Sugar Heart escrita por Tord


Capítulo 6
Quebre-me e reconstrua




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Na manhã dia seguinte ao ocorrido, os três alquimistas se encontravam no quarto da pousada tentando colocar a cabeça no lugar e recuperar-se de tudo aquilo. Naquele momento, Ed dormia em uma das camas, Alphonse estava sentado no chão e Ani estava sentada em sua própria cama, recostada sobre os travesseiros na cabeceira de madeira e abraçando seus joelhos, com a cabeça deitada sobre eles. Seu olhar ainda era triste e não havia dito uma palavra desde então, apenas observava o rosto adormecido de Ed que não demonstrava paz, provavelmente estava tendo um pesadelo.

Aquela imagem de Edward tão abalado não saia de sua cabeça. Para ela, Ed sempre fora um alvo de imensa admiração. Sempre tão forte, sempre tão determinado, sempre tão incrível... Mas até o prestigiado Fullmetal Alchemist tinha seus momentos de fraqueza. Sua admiração por Edward não havia diminuído, longe disso, mas Ani agora percebia que antes de ser Fullmetal Alchemist, Edward era um garoto comum. A alcunha de alquimista federal não o isentava de seus sentimentos e fraquezas.

O mesmo valia para Alphonse. Claro que Al possuía uma personalidade mais carinhosa do que Edward, mas também possuía um coração forte como o do irmão. Alphonse sempre se mostrou tão protetor desde o momento que o conheceu que sentia como se sempre pudesse se apoiar nele. Mas agora, Alphonse que tinha o dobro de sua altura e lutava maravilhosamente bem, era quem precisava ser apoiado.

Ani recostou a testa sobre seus joelhos e começou a rir baixinho e sem muita emoção.

—O que foi?-Al pergunta.

—Vocês dois... são tão mais fortes do que eu... Mas eu sinto que devo proteger vocês. Mesmo sabendo que não posso fazer muita coisa, eu quero tanto proteger vocês dois de qualquer coisa. Isso é ridículo, não é?

—Você... realmente não precisa se preocupar em nos proteger. Mas fico feliz de saber que se preocupa conosco assim.

—É claro que me preocupo!-Ani levanta a cabeça- Eu sei que eu não sei muitas coisas sobre vocês e... nem vocês sobre mim. Eu também sei que só estou aqui a poucos dias e que eu sou só a aprendiz do Ed, mas vocês pra mim são como...

Ani então interrompeu seu discurso, parecendo perceber o que estava dizendo e calando-se imediatamente. Desviou o olhar de Alphonse, parecendo desconcertada por um momento.

—Como..?

—A-ah... er...-cora- Ahem! Ed está muito inquieto, acha que está tendo um pesadelo?

“Ela vai simplesmente mudar de assunto?”, pensou Alphonse.

O maior ficou questionando por mais alguns segundos, mas quando percebeu o quanto Ani parecia desconfortável, entrou no jogo e olhou para o irmão. Estava preocupado com ele, Edward realmente parecia não estar tendo um sono tranquilo.

—É possível...-suspirou-E você? Como está se sentindo?

—...Quebrada.-Ani olha para a janela- Mas eu vou ficar bem, porque está chovendo.

—A chuva... realmente reconstrói você?

—Bem... quando passamos muito tempo sozinhos, nós precisamos encontrar uma forma de seguir em frente quando não tem ninguém pra te ajudar. Se eu me convencer que a chuva me reconstrói... então ela irá.

Alphonse reflete um pouco sobre o que Ani havia dito. “Convencer-se a si mesma”, era possível fazer com que você mesmo acredite em algo? Bem, se isto fazia Ani se sentir melhor, não teria porque questionar.

Edward então se agita ainda mais, levantando-se rapidamente logo em seguida, despertando claramente assustado. Ao se ver em sua cama, pareceu se acalmar por perceber que fora apenas um pesadelo, embora ainda mantivesse sua respiração acelerada.

—Nii-san?-Edward olha para os dois ao seu lado- Você estava tendo um pesadelo.

Edward não respondeu, apenas suspirou pesadamente e encolheu-se em sua cama.

—Nós precisamos ir falar com o Coronel e ver como ficou tudo aquilo...

Apesar de dizer aquilo, Edward não se mexeu. Não queria sair daquela cama tão cedo mesmo sabendo que precisava. Sentia seu corpo inteiro pesar sobre o colchão, como se estivesse afundando. De certa forma, sentia-se mesmo submerso.

Ani fita por um momento o pulso de Ed, onde estava o elástico preto que ele usava para prender seu cabelo.

