Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda de Seiya escrita por Masei


Capítulo 110
O Emissário das Profundezas


Notas iniciais do capítulo

A batalha em Asgard é interrompida por uma voz que levanta-se debaixo do Colosso de Odin para trazer sentimentos enterrados.



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Asgard era um Reino do Norte abandonado pelo tempo e amaldiçoado pelos Deuses.

Sua sofrida população vivia desde tempos muito remotos escondidos do Sol por um frio gélido e um inverno terrivelmente rigoroso que por vezes estendia-se muito além dos meses em que era esperado. Distante de seu auge, depois de ter sido sobrepujada pelos costumes dos mares, Asgard viu sua população morrer e cada vez mais envelhecer sem que os jovens trouxessem o brilho de volta à sua nação.

E agora morriam de uma terrível fome e miséria que alastrava-se por todo o país.

O farol de esperança iluminou-se novamente sobre aquela terra quando Hilda anunciou que os levaria, finalmente, à Terra do Sol, pois já era tempo de serem recompensados por todos aqueles séculos de penitência.

Mas seu plano parecia ter secado como as folhas da Yggdrasil morta quando Siegfried foi arrastado pelo Esperança de Atena. 

Fez-se silêncio no Palácio Valhalla quando o madeirame do navio parou de ranger e suas enormes tábuas pararam de colapsar no canto da montanha em que havia se destruído. O rastro de destruição levantou a pedra do pátio, mas também revelou, do lado oposto em que estavam, exatamente abaixo do Colosso de Odin, a figura de Hilda de Polaris, que agora seria o último obstáculo entre eles e o objetivo.

Seu rosto guardava um choque imenso ao ver o impossível: um galeão do mar tombado no alto da montanha de Asgard. E um guerreiro imortal vencido.

O silêncio foi interrompido pelo som característico de hélices batendo no ar; Geist olhou para o alto e encontrou uma pequena figura lentamente descendo com as perninhas chacoalhando enquanto suas mãos controlavam o pequeno helicóptero que ela havia inventado. Até que finalmente a pequena pousou ao lado de Geist.

— Lunara se apresentando, Capitã! — disse ela, feliz, e usando um casaco de pele muito maior do que seu pequeno corpo.

— Bem a tempo, Lunara. — comentou Geist, muito cansada. — Como está o resto da tripulação?

— Ficaram todos no estrangeiro, como a senhora havia mandado. Ofélia vai cuidar de todo mundo.

— Muito bem. E o Selo de Atena?

— Aqui está! — apresentou ela um cilindro de ouro imaculado e um enorme sorriso no rosto. — Mas e você, capitã? Você parece péssima! — observou a pequena ao ver que Geist estava toda arregaçada de seu sobretudo e a Armadura que usava estava toda rachada.

— Estou sempre bem. — respondeu ela. — Já o Seiya ali atrás…

— Seiya!

Lunara correu de Geist até o menino que estava roto, em situação paupérrima, seu sobretudo completamente destruído, seu rosto com um olho semicerrado, sangue pelo corpo. 

— Minha nossa, Seiya, como está sujo! Olha isso, rasgou todo o sobretudo! Tome de volta seu casaco, se cobre! — pediu Lunara, tirando o casaco que ele havia deixado para ela e dando-o de volta.

O menino apenas sorriu e beijou a testa da pequena.

— Que feliz te ver de novo, Lunara.

— Mestre Ikki! — espantou-se Lunara deixando Seiya sem resposta, pois ela havia visto Fênix estirada no chão.

A garota correu até ela para ver se estava tudo bem, mas Ikki abriu os olhos, deixando-a um pouco mais tranquila.

— Mestre Ikki? — perguntou Seiya com um leve sorriso no rosto.

— Cale a boca. — retrucou Ikki, que levantava-se aos poucos agarrada por Lunara.

Àquela altura, Geist também levantava Shiryu.

— Conseguimos as Sete Safiras? — perguntou ela, com dificuldades.

— Ainda não. — respondeu Seiya, visualizando as seis Safiras que tinha na palma da mão.

— O que está esperando, Seiya? — perguntou Ikki já de pé.

