Sugar Heart escrita por Tord


Capítulo 4
Os segredos meus e deles




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—Olhe! Olhe, Al!-Ani estava animada como sempre, apontando para algo no chão- “Alphonse pensador!”
No solo estava formada uma pequena estátua de Alphonse, numa pose como estivesse pensando em algo muito sério.

—Agora…-outra transmutação, desta vez um Alphonse agachado com ambas as mãos nos joelhos- “Sumô-Alphonse!”

—M-Muito bom, Ani!-ri meio sem jeito.

Aquela era a trigésima transmutação seguida que Ani fizera após o simples molde da silhueta de Al. Havia ficado tão empolgada por finalmente conseguir transmutar sem destruir tudo ao seu redor que não queria mais parar e desde então transmutava a mesma estátua em posições diferentes repetidas vezes, uma mais cômica que a outra. Além disso, a cada tentativa a estatua saia mais parecia com o verdadeiro Alphonse.

Edward apenas observava a animação da garota com uma expressão impaciente. Entendia sua alegria e a deixou brincar por um momento em comemoração, mas queria seguir com o treinamento e Ani nem sequer o ouvia!

—Hey, será que podemos continuar?-resmungou

—Só um minuto, só um minuto! Agora quero fazer o Al como se tivesse acabado de vencer uma corrida, com os braços abertos assim!-Ani imita a pose.

—Brinque com alquimia depois!-Ed segura seu ombro- Vamos para algo mais dificil.

—Ah! Mas eu quero transmutar você também! Só mais uma vez, Ed!!

Percebendo que não seria ouvido dessa forma e já irritado por ter que aguentar a manha infantil de Ani, Edward decide atrair sua atenção de uma forma mais eficaz, demonstrando qual seria o proximo passo.

Bateu suas mãos e as levou ao solo novamente, desta vez a terra se eleva abaixo de seus pés, formando uma plataforma.

A estratégia de Ed funciona, automaticamente a atenção de Ani é capturada e seu olhar impressionado se volta para o alquimista.

—Ooooh!!! Incrivel!!

—É isso que quero que faça agora.

—Oh! Mesmo? Como? Como?-Ani dava pulos euforicos como uma criança cheia de energia, apresentando um enorme sorriso no rosto.-Me ensine, me ensine!!

—Pule menos e transmute mais.-suspirou enquanto rolava os olhos, sem conseguir conter o pequeno sorriso que brota em seu rosto. Ani tinha tanta energia que Edward sentia-se cansado só de olha-la!- Ok, para fazer isso você deve usar a alquimia para comprimir a terra e compacta-la em um bloco. Após isso, deve trazer esse bloco para a superficie abaixo de si e elevar a terra juntamente com seu corpo.

—Sim!

Com um olhar confiante, Ani bate suas mãos e as leva ao chão, repetindo os movimentos de Ed, que estava a observando com atenção.

A princípio estava tudo correndo bem, mas para a infelicidade de Ani, quando a terra começa a elevar-se algo dá errado e uma explosão ocorre novamente. A agitação da terra abaixo de si, faz com que a sola dos sapatos de Ani afundem e ela caia sentada no chão, piscando os olhos repetidas vezes, sentindo-os irritados devido a terra que voou sobre eles. Assim que conseguiu se livrar do incômodo, Ani solta um suspiro frustado e toda aquela empolgação simplesmente se apaga, trazendo até seu rosto um olhar tristonho.

—De novo...

—Parece que a falta de confiança não era seu único problema. -Ed se aproxima.- Após fazer tantas transmutações você estava crente de que conseguiria fazer essa.-Ed pega um punhado de terra com as mãos, deixando-a escorrer por entre seus dedos até voltar ao chão. Ficou em silêncio pensando por alguns instantes.-Mais uma vez.

—Ah, de novo isso?-franze o cenho.

—A ciencia também nasce da observação!-sorri-Apenas mais uma vez.

—Tá…

Ani repete a transmutação, desta vez Edward observa seus movimentos com ainda mais atenção. Novamente ela se inicia bem, mas quando a terra iria começar a elevar-se as faiscas decorrentes da reação alquímica convertem-se em outra explosão.

A jovem, ainda mais suja do que antes, olha para Ed esperando algum comando. Este, fechou seus olhos e levou uma das mãos até o queixo, pensando por um momento consigo mesmo.

—Desta vez a falha foi na restruturação.

—Eh?

—Eu pedi para fazer esse tipo de transmutação porque ela “pula” a segunda etapa da alquimia.-Ed faz aspas com os dedos.

—Como assim?

—Pense. Para fazer uma plataforma, eu tive que deixar a terra compacta e resistente. Do contrário ela desmancharia e eu iria cair.-cruza os braços- Como a terra é formada?

—A terra é formada…-Ani pensa- Do desgastes das rochas! Você a transformou numa rocha!

—Exatamente!

—Então… Você não a decompos, só reuniu novamente o que já estava decomposto!-sorri.

