Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda de Seiya escrita por Masei


Capítulo 111
A Espada Balmung


Notas iniciais do capítulo

Os Cavaleiros de Atena juntam as Sete Safiras de Odin, mas precisam de um último milagre para despertarem a Espada Balmung e selarem a última Relíquia dos Mares para trancar Poseidon no Oceano.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/800469/chapter/111

A presença de Siegfried havia sido tão poderosa que sua ausência naquele instante era como um vácuo em Asgard. Freia choramingava, sentada no chão, a partida daquele tão bom amigo, de quem conhecia profundamente o amor que tinha por seu irmão e a dor que sentiu quando o viu ser preso e jogado nos calabouços de Valhalla. E como seu dever para com aquela terra o fez sufocar toda a admiração e o amor que sentia por quem o havia criado. Tudo para não desviar um centímetro da trilha de Odin. E naquele dia trágico, se havia alguma dúvida no peito de Siegfried da traição de seu irmão, toda ela se desanuviou de maneira terrível, vitimando dois do mesmo sangue em um último e valoroso esforço do Guerreiro Deus.

— Hilda! — chamava ela, com a voz baixa e lamuriosa, quase inaudível. — Pare com tudo isso, por favor. 

Mas a Princesa de Asgard já parecia não ter mais força, pois embora sua crença e fibra fossem invejáveis e seu coração ardente como o sol capaz de desanuviar as imagens que cegavam Siegfried, Freia tinha naqueles homens e mulheres de Asgard as suas fundações, de modo que tantos amigos caídos e outros tantos sofrendo haviam finalmente derrubado a Princesa, que sentia-se até aquele momento lutando uma guerra sozinha.

— A Espada Balmung, Seiya! — gritou Ikki às suas costas, compadecida daquele sofrimento de Freia. — Junte as Safiras e desperte a Espada Balmung para livrarmos Hilda de seu feitiço.

O garoto então então olhou para a palma de sua mão e encontrou as Sete Safiras de Odin, que outrora haviam protegido os Guerreiros Deuses de Asgard. Ele as fechou no punho e olhou adiante de si, encontrando a face atônita de Hilda, que certamente se colocaria em seu caminho.

E mesmo que o Cavaleiro de Pégaso tivesse apenas seu sobretudo e aquelas sete pedras preciosas na mão, ele não fugiria de seu dever, e então caminhou decididamente até o parapeito daquela pequena plataforma imediatamente abaixo do Colosso de Odin.

Hilda não fez nenhuma menção de impedi-lo de subir aqueles degraus, mas ao vê-lo chegar mais perto, Seiya percebeu que finalmente foi notado pela valquíria. Mas ainda assim ela não colocou-se em guarda ou fez qualquer movimento que desse a impressão de que lutaria para pará-lo; pelo contrário, ela parecia realmente demovida daquela batalha e ainda chocada com a partida de seu mais fiel Conselheiro e amigo.

Seiya subiu o pequeno lance de escadas para uma plataforma exatamente à frente daquele enorme abismo que se abria aos seus pés e, do outro lado do despenhadeiro, para o torso colossal de Odin que levantava-se para velar aquela Terra do Norte. O Cavaleiro de Pégaso olhou para cima e viu a lâmina daquela enorme espada próxima a ele. Suas palavras eram vacilantes, mas respeitosas.

— Odin. Eu preciso que nos dê a Espada Balmung para que nós possamos salvar Hilda e selar a Relíquia dos Mares trancando Poseidon nos Oceanos!

A montanha parecia ter se calado novamente.

— Me dê a sua resposta. — pediu Seiya mais uma vez, com a mão estendida para os céus mostrando àquele Colosso as Sete Safiras.

Mas ninguém lhe respondia.

— Odin! — gritou Seiya, tentando algo com sua voz. — Odin!

Um riso breve e sutil escapou da voz de Hilda às suas costas, mas Seiya não virou-se para ela.

— Por que não me responde? — perguntou-se Seiya fechando o semblante.

O riso de Hilda tornou-se ainda mais presente, de modo que ela mesma caminhou os degraus para estar junto de Seiya naquela plataforma debaixo do enorme Colosso de Odin.

— Pégaso, não gaste sua voz nessa vã esperança. — falou ela para o garoto com deboche na voz.

— O que quer dizer com isso?

— As dádivas de Asgard são destinadas apenas aos filhos de Asgard. Você nunca será digno da Espada Balmung.