Seiya olhou para as seis que tinha na palma da mão e então marchou para os escombros do Galeão de Atena, para recuperar a sétima e derradeira pedra preciosa que os ajudaria a completar sua missão. Os olhos de Hilda de Polaris estavam congelados nele e acompanhavam sua marcha, com um sorriso indecifrável no rosto. Mas a meio caminho, Seiya sentiu um tremor no chão daquele pátio. Seus olhos imediatamente buscaram os escombros do navio encostado na lateral da montanha. Ele sabia que era Siegfried.

Colocou-se em guarda e viu os escombros de madeira tremerem, a estática de uma eletricidade impossível estalar ao redor do que havia restado do navio e levantar-se um brilho branco e gélido cobrindo toda carcaça destruída. Até que ele finalmente explodiu em um grande espetáculo de luzes, revelando uma única silhueta no centro.

Quando o brilho do seidr arrefeceu, Seiya viu que Siegfried não tinha mais a parte de cima de sua Robe Divina, de sua boca escorria um filete de sangue, mas a Safira de Odin continuava incrustada em sua cintura, enquanto uma de suas pernas também tinha apenas metade de sua proteção.

Siegfried tinha um dos olhos semicerrados, mas encarava a mirada de Seiya à distância, que por sua vez estava estupefato. Talvez aquele Guerreiro Deus fosse mesmo imortal. Seiya apenas notou que os olhos do Guerreiro Deus deixaram os seus, quando Siegfried olhou por sobre seu ombro às suas costas; Seiya olhou para trás e viu que a Princesa Freia havia aparecido no pátio, vindo dos corredores internos do Palácio Valhalla.

Ela tinha uma imensa tristeza nos olhos e as duas mãos contra o peito.

— Chega dessa guerra todos vocês, pelo amor de Odin! — começou ela, muito entristecida.

Silêncio entre as três figuras.

— Chega. — pediu ela novamente. — Por favor, parem com isso!

— Saia daqui, Freia! — bradou Hilda furiosa.

— Mas por todos os antigos Deuses, minha irmã. Quando isso vai acabar?

— Quando o povo de Asgard puder ver a luz do sol!

— Siegfried. — tornou Freia para o Guerreiro Deus, que mantinha-se calado. — Ela não é mais a mesma, diga que me compreende, por favor.

— Escute ela, Siegfried. — pediu Seiya, colocando-se ao lado de Freia. — Tudo que queremos é selar a Relíquia dos Mares.

Ele estendeu a mão adiante com as seis Safiras de Odin.

— E livrar o feitiço de Hilda com a Espada Balmung.

Os olhos de Siegfried finalmente moveram-se lentamente da figura de Freia para as pedras preciosas na mão de Seiya.

— Impeça isso, Siegfried! — falou Hilda, com ódio na voz.

— Não, irmã!

— Acabe com eles de uma vez, Siegfried! — pediu novamente Hilda, mas o guerreiro parecia imóvel.

O Guerreiro Deus não respondia.

— Mas por acaso está me ignorando, Siegfried? Vai desobedecer a mim e a Odin? Será que eu mesma terei de dar cabo desses invasores? É isso que está dizendo? Está me abandonando como fez seu irmão?

Nada.

— Muito bem, Siegfried. Eu não preciso de você.

Hilda fez ascender uma energia poderosa ao redor de si e sua lança de ébano brilhou no mais profundo púrpura, e de sua ponta disparou um raio de energia poderosíssimo na direção de Freia e Seiya. Mas aquele ataque não dilacerou seus peitos, como poderia ter feito, pois no meio do caminho foi detido pela mão de Siegfried, que estendeu-a ao seu lado para deter o raio de Hilda, sem sequer olhar para ela.

— Siegfried! — espantou-se Hilda.

As costas da mão esquerda do Guerreiro Deus estavam calcinadas e sangrando. Os olhos sofridos de Siegfried, no entanto, estavam nos olhos lacrimejantes de Freia, que ali diante de Odin, de sua irmã e do velho amigo, sofria terrivelmente a perda de quem amava.