—Assim eu pulei a segunda etapa.-devolve o sorriso- Da primeira vez a falha aconteceu na decomposição e desta vez na restruturação. No primeiro caso aconteceu porque você estava insegura, preciso descobrir porque aconteceu agora.

Ed fica sério, se colocando a refletir sobre o que havia visto e tentando encontrar alguma relação entre os movimentos de Ani para assim poder descobrir a razão da transmutação fracassada.

—Nii-san?-Ed olha para Alphonse- Será que não tem algo a ver com o controle das fases?

—Hum… pode ser!

—Como assim controle das fases?-Questiona Ani enquanto batia suas roupas e balançava a cabeça tentando se livrar da terra presente em seus cabelos.

—Quando transmutou minha miniatura você decompôs a pedra e apenas a reestruturou num formato diferente, sua transmutação seguiu o fluxo criado no inicio da decomposição e o usou como guia para finaliza-la. Mas quando fez a plataforma deveria reunir e compactar a terra macia para torna-la dura e então pudesse suportar seu corpo, como esse tipo de transmutação pula a primeira fase pode ser mais difícil conduzir o fluxo de energia.

—Entendi! Faz sentido!

—Precisamos confirmar.-Diz Ed.

—O que eu devo fazer?

Edward olha em volta e trava seu olhar em um objeto em específico. Caminhou até o vaso de flores que estava esquecido próximo a um dos muros e retornou com ele em mãos.

Fez um sinal com a mão para que Ani se afastasse e deixa o vaso de cerâmica cair no chão se quebrando em vários cacos.

—V-Você não deveria ficar quebrando as coisas dos outros!!-Ela olha para os lados, verificando se ninguém havia visto o ato de vandalismo de Ed.

—Isso é apenas para testar a teoria do Al. Se tudo correr bem, quer dizer que não é esse o problema. Tente conserta-lo.

—C-Certo.

Ani se aproxima dos cacos no chão, tocando-os com suas mãos, como se estudasse sua estrutura antes de decompo-la.

Edward sorri levemente. Por mais que não o desse ouvidos na maioria das vezes, era interessante o quanto Ani era atenta a todos seus comandos enquanto estivesse a instruindo. Ela realmente levava ao pé da letra o que disse sobre “Dentro da Alquimia ser seu mestre, mas fora dela era apenas ele”. Ani era uma boa aprendiz. Edward não podia negar que era prazeroso ensina-la vendo o quanto ela se dedicava a absorver todos os conhecimentos que lhe eram passados.

—Atomo por atomo…-murmura.

—Particula por particula.-acompanha Ed.

—Certo!

Ani tenta novamente e desta vez, os cacos do vaso se unem novamente, reconstruindo-o perfeitamente!

—Não é esse o problema. Você conseguiu reestruturar. -Levou a mão até sua nuca, afagando-a suavemente- Tente decompor a minha plataforma.

—Por que?

—Quero ter certeza de que o problema é mesmo na restruturação.

—Certo.

Ela repete a ação e a plataforma resistente se desmancha em terra e poeira, caindo ao chão e formando uma fraca corrente de ar que faz com que os cabelos de Ani se agitem suavemente enquanto a mesma fecha seus olhos para protege-los da poeira que vem em direção a ela juntamente com a brisa.

Ed suspirou confuso, estava sem pistas novamente. Por que em alguns casos a transmutação ocorria perfeitamente e em outros era desastrosa?

Ani abre os olhos, fitando Ed com certa preocupação. O mais velho percebe o olhar aflito que lhe fora direcionado e riu suavemente cruzando seus braços e arqueando uma das sobrancelhas.

—Ei, não me olhe assim! Se há um motivo vamos encontra-lo.

—Sim.-sorri minimamente- Tem razão.

Ed pega um pequeno caderno em seu bolso, não o mesmo que usava para anotar descobertas de sua jornada com Alphonse, este era de outra cor, mas aparentemente do mesmo modelo.

Apontado uma caneta para as linhas no papel, Edward começa a escrever:

—Certo… Então o problema não era simplesmente falta de confiança. Também parece não estar em nenhuma fase específica da transmutação. Em certo momento decomposição falhou e em outro funcionou. O mesmo com restruturação…

—Você escreve sobre mim também?

Ani se aproxima de Ed, colocando ambas as mãos atras do corpo e se debruçando levemente sobre ele, tentando espiar o que estava sendo escrito no caderno.

—Escrever me ajuda a organizar melhor meus pensamentos. Assim eu consigo ver a questão como um todo e fica mais fácil perceber se estou deixando algo passar.

—Entendi…-Ani repara que a folha em que Ed anotava era uma das primeiras do caderninho e não havia nenhuma marcação nele como as várias que seu diário de viagem possuía. -E você usa esse caderno só para escrever sobre mim?

—Basicamente.

Ed permanece perdido em pensamentos por alguns instantes, retomando aquela expressão entretida que possuia enquanto lia os documentos de Tucker.