E num movimento rápido, ela disparou uma rajada terrível de seu Anel de Nibelungos à queima-roupa em Seiya, que viu-se arremessado para o abismo junto das Sete Safiras de Odin que tinha na mão. Ao ver-se cair para a morte naquele imenso abismo, a última coisa que Seiya pôde ouvir foi a gargalhada maníaca daquela Representante de Odin vendo-o desaparecer na escuridão e a voz desesperada de seus amigos bradando seu nome no ar.

 

—/-

 

June e Shun corriam pelas escadarias do abismo tentando chegar à superfície, uma vez que eram os dois Cavaleiros de Bronze que tinham ainda alguma condição de alcançar seus amigos que, sem dúvidas, travavam uma terrível batalha no pátio externo de Valhalla. À tudo isso eles adivinhavam quanto mais subiam aquelas escadas e escutavam o clangor da Armaduras chocando-se e a terra tremer feito um terremoto em uma grande explosão.

— Temos de nos apressar, Shun! — chamou June, saltando as escadas e finalmente aparecendo no lado externo novamente.

A queda abaixo deles já era consideravelmente enorme o suficiente para mal conseguirem enxergar o profundo breu abaixo e já se aproximarem da luz clara do céu que entardecia.

— Espere, June! — falou Shun, pedindo que os dois parassem de correr.

O garoto caminhou até o parapeito daquela escadaria e olhou para cima, pois algo havia tomado sua atenção. Uma voz que ecoava naqueles paredões de forma muito sutil, em que as palavras chegavam quebradas, sem força para que eles pudessem discernir o que era dito. Mas, com a atenção redobrada, finalmente adivinharam um brado aos céus:

— Odin!

Os dois entreolharam-se.

— É o Seiya. — adivinhou Shun imediatamente, olhando para cima.

O que se seguiu foi de algo rápido, pois outra voz falou mais baixa entre eles e uma grande explosão fez com que um corpo fosse arremessado para além de uma plataforma para cair mortalmente naquele abismo. Shun sentiu a espinha enregelar-se inteira, pois sabia exatamente quem caía.

— Seiya! — gritou ele ao ver o corpo passar na sua frente em queda-livre.

O Cavaleiro de Andrômeda pulou na escuridão, arremessando sua corrente na direção do amigo que caía; a outra ele atirou para o alto, prendendo-se ao vão do parapeito da escadaria mais próxima, a alguns andares abaixo de onde estava June. Ela olhou por sobre o parapeito e logo adivinhou a tragédia.

— Não vai resistir.

E sem pensar duas vezes a Cavaleira de Camaleão saltou daquele nível aos andares de baixo, mas chegou tarde demais à plataforma, pois o parapeito quebrou-se e Shun começou a cair junto de Seiya, que prendia-se à sua outra corrente. 

June viu-se obrigada a fazer alguma coisa para ajudar, saltando pela parte externa da escadaria com a ajuda de seu chicote e caminhando no paredão da montanha como se corresse em terra plana.

— Os parapeitos, Shun!

Como aquela escadaria ora entrava e saía da montanha conforme os lances, Shun poderia tentar usar sua corrente em muitos níveis ainda antes que encontrassem o fundo do poço. Mas acontecia a mesma coisa sempre: o parapeito se rompia com o peso dos dois amigos que voltavam a cair em queda-livre. O esforço, no entanto, foi o suficiente para atrasar a queda e dar tempo de June chegar a um dos parapeitos livres e poder segurar ela mesma a corrente de Andrômeda em um imenso esforço de fortitude.

— Estou com a Corrente, Shun! — berrou June, machucando as mãos no processo, mas finalmente impedindo que eles caíssem ainda mais.

Ela respirou fundo. Ignorou a dor nas mãos e estabilizou a pegada para que o amigo pudesse finalmente ser resgatado; Shun primeiro retraiu sua corrente para que Seiya subisse à altura que ele estava. Àquela altura, o garoto estava já desmaiado. Shun o abraçou e ordenou que sua corrente se retraísse até June, que também o ajudou puxando o garoto até seu nível. Quando os dois finalmente chegaram ao seu andar, ela ajudou Shun a trazer Seiya para dentro da plataforma e então caiu sentada de tanto esforço.

Os dois se entreolharam esbaforidos e olharam para o alto. A queda havia sido enorme e por pouco não se espatifaram contra o fundo do abismo. Shun foi ao corpo do amigo.