— Um coração tão radiante como o sol. — falou a voz vacilante do Guerreiro Deus.

— Ah, Siegfried, você ainda se lembra. — chorou Freia, pois então tinha certeza que o Guerreiro Deus havia finalmente compreendido.

O que parecia ser a salvação para Freia logo tornou-se o despertar de uma sombra ameaçadora em Asgard. A montanha em que Odin se levantava em um Colosso novamente rugiu profundamente e um riso se fez espalhar por toda aquela terra, atraindo a atenção de todos. E não somente isso: um Cosmo ameaçador e profundo espalhou-se também entre eles, um Cosmo que Geist e Seiya atentaram-se, pois não era a primeira vez que sentiam algo parecido, embora jamais com aquela intensidade.

Pois debaixo do Colosso de Odin, na montanha que lhe servia de sustentação, surgiu caminhando pelas escadas que levavam ao Santuário às costas da estátua uma figura misteriosa. Trajando dos pés à cabeça uma armadura de cor indefinida, que furtava-cores dependendo da luz que incidia sobre ela — ora profundamente alaranjada, ora cobre ou até mesmo dourada —, mas absolutamente reluzente. A figura tinha um elmo que lhe cobria completamente o rosto e nenhum cabelo lhe escorria pelas costas adornadas por uma bonita capa oceânica.

A aparição misteriosa fez com que todos tivessem olhos para ela, e até mesmo Siegfried parecia desperto de seu torpor para tentar compreender o que era aquela estranha visita, que havia surpreendido até mesmo Hilda, que estava mais próxima a ele, embora do outro lado daquele despenhadeiro.

— O que faz aqui? — perguntou ela ameaçadoramente. — Não há qualquer assunto para você aqui. Eu já disse que está tudo sob controle.

— Não é o que parece, Hilda de Polaris. — respondeu a voz da montanha. — Seu mais fiel escudeiro acaba de desertar.

Siegfried prendeu a respiração diante daquela acusação.

— Quem é você?! — perguntou Siegfried, finalmente se fazendo ouvir entre todos.

— Este é um Marina de Poseidon. — respondeu Seiya.

— Poseidon? — surpreendeu-se Ikki.

— Sim. — concordou Geist. — Este é um Marina de Poseidon. Encontramos outros Marinas em nossas expedições pelos Sete Mares e sua poderosa Cosmo-energia é inconfundível, como se os seguidores de Poseidon emanassem todos essa imensa profundidade em seus Cosmos. E, no entanto, este parece ser um tipo diferente de Marina.

— O que faz um Marina de Poseidon aqui? — perguntou-se Shiryu, mais distante dos desdobramentos daquele terra.

— Aí está a prova, Siegfried! — falou Seiya para o Guerreiro Deus à sua frente, tão atônito quanto eles. — Poseidon era a força por trás de Hilda.

— Mas isso é um absurdo. — falou Siegfried.

— Não é um absurdo, Siegfried. O Anel dos Nibelungos não foi dado por Odin, mas sim por um emissário de Poseidon. — acusou Freia, tentando juntar as peças daquela trama.

— Uma sombra. — refletiu Siegfried ao lembrar-se das palavras de seu irmão. 

Instalou-se um profundo silêncio entre todos enquanto aquela figura ainda caminhava a passos lentos pela escadaria de pedra crua que existia abaixo do Colosso de Odin, colocando-se exatamente ao centro da estátua, olhando para todos por alto de seu elmo completo.

— Asgard protege a Relíquia de Poseidon há séculos. — falou Hilda, olhando para aquela figura e dando as costas para os Cavaleiros de Atena. — E ela continua segura no coração de Surtr. Não há qualquer motivo para você estar aqui. Volte para a profundidade de onde veio!

— Tem certeza disso, Hilda de Polaris? — perguntou a montanha inteira, mas Hilda não se deixou vacilar.

— Eu já deixei claro que a missão de Asgard seguirá os desígnios de Odin. E quanto aos espiões do mar, que eles retornem à sua morada nas profundezas, que este povo não precisa e nunca precisou de Poseidon.

A voz profunda respondeu com uma risada ameaçadora e Hilda retornou enfurecida.