Aquele mesmo olhar deixa as letras no caderno e passa a fitar Ani, ganhando um semblante um tanto chocado para em seguida adquirir um olhar repleto de seriedade. Ela permanece em silêncio enquanto o encarava de volta, imersa em questionamentos sobre o que Edward estaria pensando.

—Eu tenho algumas perguntas sobre você.-Ed se vira, caminhando até onde Alphonse estava, se sentando ao seu lado no banco de pedra improvisado feito pela dona da pousada. Ani o acompanhou e se sentou na grama a frente dos dois irmãos, abraçando os próprios joelhos e os observando com um olhar incomodado.

—Que perguntas?

—Bem, primeiro: Desde quando você usa alquimia e como começou a usa-la?

Ani franze o cenho, por que aquilo era importante? Se põe a pensar, vasculhando em sua mente alguma memória que respondesse a pergunta de Ed.

—Eu não sei ao certo… Eu sei que queria aprender alquimia desde muito pequena. Mas só comecei a tentar aprender de fato depois que…-abaixa o olhar- Eu sai de casa.

Edward arqueia uma das sobrancelhas ao ver a sutiu mudança do tom de voz de Ani ao finalizar a frase.

—Certo… E desde quando consegue usar alquimia sem o círculo de transmutação?

—Eh? Desde quando? Hum… Desde sempre, eu acho. Não me lembro de ter usado o circulo alguma vez.-Ani leva uma das mãos até as têmporas- Eu não tenho certeza.

—Isso pode ter uma relação.

—Hã?

Ed leva o dedo indicador até a testa de Ani, a empurrando suavemente enquanto ainda a observava seriamente. Aquele olhar a assustava, era um olhar dolorido, um olhar angustiado... um olhar compreensivo.

—Não usar o círculo e não se lembrar de nada.

Alphonse no mesmo instante pode entender o que seu irmão queria dizer, olhou para ele claramente assustado com a suposição, não querendo acreditar que aquilo realmente poderia ser a explicação para o vazio de memórias de Ani.

—Nii-san… você não acha que…?

—Acho.

O clima se torna tenso, e os dois irmãos sérios e imersos em pensamentos. Alphonse encarava Ani incrédulo e Edward mantinha uma expressão angustiada.

—Ei, como assim? O que minha aminésia tem a ver com não usar o circulo?

—Você sabe porque alguns alquimistas não precisam usar o círculo de transmutação, Ani?

—Tem… um motivo? Eu sempre pensei que fosse apenas sorte.

—Alquimia é uma ciencia. Tudo tem uma explicação, nada é simplesmente por acaso.-suspira- Alguns alquimistas que não usam o círculo porque eles se tornam o círculo.

—E como um alquimista se torna o círculo?

Edward pisca algumas vezes, respirando fundo antes de olhar para Alphonse.

—Al, eu preciso contar uma história para ela.

—Nós precisamos, Nii-san.

—Que história?

Os irmãos se entreolham profundamente, como se conversassem um com o outro por telepatia através daquela simples troca de olhares.

Aquele dialogo ocular interminável deixa Ani inquieta, fazendo com que seu coração acelerasse em aflição.

Eles pareciam preocupados com algo.

—Ei, que história?

—Bem…-Alphonse suspira, voltando a olhar para Ani- Nós escondemos algumas coisas de você. Principalmente eu.

—Como as-

Todos os questionamentos que Ani pensou em fazer foram interrompidos quando sua voz emudeceu-se assim que viu Alphonse levar as mãos até a cabeça da armadura e retira-la.

Assim que o elmo metálico repousou sobre o colo de Alphonse, os olhos azulados de Ani se arregalam e ela fica petrificada. Tentou proferir palavras várias vezes, mas a cada tentativa de abrir sua boca e emitir algum som, seus lábios se fechavam novamente e o silencio continuava reinando. Passou-se o que pareceu ser uma eternidade até que a voz de Ani pudesse ser ouvida novamente.

—O que você... é?

Talvez a escolha de palavras para expressar o que se passava em sua cabeça não tivesse sido a melhor, mas o tom de voz usado deixou claro para Alphonse que aquilo não era um julgamento e sim, apenas uma genuína dúvida.

—Humano, assim como você. -Recolocou a cabeça.

—M-Mas… seu corpo… Isso está vazio- aponta para Al- C-Como é possivel? Al, por que… você não me disse a verdade sobre você?

—Eu achei que seria algo… chocante demais. Então eu preferi contar em outro momento.

—Como você ficou assim?-Ani olha para Edward-Tem… alguma coisa a ver com os seus automails?

—Sim.-fecha os olhos enquanto tirava uma das luvas brancas, mostrando pela primeira vez, sua mão metalica a Ani.- Al e eu… acabamos ficando assim pelo mesmo motivo.

—O que houve com vocês?

Ani se coloca de joelhos no chão, curvando o corpo na direção dos irmãos e apoiando o tronco com as mãos a sua frente. Seu olhar era preocupado, mantendo as sobrancelhas erguidas e os olhos arregalados.                 