— Ele desmaiou. — falou ele. June procurou seu pulso e confirmou.

— Sim, só está desmaiado. — aliviou-se ela, olhando para o alto. — O que será que aconteceu?

— June, desça com Seiya que eu irei até a superfície.

— Esperem… — balbuciou Seiya, finalmente acordando brevemente. — As Safiras de Odin. Onde estão as Safiras de Odin?

— O que está falando, Seiya?

— Elas estavam comigo. 

June e Shun entreolharam-se e a garota olhou por sobre o parapeito da escadaria e viu brilhar no fundo do abismo sete estrelas que não eram outras senão as pedras preciosas. E no fundo do abismo, Shaina levantou-se com dificuldades olhando para o alto sem compreender a confusão que havia acontecido, mas no chão adivinhou que estava cercada de Sete Safiras que brilhavam sua própria luz.

— As Safiras de Odin. — adivinhou, aproximando-se delas. — O que deve ter acontecido para elas terem caído neste abismo? Será que Seiya…

E então ela olhou para o Corredor de Antigamente.

— Será que Seiya falhou? — perguntou Shaina em voz alta, mas quem lhe corrigiu foi Hyoga que, com muito esforço, acordava.

— Não, Shaina. — falou ele. — Seiya não falhou, pois ele nunca teve chance de conseguir.

— O que quer dizer, Hyoga? — perguntou ela, ajudando o garoto a colocar-se de pé.

— Me dê as Safiras, Shaina.

— Hyoga?

— Hilda nos contou o segredo diante de nós. Apenas um filho de Asgard seria capaz de despertar a Espada Balmung; é por isso que Seiya jamais poderia fazê-lo.

— Um filho de Asgard?

— Um Guerreiro Deus.

— Hyoga, você…

— A Safira me protegeu e eu senti profundamente a força de Odin em meu corpo. Me dê as Safiras, Shaina!

A Cavaleira de Prata se afastou e recolheu as Safiras espalhadas no fundo daquele abismo e estendeu-as para que Hyoga as tomasse. O garoto as colocou na palma de sua mão e fechou os olhos, deixando queimar seu mais profundo Cosmo naquele abismo, iluminando a imensidão profunda daquele breu com seu Cosmo gélido. Gélido tal qual o seidr dos filhos de Asgard que lutavam por Odin naquele dia triste, bem como por todos os séculos naquela Terra.

O Cosmo de Hyoga ressoou com aquelas Safiras de Odin, que iluminaram-se ainda mais fortemente na sua mão, bem como ativaram as pedras preciosas do Corredor de Antigamente, que reagiram àquele brilho maravilhoso. Os cabelos de Hyoga sacudiam, reagindo à sua energia, e o garoto lembrou-se da passagem difícil pelo Caminho do Norte, do companheirismo de Jamian, que nunca havia retornado, da prisão de Valhalla, da saudade de seu Mestre, de sua voz naquelas frases epistolares, do abraço de Alberich, da força de Phecda e do resgate dos seus mais adorados amigos.

Hyoga era um estrangeiro na Terra de Asgard, mas uma daquelas Safiras de Odin o havia protegido. Ele era Hyoga de Cisne. Mas ali em Asgard, talvez fosse para sempre Hyoga de Phecda. Um Guerreiro Deus.

— Odin! — bradou Hyoga, estendendo a mão aos céus. — Dê-nos a dádiva da Espada Balmung para que possamos libertar sua filha Hilda de um feitiço terrível!

Não foi preciso pedir duas vezes e a montanha inteira roncou ao chamado de Hyoga. As Safiras que ele tinha nas mãos transformaram-se em pontos de luz que suspenderam-se naquele abismo feito estrelas iluminadas que flutuaram das mãos de Hyoga, lentamente dirigindo-se à superfície enquanto seu Cosmo gélido brilhava no sopé do despenhadeiro. 

June, Shun e Seiya olharam maravilhados para aquelas sete estrelas que haviam nascido do fundo do abismo rumando para a superfície.

— O que será que aconteceu?

— Vamos, Shun. — chamou June, para que descessem para ao lado de Shaina.