Esticou as pernas e levantou de sua cama, sentando-se na beira da cama de Ed. O loiro a olhou pelo canto dos olhos, ainda sem muita animação e em silencio.

Ani tirou o elástico do pulso de Ed, e trouxe todos os fios dourados para suas costas. Começou a trançar os fios com cuidado e em silêncio. Era um ato tão simples, mas realmente fez com que Edward se sentisse um pouco melhor. Afinal, a quanto tempo não era mimado daquele jeito? Vovó Pinako era mais reservada e Winry possuía um carinho um tanto agressivo, a última pessoa que havia o mimado daquela forma...

Um fraco e quase imperceptível sorriso toma os lábios de Ed. A nostalgia torna seu olhar mais suave e seu peito fica um pouco mais leve.

—“Sim... a mamãe.”, pensou.

Claro que Edward não via Ani como uma mãe, mas a forma de carinho dela se assemelhava a forma como sua mãe os tratava.

Rapidamente ela termina de trançar os cabelos de Edward e os prende com o elástico preto para que não soltasse. Ed então vira um pouco a cabeça para olha-la, ainda com o mesmo sorriso fraco.

—Obrigado.

Ani não respondeu, apenas forçou um sorriso de apoio e levantou-se para se aproximar de sua cama e pegar seu cachecol que estava repousado sobre ela. Enquanto o colocava envolta de seu pescoço, Ed se levanta para vestir o sobretudo vermelho.

Quando estavam prontos, saíram do quarto e retornaram ao Quartel General, indo diretamente para a sala de Mustang. Ao chegarem, não o encontram, apenas Riza estava lá. E juntamente com ela, uma notícia terrível: Nina e Tucker haviam sido assassinados! E o assassino, ainda não havia sido encontrado. Ela estava indo para a cena no crime, mas não permitiu que eles a acompanhassem, alegando que era melhor que eles não tivessem aquela cena em suas memórias.

Novamente sentindo-se inúteis por serem incapazes de fazer qualquer coisa, os três se sentam próximos de uma grande construção de concreto que possuía um relógio em seu topo e ali ficaram, deixando que a chuva molhasse seus corpos.

Alphonse olhava para frente, sem encarar algum ponto em específico, Edward mantinha o olhar baixo e Ani possuía o rosto voltado para o céu, com seus olhos fechados.

—Eu sempre me perguntei o que é a alquimia que nós acreditamos...”A alquimia é o conhecimento sobre a lei das substancias, quebrando-as e reconstruindo”-Edward não estava falando com ninguém em especifico. Estava apenas tentando colocar meus pensamentos para fora, apenas tentando desabafar.- “Esse mundo também obedece as leis desse ciclo, as pessoas que morrem também fazem parte desse fluxo”.-Ed ri melancólico-A professora nos dizia muito isso, não é? Eu achei que tinha entendido, mas não entendi. E então nossa mãe...-suspira- E agora eu estou pensando em que podemos fazer em algo que não pode ser ajudado. Eu sou um idiota. Eu não melhorei nem sequer um pouco. Eu... achei que a chuva iria “lavar” um pouco da minha tristeza. Ou me reconstruir. Mas cada pingo que cai me faz ficar mais deprimido.

—Eu não tenho um corpo para sentir as gotas na minha pele... e isso é triste e solitário. Eu realmente quero voltar ao meu corpo original, me tornar humano novamente. Mesmo que seja algo que se oponha a esse fluxo.

Ani que se encontrava um pouco distante dos dois ouvia suas palavras em silencio, ainda mantendo seus olhos fechados e sentindo as gotas de chuva molharem sua pele.

Aquela sensação fria, a acalmava e era estranhamente acolhedora. Era irônico para si como algo que a assustava tanto, um dia se tornou uma coisa que lhe servisse de alivio.

—Fullmetal Alchemist, Edward Elric?

Ani abre seus olhos lentamente ao ouvir aquela voz estranha e mal teve tempo de absorver aquele rosto quando viu aquele homem grande e nada amigável levantar seu braço e atacar Edward.

Se não fossem os reflexos de Alphonse, seu irmão com certeza teria sido atingido. Ani que ainda atordoada se levanta o mais rápido que pôde e vai para junto dos irmãos, encarando assustada aquele sujeito que os atacara sem mais nem menos.

Edward desperta do transe do susto e rapidamente transmuta uma enorme barreira de concreto entre eles e o homem, porém, ele a destrói facilmente, como se aquilo fosse algo banal. Aquele olhar assustador e assassino, ativa todos os instintos de sobrevivência de Ed, seu corpo tremia, seus olhos estavam travados naquela figura. Nunca havia sentindo tanto pavor na vida.