Os irmãos hesitam por um momento. Mas não achavam correto continuar mentindo para ela, já haviam começado a contar, teriam que terminar.

Além disso, eles já haviam tido tempo o suficiente para conhecer Ani a ponto de saber que ela era um pessoa gentil e que os entenderiam, por mais que fosse algo que não merecesse compreensão.

—Nós tinhamos uma mãe muito gentil. Ela sempre cuidava de nós e nos elogiava toda vez que fazíamos alquimia. Ela sempre ficava muito feliz toda vez que nos via estudando.-Al tinha um tom de voz nostálgico- Nosso pai também era um alquimista, mas sempre foi muito ausente e um dia… ele simplesmente sumiu pelo mundo. Então eramos só eu, Nii-san e a mamãe e mesmo sentindo falta dele, eramos felizes. Mas um dia… a mamãe morreu vítima de uma epidemia.

Ani absorvia todas as informações que ouvia e tentava formar uma linha de raciocínio, juntar as peças e formar uma imagem, buscando entender o que de fato havia acontecido.

Ouvir que a mãe de Al e Ed havia falecido, fez com que o coração de Ani se apertasse, ver a forma como Ed apertou seus punhos e fitou o chão ao ouvir o assunto, fez com que ele doesse.

—Nii-san e eu não conseguimos aceitar a morte dela. Então… Nós quebramos um tabu.

Os olhos de Ani se arregalam. Naquele contexto, sabia de que tabu Alphonse estava falando. Instantaneamente seus olhos ficam marejados e uma lágrima escorre por um deles, contornando suavemente sua bochecha. Ani tenta segura-las ou esconde-las abaixando sua cabeça, mas era dificil após o que ouviu.

—V-Vocês…

—Nós tentamos trazer a mamãe de volta.-Continua Edward- E… o resultado foi esse. Al perdeu seu corpo e eu uma das pernas. Depois, usei meu braço para trazer a alma do Al devolta.

—Eu… s-sinto muito.

—Não precisa se desculpar. Você não fez nada. Nós fizemos.

—Não! Pare com isso! Vocês… erraram, mas não por que quiseram! Eram só crianças e era a mãe de vocês!-Neste ponto a voz de Ani já era chorosa- Eu também teria feito a mesma coisa se eu pudesse!

—O que quer dizer com isso?-Ed arqueia a sobrancelha.

—Eu… também escondi coisas.

Eles podiam imaginar a que Ani se referia e sentiam-se curiosos em ouvir o resto, mas também puderam ouvir o tom de voz sofrido da jovem ao dizer que guardou coisas só para si. Não queriam que ela se sentisse forçada a dizer algo só porque se abriram a ela.

—Você não precisa dizer se não quiser.

—Eu sei. Mas eu quero- Ani suspira pesadamente tentando conter seu choro- Eu… Não lembro o que aconteceu com minha mãe. Só me lembro que… ela simplesmente deixou de viver conosco. Não sei se ela foi embora, não sei se ela morreu. E quanto ao meu pai… ele me abandonou anos depois.

—O q-que?

—Dizendo “Você não deveria estar aqui”, meu pai me deixou sem olhar pra trás. E eu fiquei sozinha. Tenho estado esse tempo todo. –Forçou um sorriso, ainda sem conseguir conter as lagrimas que desciam pelo seu rosto- Encontrar vocês era a única coisa pela qual eu ainda me agarrava.

—Por que… Escondeu isso?

—Porque não queria que tivessem pena de mim! Eu sei que tive tempos dificeis, mas eu ainda estou viva, não estou? Eu ainda estou de pé, não é? Não se deve ter pena de alguém que luta com todas as forças!

Edward ri suavemente, logo sendo acompanhado de seu irmão. Ani tinha uma forma curiosa de lidar com suas dificuldades, não era teimosa apenas com os outros, também era teimosa consigo mesma. Recusava-se a desistir, a deixar-se abater, a abaixar sua cabeça.

Porém, embora seus lábios proferissem palavras fortes e decididas, o rosto que tentava segurar as lagrimas sem muito sucesso contradiziam a postura durona.

—Se acha isso, então…-A mão de Edward que ainda estava coberta pela luva branca se estica até ela tentando secar um pouco as lagrimas que desciam sem interrupções- Por que está chorando tanto?

—Porque!...Porque…-Desta vez Ani olha para Alphonse- Eu te fiquei perguntando… por que não podia comer, por que não podia dormir… por que usava essa armadura. Isso foi tão… c-cruel.

Alphonse se surpreende um pouco com o que ouviu, mas nada disse, apenas levou a grande e pesada mão até o alto da cabeça de Ani, afagando suavemente, como se ela fosse um dos gatinhos de rua que costumava a fazer carinho. Ela também olha para ele, suas lagrimas haviam cessado com a carícia, mas ainda exibia um olhar tão triste.

—Fui eu quem escolheu não contar. Está tudo bem.

—Desculpe...