E na superfície destruída do pátio externo de Valhalla, enquanto Lunara ajudava sua Mestre Ikki a manter-se de pé, Geist via-se na condição de ser a única ainda apta a batalhar contra Hilda por uma chance de passarem por ela e usarem aquele Selo de Atena no tesouro que se escondia na Caverna de Surtr. Mas já muito ferida depois de tantos ataques daquela furiosa Valquíria, Geist já se via diante de um impasse mortal, considerando até mesmo bater em retirada para organizar o exército de Atena para o pior.

Mas o ronco da montanha fez novamente Valhalla tremer inteira e Hilda sentiu um calafrio terrível ao notar que o Colosso de Odin às suas costas, todo feito de pedra e invadido pela neve, agora parecia vibrar de um certo modo que nunca havia feito antes. Os confins da terra chacoalhavam aquele Colosso e ela temia, inclusive, por sua destruição e queda. E enquanto procurava compreender o que tinha tanta força para fazer tremer aquela montanha antiga, ela notou as sete estrelas que flutuavam à sua frente, subindo aos céus.

E ao fitar as estrelas do céu que sempre a protegeram, as sete estrelas da Ursa-Maior, Hilda viu como sete feixes de luzes desceram do firmamento das estrelas à coroa de ouro do Colosso de Odin. Os olhos da estátua iluminaram-se e a lâmina da espada que o Colosso segurava com sua mão direita disparou um feixe prateado até o fundo do abismo.

— A Espada Balmung. — adivinhou ela, em desespero. — Mas como é possível? Por que Odin responderia ao chamado desses estrangeiros, será que… Por Odin, não. Não! 

E então sua voz estridente reverberou por todo o paredão em um grito lancinante e visceral.

— Phecda!

A luz da espada se apagou e, envolta em loucura, Hilda fez algo inimaginável: saltou para o fundo do abismo e tudo que Geist viu daquela altura foi um brilho enorme surgir daquele despenhadeiro, como se houvesse engolido a Representante de Odin.

 

—/-

 

— O que está acontecendo? — perguntou Shun assim que chegou ao pé do abismo, acompanhado de June, que escorava Seiya.

— Hyoga parece ter despertado as Safiras. — respondeu Shaina.

O Corredor de Antigamente estava todo iluminado de todas suas pedras e Hyoga estava envolto de seu Cosmo magnânimo. Outro enorme tremor fez com que o Corredor inteiro se alargasse, as gemas que antes suspendiam-se do teto se recolheram para se incrustarem na pedra da montanha, as raízes que antes se retorciam no meio do caminho também se recolheram para dentro e, ao final do Corredor de Antigamente, o chão se abriu, revelando uma enorme orbe de luz profundamente brilhante.

— A Espada Balmung. — adivinhou Hyoga o presente de Odin.

Mas um grito interrompeu a todos quando notaram que, do céu, caía feito um raio a Valquíria do Norte, Hilda de Polaris, que pousou feito um meteoro às costas deles com seu vestido escuro, sua lança de ébano e uma profunda cólera nos olhos.

— Não deixarei que toque na Espada Balmung! 

 

Shun e June imediatamente colocaram-se entre ela e Hyoga.

— Vá, Hyoga! Pegue a Espada!

Hilda partiu pra cima, mas June usou seu chicote para desarmá-la de sua lança de ébano, embora tenha sido feito vítima da fúria de seu Anel de Nibelungos, que já a havia derrubado uma vez; mas daquela vez a ira de Hilda era imensurável, de modo que June foi arremessada tão alto naquele paredão que seu corpo desenhou uma cratera na parede antes de cair, imediatamente vencida.

— Vá de uma vez, Hyoga! Nós atrasaremos ela. — gritou Seiya.

E com muitas dificuldades, o Guerreiro Deus de Phecda cambaleou com sua perna ferida para dentro do Corredor de Antigamente, enquanto às suas costas seus amigos lutariam contra Hilda de Polaris.

— Saia da minha frente, moleque! — falou ela para Seiya.

— Nunca!

O garoto fez arder seu Cosmo de maneira impressionante naquele abismo, colocando-se em guarda para lutar ali mesmo contra ela.

— Está louco, Seiya! — reclamou Shaina, pois o garoto estava sem sua armadura e muito ferido.

— Sempre. — falou ele, com um sorriso no rosto.

Pois do fundo daquele túnel que levava à Caverna de Surtr, ouviram todos os galopes metálicos de uma figura mitológica de asas abertas que atravessou o Corredor de Antigamente veloz como a luz para se jogar no corpo de Seiya, revelando a todos a maravilhosa e restaurada Armadura de Pégaso em um espetáculo de brilho.

