Os Seis Garotos de Albus Potter escrita por Morgan


Capítulo 3
Terceiro ato: Peter Thomas-Finnigan




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O terceiro ato foi considerado por Albus o mais importante por muito tempo. Não porque tenha sido bom se apaixonar por Peter Thomas-Finnigan, não, nem de longe. Mas foi por causa dele que Albus finalmente contou à todos sobre sua sexualidade. Não da melhor forma do mundo, ele tinha que admitir isso.

Peter estava em Hogwarts há tanto tempo quanto Albus, mas foi apenas quando ele caiu na mesma turma que Roxanne e Johnny que realmente se aproximaram dos dois, o que fez com que logo estivesse junto do garoto, Rose e Scorpius também. Albus não reparou nele no começo. Foi preciso algumas semanas de convivência para que o garoto começasse a reparar no quanto Peter era engraçado.

E Albus acabou percebendo que garotos engraçados eram meio que seu ponto fraco. Fred II, Nick e Cedric ficavam ligeiramente mais bonitos quando faziam piadas – o que fez Albus prontamente se afastar, porque uma paixonite em um dos primos fora suficiente para uma vida inteira. E também porque onde os três estavam, James Sirius também estava e os dois irmãos nunca paravam de discutir.

De qualquer forma, Albus percebeu que Peter além de engraçado era também muito bonito e quando ele fez trancinhas no cabelo, tudo que Albus conseguia pensar era em brincar com elas.

Foi na última sexta-feira antes das férias que tudo foi por água à baixo.

Peter deu uma festa supervisionada. Não era nada como as festas que James ia, Albus sabia, mas também não era como as festas que costumavam frequentar no ensino fundamental, então estava muito feliz e ansioso, assim como Scorpius e Rose, que discutiram o caminho todo sobre dormirem os dois juntos na casa de Albus quando a festa acabasse. O amigo sabia que essa era apenas a forma dos dois se aquecerem.

Nenhum dia começava bem sem os dois brigando por alguma besteira.

Dean e Seamus Thomas-Finnigan eram pais legais. Deixaram todo o andar de baixo para a festa do filho, algumas regras e comida, mas passaram praticamente a noite toda no próprio quarto.

Foi depois da terceira vez que dançou com Roxanne que Albus resolveu sair da casa e respirar um pouco de ar puro. Não havia tanta gente assim, mas adolescentes faziam barulho e só havia uma sala para eles.

— Está se escondendo, Potter?

— Dando um tempo de Roxanne – respondeu abrindo um sorriso para Peter que parou ao seu lado. – Ela não cansa.

— Ela é muito animada mesmo. Eu gosto.

Albus assentiu sentindo o vento gelado em sua pele.

— Sim, eu também. Mas e você? Está se escondendo?

— Não sei se gosto de ser o anfitrião – confessou ele, fazendo Albus abrir um sorriso solidário.

— Já é quase onze, todo mundo tem hora para ir para casa de qualquer jeito.

Peter riu.

— É, não é?

Albus olhou para Peter por um momento, notando seu olhar perdido e seu cenho franzido olhando para lugar nenhum.

— Você está bem, Pete?

O garoto levou um tempo para responder, mas por fim, virou-se para Albus e abriu um sorriso pequeno.

— Ando meio confuso.

— Aconteceu alguma coisa?

— Como é, Al, gostar de garotos? – Albus piscou, sentindo que tinha levado um tapa na cara. Só podia ser brincadeira. Todos os anos alguém tentaria abrir a porta do armário e dar oi para ele? Era isso mesmo?

— Não sei se entendi o que você quer dizer, Peter.

— No começo do ano vi você e Nico algumas vezes perto da escada de incêndio – disse ele dando de ombros. Albus fechou os olhos com força. Os dois tomavam tanto cuidado, como Peter podia tê-los visto? Albus nunca havia contado nem sequer a Rose sobre isso e ela era praticamente sua irmã desde que nasceram, mas Peter sabia? – Não se preocupe, eu nunca disse para ninguém. Não é da minha conta, eu só estava... pensando.

Albus apenas o encarou.

— É sério, Al. Não vou dizer.

— Tudo bem – disse ele depois de um tempo. – Por que você está confuso então?

