneta no caderno.

—Eu não sei Romeu, nós nem conhecemos ele, mas também não dá pra ficar acreditando em qualquer boato ou fofoca que…

—Romeu e Julieta, aquele convite para o café ainda está de pé, caso estejam interessados. — o professor comentou de costas para eles enquanto escrevia na lousa.

Parecia até que aquele homem tinha olhos na nuca!

Arregalando os olhos os dois endireitaram-se rapidamente em seus lugares.

—Não senhor, obrigado/a! — responderam juntos.

Julys tinha razão, afinal, embora Margô provavelmente tivesse um futuro bastante promissor como detetive, ela ainda precisava aprender a filtrar e separar fatos de boatos, assim Romeu decidiu dar um voto de confiança a Aaron e se viu o defendendo quando, horas mais tarde, novas acusações foram feitas na sua frente.

Não podia ter sido ele. Disse aos outros. Afinal Aaron estava com ele, como poderia ter sido ele? E Zac também confiava em Aaron, ele não lhe faria uma dessas.

—Cara, valeu, eu achei que seria incriminado, todo mundo sempre aponta o dedo pra mim primeiro. — Aaron agradeceu-lhe entrando no refeitório.

—Não foi nada. — Romeu virou-se.

Eles estavam sozinhos ali.

—Você é um bom amigo. — Aaron aproximou-se.

E foi quando ele quebrou seu pescoço.

Arregalando os olhos, Romeu assistiu impotente de cima o seu corpo caído inerte no chão, enquanto Aaron corria para longe da cena do crime.

“Eu confiei em você”.

Pensou sentindo seu espírito flutuar para longe de seu corpo… naquele dia Romeu não atendeu as ligações de Julieta, nem visualizou suas mensagens.

—Afinal o que ele está fazendo? — ela reclamou olhando insatisfeita a tela do celular.

Guardou o celular de volta no bolso da calça moletom quando Astolfinho começou a fungar em seus calcanhares e, agachando-se, tirou da pochete a pá e o saco de papel.

—Caramba! Isso fede horrores!

Surpreendeu-se ao ouvir a voz anasalada às suas costas, e quando olhou por cima do ombro deparou-se com Aaron apertando o nariz entre os dedos, mas voltou-se novamente para frente e só falou quando o saco de papel já estava bem fechado novamente:

—As fezes dos porcos têm um odor bem forte mesmo.

—Não, as maravilhas da minha mãe têm um odor forte, isso aí é uma arma biológica. — ele a seguiu até a lixeira.

—Pelo menos agora Astolfinho acaba de ficar dez vezes menos apetitoso para você do que antes. — comentou tirando um vidrinho de álcool em gel da pochete para passar nas mãos — Por que sempre que trago o meu porco para passear eu te encontro? Está me seguindo?

Aaron deu de ombros enfiando as mãos nos bolsos.

—Eu gosto de vir me exercitar aqui.

—Duas vezes por dia todos os dias? Mas até aquela bolada eu nunca tinha te visto por aqui.

—Ou talvez você é que nunca tinha reparado em mim por aqui, meu bem. — sorriu de lado. — E manter esse tanquinho aqui não é moleza, sabia?

—Está brincando? Qualquer um repara nesse seu topete a quilômetros de distância. — girou os olhos — Eu venho aqui com Astolfo há sete anos e nunca o vi, então onde você…? — estava prestes a perguntar onde ele se exercitava antes, mas mudou de idéia — Sabe sobre Romeu?

—Romeu? — recuou um passo — O que tem ele?

—Só não consigo falar com ele. E ele me disse que vocês são amigos on-line.

—Ah sei. — Aaron sorriu como se soubesse de alguma coisa — Ele é um bom amigo… vai ver está só deitado descansando ou coisa assim?

—Só espero que ele não esteja vidrado na frente do computador jogando. — Julieta suspirou pondo as mãos nos quadris. — Às vezes ele vira a noite sem nem perceber, e nós temos aula amanhã… acho que talvez eu devesse dar uma passada na casa dele, só para garantir…

—Ou… talvez possamos correr juntos? — Aaron sugeriu desviando o olhar para o mini porco fuçando na grama — Quem sabe jogar uma bola ou alguma coisa assim para o torresmo? Ele gosta de brincar de pegar?

Julieta respirou fundo.

—O nome dele é Astolfo. — explicou pausadamente.

—Ele parece de bacon meus apelidos.

—Oh céus. — cobriu a boca quando começou a rir — Isso foi horrível.

Mas ela não conseguia parar de rir, o sorriso de Aaron cresceu.

—Então por que não corremos um pouco e eu te conto mais alguns trocadilhos ruins? — sugeriu.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

É só dizer para Julys ficar longe que ela já começa a se dar bem com a pessoa... Ai ai essa Julys.
E como será que anda nosso querido Romeu?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Isso não é Romeu e Julieta" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.