A Maravilhosa Loja de Argoluli — O Terrível escrita por Félix de Souza


Capítulo 17
Uma louca


Notas iniciais do capítulo

Bem vindos de volta, A Maravilhosa Loja de Argoluli - O Terrível
E... vamos a velha ladainha?
Vamos sim.

Deixe seu feedback, sua crítica, sua ajuda pode melhorar a historia e me mostrar um caminho.
Fora o incentivo.
Hoje com um acréscimo especial.
Façam isso não só por mim, mas para os escritores que vocês gostarem. Tenho certeza que vão ama e fortalece a amizade, aí. ^.^
Sem mais delongas, mais um capítulo para vocês.



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No fatídico dia que Léia subiu ao Palco da Verdade na Trupe Luminosa, a vaidade da fama adquirida na renomada Escola VonLied e o apoio da Casa Gnoses e seus simpatizantes, condenaram a barda á um destino cruel.

O Palco da Verdade obriga o bardo que nele adentra a contar a história que o desafiante pedir ou admitir que não a conheça.

Também é conhecido por conta disso como o palco do vexame por todos que lá temem fracassar ou testemunharam algum fracasso.

Você entende, certo?. Bardos não são muito conhecidos por dizer a verdade.

Argoluli aproveitou-se da situação e adquiriu um segredo da Gnose através dela. Entretanto, saiu antes da história acabar para não ser afetado totalmente pelo segredo, acreditando que já sabia o bastante para decifrar a localização do prêmio, o local onde descansava o Al-Shawkian.

Até aí ele estava certo.

Porém, inadvertidamente só quis saber do prêmio e ignorou os perigos e o porquê desse ser um segredo guardado pela Gnose.

Um segredo que só podia ser transmitido por reproduções de imagens perturbadoras e pré-moldadas. Um segredo que cabe interpretações e se contado, só dá uma prévia do que se trata. Se visualizado, tende a ser perturbador por demais, entretendo, vislumbrar é o único jeito de conter o segredo. Algumas verdades você tem que ver com os próprios olhos, existem coisas que a humanidade ainda não consegue pôr em palavras.

Todavia, antes de qualquer coisa, Argoluli chegou munido de conhecimentos prévios.

Saber da existência do Al-Shawkian já era extraordinária.

Saber quem era membro da Gnose era incrível.

Ter conhecimento das duas coisas, como tirar proveito e onde da informação, era uma verdadeira façanha.

"Catástrofe, garotinha".— Disse-lhe o rosto que a encarava de volta. "Ele não merece sua admiração"— Repreendeu-a o reflexo no elmo partido e ainda manchado de sangue que pegara no solo do campo de batalha. "Afinal, ele como muitos antes dele importaram-se somente com o prêmio sem ponderar o desafio, delegou a tarefa e julgou que teria um sucesso de tamanha magnitude sem mover um dedo".

— Idiota presunçoso. _ Foi a resposta da barda. Agora tudo estava em perigo. A última lástima prestes a ser liberada.

Um advento comparável a Grande Tragédia. O mundo que ainda se recuperava da Queda da Lua Dourada não poderia passar por outra calamidade dessas.

"Sua vaidade será a queda do mundo".

— Muito proveitoso suas palavras. _ Retorquiu Léia.

"Como pode ter sido tão tola? Eu avisei que deveria recusar o convite a Trupe Luminosa e aquele palco amaldiçoado"

— Eu sei você tinha razão, "mamãe". Está satisfeita agora.

"Vou ficar quando passar a me dar ouvidos".

— Tem sangue na sua bochecha.

Disse Léia limpando com o dedo, distraída, uma parte do elmo onde uma mancha de sangue encobria seu próprio reflexo. — Que indelicado.

— Léia! _ Uma terceira voz apreensiva interveio.

Léia piscou confusa como se despertasse de um sonho.

Ergueu os olhos, viu Altman. — Você está bem?

Léia suspirou fundo. Um mago milenar corrompido por um artefato profano estava prestes a se libertar e uma profecia sinistra prestes a se concluir. O que responder à Altman?

— Estou bem, obrigada. Só com a cabeça um pouco dolorida, mas já vai passar.

Altman acenou a cabeça em retribuição e forçou um sorriso que ele nem precisava ver para saber que saiu amarelado, em um sentido meramente metafórico.

Na verdade, Altman tinha os dentes mais impressionantemente claros que Léia jamais viu, em contraste com o tom de sua pele escura.

Altman era alto, forte, de ombros largos e ela se sentia atraída por ele. Despertava sua libido e esperava ter algum dia a hipótese de explorar as possibilidades depois que a confusão criada por Argoluli fosse resolvida.

Se houvesse depois.

Ele também tinha um ar misterioso. Não era muito comum nas terras de Thronus pessoas com a sua aparência. Apesar de tudo, Léia ainda era uma barda em ascensão e não tão viajada como gostaria, mas sabia o bastante para dizer que os ancestrais de Altman ou o próprio, se esse era mesmo o seu nome, vinham de outras terras além-mar.

Altman no que lhe concernia notou no último mês que passou com Léia, que em momentos de tensão, ela costumava falar só ou assim pensava no começo. Entretanto, ele reconsiderou a hipótese.

Imaginou se Léia talvez estivesse falando com alguém.