Os olhos de Ani pareciam sempre brilhar de uma forma ofuscante, e embora o brilho dado pelas lágrimas contidas não fosse tão encantador ao que eles possuíam quando ela abria um dos seus grandes sorrisos, seu olhar ainda era fascinante.

Aquele sentimento protetor tão característico de Alphonse desperta com mais força ao ver aquela expressão. Sabia que ela era forte, em todos os sentidos, mas sentia a profunda necessidade de protege-la, de alguma forma fazer com que aquele sorriso que o encantou desde a primeira vez que o viu retornasse a seu rosto.

Ela suspira pesadamente, antes de voltar a falar.

—A busca pela pedra filosofal... tem algo a ver com isso? Por que estão atrás dela?

Edward pisca algumas vezes, se lembrando do inicio daquela longa jornada. Levou uma das mãos até os cabelos, percorrendo-a da raiz da franja até sua nuca, fitando-a com um olhar calmo e paciente.

—Bem… Pouco tempo depois de tudo que aconteceu, eu e Al  recebemos a visita do Coronel Mustang e da Tenente Riza. Nós dois… levamos uma baita bronca pelo que fizemos.-franze o cenho.

—O Coronel deu uma bronca em vocês?-acaba por rir levemente, cortando um pouco a voz triste ao imaginar a cena.

—Sim.-Alphonse também ri, sendo acompanhado pelo seu irmão- Mas… o rosto dele não estava furioso… estava triste, triste por nós, pelo que aconteceu conosco. Então, ele convidou o Nii-san para ir a Central, fazer o exame de admissão para se tornar um alquimista federal. E foi quando nossa jornada começou, Coronel Mustang de certa forma nos deu um rumo.

—Entendi…-Ani funga levemente, secando as poucas lágrimas que restaram com o dorso de suas mãos.

—Mas… Demoraram dois anos desde sua visita até que Nii-san decidisse prestar o exame.

—Por que demoraram tanto?

—Nós dois… tinhamos muito em nossas cabeças e ele ainda estava se recuperando da cirurgia.

—Porém… chegou um dia que decidimos parar de nos lamentar pelo que tinha acontecido e paramos de fingir que o que fizemos foi apenas um terrível acidente. Talvez não tivessemos pensado direito sobre o que estavamos fazendo ou pensando se aquilo era certo. Afinal, não é correto alterar o fluxo da vida.-Os olhos de Ani se arregalam momentaneamente- As pessoas nascem, crescem e depois morrem, é assim que as coisas são e é assim que sempre devem ser. Talvez por sermos crianças nós… não tivessemos uma clara noção disso, mas nós sabiamos o que estavamos tentando fazer. Nós sabiamos que era proíbido e mesmo que alienadamente, nós sabiamos o que poderia acontecer.

A medida que seu irmão continuava seu relato, Alphonse se lembrava daqueles dias.  Ainda sentia aquela sensação estranha correndo sua alma. Não podia explicar em palavras o que era aquele sentimento, mas sentia cada parte do seu ser vibrar pela força que ele e Edward tiveram naquele momento.

—Então- continuou- Nii-san e eu assumimos a culpa do que fizemos. Nós admitimos o nosso erro e decidimos que iriamos consertar o que fizemos! E foi nesse momento que ele decidiu se tornar um alquimista e que nós prometemos que encontrariamos um jeito de recuperar nossos corpos! Por esse motivo, estamos atrás da pedra filosofal. Porque vemos nela uma chance de recuperar o que perdemos.

Ani ficou em silêncio, seu olhar parecia demonstrar que possuía palavras entaladas em sua garganta. Os irmãos estranharam a atitude, mas permaneceram em silêncio também. Ela observa o chão, afundada em seus próprios pensamentos e passam-se quase dois minutos até que ela voltasse a fita-los ainda sem proferir nenhuma palavra.

Ani levantou um pouco o tronco, ainda sobre seus joelhos, debruçando-se sobre Alphonse e apoiando as mãos nas pernas de sua armadura para poder se aproximar mais.

Alphonse permaneceu imóvel quando suas mãos lhe tocaram o elmo da armadura e o retirou, colocando sobre a grama verde que pinicava levemente. Continuou sem se mexer quando as mãos dela soltaram as fivelas que prendiam a parte frontal da armadura, revelando o círculo de sangue que ali estava.

Alphonse não entendia o que ela fazia, mas não dizia uma palavra, Edward também apenas mantinha os olhos dourados fixos nas ações da jovem.

Ela fitava o selo de sangue de forma penetrante, podia sentir seu coração batendo forte no peito ao confirmar a decisão tomada por si mesma em seu âmago. Era aquilo que Ani queria fazer, era aquilo que seu coração lhe orientava e ela nunca ousaria desobedece-lo.

Após o que parecia uma eternidade, Ani se moveu em direção a Al, apoiando sua outra mão nas pernas da armadura e se curvando sobre o círculo de sangue. Alphonse se surpreende quando ela cuidadosamente deposita um delicado beijo sobre o círculo, se afastando logo em seguida e contornando o pescoço de Edward num abraço carinhoso e de certa forma, até consolador.

