Sugar Heart escrita por Tord


Capítulo 14
Re-União




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Já faziam alguns dias desde que os três alquimistas haviam mergulhado de cabeça na difícil missão de decifrar as pesquisas de Tim Marcoh. Os dias percorriam numa montanha russa de altos de baixos, determinação e completo desanimo, esperança e desilusão, pois quando sentiam que estavam próximos de alguma resposta, as informações se embaralhavam novamente e perdiam o sentido.

Naquele momento, continuavam mais um longo dia de trabalho, silenciosamente escoltados por Sargento Brosh e Segundo Tenente Ross enquanto mantinham sua atenção na leitura.

—AAAAARGH! NÃO AGUENTO MAIS! – Edward surtava pela quinta vez naquele dia.

—Nii-san, talvez devêssemos perguntar ao Marcoh-san sobre isso.

—Não! Isso seria admitir derrota! – Al suspira.

—Al tem razão, eu já estou lendo sobre rechear baratas com beijo em vez de batatas com queijo. – Ani resmunga.

—Credo. – Ed rebate mau humorado. – E você está prestando atenção na receita ou em tentar encontrar alguma pista?

—Nos dois. As receitas são boas. – Murmura debruçada com a cara colada em uma das páginas, tentando continuar concentrada lendo alguma coisa. – Marcoh-san provavelmente também era um bom cozinheiro.

—Não importa, desde que as receitas nos digam alguma coisa de útil. Sinto que estamos perto...

Ainda sem muito ânimo, seguem tentando se concentrar no que faziam, até serem interrompidos com batidas na porta. Ao voltarem seus olhares para ela, veem ali Sheska novamente.

—Boa tarde, Sheska-san! – Ani cumprimenta educadamente.

—Boa tarde! – Abre um sorriso. – Edward-san eu vim até aqui porque gostaria de agradece-lo. Graças a você, eu pude colocar minha mãe em um hospital melhor.

—Ah, isso não foi nada. – Ed sorri sem graça.

—Como estão indo nas pesquisas?

O olhar desolado que o trio adquiriu fez Sheska se arrepender da pergunta no mesmo instante.

—A passos lentos. – Ani responde rindo sem graça. – Mas caminhando. E você? Conseguiu um emprego, Sheska-san?

Foi a vez de Sheska lhes direcionar aquele mesmo olhar deprimido.

—B-Bem... Mesmo assim, eu fico feliz que até uma pessoa sem valor como eu foi capaz de ser útil à alguém. – Sheska ri sem graça.

—Você não é uma pessoa sem valor. – Al rebate. – Eu acredito que uma pessoa que se esforça o máximo de si já tem um talento e tanto. Além disso, sua memória é realmente incrível.

—Seja curando pessoas, usando alquimia ou assando bolos, uma pessoa que dá o seu melhor no que faz já é alguém admirável! – Ani completa, abrindo um sorriso.

Ed apenas acena suavemente com a cabeça com um leve sorriso em seu rosto. O incentivo por parte deles faz com que a jovem sorria, mas dessa vez, de uma forma mais sincera.

—Muito obrigada.

Em meio a conversa que tinham com Sheska, ouvem novamente batidas na porta, a qual se abre logo em seguida, entrando ali uma pessoa já familiar a Ed e Al, mas ainda desconhecida por Ani.

—Olá! Eu não disse para me avisarem quando estivessem na Central novamente?

—Tenente-Coronel Hughes!

—Soube pelo Major Armstrong que estavam aqui! – Ele se aproxima casualmente da mesa. – Como estão? Por que não me disseram que estariam aqui? Podia ter pedido a minha esposa para fazer um jantar novamente!

—Ah, é que surgiram umas coisas urgentes...

—Oh, eu também ando muito ocupado... – Hughes continua papeando por alguns minutos tranquilamente, até seu olhar se voltar para Ani, só então se dando conta de que ela estava sentada junto com eles. – Hm? Olá!

—B-Boa tarde!

—Hooh! Desculpe, Edward eu não quis interromper nada! – Diz em tom de brincadeira, fazendo Ed suspirar.

—Esta é Ani Harris, ela é minha aprendiz já tem alguns meses. Ani, este é-

—Tenente-Coronel Maes Hughes! – Seus olhos brilham.

—Hooh... Achei que entendesse só de alquimistas. – Ed resmunga sem ânimo.

—Bem, eu não conheço tooodos os militares, mas eu conheço o senhor! Você se formou no mesmo batalhão de cadetes que o Coronel Mustang e lutou ao lado dele na guerra de Ishval como capitão! – Responde com um sorriso empolgado. – Seis anos depois do fim da guerra, se tornou Tenente-Coronel!

—.... Ééé? – Ed e Al encaran Hughes curioso.

—Hahaha! Você fez sua pesquisa, uh? Mas devo dizer, senhorita... – Fica sério. – Você esqueceu de uma parte importantíssima sobre mim.

—Eh? Qual? – Curiosa.

Num movimento rápido e ainda mantendo uma expressão seríssima no rosto, Hughes saca algo de dentro de sua jaqueta, fazendo Ani se assustar a princípio por pensar que talvez fosse uma pistola ou algo do tipo, no entanto, contrariando suas expectativas... Agora tinha em frente ao seu rosto duas fotos.

—Essa é minha adorável esposa Gracia e minha linda filha Elisia. – Fala com voz babona e abrindo um sorrisão.

—... Aaaah! – Abre um sorriso também. – Mas que criança linda!!