Era preocupante de muitas formas.

— Qual é seu primeiro nome? _ perguntou Léia subitamente.

— Henrique. _ Respondeu Altman prontamente.

Léia fez um muxoxo. — Horrível.

— Sinto muito. Foi meu pai que me deu. _ Retorquiu o fantasma.

— Horrível seu jeito de mentir._ Léia rebateu.

Altman riu sobre isso. Ela estava certa, ele nem tentou mentir de qualquer forma.

Léia era uma mulher atraente. Altman que não tinha os pudores de Argoluli sobre misturar negócios e prazer, no início nutriu essa atração a respeito da barda. Após conviver com ela por um tempo, não soube dizer quando, começou a reconsiderar o sentimento e dar ouvidos à cautela.

Por vezes tinha a sensação de estar conversando com outra pessoa. Mudava os trejeitos, o modo de falar, conversava consigo mesmo em um debate em que perguntava sem se ouvir respostas e respondia sem se ouvir pergunta.

Léia apesar do carisma e beleza tinha outra fama.

A de ser solitária e excêntrica. Também ocasionalmente, agir como se fosse uma louca.

Juntamente ao fato de ser um membro da Gnose, casa em que o destino de cada membro é correlacionado à loucura, a fama fazia um triste e preocupante sentido.

Até onde ia essa "verdade" e o quão perigosa poderia ser?

Altman convenceu seus superiores que Léia poderia prestar uma consultoria relevante a missão. Caso não o tivesse feito, suspeitava que a barda "desapareceria dramaticamente" depois do incidente na Trupe Luminosa.

Entretanto, notava que os segredos da Casa Gnoses cobravam de fato o seu preço.

Como ela mesma disse antes, todos na Casa Gnoses eram um pouco insanos.

— Será que o casal já cortejou o bastante? Está um calor infernal aqui como se estivéssemos prestes a ver o nascer de um segundo sol, e quando digo calor infernal, confiem em mim, é exatamente o que quero dizer.

Os dois olharam-lhe com a mesma expressão neutra.

— Surpreendente não é nem ele insinuar que já esteve no inferno. _ Comentou Léia.

— Sim. _ Respondeu Altman. — Surpresa mesmo foi o deixarem sair.

— Ha Ha Ha. _ Retribuiu Argoluli. — Belo entrosamento. Talvez você esteja no ramo errado Gustavo Altman.

— Tente de novo, mago. _ Altman que não nutria a mesma simpatia por Argoluli, disse isso monotonamente.

— Tudo bem, já chega de brincadeira. _ Disse Argoluli. — Sou um mago, como bem salientou nosso fantasma, não um rastreador, e em nossa pressa, acredito que nos esquecemos de observar que iriamos precisar desses serviços por que não faço a mínima ideia do que aconteceu aqui ou se vale a pena continuar daqui ou não, apesar de saber para onde deveriam estar indo. _ Virou-se para Altman. — Sabe ler rastros?

A verdade é que Argoluli dormiria melhor se tivesse alguma prova de que eles fracassaram e se pudesse recuperar a espada Oito Olhos tanto melhor. Aquela viagem prometia custar caro.

— Você não é vidente? — Inquiriu Altman.

— Não é assim que funciona, você sabe muito bem, caçador de magos.

— Eu sei. _ Se adiantou a barda. Argoluli olhou descrente, mas antes que pudesse objetar, a barda prosseguiu e narrou à batalha que ali acontecerá em detalhes, baseada apenas nos rastros. Narrou da investida á emboscada, como os nômades se esconderam na areia e até que havia alguém observando ao longe o desenrolar do conflito e ainda narrou sua conclusão.

— Aqui eles acamparam. _ Apontou um local á cem metros afastados do campo de batalha. — Aqui velaram os mortos. Tanto os cavaleiros quanto dos nômades. Não podiam cavar o terreno árido e nem acender piras funerárias. _ Apontou um monte maior de vidro vermelho. — Aqui puseram os corpos dos nômades reunidos, e naqueles dois montinhos menores, fizeram de túmulo para os companheiros. _ Havia duas pilhas menores de onde saiam uma espada cada.

Tanto Argoluli quanto Altman ficaram assombrados com a capacidade da barda de ler os rastros da batalha e como tudo se encaixava na sua narrativa. Estaria inventando? Não. Pensou Argoluli. Não haveria por quê.

— Aqui eles beberam em homenagem aos mortos, e para o leste seguiram. _ Encarou os homens que o observavam. — Seja quem forem. _ Conclui.

Houve silêncio perante isso, um que não perdurou.

— Não sabia que você lia rastros tão bem Léia. _ Disse Altman afinal.

— Léia? _ Foi à resposta da barda. — Me chamo Ortelis, rastreador, patrulheiro e caçador de bestas. _ Olhou ao redor e se demorou um tempo a observar Argoluli sem nada dizer, coisa que Argoluli também o fez como se visse um fantasma de verdade. — Agora me digam. _ Retomou Ortelis. — Como vim parar aqui?

— Um corpo, muitas mentes. _ Sussurrou Argoluli. — É mesmo de enlouquecer qualquer um.

 


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Notas finais do capítulo

Acho que hoje não tenho muito o que acrescentar.
Vejo vocês na próxima.
Assim espero...



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