É claro que Albus se apaixonou novamente três anos depois quando já estava no nono ano. Foi no segundo ato que Albus deu seu primeiro beijo com Nico Zabini.

Nico era um ano mais velho, mas igualmente no armário, exatamente como ele. Eles haviam se conhecido no clube de cinema e Albus só percebeu que Nico era gay quando ele mesmo disse em uma tarde que ficaram para arrumar a sala de projeção.

Para falar a verdade, Albus só percebeu o que estava acontecendo quando era tarde demais para evitar.

Não que ele quisesse evitar.

Aos 14 anos, Albus já havia entendido que sua queda pelo próprio primo havia sido apenas uma coisa platônica, algo que você sente por alguém muito legal, mas absurdamente inalcançável, no entanto, não pôde evitar não se interessar por ninguém depois de Thomas. Até mesmo começou a pensar que tudo havia sido uma invenção de sua cabeça infantil até Nico Zabini aparecer.

Nico tinha cabelos crespos, pele negra e um rosto magro e definido, mas o que chamou a atenção de Albus foram seus olhos castanho-escuros que pareciam ler até mesmo sua alma quando mirados em alguém.

Quando Albus notou Nico, ele não conseguiu mais deixar de notar. Reparava em tudo que o garoto fazia, nos filmes que ele votava para assistirem no clube, na forma que ele posicionava a câmera quando precisavam gravar algum vídeo, na ruga que se formava no meio de sua testa quando estavam analisando e discutindo sobre algum enredo, na risada fácil quando estavam com Johnny, Rose e Roxanne e principalmente em como ele havia conquistado até mesmo Scorpius – que raramente gostava de alguém.

Nico era doce, educado e inteligente, mas Albus não queria arriscar. Provavelmente nunca teria falado nada se não fosse a tarde em que todos deixaram os dois para trás.

Ele estava guardando os tripés no armário quando Nico perguntou sobre seu filme favorito.

— Você quer um filme cult que o professor Johnson aprovaria ou quer um tipo mais farofa, mas que me deixa muito feliz quando assisto?

Nico riu, sentando-se na mesa e balançando as pernas no ar. Albus fechou o armário, se virando para ele apenas para encontrar os olhos de Nico já parados em si.

— O que deixaria o professor feliz.

— O Farol.

— O que deixa você feliz.

Albus hesitou por um segundo antes de dar de ombros com um sorriso culpado.

— Crepúsculo.

Mas Nico não riu como Albus esperava apenas assentiu com o mesmo sorriso divertido que parecia sempre dizer que entendia de tudo mais do que os outros.

— Robert Pattinson – disse ele assim que Albus se sentou ao seu lado para observar a sala finalmente organizada. – Entendo.

— O que tem a ver?

— Eu entendo o apelo dele – explicou. – Mas acho que meu tipo é mais o Jasper. Calado e meio doido.

Albus levou um tempo para entender o que Nico queria dizer e quando finalmente percebeu, arqueou uma sobrancelha, confuso.

— Você...

Nico riu, revirando os olhos.

— Eu estou perguntando se o Robert Pattinson é o seu.

Albus soltou uma risada nervosa, balançando a cabeça, sem acreditar. Era a segunda pessoa que percebia algo nele sem que precisasse dizer e aquilo fez com que seu corpo ficasse tenso por um segundo até lembrar da última coisa que Nico havia dito.

Meu tipo é mais o Jasper.

Então respirou mais fácil, acertando Nico com seus olhos verdes curiosos, pois o garoto a sua frente havia acabado de confiar nele também.

— Como?

— Sou muito bom em observar as pessoas.

— Parece que todo mundo é, menos eu – retrucou fazendo Nico rir.

— Mas então... – continuou Nico. – Pattinson.

Pela primeira vez na vida, Albus entendeu. Scorpius sempre dizia que ele era muito lerdo com tudo, mas naquele momento, Albus não foi e seu amigo sentiria orgulho – se ele contasse, o que não iria por muito tempo ainda. Quando Nico piscou sem se mexer, passando a língua entre os lábios, Albus entendeu mesmo. Nico Zabini estava flertando com ele!

Alguém estava flertando com ele! Albus não tinha se preparado para isso nem um pouco!

— Não – respondeu ele. – Ele não é bem o meu tipo. Só o Jasper é o seu?

— Por que? – indagou Nico, inclinando a cabeça para o lado e sorrindo.

— Porque eu não sou muito calado e nem doido.

— Tudo bem, eu abro exceções.

E sem esperar por uma resposta, Nico inclinou-se, segurando o rosto de Albus e o beijou.

Albus gostaria de dizer que seu primeiro beijo foi mágico; suas bocas se encaixaram, suas línguas se tocaram como se conhecessem uma a outra há anos e que tudo havia sido calmo antes de ser rápido, energético e prazeroso. Mas não foi bem assim.

Foi confuso, babado e seus dentes se bateram, o que fez com que eles se afastassem e rissem. Albus sentiu suas bochechas esquentando tanto que seriam capazes de pegar fogo – um toque adicional muito singelo ao seu coração que batia tão forte que ele estava quase dizendo que deveria ir à enfermaria verificar, mas tudo que Nico fez foi pular da mesa e se encaixar no meio das pernas de Albus e segurar seu rosto com as duas mãos.

— Vamos tentar de novo – sussurrou ele antes de juntar suas bocas mais uma vez.

O segundo beijo foi melhor. Mas não tão bom quanto o terceiro, nem de longe tão interessante quanto o quarto e nem tão divertido quanto o quinto.

Albus queria continuar, mas perdeu as contas de quantos beijos trocou com Nico Zabini naquela tarde em que os dois garotos haviam decidido alcançar a perfeição nos lábios um do outro.