— Onde esteve Poseidon esse tempo todo em que o povo de Asgard sofreu de seu inverno mais rigoroso? Onde esteve Poseidon na queda das muralhas de Valhalla? Onde esteve Poseidon senão escondido nas profundezas de sua insignificância graças ao zelo com que guardamos sua maior Relíquia do Mar!? Seguirei a missão de Odin e levarei esta terra para ver a luz do sol!

— Não verá nada além de tragédia em seu futuro. — respondeu a montanha enquanto o Marina de Poseidon aprumou-se para que todos pudessem enxergá-lo claramente.

E, como um ritual, lentamente o Marina de Poseidon colocou as mãos na cabeça e tirou o elmo que lhe escondia a identidade trágica. Pois, ao tirá-la, Hilda deixou desenhar em seu rosto o horror da revelação; a Princesa Freia levou as mãos aos lábios, recuando brevemente, enquanto Siegfried caiu de joelhos com seu coração vacilante, pois não teve dúvidas que aquele olho ferido que o encarou de volta não era outro senão o de seu irmão Sigmund.

O choque entre todos produziu um silêncio tenso e tão profundo que a espada de Odin poderia cortá-lo ao meio se tombasse da mão do Colosso naquele instante. Aos Cavaleiros de Atena restou o papel de espectadores de uma revelação que não lhes dizia absolutamente nada, embora ficasse evidente pela reação de todos que uma profunda traição parecia ter acabado de se concretizar. E não sentiam-se no direito de interferir, de modo que mantiveram-se calados por todo o tempo.

— Você… — tentou compreender Hilda.

— Sig… Sigmund. — balbuciou Siegfried. — Mas…

— O Anel… — lembrou-se Freia, então.

O Último Guerreiro Deus colocou-se de pé novamente e com o punho cerrado tentava compreender aquela aparição, enquanto seu coração ainda pulsava todos seus sentimentos e demônios para fora. Por um instante, se perguntou se aquela não seria a manifestação de seus pesadelos que o atormentavam acordado, fruto daquela técnica maldita de Fênix, mas aquele era um rosto que parecia ter sido reconhecido não apenas por ele, senão por sua senhora também. Não, não sonhava. Vivia o pesadelo acordado.

— Irmão! — bradou Siegfried, revelando a todos o choque que comia os filhos de Asgard naquele fim de tarde. — O que significa isso?!

A pergunta ficou suspensa no ar como se houvesse demorado a chegar em seu interlocutor, que respondeu com aquela mesma profundidade ecoante de sempre.

— O que seus olhos vêem, Siegfried. — respondeu a montanha.

— Foi você quem deu o Anel à minha irmã, não foi, Sigmund!? Responda!

— Não, Freia! — protestou Siegfried. — Meu irmão jamais faria isso.

— Não foi você o primeiro que a encontrou? — tentava Freia, em desespero. — Por que fez isso? O que quer Poseidon com isso?

— Cale-se, Freia! — tornou Hilda para ela. — O Anel foi um presente de Odin e ninguém mais! Eu não sei e não me importo com o que Sigmund tenha escolhido para sua vida. Aí está a prova de que ele realmente traiu a Odin e deveria ter ficado apodrecendo nos porões de Valhalla, mas se vendeu por uma chance a outro senhor.

Somente a risada do homem respondia àquelas acusações apaixonadas.

— Diga, Sigmund. Por quê?! Por que trair Asgard, sua terra? Por que juntar-se aos mares para desgraçar a todos nós? — tentou Freia.

— Odin está morto. — respondeu apenas.

O rosto de Siegfried abriu-se de loucura diante daquela voz e Freia levou as mãos à boca, também em choque. Instalou-se entre todos um pesado silêncio dentro de um impasse que não sabiam como interromper. Aos Cavaleiros de Atena parecia reservado o lugar de apenas assistirem o desenrolar de uma terrível tragédia. Pois foi a voz de Siegfried que os trouxe todos à realidade.

— Pégaso!

Seiya surpreendeu-se ao ser chamado por Siegfried.