— Meteoros de Pégaso! — gritou ele à sua frente.

Os meteoros fizeram Hilda ser jogada contra o paredão oposto, mas ao se levantar, mais próxima de sua lança de Ébano, a Representante de Odin e Seiya protagonizaram uma luta terrível e, até certo ponto, parelha. Mas se a Armadura de Pégaso parecia nova, recém forjada pelos Deuses, o mesmo não se podia dizer do garoto, que estava em condições lamentáveis, de modo que não tardou para Hilda se livrar dele com uma voadora de seu salto de ouro no rosto do menino.

— Seiya! — gritou Shun ao ver o rapaz ser arremessado para o lado.

E nesse descuido Shun também teve destino parecido com o de sua amiga June, vítima de uma rajada menor, mas concentrada, daquela terrível lança de ébano. E o pior ficou para Shaina, que jogou-se na frente dessa mesma lança quando Hilda arremessou-a na direção de Hyoga dentro do Corredor para impedi-lo de chegar ao seu destino. A lança fincou no estômago da garota e ela caiu para o lado, tremendo de dor.

— Maldita! — bradou Hilda correndo para dentro do Corredor, tomando a lança do estômago de Shaina antes de seguir em frente.

Mas era tarde demais.

À frente de Hyoga estava uma maravilhosa Espada de metal azulado que parecia refletir as estrelas, de empunhadura maravilhosa, mas fincada no que pareciam cristais do mesmo material. Hyoga estendeu a mão e sentiu estalar dentro dele, junto daquele artefato poderoso, uma energia tamanha que seu corpo foi tomado por ela e, ainda que Hilda tenha chegado perto, ela já não podia fazer nada.

A Espada Balmung fez explodir os cristais que a prendiam e Hyoga tomou aquela espada nas duas mãos, enquanto os pedaços de cristais que haviam se separado tomaram seu corpo, protegendo-o de forma impressionante. As dores que sentia em sua coxa pareciam ter sido curadas de um instante ao outro.

— Não pode ser. — falou Hilda às suas costas.

Hyoga virou-se para ela e agora ele tinha o espírito renovado, bem como uma nova Armadura reluzente que refletia as luzes coloridas todas do Corredor de Antigamente. E uma incrível Espada nas mãos.

— Acabou, Hilda. — falou Hyoga. — Vou livrar seu feitiço por Asgard e em nome de Odin!

— Tire esse nome de sua boca!

E ela partiu para cima dele com sua lança, brandindo-a contra a Espada Balmung de Asgard que Hyoga empunhava, ambos entrando mais e mais para dentro da Caverna de Surtr. Os ataques de Hilda com sua lança, Hyoga as detia como podia; e as rajadas negras do Anel de Nibelungos refletiam contra a lâmina da Espada Balmung. Conforme avançavam, esbarravam contra os tesouros, derrubando tudo ao seu redor. 

O embate terrível entre a Voz de Odin e o Guerreiro Deus gerava pulsos de energia dentro daquela Caverna de Surtr. Aos poucos todos os tesouros estavam afastados às margens de uma arena central que se formou para que ambos pudessem se enfrentar. O clangor das armas se batendo ecoava por toda Caverna.

Até se encararem cada qual de um lado daquela arena improvisada.

— Senhora Hilda, tudo que nós queremos é selar essa maldita Relíquia, por Odin, já deve ter percebido isso agora.

— É mentira! — bradou ela, atacando-o. — Vai usar a Espada para destruir a Relíquia e desgraçar o nosso povo, que viverá eternamente congelado neste Longo Inverno. Asgard merece o Sol! O calor do céu!

Não havia modo, Hyoga teria de romper aquele feitiço, mas não podia imaginar como. Ao ser atacado por uma rajada negra daquela lança terrível de ébano, a Espada Balmung sugou toda aquela energia de Hilda e o estalo de sua defesa fez com que a lança fosse arremessada para longe, desarmando a Valquíria pela primeira vez, que finalmente se viu indefesa.

E agora tinha apenas o Anel de Nibelungos à sua disposição, que nada podia contra aquela Espada Sagrada.

Seus olhos assombraram-se pela primeira vez de medo, encurralada à margem da arena que se formou.

