Amor Perfeito XV escrita por Lola


Capítulo 15
Triste, perdido e confuso


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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Murilo Narrando

Meus olhos estavam cheios de água e meu coração apertado. O meu peito doía cada vez mais. Era incrível como atitudes de anos atrás ainda são presentes.

Eu me perguntava se Kevin tinha o direito de estar remoendo isso agora, depois de tudo, dele ser feliz com alguém e ainda estar com essa pessoa. E por quê?

— Deixa eu ficar sozinho. – pedi para Adam.

— Não. Você está mal. Precisa de mim agora.

— Sabia que vim para cá agora não seria fácil.

— Mas você precisava. Até quando ia fugir dele? O pai dele era o motivo de vocês não ficarem juntos. Você podia ter vindo quando ele morreu Murilo. Eu te disse isso. Não tiro a razão dele de estar magoado. Também estaria.

— Oi! – Arthur chegou e sua expressão era preocupada. – O que houve? – não respondi.

— Fala de uma vez, você não aguenta ficar calado. – falei olhando Adam.

— Kevin demonstrou o quanto esses dois anos doeram nele. Murilo não está sabendo lidar muito bem com isso.

— Murilo... – Arthur chegou mais perto de mim. – O pai dele morreu tem pouco mais de um mês. Ele ficou bem pior desde então, você já sabe. Fora a incerteza entre ele e Rafael. E ainda tem Alice... Ela não é a favor de vocês dois juntos. Sei que pedi a sua ajuda, mas não envolve seu coração nisso. – como se fosse fácil.

— Ele parou de fazer coisa errada no hotel?

— Quando você foi embora ele disse querer te deixar orgulhoso. Fiquei com medo dele ter recaídas quando viu que você não voltaria, felizmente nunca aconteceu.

— Não conseguia. – ninguém entendia. – Parece que só porque vim passar dois meses agora vocês têm tempo suficiente de jogar isso em minha cara.

— Tem que entender o motivo de não ter conseguido. Talvez você não gostasse tanto dele como ele de você. Ou você superou e ele não.

— Eu não superei, que inferno! Só consegui ficar longe porque sabia que ele precisava disso.

— Murilo o pai dele morreu. Nada justifica você não estar aqui. Desculpa te falar isso. Ele é meu irmão e o vi sofrer muito e sumir. Alice e eu até brigamos por sua causa.

— Fiquei inseguro. – abaixei a cabeça. – Já havia passado tanto tempo... Ele e o Rafael mesmo brigando tinham tanto amor. Não me encaixava nesse cenário.

— Esse amor parece nem existir mais.

— Não sabia o que estava rolando. – passei a mão no rosto.

— Saberia se conversasse com ele. Se não o ignorasse até o ponto dos dois se deletarem.

— Arthur eu precisava! Se eu continuasse mantendo contato ficaria mais difícil ficar longe. E não se esqueçam que ELE se desfez de mim completamente após começar a namorar.

— Por que sou eu que tenho que estar aqui discutindo a relação de vocês dois?

— Porque é você que resolve tudo. Esqueceu?

— Vocês precisam conversar.

— Foi o que eu disse. - Adam opinou. Encerrar aquele ciclo era completamente difícil. Ainda mais agora. Isso se tornou um problema.

Tive uma ideia. Louca. Mas era uma forma de seguir, pelo menos para mim. Fui desabafar com o dono da minha dor e da mudança do meu destino. A lápide brilhava em minha frente.

— Você lutou tanto por esse nome... – comecei a dizer observando as letras douradas. – E fez de tudo para permanecer com ele. Ninguém nunca vai entender os motivos de todos os seus atos – comecei a ficar nervoso lembrando de cada atitude dele – E eu sei que mesmo morto você continua e vai continuar o influenciando. Ele desistiu da carreira que queria, talvez esteja sabotando o próprio relacionamento por sua falta de aprovação... Kevin vai ser o filho da puta que você queria no fim das contas. Não duvido que ele vire alguém amargo e solitário. E eu te odeio tanto por isso! Queria que soubesse. Que sentisse meu ódio. Queime no inferno Caleb. – cuspi no mármore escuro e sai daquele lugar sombrio e triste.

Quando entrei no carro do meu pai Adam estava com os olhos arregalados e roía as unhas. Dei uma risada totalmente involuntária.

— Estava morrendo de medo aqui. Estacionar perto desse lugar a noite? Vamos embora logo Murilo! Vamos! – me bateu no ombro e eu dei partida. Decidi então mostrar-lhe um lugar... Que me trazia muitas recordações.

Passei da minha casa e parei perto do abrigo, um pouco mais acima de onde dava para ver tudo. A cúpula permanecia do mesmo jeito e por ela dava para ver tudo que tinha fora e o portão onde ficavam os dormitórios e a cozinha.

— Que máximo! – ele abriu a boca. Deixei o farol do carro iluminando todo o local. – É muito grande e diferente.

— Aquele lugar ali tem vários bancos, tá vendo aquele lá do canto? – apontei. – Foi onde eu disse a Kevin que iria ajuda-lo. – sorriu. – E na quadra jogamos basquete e comecei a entender que... Ele era muito especial. E eu ficava atrás dele por todo esse abrigo.

— Você nunca vai deixar de ama-lo né? – nos olhamos de perto.

— Não sei.  – pensei um pouco.

— Eu não esqueceria também. – riu levemente. – Ele é bem envolvente, instigante e exala confiança. Combinação mortal para a falta de esquecimento.

— O jeito sexy dele é fachada para disfarçar a crueldade. Kevin não é legal. E eu me surpreendo por ama-lo tanto o conhecendo tão bem.

— Ninguém é perfeito Murilo. Precisamos desmistificar isso.