—A-Ani?- novamente, Al sente que estaria corado caso pudesse

Edward estava sem reação. Não estava nada acostumado com aquele tipo de situação, com aquele tipo de carinho, mas não a afastou, estava surpreso demais para fazer algo.

A jovem afasta-se de Edward e toma as mãos deles nas suas. Ficou olhando ambas as mãos de metal envolvidas nas suas, deixando suas últimas lágrimas caírem sobre elas, antes de olha-lo sorrindo afetuosamente.

—Eu também.

—T-Também o que?

—Os seus corpos, eu também vou ajudar a recuperar!

—Ani…-Mesmo que não possuísse um coração, Alphonse sentia ele aquecer-se- Você não precisa, você tem seus próprios objetivos!

—É uma jornada muito perigosa. Uma decisão nossa, não deveria se envolver nisso.

Ani solta suas mãos e volta a colocar a parte frontal da armadura em seu devido lugar. Assim que o faz acena negativamente com sua cabeça, sorrindo ainda mais.

—Eu já me decidi, Al-chan! Agora esse é meu objetivo também!

Al fica sem jeito pela nova versão de seu apelido, mas solta um riso divertido com aquilo, sendo acompanhado pelo mais velho.

—Eu...-olha para Edward- Sei que é perigoso. Mas desde que me aceitou como aprendiz eu venho pensando em como poderia retribuir o que estão fazendo por mim, já que eu não posso pagar.

Ani coloca o elmo em seu lugar novamente, voltando a sentar sobre suas pernas, sorrindo para ambos. Estes se entreolharam com um sorriso confuso, sem saber direito como reagir a tudo o que havia ouvido.

—Eu vou aprender tudo sobre Alquimia, para então poder ajudar a recuperar os corpos de vocês! –Ani estende seu dedo mindinho de cada uma das duas mãos para eles.- Eu prometo!

Novamente eles se entreolham. As palavras, o olhar, ações tudo o que vinha de Ani por muitas vezes eram exageradas e escandalosas. Mas naquele momento puderam perceber que elas também eram repletas de afeto e carinho. Quando lutava, quando estava aprendendo com Ed, quando cozinhava, quando trabalhava... ela fazia tudo com capricho, com amor.

Rindo pela atitude adoravelmente infantil de Ani, Alphonse engancha seu dedo ao dela.

—Então… Eu prometo que você nunca vai ficar sozinha outra vez.

Desta vez foi Ani quem corou. Sentiu os olhos marejarem novamente, mas segurou as lagrimas e o olhou surpresa.

—O-O que?

—Querer nos ajudar a recuperar o que perdemos é algo de muito valor para nós dois, então acho que devemos fazer algo de grande valor por você também.

—Somos todos alquimistas afinal!-Ed ri-Estou de acordo.

Edward também engancha seu próprio dedo ao de Ani. Numa situação normal nunca teria feito uma promessa com um gesto tão infantil, mas toda a conversa que tiveram o incentivou a abrir uma exceção, apenas desta vez.

—E-Ei, não é justo! N-Não me façam chorar de novo!- riu- Obrigada.

As mãos se soltam e Ani automaticamente levou as suas ao rosto, limpando as poucas lágrimas que ainda restavam. A muito tempo não chorava daquela forma. Quando se convenceu que chorar não resolvia as coisas, suas lagrimas secaram e ela passou a enfrentar seus tombos com risos e sorrisos! Mas como evitar ter seus olhos umedecidos após tudo aquilo?

Novamente ela sente uma mão sobre sua cabeça, desta vez a de Edward direcionava um olhar sério para ela de novo.

—Você quase me fez esquecer porque comecei a contar essa história.

Ani desvia o olhar de Ed, fitando a grama verde abaixo de si que pinicava suavemente sua pele. Suspirou, havia compreendido o que Edward estava supondo.

—Você acha que eu também fiz transmutação humana, não é?

—Nossas lembranças podem ter um valor enorme, pois elas formam quem nós somos e elas guardam pessoas de quem gostamos. Esquecer-se disso, seria como perder uma parte de quem você é. Dependendo do valor dessas memórias, pode servir como pagamento para uma transmutação.-fechou os olhos- Você disse que não se lembra o que aconteceu com sua mãe. Talvez...

—Isso... quer que se isso aconteceu eu nunca poderei me lembrar das coisas que esqueci?

—Se eu achasse isso não teria sentido estar atrás do que eu e Al perdemos. Mas... pode ser mais complicado.

—Por que?

—Porque lembranças não são algo físico ou palpável.

A voz grave daquele homem por um momento ecoa na cabeça de Ani, uma voz tão familiar para si, mas que sua mente não conseguia conectar com alguma memória concreta, pois ali também havia uma peça faltando.

“Você será minha aluna um dia. Então, me prometa que nunca tentará alterar o tempo que ganhamos ao nascer. Mesmo se for alguém que você ame, nenhum humano tem o direito de aumentar ou diminuir esse tempo.”