Precisavam sair dali.

—Al, Ani! Fujam!

A voz de Ed soara como um alarme e automaticamente dão as costas para aquela pessoa e correm o mais rápido que podem para as escadarias. Mas quando haviam descido apenas poucos degraus, aquele rapaz surge a frente.

—Não vou deixar que escapem.

As faíscas aparecem e em questões de segundos as escadas são decompostas. Edward teria atingido ao chão se Alphonse não o segurasse. Ani conseguirá parar na beira do que restou das escadas, antes de cair.

Nenhum deles estava entendendo o que estava acontecendo ali. Só sabiam que precisavam sair dali rápido.

A beira de concreto não resiste ao peso e se parte, levando os três até o chão, enquanto aquela pessoa assustadora continuava ali tão perto.

Precisavam fugir.

Voltaram a correr pelas suas vidas, não pensavam onde iam, apenas corriam. Apenas fugiam.

—P-Por que ele está nos perseguindo?!

—Droga, o que há de errado com ele!? Eu não fiz nada para ser odiado- Er... ok, eu fiz, Mas eu não entendo porque ele quer me matar!

“Matar”? Aquela palavra ressoou na cabeça de Ani, como o badalar do mais sinistro sino. Só então havia tido algum tempo para processar o que estava acontecendo. Aquele homem queria matar Ed? O corpo da jovem tremia tanto que pensou que não conseguiria correr. Medo, sentia medo. A morte estava próxima. Nunca havia vivido algo assim, nunca havia temido por sua vida.

Entraram num beco que dava acesso a outra rua na tentativa de despistar aquele homem, mas ele destrói parte do prédio na lateral e bloqueia o caminho quase os esmagando com os destroços. Estavam encurralados. Teriam que encara-lo.

—Quem é você? Por que está nos perseguindo?-Questiona Edward.

—Se existem “criadores” como você, também existem “destruidores”.

—Então... nós teremos que lutar.

Edward transmuta um cano que estava entre os destroços em uma faca e ambos os irmãos se colocaram em posição de batalha.

Ani observava toda a cena, estava o mais longe que podia daquela pessoa, tremia dos pés as cabeça, seus olhos estavam estáticos olhando para ele. Não conseguiu ficar de pé, aquele medo tão forte era algo que nunca imaginou que fosse sentir. Queria fugir, precisava sair dali, mas seu corpo não obedecia.

Edward e Alphonse partem para cima do homem e ele abriu um sorriso. Um sorriso que faz com que Ani se paralisasse ainda mais.

—Bela jogada, mas... Vocês são lentos.

O tempo havia parado. Num segundo os Elric o atacaram, em outro, viram as faíscas azuis e logo em seguida... parte do corpo de Alphonse é desintegrado e não sendo mais capaz de se manter em pé, Al cai ao chão.

O homem com a cicatriz pareceu surpreso ao ver que não havia nada no interior da armadura de Al, mas não pode ficar impressionado por muito tempo, pois Edward voltou a ataca-lo, revoltado por terem tentado ferir seu irmão.

Mas Ed ainda não era páreo para ele. O homem segura seu braço e tenta desintegra-lo também, mas não funcionou, apenas repeliu Ed para longe. Novamente, o homem parecia desconsertado.

—Automail... entendi. Então um ataque de “destruição humana” não vai funcionar. Vocês são tão estranhos.

Ed tira seu sobretudo vermelho e transmuta seu automail em uma lança, pronto para continuar a luta.

—Nii-san, não faça isso! Você tem que fugir!

—Idiota! Como eu posso fugir e deixar vocês para trás! E você Ani, saia daqui!

Ani ouvia a voz de Ed, mas ela não chegava até seus movimentos. Só conseguia olhar petrificada para o que estava acontecendo. Estava completamente apavorada, o bastante para não ser capaz de fugir.

—Então você junta as mãos para completar a alquimia. Então...-Edward o ataca, mas novamente tem seu braço pego-Primeiro, vou destruir esse seu braço irritante.

Em questão de segundos, o automail estava completamente destruído, como se não fosse nada. O impacto da reação, faz com que Ed fosse jogado ao chão. Não estava acreditando que aquilo estava acontecendo, estava sem saída.

—NII-SAN!

—Agora você não pode mais fazer transmutações.

Ed tentou rastejar para longe, mas era inútil. Não havia o que pudesse fazer. Seria seu fim.

—Vou te dar um tempo para orar para Deus.

—Nii-san! Fuja! Nii-san!

—É uma pena, mas eu não tenho um Deus para orar.-Diz Ed.-Você só quer a mim? Ou também quer matar meu irmão?

