Amor Perfeito XV escrita por Lola


Capítulo 19
Conselho


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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Murilo Narrando

Kevin e eu passamos a tarde juntos depois de nos acertamos, após sua crise ridícula de ciúme. Estávamos deitados conversando quando Kevin me lembrou de Adam. Minha sorte que o meu amigo estava sendo mimado pela minha mãe lá em casa.

— Vocês realmente nunca ficaram?

— Não Kevin.

— Nem uma noite de carência?

— Não.

— Por que?

— Estragaria a amizade.

— Só se fosse ruim.

— Está me lembrando eu no passado.

— Por falar nisso... Ah, esquece.

— Seja o que for, não quero brigar Kevin.

— Eu quero te entender. Você não é gay, gosta de pessoas. Ok. Mas... Nesse tempo todo fora o que você concluiu?

— O que você quer afinal Kevin? - sentei e fiquei olhando para ele.

— Entender você. Serei seu namorado e sentirei ciúme de qualquer um que se aproximar. Quero saber o que mais chama sua atenção.

— Você chama mais minha atenção.

— Murilo...

— Kevin chega. Não vou ver uma mulher e sentir atração assim como não vai acontecer com um cara, sabe por que? Não estou disposto e nem disponível. Não precisa se preocupar com quem você tem que sentir mais ciúme, não sinta de nenhum dos dois.

— Tá bom. - fiquei o encarando por um bom tempo. - Não estou tentando fazer você desistir para tudo ser mais fácil, nem pense nisso. Estou sendo sincero. Desculpa se foi rude.

— Acho melhor eu ir embora. - falei, mas não me movi. Respirei fundo. - Está bem. Vamos lá. Quando fui embora eu estava certo do que queria, mas depois de sair de tudo isso eu fiquei um pouco confuso. Sua presença me dava aquela certeza que o cotidiano tirou completamente. Comecei a fazer uma terapia lá para me entender e entender porque eu era tão cruel com as garotas, se tinha algo a ver com na verdade não ser elas que eu queria... Nesses dois anos de "tratamento" concluímos que eu sou alguém curioso, mas que não foi por curiosidade que me envolvi com alguém do mesmo sexo e sim por paixão e que pode acontecer com qualquer um. Eu nunca gostei de ninguém. Nunca havia me apaixonado. Você preencheu um lugar único. E isso fez de você tão especial que todo aquele desejo que eu sentia por garotas sumiu. Hoje eu as vejo e não quero mais ir para cama com elas. Segundo minha terapeuta isso está condicionado ao sentimento forte que tenho por você. Pode ser que amanhã se não eu não sentir mais nada, tudo volte ao que era antes. Mas agora não é assim. E não vou mentir Kevin... Eliot e Nicolas não foram os únicos caras que fiquei. Tiveram mais alguns.

— Vários?

— Não. Alguns. Eu queria saber se algum iria me fazer me sentir como você fez. Precisava experimentar.

— Deu certo?

— Se tivesse dado acho que eu não estaria aqui né... – Suspirei. – Isso é tudo Kevin. Não sou seu ex que não se aceitava, ainda se preocupando em não poder confiar em mim?

— Não. Estou preocupado em como isso tudo te afetou. Você foi inteligente e procurou ajuda.

— Na verdade eu procurei desde que... Meu avô materno e meu pai fizeram aquilo. Só dei continuidade.

— Sabe... Da mesma forma que o diabo não vira um santo, o mulherengo não vira um anjo.

— Se o diabo quiser ele vira.

— Agora vou ficar te imaginando com outros.

— Foi mais uma recomendação da terapeuta. Precisávamos saber se eu e você era algo sexual. Também não era.

— Você sabia que me amava.

— Ela não.

— Vou mandar a conta do meu analista para ela agora.

— Você ficou tão puto assim? - me virei para ele. - Como foi contigo? Além do namoro.

— Meu pai morreu. Assumi responsabilidades. Não tive tempo de pensar em sexo. - deitei novamente.

— Sinto que não estamos na mesma página. Por mais que a gente tente.

— Mesmo nos amando? - fiz sinal positivo. - Por que?

— Não sei. Eu me sinto um bobo ao seu lado. Parece que eu sou aquele Murilo idiota e você que sempre foi tão esperto agora ainda é responsável. É demais pra mim.

— Deixa eu cuidar de você. E tudo certo. Se entrega Murilo. Não queira estar comigo só para os outros verem ou seu pai aprovar. Esteja nisso por inteiro.

— Eu estou. Só não quero ser mais um peso para você.

— Não tenho peso nenhum. Se não percebeu eu não tenho nem um bichinho de estimação.

— Sabemos que não é bem assim.