—Não ééé? – Tooodo coruja. – Elisia-chan está crescendo a cada dia! Logo logo ela vai ser maior do que eu!

—Você deve estar muito orgulhoso dela! A sua esposa também é muito bonita!

—E eu não sei disso? Eu-

—AHEM! – Ed pigarreia, chamando a atenção dos dois que claramente tinham se perdido em sua conversa. Melhor impedir que Hughes passasse quatro horas seguidas falando sobre sua linda filhinha.

—B-Bem... certo. Eu deveria voltar ao trabalho. – Hughes tentava se recompor. – Temos tido muitos casos novos ultimamente, além de outros assuntos. O caso do Tucker ainda não foi solucionado... – Hughes suspira. – Mas como se não bastasse isso a primeira seção é incendiada no meio dessa loucura toda.

—A primeira seção?

—Sim... – Suspiro desanimado. – Todos os arquivos e registros dos casos estavam armazenados lá. Isso está atrasando muito nosso serviço! É um saco!

No mesmo instante os três ficam estáticos e lentamente voltam seus olhares a Sheska que ainda estava parada ali. Ao ver seus olhares sobre si, Sheska exclama surpresa.

—O que acha, Hughes-san? Ela está procurando emprego!

—E-Eh? B-Bem... Eu me lembro dos registros, mas...

—Otimo! Você está contratada! Vamos ao trabalho!!

Arrastando Sheska dali, Hughes deixa o local enquanto a jovem de óculos agradece freneticamente por mais uma ajuda por parte deles.

—P-Pfff! Nunca imaginei que Maes Hughes fosse esse tipo de pessoa! – Ani gargalha.

—Ele é meio irritante, mas... é um cara legal.

—Sim! – Al concorda.

—x-

Continuaram se esforçando no que faziam, passando todo o dia empenhados e dando o máximo de sí. Ao fim da tarde, Brosh e Ross do lado de fora da sala já estavam sonolentos, entediados de tanto esperar por alguma atualização.

Finalmente, o sino indicando que a biblioteca iria fechar encerra o expediente do décimo dia de pesquisas. Estavam prestes a entrar na sala para poderem então escolta-los de volta ao quartel, quando um som os deixa preocupados.

MAS QUE MERDA?!

O som da voz de Edward vinda do interior do cômodo faz com que os dois militares adentrem o local preocupados, preocupação esta que apenas aumentou ao ver a forma como os três se encontravam: Desolados, perdidos, incrédulos.

Os dois irmãos estavam sentados ao chão e mantinham suas mãos em suas cabeças, custando a acreditar no que estavam vendo bem diante de seus olhos, enquanto Ani possuía uma expressão petrificada em seu rosto, mantendo ambas as mãos em sua boca como se quisesse segurar um grito de saír do fundo de sua garganta. N-Não era possível. Só de pensar naquilo... lhe revirava o estômago.

—O que está havendo?

—Vocês não podem se desesperar porque não conseguem decifrar isso-

—Nós deciframos. – Al a interrompe. – Nós deciframos a pesquisa.

—Mesmo? Que ótimo! – Com sua ingenuidade costumeira, Sargento Brosh sorri, mas seu sorriso morre no instante que Edward bate seu punho no chão, irritado.

—NÃO HÁ NADA DE BOM NISSO! – Os dois militares o encaram sem entender. Ani balança sua cabeça negativamente, com o olhar ainda estático. – A pesquisa do demônio, a qual nós não deveríamos seguir... Que coisa é essa, Marcoh-san?

—...Sobre o que estão falando?

—Os ingredientes para a pedra filosofal... São vidas humanas. — Instantaneamente, os dois militares adquirem expressões semelhantes a eles. – E o pior disso é que para criar uma única pedra são precisos vários sacrifícios.

—M-Mas como o exército pôde compactuar com uma coisa tão cruel? – Ross questiona ainda descrente do que ouvia.

Naquele instante, os olhos de Ani se arregalam ainda mais enquanto duas vozes ecoavam em sua cabeça e assombravam seus pensamentos. A primeira delas foi a voz de Ina.

“Não consigo compreender como você acabou se tornando uma alquimista.”

“Você não acreditará no que eu te disser, a não ser que veja por si só a sujeira que é esse país.”

“Quando você estiver pronta e for capaz de acreditar no que eu disser, eu vou te contar tudo.”

“Por favor, não se torne uma alquimista.”

E-Era isso? Era disso que ela estava falando? Ela sabia disso? Por isso não queria que ela se aproximasse dos alquimistas federais? Por isso os detestava tanto?

No entanto... A voz dela em sua cabeça não era a que a assustava mais e sim uma outra, uma que há muito tempo não ouvia. Eram as lembranças daquelas palavras que lhe davam um arrepio profundo em seu corpo.

“EU ESTOU TE DIZENDO QUE VOCÊ NÃO DEVE SE APROXIMAR DO EXÉRCITO! VOCÊ NÃO CONHECE AQUELE LUGAR!”

“ENTÃO POR QUE NÃO ME CONTA? NII-SAN, VOCÊ NUNCA ME CONTOU PORQUE DESISTIU!”

Aquilo não era sobre alquimistas, não era sobre Tim Marcoh. Aquilo era sobre o exército amestrino... Era sobre o país todo.

—N-Nii-san... Você... Você sabia. – Murmura baixinho para si mesma.

—Por favor... – Ed murmura. – Não contem isso para ninguém.