—Se ele se meter no meu caminho, eu o matarei. Mas o único que irá enfrentar esse julgamento é você Fullmetal.

—Entendi... Então.-Ed o olha- Você promete que não tocará em meu irmão e nem em minha aprendiz?

—Eu manterei essa promessa.

—Nii-san? O que está fazendo? Fuja!

A voz de Alphonse retratava seu desespero a medida que aquele maldito homem se aproximava passo a passo de Edward. Seu irmão morreria na sua frente e não podia fazer nada? Não era possível! Edward tinha que fugir!

—Nii-san! Levante-se e fuja! Pare, pare!

Logo atrás de Alphonse, Ani ainda estava petrificada, com os olhos arregalados assistia o que seria o fim da vida de Edward. Seu corpo tremia.

Ed vai morrer. Morrer... Por que? Por que ele está tentando mata-lo? Por que essas pessoas estão aparecendo? Por que estão fazendo isso? Esse homem...

Tucker...

Papai...

O que eles querem?! O que estão tentando fazer? Ele vai mesmo... cumprir essa promessa ou vai matar todos nós? Se Ed e Al morrerem...”

—De novo... não.

*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

Olhava para o céu, observando as nuvens caminharem suavemente pela cor azul. Estava ao alto de um grande prédio, girando uma lâmina nas mãos.

Encarou as pessoas lá embaixo. Tão pequenas vistas daquela altura, cada uma delas com uma própria história escrita em suas memórias.

Travou por um momento quando sentiu todo seu ser sendo invadido por aquele sentimento. Estava sentindo. Depois de tanto tempo conseguia senti-la. Olhou para o horizonte por um longo tempo, naquela direção...

—Então você está viva.-riu- Finalmente... te encontrei.

*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

Ele havia parado. A mão que ameaçava Edward não se movia mais e o olhar antes concentrado em matar Ed, agora prestava atenção a sua volta.

Edward também tinha os olhos travados no que via. Longas e afiadas pontas de concreto saiam do chão e cercavam-no de todos os lados. Além destas, muitas outras tinham suas pontas direcionadas a ele, ameaçando perfura-lo a qualquer instante.

Ed e Al viraram suas cabeças para trás de si e se assustaram ao ver que todas aquelas pontas tinham origem próxima ao local onde Ani estava.

Ela tinha os olhos repletos de lágrimas, mas o olhava diretamente.

—Por algum motivo... Sempre que eu consigo algo, essa coisa desaparece em seguida. Eu já tive duas famílias, uma porção de amigos, outro mestre e até mesmo alguém de quem eu gostava. -sorriu- Mas por mais que eu me esforce em algum momento... eu sempre acabo perdendo todos eles, por motivos que eu não consigo entender. Sabe... eu cansei disso.

O homem descompõe as estruturas que o seguravam, e se vira para onde Ani estava. Ela caminhou até estar a frente de Alphonse, ainda mantendo um triste sorriso no rosto.

Parou a uma distância de aproximadamente três metros dele. Levou uma das mãos até o tecido fofo do cachecol ao redor de seu pescoço e o acariciou com carinho.

—Tudo começou a dar errado depois que mamãe sumiu. Algumas vezes eu tinha raiva, porque eu a culpava. Mas... Como eu posso culpar ela por sumir se eu nem sei o que aconteceu com ela? Se eu nem sei se ela está viva? Eu me senti só... foi doloroso. Mas agora eu finalmente senti que estava no lugar certo e eu não vou deixar que você suma com isso. A minha terceira família... você não vai tirar ela de mim.

—Se você interferir, eu vou mata-la.

—Por favor, vá embora.

Novamente ele levanta ameaçadoramente uma das mãos e corre em direção a Ani, com as faíscas saindo de sua palma. Ela bate as duas mãos e as leva ao chão causando uma explosão que o joga para trás com sua força. Quando mal teve tempo de reagir a primeira explosão, uma segunda acontece, seguido de outra ponta de concreto o qual ele consegue desviar e então mais duas explosões que o forçam a recuar para escapar delas.

Quando percebeu, encontrava-se distante de Edward e Alphonse, Ani se encontrava de pé próxima a Ed, onde antes o outro estava.

—Somos parecidos, não acha? Minha alquimia só funciona quando ela quer. Mas mesmo defeituosa eu ainda consigo usa-la para lutar, assim como você. -Ani olhou pelo canto dos olhos para Alphonse.- Al, você ainda pode usar alquimia. Atrás de mim, faça um muro. Se eu tentar fazer isso e der errado... a essa distância Ed vai se machucar.