O Guerreiro Deus estava de costas para ele, mas Seiya viu como Siegfried claramente retirou sua Safira de Odin da cintura e, sem olhar nos seus olhos, ofereceu a ele a joia.

— O que está fazendo, Siegfried? — perguntou Hilda, notando o movimento. — Você perdeu a cabeça?

— Sigmund é o responsável por essa desgraça. — começou ele. — A sombra que eu não deveria confiar é a dele próprio. Meu próprio irmão. Foi ele quem despertou o Anel dos Nibelungos para que você usasse, divina Hilda.

— Não é verdade! — protestou Hilda.

— Você nega isso, Sigmund? — bradou Siegfried.

Os olhos todos encararam aquela figura absolutamente inamovível. E sua voz encerrou a questão.

— Não.

— É mentira! — retrucou Hilda, sem acreditar. — Somente Odin poderia despertar o Anel dos Nibelungos, somente Odin poderia ofertá-lo a mim. Foi a mim que Odin respondeu em orações! Este é um presente de nosso Senhor Pai Amado Odin!

O choque havia enfurecido a Senhora de Asgard, de modo que a Valquíria fez seu seidr florescer ao redor de si e, com os dentes rangendo de ira, ela apontou o Anel dos Nibelungos contra Sigmund e o fez descarregar sua fúria contra o enviado de Poseidon que viu-se coberto da mais tenebrosa energia, caindo ajoelhado naquele pequeno espaço em que estava.

Sua capa oceânica foi obliterada, mas seu corpo permaneceu intacto debaixo daquela estranha Armadura furta-cor. E quando levantou-se apontou um único dedo na direção de Hilda, que fez com que Siegfried saltasse de onde estava para paralisar seu irmão pelas costas antes que ele novamente fizesse algo imperdoável.

— Siegfried! — gritou Freia ao vê-lo segurando seu irmão.

— Não vou deixar que levante a mão contra Hilda novamente, Sigmund! Não enquanto eu ainda estiver vivo.

Sigmund debatia-se enquanto seu irmão mais novo tentava mantê-lo preso em uma chave de braço às suas costas.

— Freia! — gritou Siegfried para a Princesa de Asgard. — Tire o Anel de Nibelungos de sua irmã. Junte as Safiras! Peça ao nosso Pai que opere esse milagre.

— Não, Siegfried, por favor! — pediu Freia, correndo mais adiante.

— Cavaleiros de Atena! — bradou Siegfried de onde estava. — O calor de seus corações os trouxeram até aqui.

Seiya olhou para aquele homem segurando seu irmão pelos ombros e olhando para todos eles; Ikki escorava Shiryu para manter-se de pé, enquanto Geist tinha a pequena Lunara ao seu lado.

— O inimigo para o qual eu deveria ter dirigido meu golpe não era vocês e sim Poseidon, que atentou contra a vida de Hilda e manipulou o povo sofrido de Asgard. — falou a voz altiva de Siegfried. — O que resta de minha vida será levada junto de meu irmão para nosso destino final.

— Siegfried! — gritou Freia em desespero.

— Mas Siegfried… — começou Seiya, e foi Geist quem corrigiu seu pensamento antes que ele o colocasse para fora.

— Siegfried nunca foi imortal. — disse ela para seus amigos ouvirem. — Ele não é aquele abandonado pela morte, incapaz de morrer ou de matar como ele disse. Siegfried apenas se protegeu esse tempo todo atrás de uma lenda, assim como parece ser comum com todos aqueles miseráveis que nasceram e morreram nesta Terra abandonada. Quando a realidade é sofrida e terrível, é nas histórias que por vezes alguém vai buscar seu conforto, suas motivações e por vezes até mesmo seu próprio destino.

Lunara olhava para sua Capitã com lágrimas nos olhos ao sentir a enorme tristeza daquela terra em um momento tão terrível. Ela mesmo tinha os olhos marejados, pois reconhecia-se em parte naquele povo, uma vez que ela própria havia buscado alento em livros e histórias antigas como aquele povo orgulhoso havia feito; mas se ela aventurou-se por histórias do mundo todo dentro de seu castelo abandonado, aquele povo bebia e erguia-se de sua miséria relembrando os valorosos feitos de seus antepassados. Geração após geração.