—x-

Já de volta ao QG, o clima melancólico perdurava por todo quarto assim como o silêncio que era quebrado apenas pelo som do ventilador de teto girando lentamente.

Ed estava deitado em um dos sofás, Ani sentada no outro abraçando suas pernas e Al sentado ao chão próximo a eles, os três imersos em seus próprios pensamentos.

—Mas que droga. – Ed murmura, recebendo um “Hm” em resposta de seu irmão. – Parece que sempre que me aproximo da resposta... Ela foge do meu alcance. – Ed abre um sorriso debochado. – Deus deve odiar as pessoas que invadem seus domínios.

Mais um longo período se silêncio se passa.

—... Será que vamos ficar assim para sempre?

O coração de Ani se aperta ao ouvir aquilo, deixando sua própria nuvem de pensamentos de lado por um momento e os encarando com um olhar dolorido.

—... Sei que vamos encontrar outra forma.

Ed desvia seu olhar, antes fixo no movimento do ventilador e olha para ela. Ao ter a atenção de seu mestre, Ani abre um sorrisinho que reunia toda sua esperança restante. Edward não retribui o sorriso, apenas volta a olhar para o ventilador. Ani suspira baixinho, voltando a encarar o chão. Odiava vê-los daquele jeito.

—Al. – Ed volta a falar após alguns minutos de silêncio.

—Hm?

—Tem algo que eu queria te dizer a um tempo... Mas eu tenho tido medo.

Tanto Ani quanto Al encaram ao mais velho confusos com aquela fala repentina.

—... O que?

Vendo o momento, Ani estava prestes a se levantar para deixar os dois conversarem sozinhos, mas suas ações são interrompidas por fortes batidas na porta que fazem com que os três levem um susto.

—Edward Elric, eu sei que estão aí! Sou eu, abram!

—H-Hm... Querem que eu abra? – Ani questiona.

—Apenas os ignore.

Porém, mesmo com a fala de Ed, as batidas persistem cada vez mais e mais fortes, até que simplesmente a porta é arrombada com uma absurda facilidade e lá estava novamente o alquimista do cachinho dourado, já em prantos.

—Eu soube, Edward Elric!! MAS QUE COISA HORRIVEL!! – Cachoeiras jorravam de seus belos olhos azuis – QUEM DIRIA QUE A MATERIA PRIMA PARA A PEDRA FILOSOFAL SERIAM VIDAS HUMANAS? QUE TRAGÉDIA!!

No mesmo instante Edward direciona o mais mortal de seus olhares para os outros dois militares ali presentes.

—Imagine só o exército envolvido com algo como isso! – Chorava suas pitangas. – A verdade pode ser algo cruel!

Armstrong ainda dava seu showzinho ali, mas as palavras ditas por ele acendem uma fagulha na mente de Edward e por um instante, suas ideias se clarificam em meio à seus pensamentos.

—“A verdade”?

—O que foi, Nii-san?

—Você se lembra do que o Dr. Marcoh disse?

—Eh? – Ani tomba a cabeça para o lado, tão confusa quanto Al.

“Sei que será capaz de descobrir a verdade por trás da verdade.”

—A “verdade por trás da verdade”... É como nas anotações dele... uma verdade escondida. Ainda há mais coisas à descobrir.

A possibilidade de haver ainda mais do que já haviam descoberto deixa todos um pouco mais aflitos, exceto Ani que mantinha sua atenção em Edward e ao ver aquele brilho tão conhecido por si retornando ao olhar dele, sua ansiedade se dissipa e ela sorri levemente, suspirando aliviada. Seu mestre estava de volta.

—x-

Sentados em frente a mesa de centro entre os sofás daquele cômodo, agora todos no recinto observavam um dos mapas da cidade trazidos por Major Armstrong.

—Atualmente, existem quatro laboratórios de pesquisa relacionados ao governo na Central. Dentre estes, Marcoh trabalhava no terceiro. Este é o mais suspeito até então. – Armstrong explica.

Ed observa o mapa pensativo.

—Não... nós checamos todos os laboratórios de pesquisa na cidade e nenhum deles havia alguma movimentação suspeita.

—Talvez estejamos deixando algo escapar. – Ani comenta, também concentrada no mapa.

Edward continuou fitando o mapa por alguns segundos, até que seus olhos se fixam em um prédio em especifico.

—O que tem nesse prédio?

—Esse é o antigo quinto laboratório. – Ross explica, enquanto verificava os arquivos que tinha em mãos. – Atualmente não está em funcionamento. Aparentemente sua estrutura estava frágil e com risco de desabamento, então foi desativado.

—É aqui. – Ed afirma com firmeza.

Buscando tentar entender o raciocínio do mais velho, Ani e Al observam o prédio e seus arredores com mais atenção, imediatamente compreendendo o que Edward queria dizer.

—Como tem certeza de que é aí? – Sargento Brosh continuava confuso.

—Do lado dele tem uma prisão. – Ele continua com uma expressão confusa. – Qual é o ingrediente para a pedra filosofal?

—Bem... vidas human- Eeh?!

—Se usassem prisioneiros condenados a morte, ninguém estranharia o sumiço deles.

—Levando em conta que precisariam de muitos sacrifícios para uma única pedra... Talvez eles também usassem prisioneiros de outras regiões. Isso pode estar envolvendo não só o exército da Central, mas o governo todo.

—S-Sinto que acabamos nos metendo em algo grande... – Tenente Ross comenta entre calafrios.