— Quando eu estou com você eu me sinto outro. Eu me sinto tão mais forte. Acho que você pensa que eu sou assim sem nem saber que é por sua causa. Você me chamou de inútil uma vez quando já estava morando em Paris e veio aqui lembra? Doeu tanto porque é a verdade. Sou um inútil quando não te tenho. Só sei fazer o serviço usando um lado frio e impessoal. Você me traz tanta vida, faz tanta diferença. Aquele meu papo do ciúme é porque tenho medo de te perder.

— Você não vai. Estamos juntos. Ficaremos juntos. Apenas nós dois. Você vai ter que aguentar mais dois anos de curso, mas eu venho embora e ai sim... A gente compra uma casa, adota um cachorro, vira padrinho do bebê de Alice e Arhur... E divide uma vida juntos.

— Gostei muito dessa ideia.

Depois daquela tarde tivemos uma noite maravilhosa, e no outro dia era domingo. Mas Kevin trabalharia. Ou não, já que ele disse que a prioridade era eu.

— Te amo demais branquelo. – Falei assim que ele acordou. – Quero dormir mais com você. – Ele chegou mais perto ainda. – Quando temos que levantar?

— Não temos.

— Se não me engano você tem algum compromisso.

— O maior é você. – Ficamos nos olhamos.

— Ainda bem que você não tem os olhos amarelos do seu pai.

— Por que? - ele engoliu seco.

— Ele me dá medo. - Dei uma risada.

— Então eu te daria medo?

— Não. Mas me lembraria ele.

— Kevin.

— Oi.

— Se você fechar os olhos irá dormir mais rápido. Você está cansado.

— Fiquei praticamente dois anos sem olhar para o seu rosto. Dá aquele sorrisinho de lado que eu amo. - Dei e ele sorriu. - Não canso. De te admirar. De me apaixonar. De sentir atração por você. De...

— Kevin... - ele me olhou intensamente. - Estou ficando excitado.

— Não disse nada demais.

— Não é o que diz e sim o jeito que está dizendo. - Sussurrei quase sem voz.

— Depois do banho pensei que estivesse fora de cogitação.

— Estava. - falei enquanto deslizava o dedo em sua barriga. - Mas você conseguiu fazer isso mudar.

— Mas eu não tive intenção. Vou dormir.

— Você está jogando comigo?

— Não. Não tenho culpa se você fica louco com meu jeito.

— Tá bom. Vai dormir. - Disfarcei bem minha voz, mas ele notou que fiquei muito chateado.

— Não fica assim.

— Deixa. Vou dormir também. - Minha vontade era ir embora então eu achei melhor não estender aquele momento.

Mais tarde estávamos com todos – que ainda aceitavam a reintegração de Kevin – quando o assunto sobre Giovana estar com Ryan antes dele voltar com Otávia surgiu.

— Ela fica melhor sem ele. – Larissa opinou, se referindo a Gi.

— É nítido que o Ryan sempre foi louco por Otávia e acho que nossa amiga sabe disso.

— Do que estão falando? – o assunto chegou e disfarçamos.

— Sobre a lembrança favorita de Kevin e Murilo antes deles voltarem. – olhei Sophia sem entender.

— A minha com certeza ele já sabe, e é proibida para menores de dezoito.

— É proibido para o seu próprio namorado lindinho?

— Ele fará dezoito em junho, faltam poucos meses.

— E a sua lembrança Murilo? Também é proibida?

— Não. Quando estávamos na quadra e enquanto eu jogava basquete ele confundia a minha cabeça. Ainda era aquele Kevin que amava jogos mentais.

— Eu não estaria tão certo se ele ainda não ama.

— Quando eu lembro das palavras que ele usou com Sophia dá vontade de vomitar. – Alexandre se manifestou.

— Falando em vomitar, eu estou enjoada. – Alice colocou a mão na barriga e saiu rapidamente da biblioteca. Arthur, Kevin e eu nos preparamos para sair.

— Deixe Kevin cuidar dela. Eles precisam dessa troca. – falei e Arthur concordou.

— Será que teremos um Arthuzinho ou uma Alicinha por aqui? – tinha que ser Soph.

— Não fala besteiras. – meu cunhado a cortou.

Esperava também que fosse apenas besteiras da nossa amiga bocuda e não passasse de um mal-estar. A festa de bodas de ouro dos meus avós chegou e com ela toda elegância e pomposidade que eles mereciam.

— Estou bem? – Alê perguntou ajeitando seu blazer.

— Bem mais ou menos. – Kevin respondeu me fazendo rir.

— Por que o Kevin não gosta de mim? Eu não sou atraente para os gays, é isso?

— Quantos problemas tem nessa pergunta dele Otávia? – Soph sacaneou o coitado.

— Eu não sou mais essa pessoa. – nossa prima pegou uma taça de champanhe. – O bom dessas festas é poder beber mesmo não sendo maior de idade, não é? – mudou de assunto.

— Kevin você me acha gatinho? – Alexandre insistiu um tempo depois.

— Está muita estranha sua preocupação.

— Eu pego minha masculinidade de volta depois.