— Siegfried nunca foi abandonado pela morte. — concluiu Geist, enquanto os Cavaleiros de Atena olhavam maravilhados enquanto o corpo do Guerreiro Deus iluminava-se imensamente debaixo do Colosso de Odin. — Siegfried escolheu não matar. E agora decidiu partir.

O Marina preso nos braços de Siegfried debatia-se apenas levemente, enquanto ele era também iluminado pela imensidão do Último Guerreiro Deus.

— Pare com isso, Siegfried! — pediu Hilda, do outro lado do despenhadeiro.

— Chegou a hora de eu te salvar, minha Princesa Hilda, senhora de Asgard e Representante de Odin. Esse é o meu dever como Guerreiro Deus. E meu desejo como homem.

O seidr brilhante de Siegfried iluminou não somente a ele e seu irmão, bem como toda a montanha e a face de pedra de Odin, que velava por todos eles, reluzindo na lâmina da Espada Balmung que o Deus-Maior carregava sempre na mão direita em penitência.

— E quero também salvar meu irmão. Que Odin tenha piedade de nossas almas, Sigmund. E que os deuses permitam que nós dois nos encontremos novamente em Valhalla, para lutar uma vez mais por Deus Odin e nosso Povo de Asgard.

Seiya olhou para o céu e viu o espetáculo das nuvens brancas de Asgard finalmente abrindo-se graças a um feixe de luz que descia do firmamento. Repartindo as nuvens e revelando o tecido de um céu de entardecer naquela terra abandonada, onde as estrelas já surgiam aos poucos em uma noite por vezes escondida por aquelas espessas nuvens. Cravada na abóbada celeste, a Ursa-Maior brilhava naquele fim de tarde, em especial sua estrela mais mais magnânima, de onde parecia descer aquele feixe mágico de luz que banhava os irmãos Sigfried e Sigmund debaixo do Colosso de Odin.

— Por Atena, o que ele está fazendo? Céus, Shiryu, ele está…

— Ah, eu posso sentir. — falou Shiryu, escorada em Ikki. — É o Último Dragão de Asgard.

Siegfried segurava seu irmão Sigmund pelos ombros às suas costas e os dois, banhados por aquela luz divina da Ursa Maior, simplesmente começaram a flutuar, suspensos no ar como se tragados por aquela luz divina, lentamente tragados para o céu escondido de Asgard. Hilda estava estupefata, enquanto sua irmã Freia chorava, ajoelhada no chão. Aquele espetáculo de luzes era, sem dúvidas, a partida do Último Guerreiro Deus.

— Adeus, Asgard. — falou ele ao ouvido de seu irmão. — Irei para onde meus amigos me esperam.


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Notas finais do capítulo

SOBRE O CAPÍTULO: Dentro dessa versão da história, o Sorento ficaria muito avulso nessa cena, portanto eu fiz uso de um personagem cujo mistério já se estendia anteriormente: Sigmund. E mais: o mistério ainda não está resolvido. Fiquem ligados para as cenas dos próximos capítulos. Uma coisa que eu gosto de fazer na versão de prosa é não descrever perfeitamente as Armaduras pra guardar um pouco alguns segredos (como a fase do Cavaleiro de Ouro lá na primeira fase). Aqui eu também propositalmente escondo qual a Escama Marinha para ser um mistério até mesmo para quem já conhece a história. Outra ideia que eu gostei de ter encontrado nessa versão foi determinar que a técnica que Siegfried usou ali no final é bem parecida com o Último Dragão de Shiryu (que ele vai pro espaço). Se o Vendaval do Dragão é igual a Cólera do Dragão, seria bacana se ele também tivesse um Último Dragão. Se encaixou direitinho.

PRÓXIMO CAPÍTULO: A ESPADA BALMUNG

Após conseguirem juntar as Sete Safiras de Odin, resta aos Cavaleiros de Atena conseguirem despertar a Espada Balmung para derrotar Hilda e chegar à Relíquia dos Mares.



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