Era assustador como as coisas pareciam fazer sentido na cabeça de Ani agora. Se aquilo realmente fosse tudo verdade, se o que Marcoh dizia era mesmo o que acontecia por debaixo dos panos, então conseguia compreender porque Ina estava tentando a tirar daquele país. Mas ainda... achava que seu irmão lhe devia muitas explicações.

Vendo a gravidade da situação, Armstrong assume uma feição séria enquanto enrolava os mapas novamente.

—Isso pode se tornar um sério problema político. Eu irei investigar isso. Até lá, não comentem sobre com mais ninguém. – Os soldados batem continência, concordando com a ordem. – E vocês três, se comportem. — Intantaneamente os três estremecem, atiçando os radares de Armstrong e ele instantaneamente se veste com todo seu tamanho e impotência numa postura amedrontadora. – Vocês não estavam pretendendo entrar escondidos nesse prédio e dar uma olhada, estavam?!

—Não! Não! Não! – Negam freneticamente.

 -x-

—Até parece que não iriamos.

Quando a noite caí, os três escapam da escolta dos militares e seguem até o prédio abandonado do quinto laboratório, tomando cuidado para não serem percebidos por ninguém durante o caminho. Ao chegarem até o prédio em questão, imediatamente tem sua curiosidade atraída pela presença de um soldado guardando a entrada do local.

—Um guarda em um prédio abandonado...

—Isso é estranho.

Voltaram a se esconderem na esquina do prédio, passando a procurar uma forma de entrar.

—Você tem estado quieta por um tempo. – Ed comenta, fazendo Ani despertar de seus pensamentos.

—Eh?

—A história da pedra filosofal abalou tanto você?

—... Na verdade não. Quando eu conversei com Ina ela tentou me convencer a ir embora do país com ela. – Ed arqueia a sobrancelha. – Quando pedi que ela me explicasse porque ela me disse que eu só iria acreditar no que ela tinha a me dizer quando eu visse a sujeira desse país.

—E você só me conta isso agora?

—Desculpe! No momento eu não imaginava que... que talvez ela pudesse estar se referindo a algo como isso. Eu acho que... Que talvez ela saiba informações sobre o que acontece aqui. – Ani encara o alto do muro alto que cercava o laboratório. – O que significa que talvez eu encontre respostas para mim aqui também.

—Ei, você estar ligada a uma transmutação humana já é assustador, agora quer me dizer que possa estar ligada aos experimentos desse lugar?

—E-Eu não sei! Teremos que entrar e descobrir! Como vamos fazer para entrar?

—Poderíamos abrir nossa própria porta. – Ed responde.

—As luzes da reação alquímica nos revelariam. – Al rebate.

—E se eu explodir tudo?

—Já ouviu falar da palavra “Discretamente”? – Ed resmunga. – Bem, sendo assim... Al, me ajude.

—Sim!

Com ajuda de Al, Edward é impulsionado até o alto daquele muro e graças aos automails consegue pisar em cima dos arames enfarpados e se livrar dos ferimentos decorrentes dele. Em seguida, usando aquele mesmo arame, confecciona uma espécie de corda improvisada para que Al pudesse subir. Como não conseguia segurar o arame sem ferir suas mãos, Ani se apoia nas costas do maior e sorrateiramente, adentram o território do quinto laboratório, tomando cuidado para não fazerem barulho.

—Qual a probabilidade de sermos presos se formos pegos invadindo um prédio federal?

—Bem, eu posso dizer que eu e o Al sairíamos dessa com uma suspensão, já você... – Ani sente um calafrio percorrer sua espinha. – Mas se ficar quieta, vamos sair e entrar sem sermos vistos.

Emudecendo à partir dali, seguiram até a parte dos fundos do prédio e ao chegarem procuram uma forma discreta de entrar, já que como apontado anteriormente, não podiam usar alquimia para criar uma passagem. Por sorte, encontraram por ali uma pequena entrada para os tubos de ventilação, que agora lhes serviriam de passagem para dentro do laboratório.

—Al, você espera aqui fora, eu vou dar uma olhada lá dentro. Ani, venha comigo.

—Sim!

Al ajuda os dois a alcançarem a entrada do tubo de ventilação, permitindo que se apoiassem em seus ombros. Ed é o primeiro a entrar.

—Tem certeza que vão ficar bem sozinhos?

—Mesmo se não fossemos, você é grande demais para entrar. – Ed resmunga, fazendo Al ficar instantaneamente emburrado.

—Eu não tenho culpa de ser grande. – Resmunga de volta, se abaixando para que Ani subisse em si. – Tome cuidado.

—Eu vou ficar de olho para que Ed não se meta em confusão! – Ani sorri para ele. – Seja cuidadoso aqui fora também! Eu e Ed te encontramos depois!

Ani some pelos tubos de ventilação juntamente com Ed, deixando Alphonse aguardando do lado de fora. Os dois alquimistas seguem se esgueirando naquele local apertado com dificuldade.

—Ugh. Uma pessoa com um tamanho normal jamais conseguiria passar por aqui.

—Que bom que somos pequenos!

—Sim. – Silêncio. – ESPERA NÃO! AAARGH! EU MESMO ME CHAMEI DE PEQUENO!

—ED! QUIETO! Estamos numa missão secreta, lembra? – Leva o indicador até próximo de seus lábios num sinal de “silêncio”. A forma dela se referir a loucura que faziam faz Ed resmungar.