—O-O que? Ani, o que você vai fazer?

—Estou tentando proteger vocês. Por favor, Al. Me ajude com isso.

—M-Mas você..-

—Confie em mim, por favor. Ou ele vai matar nós três.

Alphonse tinha uma briga interior. Aquele era um pedido egoísta, o que ela estava tentando fazer? Não poderia simplesmente abandona-la sem fazer nada, mas... o que poderia fazer se não conseguia nem ficar em pé?

—Al, eu não vou morrer. Eu ainda tenho que ajudar vocês a recuperar seus corpos!

O sorriso sincero que ela exibiu foi tão nostálgico, o mesmo sorriso de quando se conheceram.

—Ani, sua idiota! Saia daqui, você não tem nada a ver com isso!-Diz Ed

—Ehehe! Cale a boca, Ed...- olhou para Al- Por favor.

Al confiou nela e fez o que ela havia pedido, transmutando uma barreira em forma de “U” que ligava uma das extremidades laterais do beco a outra, protegendo Edward e a si próprio e separando-os dela. Estava nervoso, pois assim não poderia ver o que estava acontecendo, mas precisava confiar em Ani.

Do lado de fora da barreira, o sorriso de Ani havia desaparecido e sua atenção estava no homem novamente.

—Admito que... você tem coragem.

—Vá embora, por favor.

Outra vez ele levantou sua mão, pronto para atacar. Mas Ani não se colocou em posição de luta, apenas levou ambas as mãos para trás de seu corpo e esperou. Esperou que ele atacasse, e foi o que ele fez.

Correu em direção a ela e a segurou pelo pescoço contra a parede, fitando-a profundamente em seus olhos, olhos estes que também o analisavam.

Mas Ani não se moveu.

—Você desistiu?

Sem dizer nada, Ani segurou o braço tatuado com uma das mãos e a outra estendeu até alcançar seu rosto, puxando os óculos escuros que ele usava, revelando seus olhos vermelhos.

—Ishivaliano...-riu- Então é por isso que tem raiva dos alquimistas federais. Mas você está... sendo idiota. Está fazendo a mesma coisa que eles. Ed não estava naquela guerra, ele não matou nenhum do seu povo.

—Ele, assim como os outros manipula as vidas sem esse direito. Assim como o alquimista que passou pelo julgamento antes dele.

—Então foi você quem o matou... Mas porque Nina também?

—Eu poupei aquela criatura da vida que iriam força-la a ter.

—Entendi... Então foi por isso.

—Você não vai lutar?-apertou mais seus dedos em volta do pescoço dela, fazendo-a tossir pela falta de ar.

—Eu não tenho o direito de interromper uma vida. -sorriu- E nem você tem. “Julgar” não é a sua função. Seu deus não irá gostar, está fazendo as coisas da forma errada.

Ele não conseguia entender. Ela iria morrer e sabia disso, mas então... por que continuava sorrindo? Por que continuava sem a intenção de atacar?

Ele tentava buscar uma resposta, mas seus pensamentos foram interrompidos por um alto e estrondoso som, seguido de uma voz familiar para Ani.

—Já chega. Você fez o bastante por aqui, Scar.

Olharam para o lado de onde a voz veio, e lá estava Coronel Mustang, Tenente Riza e vários outros militares armados. Ani sorriu aliviada.

—Coronel!-virou-se para o outro- Então... seu nome é Scar.

Novamente Ani estica sua mão até o rosto de Scar, recolocando os óculos em seus olhos e sorrindo de forma cansada. Estava quase sem forças, o aperto em volta de seu pescoço estava quase a fazendo perder a consciência. 

—Sinto muito... pelo o que aconteceu em Ishival, Scar. Mas agora, saia daqui. Eles não vão ser compreensivos.

A expressão de Scar demonstrava questionamento, mas não teve tempo de verbalizar sua incompreensão, pois um tiro atravessa o espaço entre ele e Ani, o obrigando a solta-la. Seu inimigo agora era outro.

Ani cai ao chão e consegue manter seus olhos abertos por apenas alguns poucos segundos, perdendo a consciência logo em seguida. Sua visão ficou escura.


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Notas finais do capítulo

Você gostou do capitulo? Não gostou? Tem alguma sugestão, pergunta ou elogio? Se sua resposta a alguma dessas perguntas for "sim", por favor deixe seu comentário aí embaixo! Isso me incentiva muito a continuar com meu trabalho!
Dá uma conferida lá na minha página, onde eu posto o andamento da escrita dos capítulos e também posto umas coisas nada a ver as vezes. ;) https://www.facebook.com/TordTheWriter/

—Tord.



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