—“Eu não faria isso...-pensou- Eu sabia que era errado. Mas...-olhou para os irmãos- Eles também sabiam.”

—Ani?- A voz de Alphonse era preocupada devido ao silêncio da outra. Ani acorda do transe ao ser chamada.

—Se há um jeito vamos nós encontra-lo! E se não houver...-abre um sorriso- Nós criamos um!

—Sim.-Ed sorri-Ainda não temos certeza se essa é a razão desse buraco nas suas memórias, mas se for, também pode explicar qual é o defeito das suas transmutações. Eu havia descartado isso no início, mas talvez seu problema seja na compreensão.

—Falhas na compreensão pode resultar em falhas na decomposição, restruturação ou ambos. -Comenta Alphonse

—Parece que estamos chegando a algum lugar afinal!

—Se o problema está na compreensão... então isso significa que eu preciso estudar alquimia?

—Exato! Desde a alquimia básica, nós precisamos ver tudo! Vamos dar uma pausa nas transmutações por enquanto.- Ed se levanta- Vou focar no conhecimento teórico e na sua habilidade em luta por hora.

—Certo!-Se levanta também, sorrindo determinada- Vou me esforçar.

—Espere aqui.

Ed dá as costas para os outros dois e caminha para dentro da pousada, retornando em poucos minutos com um livro em mãos. Jogou o livro de capa verde-musgo para Alphonse e se afastando alguns metros, sorrindo divertido.

—Al, você cuida da parte teórica e eu da luta.

—Nii-san, não acredito que vai fazer isso!- Ri

—Qual o problema? Nós aprendemos assim, não foi?

—Do que estão falando?

Antes que Alphonse pudesse responder, Edward avança para cima de Ani deferindo socos contínuos. Ela desvia por puro reflexo, logo notando que desta vez Ed estava mais rápido e era exigida muito mais velocidade para conseguir escapar dos socos. Aparentemente, Alphonse não era o único que estava pegando leve na primeira luta amigável que tiveram.

Ficou um pouco atordoada com o treinamento que começou sem aviso prévio, mas em poucos segundos começa a revidar os ataques.

Enquanto isso, Al abre o livro que Ed havia trazido consigo parando em uma página ao inicio do mesmo e começando a ler:

—Ani, qual a importância do círculo de transmutação?

—O que?

A pergunta de Al a distrai, possibilitando que Edward lhe desse uma rasteira, fazendo-a cair no chão e tendo que se levantar da forma mais rápida que conseguiu para escapar dos golpes que vieram em seguida.

—Responda!- Diz Edward em tom desafiador

—Q-Quer que eu lute e responda perguntas ao mesmo tempo?

—Foi assim que eu e Al aprendemos, não vejo porque você também não poderia! Além do mais...-Edward tinha um sorriso maldoso- Eu sempre quis me vingar daquele treinamento, mas como com a Sensei seria suicídio, irei descontar em você mesmo!

—Isso-desvia novamente- Não é justo!

—Não reclame! Pelo menos eu não vou deixar a própria sorte numa ilha cheia de predadores e bichos peçonhentos apenas com uma faca! Bem...-riu- talvez eu ainda faça isso.

—Q-Que tipo de mestre você teve?!

—Você não ia gostar de conhecer. - Um arrepio percorre a espinha de Edward só de mencionar sua adorável e compreensiva mestre. -Vamos Ani, responda!

—R-Repita a pergunta, Al!

Alphonse não admitiria em voz alta, mas mesmo com pena de Ani estar passando pelo mesmo treinamento que eles tiveram que passar, estava achando muito divertido assistir aquilo!

—Qual a importância do círculo de transmutação?

—Ele é necessário para a síntese! -tentou acertar Edward, que bloqueia com seu automail- É ele quem ativa o poder da alquimia!

—Certo. Quais os três elementos que formam o ser humano?

—Corpo! Mente, E-Ani bloqueia o ataque cruzando os dois braços em frente ao rosto- A-Alma!

—E sua composição?

—Q-Que?!

—A composição elementar do corpo humano!

Num acesso de fúria, Ani literalmente abandona a luta com Edward e avança até Alphonse saltando e chutando longe a cabeça de metal que rola pela grama.

—QUE TIPO DE PERGUNTA É ESSA?!

—Êi! A luta é comigo!

—MAS EU QUERO BRIGAR COM ELE!!

—O-O-O que eu fiz?!-Alphonse se encolhe assuntado. O que tinha acontecido com a garota gentil?

—Como você quer que eu saiba disso?! No meio de uma luta?!

—É uma pergunta simples, Ani.-A voz de Ed ressoa atrás de si, lhe causando arrepios e automaticamente baixando-se para escapar do soco vindo- Agua, carbono, amônia, cal, fosforo, sais- A cada substancia dita, Edward deferia um golpe- Nitrogênio, enxofre, flúor, ferro, silício... e mais quinze outros elementos! Quer que eu diga as quantidades?