—Está se divertindo com isso, não é?

—Eh? – Sorriso amarelo. – Desculpe, eu vivi quase toda minha vida em uma pacata fazenda! Um pouco de adrenalina faz bem as vezes! – Silêncio. – Além disso sua bunda está na minha cara. Não consigo deixar de achar graça, então paciência pra você.

Ani solta uma leve risada e Ed revira os olhos.

—Por que não veio na frente então?

—Porque você é o mestre e eu sou o “siga o mestre”. – Responde simplista. – Mas Ed, voltando ao assunto, o que nós faremos se descobrirmos alguma coisa?

—Bem... Vai depender do que descobriremos. – Ed para de andar ao se deparar com uma tampa que dava acesso ao interior. – Vamos descer aqui.

Com um aceno de cabeça, Ani aguarda que Ed retire a tampa de ventilação do tubo, dando a eles acesso a um dos corredores internos do local. Edward é o primeiro a descer, seguido de sua aprendiz.

—Fique atrás de mim. – Sussurra num ar sério. – Não sabemos o que vamos encontrar aqui então faça silêncio para que ao menos encontremos algo antes de sermos encontrados.

Após Ani concordar com um aceno de cabeça silencioso, seguem caminhando por aquele corredor, estranhando o fato de um laboratório supostamente abandonado possuir luzes acesas em seu interior. Em seu caminho, Ani tira de seus bolsos um par de luvas brancas com circulos de transmutação simples pintado em seu dorso. Ao ver aquilo, Ed arqueia uma sobrancelha.

—Inspiração: Coronel Mustang. – Abre um sorriso. – Desenhar círculos o tempo todo não é muito prático.

—Hm. É uma boa ideia. Mas não faça nada impensado.

—O mesmo pra você, Ed.

Após alguns minutos de caminhada acabaram em um grande salão circular que tinha manchado em seu chão marcas de sangue em meio a um grande círculo de transmutação desenhado. Ao observar aquele cenário, Ani é imediatamente tomada de uma sensação estranha.

—Ed...

—É. – Abre um leve sorriso. – Acho que isso era usado para transmutar a pedra filosofal.

—Exatamente.

O olhar de ambos instantaneamente se voltam para a direção de onde aquela voz havia vindo. Ani arregala seus olhos ou ver ali uma pessoa trajando uma grande armadura de metal, já Ed não parece muito surpreendido.

—Quem é você velhote?

—Eu sou o encarregado de proteger esse lugar. E a propósito, não sou um velhote. – Caminha alguns passos a frente. – Uso o nome de Nº 48 por hora. Tenho ordens de me livrar de qualquer pessoa que entrar aqui. Não leve para o pessoal, garoto.

—O mesmo para você. – Batendo as palmas de suas mãos, as faíscas azuis iniciam a transmutação e o automail de Ed se converte numa lâmina. – Não leve a mal quando esse “garoto” te derrotar.

Por um segundo, Ed volta seu olhar para Ani, que devolve o olhar para ele seriamente.

—Eu evoluí muito desde a luta com Scar, você mesmo sabe disso. – Imitando o movimento dele, Ani também bate suas mãos, fazendo com que uma lança de metal saia o chão. – Não pense em mim em alguém que você precise proteger. Cuide de si mesmo.

Ed concorda com um leve aceno de cabeça, voltando a encarar a armadura a sua frente.

—Hmmm... Alquimistas, é?

Um segundo. Um piscar de olhos. Foi o tempo suficiente para aquela armadura passar de estar há metros de distancia para bem a frente deles.

Vamos ver o que conseguem fazer.

Graças a seus bons reflexos, eles são capazes de desviar com Ed bloqueando um dos ataques com seu automail enquanto ambos saltavam para trás para evitar novos ataques.

—R-Rápido! – Toda a confiança dela se esvai por um momento enquanto secretamente pensava “Há! Há! É hoje que eu morro!”

—Seu braço acabou de salvar sua vida, mas não irá durar muito tempo.

Deixando as despedidas da vida de lado, Ani volta a atacar nº48 com todo seu esforço, mas sua rapidez e força eram desafiadoras até para Edward.

Em dado momento, um dos chutes de Ed ressoa fortemente no peito daquela armadura e o som emitido por ela chama a atenção deles instantaneamente.

—Ei, Ei! Deixe eu adivinhar, não há nada dentro dessa armadura não é, velhote?

—Me surpreende que você tenha percebido isso.

—Andamos com alguém como você o tempo todo.

—Hoooh... quer dizer que há alguém como eu andando por aí pelo lado de fora?

—Há. – Ed ri debochado. – Quem diria que há outro idiota por aí que fez o mesmo que eu.

—Bem, sendo assim... Acho que devo me apresentar novamente. Meu número de condenado era 48. Quando eu tinha um corpo vivo, era conhecido como Slicer, um assassino em série.

—Parece que estava certo, Ed.

—É... você é um prisioneiro condenado. Me diga, nesse lugar usavam prisioneiros como material para pedra filosofal?

—Temo que não possa responder isso. Tudo o que precisam saber é que viram utilidade nas minhas habilidades e me deram esse corpo.

—O que significa que você tem um selo que te une sua alma à essa armadura.

—Exato. – Tranquilamente, Slicer ergue a parte frontal do elmo de sua armadura, revelando ali um selo se sangue, como Edward havia mencionado. – Se destruir o selo de sangue você vence.