— Eu... bem... – Peter trocou o peso do corpo nervosamente. – Algumas vezes eu te acho muito bonito, entende?

O coração de Albus acelerou sentindo os olhos de Peter em si, mais perto do que era seguro para a mente fértil do garoto.

— Bom, é que eu sou mesmo muito bonito – disse Albus tentando abrir um sorriso que não fosse forçado ou nervoso demais. Peter riu, jogando seu cabelo para trás.

— E às vezes eu acho que você me olha... diferente.

— Peter... – O garoto balançou a cabeça, dando um passo à frente.

— E eu queria saber... Queria saber como seria beijar um garoto... como seria beijar você, porque talvez eu goste.

— Você está pedindo para me beijar? – questionou Albus sentindo que todo o sangue das suas pernas já haviam sumido. 

Peter não parecia mais nervoso ou confuso, tudo que ele fazia parecia muito bem calculado e Albus queria dizer não, queria mesmo dizer que beijar Peter no quintal de sua casa com uma festa rolando lá dentro onde ninguém sabia sobre os dois garotos beijarem outros garotos não era, nem de longe, uma boa ideia, mas o outro já havia se aproximado e Albus havia passado tempo demais pensando em Peter Thomas-Finnigan para ter forças de fazer qualquer outra coisa que não fosse permitir o que estava prestes a acontecer.

— Acho que estou.

— Então eu acho que deixo.

Peter abriu um sorriso de lado e tocou o rosto de Albus e foi só nesse momento que o outro percebeu que Peter não estava realmente tão confiante quanto fazia parecer.

Então, ignorando o barulho dos jovens do outro lado e o clima que parecia ficar cada vez mais frio, Albus ergueu a mão, agarrou a nuca de Peter e terminou com o resto de distância entre eles. O beijo foi suave e os lábios do garoto eram macios como nenhum outro que Albus já havia tocado – não que tivesse tocado muitos outros.

Mas não durou muito mais do que alguns poucos segundos e então Peter se afastou.

— E então? Você descobriu se gosta?

— Acho que sim – Peter riu, tocando os lábios levemente avermelhados. – Talvez um pouquinho.

Mas acontece que Peter não gostava. Nem mesmo um pouquinho, porque pelo resto da noite Albus pensou que o garoto tinha adquirido uma repentina timidez que o fez se afastar até todos terem que ir embora.

Albus tentou não pensar muito nisso, tentou mesmo, porque pelo que Peter havia dito aquele era o seu primeiro beijo com algum garoto então seria normal ficar envergonhado e até um pouco mais confuso. Então, dois dias depois da festa e ainda sem nenhum sinal dele, Albus resolveu mandar uma mensagem.

alspotter (10h00): oi pete, como vai? podemos conversar?

Não queria ter estragado tudo com Peter, mas também não queria ter estragado tudo para Peter. Será que fazia sentido? Havia sido o primeiro beijo dele, Albus estava sentindo sua autoestima lá embaixo e, de alguma forma, sua culpa lá em cima.

Esperou um dia inteiro, mas não teve resposta alguma, o que deixou sua ansiedade um tanto quanto agitada. Peter nunca demorava para responder e também nunca ficava tanto tempo sem falar no grupo dos amigos.

Mas não foi preciso esperar tanto por esclarecimentos, porque mais tarde naquele dia Scorpius Malfoy adentrou o quarto do melhor amigo sem bater, como sempre fazia e se jogou na cama do garoto, pronto para acabar com os movimentos estranhos na barriga de Albus desde que ele apertara "enviar" horas antes.

— Você não vai acreditar! – exclamou ele.

— Seu pai finalmente resolveu posar nu para os quadros da sua mãe? – sugeriu Albus, passando uma página da história em quadrinhos que lia.

— Eca, Al, não!

— Johnny e Rose finalmente se entenderam? – tentou novamente fazendo o rosto de Scorpius fechar na mesma hora. Albus tinha certeza que Rose tinha uma queda por Johnny Longbottom, algo que Scorpius discordava veementemente.

— Não – respondeu ele. – Mas quase. Roxanne e Peter estão saindo!

Albus, que passava devagar as folhas da nova edição dos Jovens Vingadores, congelou.