Hyoga respirava forte, também de medo; ele ergueu a Espada Balmung para acertar Hilda à sua frente, quando uma voz o fez parar ecoando por toda a caverna.

— Não faça isso, Hyoga!

O garoto e Hilda olharam para todos os lados procurando o dono daquela voz; e próximo à uma grota, escorado contra a parede, a figura muito ferida, mas ainda viva, de Alberich os encarava de volta.

— Alberich? — assustou-se Hyoga com aquele que o havia enganado anteriormente.

Hyoga olhou daquela víbora para a espada que tinha em mãos e lembrou-se do plano de Alberich; tudo que ele queria era despertar Balmung para matar Hilda e governar Asgard em seu lugar. E Hyoga percebeu naquele instante que talvez estivesse levando a cabo o plano ambicioso e terrível daquela serpente. E cambaleou para trás.

— Não faça isso, Hyoga. — tornou a pedir Alberich.

— Saia daqui, Alberich. — protestou Hyoga tentando voltar sua atenção novamente para Hilda. — Eu não tenho tempo para seus planos. Vá morrer em outro lugar.

Ele não disse mais nada, pois estava mesmo muito ferido e Hyoga continuou falando tanto para Alberich, como para sua oponente.

— Eu não quero matar Hilda. Eu não vou deixar que seus planos se concretizem!

Hyoga respirava rapidamente, confuso sobre como seguir adiante; procurando as respostas no cabo daquela Espada Sagrada, quando uma rajada terrível de energia disparou do punho de Hilda sem que ela tirasse os olhos de Hyoga. Seu alvo era Alberich. Hyoga assustou-se, em choque e olhou para trás ao ver o corpo ferido do Guerreiro Deus.

— Se ele planejava me matar, agora não poderá colher os espólios dessa batalha. — falou Hilda entre os dentes com uma expressão maníaca.

Alberich finalmente parecia ter se calado para sempre. Vencido pelo Anel dos Nibelungos.

E confuso, ficou vulnerável, e a Valquíria do Norte aproveitou-se para também atingir Hyoga com o Anel dos Nibelungos, arremessando-o para dentro daquela grota. Salvo da morte certa por aquela Robe de Balmung, capaz de portar uma Espada tão Sagrada. Seu corpo caiu de face para o lago raso onde flutuou, ainda segurando a empunhadura da Espada Balmung.

Tudo que ele queria era apenas romper aquele maldito feitiço.

Hyoga viu-se novamente soterrado pela derrota. 

Mas o Guerreiro Deus sentiu o punho da espada ressoar com seu Cosmo naquela água rasa e cristalina. O seidr da Espada e seu Cosmo de Cavaleiro juntos. E somente ele, na imensidão de seu universo, sentiu a mais divina das sensações, uma paz tão profunda que o carregou dali para uma dimensão que ele jamais havia experimentado. E sozinho foi que Hyoga escutou as palavras de uma voz profunda e apaziguadora.

— Esta Terra, Asgard, sofre inúmeras provações desde épocas imemoriais. E agora muitas vidas foram sacrificadas por causa da ambição de Poseidon. Mas o sangue das pessoas que amavam sua Terra-Natal e morreram me despertou para esse Mundo onde você poderá cumprir com a sua missão.

"Este Cosmo está vindo de dentro dessa Armadura, de dentro dessa Espada. Mas será que… será que esta voz é Odin?"

— Phecda. Cisne. Ou somente Hyoga. Segure a Espada Balmung com coragem e quebre o poder mágico de Poseidon. O destino deste Mundo está nas suas mãos nesse momento. Você não deve hesitar. Levante-se, Filho!

E Hyoga se levantou novamente do lago raso daquela grota, deixando pingar a água sagrada de Asgard que havia sobre ele.

À sua frente, quando se levantou, deparou-se pela primeira vez com o bracelete de ouro que brilhava e girava em seu próprio eixo. A Relíquia do Mar.

Às suas costas, na entrada da grota, estava Hilda em ira.

Ao redor de Hyoga brilhava a mais incrível das luzes, uma mistura profunda do seidr de Asgard, bem como o ardente e brilhante Cosmo de Cavaleiro.

— Eu vou salvar Asgard. — bradou ele. — Eu juro.

Seus olhos também agora brilhavam lindamente. Ele levantou a espada acima da cabeça e cravou o olhar no carmesim profundo dos olhos de Hilda. Seu Cosmo era poderoso e Hyoga deixou soar sua voz antes de desferir seu golpe fatal.