—É muito gentil da sua parte me mostrar seu ponto fraco.

—Eu sou do tipo que gosta de um pouco de emoção em uma luta.

—Já que é tão bonzinho assim, por que não nos deixa ir embora? – Ed questiona com um sorriso.

—Um assassino em série jamais deixaria sua presa ir embora quando ela está bem em frente aos seus olhos. Irei começar.

Após seu aviso, Slicer inicia outro combo de ataques, um mais perigoso de desviar que o anterior. Mesmo estando lutando com duas pessoas, ele não parecia ver grande dificuldade no que fazia e em sua maioria tudo o que os dois alquimistas podiam fazer era desviar ou bloquear seus ataques. Ele era forte demais. Por vezes alguns se seus ataques feriram aos dois, quando um salto ou um pouso mal calculado resultava em uma ferida se abrindo em suas peles. Ed já possuía um corte em sua testa e outro mais profundo em seu ombro, já Ani possuía cortes em suas pernas e um em seu rosto.

Ambos ofegavam intensamente. Estavam perdendo suas forças enquanto Slicer permanecia intacto. Precisavam de um plano logo ou ambos acabariam mortos.

Vendo o cansaço aparente na respiração de ambos, Slicer gargalha se divertindo.

—Estou feliz! Há tempos eu não tinha um oponente tão resistente. Mas... infelizmente vendo o estado de vocês o fim dessa batalha está próximo. Além disso... Nesse momento meu companheiro está cuidando de seu amigo lá fora.

Ed e Ani arregalam os olhos.

—Al está passando por isso também?

—... Esse seu companheiro é forte? – Edward questiona.

—Bem... não mais do que eu.

No mesmo instante Ed abre um sorriso, começando a gargalhar. Ani o encara e Ed devolve o olhar por um momento.

—Não precisamos nos preocupar. – Ele se levanta do chão. – Eu luto com Al faz tempo... Mas eu nunca ganhei dele, lembra?

Entendendo o que Ed queria dizer, Ani também abre um sorriso, suspirando aliviada e voltando sua atenção à Slicer.

—Tem razão. Não precisamos.

—Hoooh... Essa pessoa é mesmo tão boa assim? Nesse caso tenho que acabar com vocês depressa.

Ofegante, novamente Ed volta seu olhar para Ani e a comunicação silenciosa se estabelece. Sua aprendiz compreende sua ordem, deveria seguir o que ele fizesse. Ambos voltam a encarar seu inimigo e por uma fração de segundos, o olhar de Ed se volta para algo atrás de Slicer, movimento que não passa despercebido por ele.

—Al, agora!

—O que?

Completamente pego pelo seu plano, Slicer volta seu olhar para a direção onde Edward havia olhado, dando de cara com ninguém e tarde demais para conseguir reagir quando percebe que havia sido enganado, é atingido por Ed, tendo a cabeça de sua armadura arrancada

—Isso foi injusto.

—Não há jogo limpo numa batalha! – Ani responde com um sorriso aliviado, se deixando cair sentada ao chão para respirar um pouco enquanto ria ao se lembrar de todas as vezes que Ed lhe disse a mesma coisa nas vezes que iniciava um treinamento sem aviso prévio.

Desfazendo a lança de seu automail, Ed se aproxima de Slicer, segurando sua cabeça com as mãos.

—O que está fazendo? Ainda não estou morto. Ande logo com isso.

—Eu tenho algo a te perguntar.

—Sobre a pedra filosofal?

—Por que não me conta o que sabe sobre ela?

—Eu não posso.

—Ei, Ei! Eu acho que você não está em condições de recusar.

—Eu não estou acabado ainda.

—ED, CUIDADO!

Tento seus instintos de sobrevivência reativados bruscamente, Edward mal teve tempo de desviar quando percebeu uma presença atrás de si, sendo assim ferido em sua cintura pela lâmina nas mãos do corpo de Slicer, que agora se movia sozinho sem a necessidade da cabeça.

—I-Impossível!

—E-Ele não deveria poder se mover sem o selo!

—Ah! Eu esqueci de avisar. O assassino em série Slicer... era na verdade...

—Uma dupla de irmãos. – Outra voz vinda do corpo daquela armadura completa a frase.

—Duas pessoas em uma armadura! Que jogo sujo!

—Não foi você quem disse que não existe jogo limpo numa luta?

Enquanto Edward se preparava para transmutar sua lamina novamente, Slicer não perde tempo e não permite que ele conclua a transmutação, avançando para cima dele com aquela mesma velocidade impressionante que agora se mostrava uma vez mais vantajosa agora que Edward estava debilitado e tonto pelo sangue que perdia. Conseguindo desviar algumas vezes enquanto recuava, ele é logo atingido por um chute que o lançou de costas até uma das pilastras do local, criando uma chance para que Slicer acabasse com aquilo.

Vendo o inimigo correr até Edward para deferir o ataque final, Ani se desespera. Tinha que fazer alguma coisa, qualquer coisa, senão ambos iriam acabar mortos ali mesmo. Mas se tentasse transmutar alguma coisa em suas atuais condições a probabilidade de dar errado....

—...É isso.

Juntando suas ultimas forças restantes, Ani concentra toda sua ultima reserva de energia em correr com agilidade entre Ed e Slicer. Vendo aquilo, Ed arregala seus olhos. Aquela idiota estava fazendo aquilo outra vez! Estava se usando se escudo outra vez!