— Como assim? Desde quando?

— Ela me contou que ele a chamou para sair no final da festa, antes de irmos embora. Passaram esses dias todos indo ao...

Mas Albus já não escutava mais o loiro. Mirou a revista que segurava, tentando se concentrar em outra coisa, qualquer coisa, mas as palavras pareciam dançar, saindo de seus balões, se perdendo de suas frases de efeito apenas para formar uma especial apenas para Albus.

Peter chamou sua prima para sair depois de beijá-lo. Menos de uma hora depois de beijá-lo. Peter ignorou sua mensagem porque... porque...?

— Al, o que você tem? – Scorpius havia se ajoelhado ao lado da cadeira do amigo e tirava devagar a revista que Albus parecia segurar com mais força do que o necessário. – Al, o que aconteceu? O Wiccano morreu?

Scorpius havia falado em um tom divertido, mas seus olhos azuis pareciam preocupados.

— Não acredito que estou chorando... – resmungou Albus passando a mão no rosto.

— Por que você está chorando?

— Não foi nada.

— Foi algo que eu disse? – tentou Scorpius segurando as mãos do melhor amigo. – Sinto muito se tiver sido, Al.

As lágrimas pararam e tudo que Albus conseguiu foi olhar para os olhos questionadores e amedrontados do melhor amigo. O garoto se levantou, se afastando de Scorpius e sentando-se na ponta da cama. O loiro não parecia entender, mas como sempre, nunca fazia perguntas. Albus gostava daquilo em Scorpius, ele nunca sentia vergonha de pedir desculpas, nunca tinha medo de errar e ele sempre ouvia primeiro. Era confiável, amável e verdadeiro. Era uma das melhores pessoas que Albus já tinha conhecido e era seu melhor amigo.

— Peter – começou ele com a voz falha, fitando o chão. – Peter e eu... nos beijamos. Na festa. Sexta.

Um momento de silêncio tão longo se seguiu que Albus teve que erguer o rosto para saber o que Scorpius estava fazendo. Pensou que o amigo podia estar o olhando com nojo, sem acreditar ou talvez decepcionado por só saber disso agora depois de tantos anos de amizade, mas nada o tinha preparado para ver Scorpius Malfoy de pé, procurando o casaco que havia deixado cair no chão ao entrar no quarto com tanta ferocidade que Albus teria dado um passo para trás, assustado, se já não estivesse antes de tudo extremamente ofendido.

— Onde está... essa merda... – murmurava ele, levantando a colcha da cama do amigo.

— Scorpius, o que você está fazendo?!

— Estou procurando meu casaco, é claro!

— Eu te digo que sou gay e você vai para casa?! – o garoto ficou de pé, cruzando os braços para o amigo. A ideia de ter um amigo diferente era tão absurda para o loiro que ele precisava sair dali naquele instante? Scorpius era tudo aquilo que Albus nunca pensou dele?

— Casa...? – ele parou, aprumando-se. – Estou procurando meu casaco para poder sair daqui, achar a Rose e irmos até a porra da casa de Finnigan e socarmos tão forte a cara dele que o desgraçado vai se arrepender de ter nascido! Ah, 'tá aqui essa merda!

Albus queria rir de tanto alívio, mas conhecia o amigo e conhecia ainda mais a própria prima, então com risadas explodindo de si mesmo, ele puxou o casaco de Scorpius e o empurrou para a cama.

— Você não vai fazer isso!

— Ah, eu vou sim, pode assistir!

— Scar! Você nem sabe a história toda!

— Ele falou com você?

— Não, mas–

— Ele te beijou, pediu para sair com a sua prima um minuto depois e não falou com você. E agora você está chorando! O que mais eu preciso saber, Albus?

— Bom... – Albus inclinou a cabeça, pensativo por um segundo antes de Scorpius soltar um "ahá!" e tentar se levantar novamente. – Não! Por favor, Scar, não quero isso.

Scorpius bufou, mas continuou sentado e Albus se juntou a ele. Ficaram um tempo em silêncio antes de Scorpius, com a voz muito mais calma, se dirigir ao amigo. 

— Você quer me contar o que aconteceu?