— Por Odin.

A Espada Balmung não dilacerou carne alguma, mas atravessou o âmago de Hilda que viu-se completamente paralisada, os olhos petrificados. O pulsar daquele golpe fez a água daquele lago raso se congelar inteiramente. Hyoga viu de perto como o elmo de ébano da Valquíria Hilda se partiu ao meio, bem como sua bela Armadura foi ao chão, liberando o vestido escuro que lhe cobria o corpo. Sua voz parecia, como todo o resto, petrificada no grito que se congelou na garganta.

Seu braço direito ergueu-se lentamente e, de seu dedo, o Anel de Ouro escorregou calmamente para fora, flutuando suspenso no ar enquanto girava contra seu próprio eixo.  Hyoga levantou a espada novamente para dar cabo daquele terror de uma vez por todas.

Mas o anel rachou o ouro demoradamente acima de suas cabeças, até que ele brilhou feito uma estrela na escuridão e finalmente explodiu, fazendo pulsar uma energia maléfica que se dissipou para sempre, apagando todas as tochas e o fogo daquela Caverna de Surtr. O único brilho ali agora eram o da Espada Balmung e o da Relíquia dos Mares em seu pedestal.

Hilda foi ao chão e Hyoga respirou fundo.

Sua tarefa estava cumprida.

A Armadura de Cristais que usava ressoou com toda a montanha e a Espada Balmung abandonou seu punho para se erguer suspensa; os cristais que antes o protegiam soltaram-se no ar para novamente aprisionar a Espada e desaparecerem, submergindo-se de maneira impossível naquele lago, que havia se descongelado magicamente.

Era o fim da batalha de Asgard.

Ao olhar para a entrada da grota, Hyoga encontrou o rosto de Alberich. Ele tinha sangue escorrendo de sua boca e o braço direito calcinado. Encostou à entrada e deixou-se cair sentado em seus últimos momentos, lutando entre a vida e a morte.

Ele tossia. Mas ria. O garoto sentiu um calafrio no corpo.

— Idiota. — falou Alberich com dificuldades.

Hyoga havia sofrido demais na mão daquele Guerreiro Deus para que sua raiva não o tomasse mesmo naquele momento importante. Ele ajoelhou-se e o agarrou pela camisa enquanto Alberich deixava o sangue brotar-lhe da boca.

— O que foi agora?! Que veneno vai sair de sua boca dessa vez? Está tudo acabado!

— Idiota. — repetiu ele com um sorriso no rosto, para desagrado de Hyoga. — Todos nós. Feitos de idiota.

O garoto cresceu desconfiado, como sempre deveria ser com as palavras de Alberich, mas então aquela cobra lhe pareceu finalmente inofensiva e incapaz de qualquer bote. Foi quando o brilho dourado que iluminava suas costas e projetava uma tênue sombra à sua frente arrefeceu e se apagou. Hyoga olhou para trás e não encontrou mais a Relíquia do Mar.

Alberich riu mais fortemente, até onde sua breve morte o deixava.

— O quê? — perguntou-se ele. — O que significa isso?

— A Relíquia, Hyoga. — falou Alberich.

E o garoto ajoelhou-se para ouvir suas últimas palavras antes de morrer.

— A Relíquia estava no Anel.

O coração de Hyoga parou.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

SOBRE O CAPÍTULO: Finalmente chega ao final o Arco de Asgard. Eu busquei unir as referências e intenções do segundo filme da série com os eventos do arco original do desenho. Mantendo o clima melancólico da trilha-sonora e das histórias. Busquei também explorar muito mais a perspectiva dos inimigos do que dos protagonistas, que eu acredito ser um dos pontos que os fãs mais gostam dessa parte. E busquei costurar esse enredo dentro da própria história que eu criei sobre as Relíquias. E fiquei muito feliz com o encerramento final, trazendo de volta a história do Sigmund e também mantendo certo mistério sobre as reais forças por trás de tudo.

[A fanfic vai entrar em um hiato de uma semana até o próximo capítulo, mas continue acompanhando! Se quiser falar mais sobre a Fanfic, venha para nosso Discord: https://discordapp.com/invite/T9JVaWS]

PRÓXIMO CAPÍTULO: UM CONTO DE AMOR E MAR

Um conto lateral e solto sobre uma bonita relação entre o mar e o amor.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda de Seiya" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.