Mas antes que tivesse tempo de protestar, Ani bate suas mãos, gerando uma grande concentração de energia. Tentaria transmutar algo grande, algo que não tivesse habilidade pra fazer, dessa forma com certeza, daria errado.

E um estrondo ressoa pelos corredores do laboratório em resposta a explosão gerada pela falha na transmutação de Ani. A força da explosão quebra o corpo da armadura em suas metades e a impulsiona para trás, a jogando na mesma direção que Ed, que acaba servindo como amortecedor para sua queda ao conseguir segurar seu corpo.

Estáticos e ofegantes, encaram o feito por alguns segundos, em seguida suspirando pesadamente.

—Aah...N-Nós... AIE! – Ani leva as mãos a cabeça ao sentir aquela dor. – P-Por que fez isso?!

—Im... Imbecil... – Ed também estava ofegante. – Sua falta de talento como triunfo... Bom trabalho.

—Pelo menos eu aprendi a pensar durante uma luta. – Ani move seu corpo um pouco mais a frente, o encarando preocupada. – E-Eu machuquei mais você?

—Eu estou bem. – Ed bate sua mão duas vezes no alto da cabeça dela, numa espécie de carinho desajeitado.

—O QUE VOCÊ FEZ PIRRALHO?! – Os dois tem um sobressalto com aquele corpo se mexendo, que faz Ani jogar seu corpo para trás novamente e Ed grunhir de dor ao ela bater novamente em seu corpo ferido.

—Q-QUE DROGA É ESSA? NÃO VAI ME DIZER QUE SÃO TRÊS?  

—DESGRUDA DE MIM! – Ed berra irritado pela dor. Ani o obedece, ainda assustada encarando à aqueles dois.

—Irmão, nós perdemos.

—Pois é. Garotos, se apressem e nos destruam.

Ed suspira ao ouvir aquilo e endireita seu corpo, se recostando na pilastra e esticando suas pernas.

—Não me peça pra virar um assassino.

—Eu também não vou fazer isso. – Ani também responde. – Não tenho o direito de decidir quem vive e quem morre assim.

Um pouco surpresos com a resposta, Slicer hesita por um momento.

—Mesmo com os corpos assim, ainda somos pessoas para vocês?

—... Se eu não considerar vocês como pessoas, quer dizer que eu também não considero meu irmão como uma. Meu irmão é humano, vocês também são. Por isso não quero mata-los. – Ani acena com a cabeça, concordando.

Ao ouvir o discurso de Ed, o mais velho dos irmãos Slicer gargalha, deixando o outro confuso.

—Nós dois desde que existimos matamos, roubamos e destruímos. E agora... Sermos considerados humanos pela primeira vez enquanto estamos em corpos assim... É engraçado. – Suspira. – Garotos, como um presente de despedida e gratidão, irei contar tudo a vocês. Os que criaram a pedra filosofal e nos colocaram neste corpo para proteger esse local-

Antes que ele pudesse finalizar sua frase, surgindo das sombras de um dos corredores que dava acesso àquele salão, longas e pontiagudas lanças se esticaram monstruosamente e atingiram precisamente o dorso da cabeça daquela armadura, extremamente rente ao selo de sangue talhado nela.

Chocados com aquilo, Ani e Ed arregalam seus olhos enquanto viam uma mulher mostrar-se a eles. Ela possuía uma beleza exuberante, mas seu olhar... era assustador.

Essa foi por pouco... – Retraindo aquelas lanças que saiam diretamente da ponta de seus dedos, a mulher trás a cabeça de Slicer para suas mãos. – Não podemos deixar que fale mais, Nº 48.

De trás daquela mulher, surge uma outra pessoa que também se vestia de um sorriso amedrontador e que parecia se divertir muito em vê-los ali.

—Oh? O que o nanico do aço está fazendo aqui?

—Mas que garoto persistente... Até descobriu esse lugar. – Ela comenta com um tom de voz aveludado.

—Droga... Mais pessoas. – Ani murmura. – Ed, você está bem?

Ed estava ofegante, encarando aquelas pessoas cautelosamente, enquanto tentava analisar a situação.

—Você está melhor que eu. Saia daqui.

—Hmph. Sabe que não vou fazer isso. – Ani engole seco. – Mas isso é muito ruim.

Diante de seus olhos e sem compaixão alguma, a mulher quebra a cabeça de um dos irmãos Slicer, fazendo o outro se desesperar ao ver que o irmão havia sido destruído daquela forma. Mas enquanto gritava pelo seu irmão, o rapaz que acompanhava a mulher se aproxima deles crava uma espada no selo de sangue do segundo irmão.

—Cale-se seu verme! – Começa a cravar a espada repetidas vezes, sem a menor empatia por ele. Ed encara tudo paralisado, confuso e estático ao ver que acontecia bem diante de seus olhos. – Você quase matou um dos nossos preciosos sacrifícios! O que você faria se acabasse estragando o plano, huh?!

Ani mantinha os olhos vidrados no que aquele rapaz de longos cabelos escuros fazia. Cruel... Aquilo era tão cruel. Como ele conseguia fazer aquilo daquela forma? Cravar a espada com tanta facilidade enquanto aquela pessoa se contorcia à medida que sua alma deixava aquele recipiente. O-O que diabos estava acontecendo ali?

Ed estava ferido, ela também não estava em sua melhor forma. Haviam gasto todas suas forças contra nº48 e agora não estavam mais em condições de lutar novamente, ainda mais contra pessoas que não aparentavam ser mais fracas do que seu inimigo anterior.