O moreno respirou fundo e agarrou os próprios joelhos antes de começar a contar tudo que havia acontecido naquela noite de sexta. E nos seis meses antes em que Peter era tudo que Albus conseguia enxergar. E também sobre o ano inteiro com Nico Zabini e até sobre sua rápida paixão por Thomas Weasley. Albus contou sobre como ficou animado quando Peter se dirigiu a ele e como ficou preocupado quando ele sumiu, pois teve medo de ter feito algo errado com o garoto. O primeiro beijo de Albus havia sido com Nico e Nico nunca havia feito nada de errado, ele simplesmente mudou de cidade e o Potter não suportaria ser a primeira pessoa a estragar aquele momento para alguém quando ele mesmo tivera o melhor de todos quando havia sido a sua vez. 

— Eu não acredito nisso – Scorpius balançou a cabeça, indignado, depois de ouvir a história toda.

— Você não está incomodado? Com, você sabe, eu. Gay. Desde sempre.

Pela primeira vez desde que aquela conversa se iniciara, Scorpius riu.

— Por que eu ficaria incomodado com isso, Albus? Eu não sou um babaca. Você até me ofende desse jeito.

— Não foi a intenção, eu só... nunca soube o que pensar. Eu achei que você reagiria bem, mas eu não tinha como ter certeza. Não queria arriscar perder você.

— Sua família sabe?

Albus balançou a cabeça em negação e Scorpius estalou a língua.

— Peter é muito mais esperto do que eu achei. Ele percebeu que ninguém sabia sobre você, então ele simplesmente não se incomodou porque sabia que você não contaria para ninguém, assim como ele.

— Talvez ele só tenha percebido que não gostava mesmo.

— Não importa o que ele percebeu, Al! – Scorpius respirou fundo olhando para o melhor amigo e tentando recobrar a calma, porque Albus sempre tentava aliviar a situação de todo mundo e Scorpius odiava isso. – Ele percebeu que você gostava dele, ele percebeu! E tudo bem querer experimentar alguma coisa nova, mas ele não devia ter te tratado desse jeito. Devia ter sido sincero e não ter te deixado pensando que havia estragado alguma coisa ou te esperando só porque não conseguiu ter coragem o suficiente para dizer que não, ele não gosta nem um pouquinho. E definitivamente não deveria ter chamado a sua prima para sair meia hora depois! Ele é um imbecil, Al, e se você tentar defendê-lo, vou jogar você dessa janela.

— Tudo bem, você tem razão – resmungou Albus. – É que eu realmente pensei... o jeito que ele falou, ah! Eu sou muito idiota! – o garoto tombou para o lado ainda abraçado nos próprios joelhos. Scorpius passou a mão em seus pequenos cachos com um sorriso carinhoso.

— Você sabe que sua família te apoiaria mais do que qualquer outra pessoa, não é? Vocês não são como a minha família ou como a família de Nico. Vocês são muito melhores.

— Acho que sim – murmurou Albus com a bochecha contra o colchão. Sabia que sua família era muito melhor nesses assuntos do que as famílias de seus amigos, mas não conseguia evitar a sensação de incerteza. Foi por isso que ergueu os olhos para Scorpius mais uma vez. – Tem certeza que tudo bem para você?

Malfoy revirou os olhos.

— Não tenho porque me importar com isso, Al, sua sexualidade não interfere em nada na minha vida. Por que eu me incomodaria? A única coisa que me irrita é que você encontrou um babaca e eu não pude dizer para você antes que ele era um babaca.

Albus riu.

— Mas tudo bem, porque vou estar aqui para avisar dos próximos – disse ele, se virando e apoiando as costas nas pernas do amigo. – Só temos um problema.

— Qual? – Scorpius abriu um sorriso um tanto quanto maldoso antes de responder.

— Rose não vai ficar nada feliz em saber que Albus Potter finalmente escolheu qual de nós é o melhor amigo dele!  

 


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Notas finais do capítulo

e esse foi o nosso terceiro ato, o querido, meio confuso, sem muita responsabilidade afetiva porque a maioria dos garotos de 15 anos não as tem: peter thomas-finnigan. espero que vocês tenham gostado e amanhã eu volto com o nosso quarto garoto. me digam o que vocês acharam! ♥



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