— Ei. – meu namorado chegou bem perto de mim. – Tá vendo aquele cara ali. – concordei. – Eu era doido para dar uns amassos nele quando era mais novo. – dei uma risada.

— Você merece nota alta de desvio psicótico. – olhei em seu olhar.

— Você fez de novo, você precisa parar com isso. – ergui as sobrancelhas sem entender.

— Me olhar com esse jeito de quem quer sexo.

— O que eu posso fazer? É esse seu jeito que me deixa assim.

— Estamos mesmo aqui, estamos todos aqui – minha irmã falou quase emocionada.

— É... Todos MESMO. – Yuri apontou com a cabeça para a entrada. Rafael chegava. E ia em direção a Mark e Isadora, que com certeza foram os responsáveis pelo convite.

— Você devia aproveitar a ocasião e se acertar com ele. – falei olhando Kevin. – Vocês dois. – Olhei Arthur. Todos ficaram pasmados.

— Eu não tenho nada para acertar com ele, enlouqueceu?!

— Muito menos eu.

— Ou você é totalmente louco ou o homem mais seguro do mundo.

— Eu quero que ele acerte as coisas com Rafael. O ódio que ele ainda sente é ruim pra ele. Não quero isso o contaminando.

— Sério Murilo?

— Sim. Eles são cheios de mágoas... Deviam enterrar essa história logo e assim não sentir absolutamente nada um pelo outro. – era assim que ciclos se encerravam.

Alice Narrando

Senti uma mão segurar meu cabelo enquanto eu tentava fazer vômito e logo vi que era Kevin. Minha vontade era ser rude para que ele pudesse sair e me deixar em paz, mas invés disso decidi ser apenas seca.

— Você realmente não sente falta de nossa amizade? De quando eu te chamava de meu encostinho favorito? – rolei os olhos.

— Até a agenda que você me deu para anotar minhas emoções eu me desfiz Kevin.

— O que eu preciso fazer para você me perdoar?

— Ser alguém que você não é. – sai dali o deixando sozinho.

Na festa de bodas de ouro dos meus avós tio Gustavo chegou para o Arthur dando uma bronca nele, que eu não gostei nada.

— Quando vai voltar pra cobertura? – ele perguntou num tom de voz sério. – Acho que já deu a hora de superar sua inimizade com Rafael e conseguir estar lá sem ele.

— Tinha que acontecer alguma coisa com você por sempre defender seu irmão. – falei assim que nosso tio saiu.

— Alice...

— Eu queria entender por que sempre é você! - ele desconversou e eu deixei pra lá.

A minha raiva com Kevin uma hora teria que ter um fim. Ainda mais se esse relacionamento dele com o meu irmão vingasse. Mas eu não deixaria de puni-lo enquanto eu pudesse.

Só que o que eu não sabia é que eu não podia mais. Ele realmente estava sentindo a minha falta e eu devia levar isso em consideração. Se eu, que tantas vezes dizia que entendia seu comportamento, como podia continuar agindo assim?!

— Precisamos conversar. – falei ao chegar perto dele.

— Essa frase antecede algo ruim, então eu tenho escolha? – revirei os olhos.

— Não tem. E não acho que seja ruim... Bom... Eu vim dizer que te desculpo. – ele se aproximou e colocou a mão em minha testa. – Não estou doente Kevin. Só acho que se pararmos de brigar vai ser melhor para os dois.

— Eu nunca briguei com você, eu...

— Cala a boca. Você agiu como um psicopata novamente, atingindo tudo e todos. Quer mesmo falar disso?

— Perdão por ter te atacado com seu problema.

— Mais uma vez. Usar isso contra mim é um dos seus clichês. Não me atinge mais.

— Então nós dois estamos bem? – me olhou com aqueles olhos verde água, imitando olhos de gato perdido. – Dá um abraço no seu melhor amigo.

— Eu te odeio tanto Kevin. – falei brincando e ele riu.

— Preciso ir embora. – meu irmão disse chegando perto da gente. – Não estou me sentindo muito bem. Acho que é o salão fechado. – Kevin chegou mais perto dele, sem se importar com os convidados.

— Respira, deixa tudo sair. Canaliza aí dentro o que você precisa sentir. – fiquei olhando os dois e lembrando do motivo que me fez perdoa-lo. Não podia negar o bem que ele fazia a meu irmão, mesmo com medo de que ele pudesse causar algum sofrimento.

Como Kevin quis embora também, eu decidi ir junto e acabei sabendo por ele que era por causa de sua mãe, que havia chegado na festa. E então ele me contou da traição dela e de como isso o afetava. Fiz o que uma amiga deveria fazer, aconselhei a ele que conversasse com ela e deixasse as coisas bem claras entre eles. Esse fato era um causador de fúria e mágoa dentro dele que não podia mais crescer.


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Notas finais do capítulo

até fim de semana que vem ♥



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