O rapaz de cabelos longos e olhar cruel se aproxima mais de Ed, munido de um sorriso ameaçador em seus lábios, mas tem seus passos interrompidos ao sentir algo se agarrar ao seu calcanhar com firmeza. Sem muito interesse, olha para baixo, fitando o rosto de Ani, que embora a princípio tivesse sido completamente ignorada e estivesse já sem forças, ainda tenta impedi-lo de se aproximar mais.

—Não chegue perto dele!

Aumentando seu sorriso e claramente se divertindo muito com a situação, o rapaz simplesmente move seu pé bruscamente para desvencilhar-se dela e pisa sobre seu peito, mas Ani não o solta.

—Haaa? Quem acha que é para me dar ordens? É muito corajosa para achar que pode falar assim comigo! O seu lugar é aí, no chão.

Porém... Ani nada diz. E o rapaz estranha a falta de reações vindo dela, principalmente quando percebeu seu olhar congelado em sua perna. No mesmo instante percebe isso, assume uma expressão curiosa ao vê-la encarando tão fixamente a tatuagem em sua perna.

Todo corpo de Ani havia se paralisado assim aquele detalhe foi perceptível a seus olhos, assim que reconheceu aquela tatuagem na perna de Envy. A princípio seus olhos pareciam surpresos, mas aos poucos seu olhar se clareou num brilho desesperado por respostas e segurou ainda mais firme a perna de Envy.

—E-Essa marca! O que isso significa?

—Heeh? - Envy ainda parecia desinteressado. - Ouça, menininha, está atrapalhando nossos negócios aqui, então se pudesse sair do cami-

—ME RESPONDA! - Aperta ainda mais seu calcanhar, voltando um olhar raivoso para ele. - O QUE ESSA MARCA SIGNIFICA?!  QUEM SÃO VOCÊS?!

E pela primeira vez desde que havia chegado, Envy prestou atenção nela por alguns segundos, intrigado com aquele interesse repentino em sua tatuagem de ouroboros. E então, após analisar o rosto dela com atenção, o olhar dele se iluminou, parecendo surpreso por um momento e logo em seguida um sorriso largo e maldoso surge em seus lábios, pouco antes de iniciar uma gargalhada.

—Oooh... Eu conheço você.— Envy agarra o rosto dela abruptamente, chegando mais próximo e a encarando com satisfação. - Por onde você esteve, hã? Eu quase não reconheci você, está maior do que da última vez que te vi... – Ani arregala seus olhos, em partes assustada pelo que ouviu e em partes simplesmente apavorada por aquela pessoa assustadora. – O pai esteve muito chateado te procurando por aí.

—E-Eh?

—Ele vai ficar muito satisfeito ao saber que te encontramos! Ainda mais com o baixinho! Facilitou muuuito nosso serviço! - Envy sorria largo, um sorriso assustadoramente simpático, que em um segundo se converteu num olhar ameaçador. – Você nos causou muitos problemas, sabia?

No segundo seguinte, Ani viu duas coisas: O olhar cruel e assustador de Envy que foi o suficiente para lhe causar calafrios e uma súbita sombra negra que cobriu seus olhos, uma sombra que cortou o salão de uma extremidade a outra, obrigando Envy a saltar para trás, se distanciando de si.

Todos os presentes naquela sala não pareciam entender o que estava acontecendo, pois os quatro encaravam atônitos aquela camada escura entre eles.

Aos poucos, aquele véu negro foi abrindo pequenas frestas entre ele e se transformou em algo que se assemelhava a compridas mãos. No mesmo instante, Edward arregala seus olhos. Já havia visto aquela coisa antes.

A próxima coisa perceptível foi o som de passos se aproximando e ao voltarem seus olhares na direção em que vinham, puderam ver dois olhos vermelhos incandescentes os observando numa área escura do salão.

Não me faça ter que usar esse corpo. – Os olhos se fecham, as compridas mãos voltam a se recolher nas sombras.

Os passos continuam e finalmente aquela pessoa se revelou aos demais. Ao reconhece-la, Edward não sabia se deveria ficar aliviado ou mais apavorado, mas quando ela caminhou até onde sua aprendiz estava e se colocou entre ela e aquelas pessoas pode respirar novamente. Parecia que dessa vez, vinha em paz.

—I-Ina...

Ani abre um sorriso aliviado ao vê-la ali novamente e agora, do lado deles. Ainda mantendo um rosto inexpressivo, Ina volta o olhar para ela, a encarando durante alguns segundos.

Abriu um leve sorriso.

—Você sorriu para mim.

Ani a olha surpresa com aquela fala repentina.

—Ora, Ora... – A voz de Lust faz voltarem sua atenção para ela, Ina instantaneamente volta a ficar séria. – Há quanto tempo, Remorse.

—Pena eu não estar feliz em te ver, Lust.


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Notas finais do capítulo

Você gostou do capitulo? Não gostou? Tem alguma sugestão, pergunta ou elogio? Se sua resposta a alguma dessas perguntas for "sim", por favor deixe seu comentário aí embaixo! Isso me incentiva muito a continuar com meu trabalho!
Dá uma conferida lá no meu instagram, onde eu posto o andamento da escrita dos capítulos e também posto umas coisas nada a ver e uns desenhos que eu faço as vezes. ;) https://www.instagram.com/tord_thewriter/
Até o próximo capitulo!

—Tord.



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