—Ok, entendi! Você é um gênio, te odeio!

Edward solta um riso maldosamente divertindo, vendo o quanto sua aprendiz ficava zangada com suas provocações! Zangada a ponto de até mesmo voltar-se contra Alphonse, com quem até então teve uma relação muito amistosa.

*~*~*~*~*~*~*~*~*

Jogada ao chão, sem forças para nem sequer levantar um dedo e ofegando como se seus pulmões fossem sair para fora. Era assim que Ani se encontrava ao fim do duro treinamento.

—Eu vou morrer... socorro...

—Hahaha! Não exagere! -Edward também possuía dificuldade para falar devido a respiração acelerada, mas ainda conseguia ficar de pé.

Ani percebe alguém se aproximar de si e abre seus olhos cansados para ver Alphonse abaixado próximo de si, com algo em mãos.

—Você se esforçou muito, Ani!

Ela se senta e pega o lenço que Alphonse lhe dá, sorrindo em agradecimento enquanto o leva para a região temporal, secando um pouco do suor.

—Eu preciso de um banho... e comida...-choraminga.

—Não mentiu quando disse que era resistente! -Ed sorri enquanto se aproxima e coloca a cabeça no alto da cabeça de Ani, bagunçando seu cabelo que já não estava no melhor estado. -Chega por hoje. Você foi muito bem!

Ainda tentando normalizar a respiração, Ani sorri, agradecendo com o olhar e sentindo-se orgulhosa de si mesma.

—Vamos entrar.

—Sim!

Alphonse faz menção de levantar-se, mas antes que pudesse sente um peso a mais em suas costas e vê dois braços contornando seu pescoço.

—Ani?

—Não consigo andar...-sua voz era sonolenta- Me ajuda...

Alphonse ri com a forma atropelada que Ani falava devido ao sono. Passou os braços por trás de si, elevando o corpo dela enquanto se levantava e começou a acompanhar o irmão para dentro da pousada. Ao ver a cena, Edward chama-a de “Folgada” num tom de brincadeira, Ani responde a provocação com um resmungo.

Quando estavam no corredor que dava acesso aos quartos, pode ouvir a voz dela novamente:

 -Al... desculpa...

—Pelo que?

—Por ter chutado a sua... cabeça...

—Hahaha! Não foi nada! Mas você me assustou! Nunca te vi tão brava!

—As vezes acontece. -riu- Obrigada vocês dois.

—Lutar assim também me ajuda a treinar, então nós dois tivemos vantagens.- Ed sorri suavemente

—Não estou falando disso. Bem, disso também, mas.... Eu estava agradecendo por serem meus amigos. Eu adoro vocês!-Ani abre um doce sorriso- Vou fazer tudo o que puder para retribuir!

Edward olha para ela por um momento, também lhe direcionando um sorriso. Era como se seus olhos dourados estivessem lhe dizendo “Não precisa agradecer por algo assim”. Já Alphonse aperta suavemente os braços ao redor dela, transmitindo a mesma mensagem.

Edward volta a olhar para frente e aos poucos o sorriso de Ani some, dando lugar a uma feição preocupada. Era inegável o quanto sentia-se feliz por estar ali, da mesma forma não podia questionar o grande afeto e carinho que já sentia pelos dois, mesmo os conhecendo a pouco tempo. Mas a medida que o peito de Ani enchia-se de gratidão, ele também enchia-se de medo.

Não havia lhes contado todas as coisas que omitiu sobre si mesma. Preocupava-se ao pensar se eles ainda gostariam dela caso soubessem dos segredos que guardou. Tinha muito medo de que aqueles detalhes os fizessem se afastar dela como todos os outros supostos amigos que teve na vida.

Por muitos anos evitou se aproximar de outras pessoas novamente, por medo de ser deixada para trás por algo que nem ela mesma compreendia com clareza. Achou que conviver com a solidão seria menos doloroso do que ter seu carinho retribuído com o desprezo diversas vezes. Mas logo percebeu que ninguém poderia ser capaz de ser feliz sozinho, pois as pessoas precisam ser tocadas, precisam ser ouvidas, precisam de gentileza.

Mesmo com a insegurança, Ani escolheu procurar até encontrar alguém que não lhe virasse as costas, mesmo que isso a machucasse várias vezes e a promessa que eles fizeram a ela de que nunca mais ficaria sozinha fez com que seu coração se enchesse de esperança.

Talvez, desta vez... estivesse no lugar certo.


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Notas finais do capítulo

Você gostou do capitulo? Não gostou? Tem alguma sugestão, pergunta ou elogio? Se sua resposta a alguma dessas perguntas for "sim", por favor deixe seu comentário aí embaixo! Isso me incentiva muito a continuar com meu trabalho!
Dá uma conferida lá na minha página, onde eu posto o andamento da escrita dos capítulos e também posto umas coisas nada a ver as vezes. ;) https://www.facebook.com/TordTheWriter/

—Tord.



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