— Não é sobre perfeição. A maldade que ele carrega é algo com a qual eu e acho que ninguém deva lidar. É desumano.

— Você o amou sendo assim.

— Entendi a dor dele e conheci melhor sua história com o pai. Hoje... Ele tem dois caminhos. E se escolher usar a morte do Caleb para se tornar sua pior versão, ele merece tudo de ruim que vier.

— Parece que ele já escolheu, pelo que o seu primo diz.

— O fato de ele ter ido hoje demonstra que ele está razoavelmente sob controle.

— Nossa! Você realmente o conhece bem. – suspirou. – Murilo. – o olhei. – Não posso beber perto do seu ex, desculpa. Com todo respeito, mas... Eu iria dar em cima dele.

— Você já deu né Adam? – virei os olhos. – Percebi.

— E não quis me matar? – suspirei de forma pesada. – Não vai responder?

— Ele não é meu namorado. Só te aviso que ele tem noivo e que é um surtado. Vai te agredir se souber.

— Pego ele e o noivo dele. – não aguentei e ri. O Adam era impossível. – Acredita que ele acha que sinto algo por você? – olhei em seus olhos. – Não te insultando, mas sabemos o quanto isso é uma ideia errada.

— Começando pelo fato de sermos amigos? – resmunguei. – Como ele disse?

— Ah... Tá interessadinho? – deu uma risada escandalosa. – Perguntou quando eu iria me declarar para você. – rimos juntos. – Murilo... Guardei por muito tempo... Mas... Você tem que saber... Eu sinto algo muito forte por você e não queria estragar nossa amizade... – ele começou a rir.

Começamos uma disputa de declarações e claro que eu ganhei. Depois contei como era tudo no abrigo e ficamos ali a noite toda. No outro dia minha mãe deu um completo show, como se eu fosse o menininho dela que foi embora dali há dois anos.

Descobri que Kevin decidiu ir até à cidade Rafael atrás dele. Típico e esperado. Nada novo sob o sol. A necessidade dele com certeza o estaria servindo de guia e isso era bom, pelo menos a minha ideia de sabotagem estava errada.

Alice Narrando

O meu irmão estar em Torres era a melhor coisa que estava acontecendo, contudo, isso me preocupava também. Kevin estar a um passo do abismo corria o sério risco de levar Murilo junto.

— Não aguento mais esse clima entre a gente. – Arthur reclamou enquanto eu continuava do mesmo jeito. Estávamos de noite na sala de casa, apenas nós dois. – É o Kevin e você o ama Alice.

— É o meu irmão e eu o amo Arthur. Não vou te perdoar por pedir a ajuda dele com o lance do Kevin ter sumido.

— Não foi apenas ter sumido. Ele está mudando e nós sabemos disso e a única pessoa que vai conseguir parar isso antes que seja tarde demais é Murilo.

— Ele já mudou Arthur. Já é tarde demais. E o meu irmão não precisa se envolver nisso. E você tem que lembrar que tem o Rafael.

— Eles parecem esquecer disso, porque ficam revirando o passado e mostrando mágoas antigas.

— Que? – franzi a testa e não escondi minha surpresa.

— Do nada começaram a falar sobre fatos anteriores a esses dois anos... Quem começou foi o Kevin.

— Tá querendo chamar a atenção. Ele sempre fazia isso, lembra? – meu rosto com certeza se contorceu em uma careta.

— Alice... – vi a sua dor com nitidez. – Deixa seu irmão ajudar o meu. Por favor.

— É ele que tem que decidir. Mas eu não aprovo isso. – me levantei. – Agora eu acho que você devia ir pra casa. – ficou me olhando sem acreditar.

— A gente está brigando há dias e agora você vem me mandar embora?

— Você é tão compreensivo. Não imaginei que entenderia assim.

— Boa noite Alice. – nem me olhou e saiu, me deixando mais nervosa ainda.

Nossas brigas têm sido constantes e pelo mesmo motivo. Nossos irmãos. Minha posição era clara, Murilo não devia se envolver na instabilidade de Kevin. Eu era capaz de ajuda-lo e acreditava nisso, mas ele me afastou igual a um monstro com uma mão enorme e esmagadora. Sua mudança de atitude comigo não foi aos poucos, foi drástica, de uma só vez e me assustou. Não consegui me recuperar. Ainda estava absorvendo tudo isso.

O almoço em família no outro dia era para ser algo prazeroso e alegre. Acabou em barraco, porque com os Montez era assim que acontecia. Não tive tempo de sentar com Muh e colocar tudo em dia e ele se encontrava um pouco perdido, bombardeando reações automáticas, como era de costume da personalidade dele.

— Precisamos conversar. – ouvi meu namorado dizer e mesmo com uma preguiça absurda de tudo que eu sabia que ele iria dizer, aceitei. Nos sentamos no banco do lado de fora da casa, aquele em que atrás ficava a parede de pedra enorme.

— Pode dizer. – falei enquanto ele me olhava.

— Quase não dormi essa noite... Pensei muito sabe – ele encarava as próprias mãos agora. – Não acho justo o que tá fazendo e nem o que estamos fazendo um com o outro.

— Se está começando um discurso para terminar comigo pula para parte final. – esbravejei.

— Meu pai morreu. O meu irmão, que não é muito normal, já estava desestabilizado pelo namoro complicado, não soube lidar muito bem e eu me preocupo e você me culpa?

— Não. Não inverte as coisas. Também me preocupei com Kevin no último mês e muito. Tanto que ele me chamou de imbecil. O que eu não quero e esse é o ponto, é que Murilo se envolva nessa queda brusca de Kevin. E é por querer isso que eu te culpo.

— Você sabe que vamos perde-lo não sabe?

— Já disse que já perdemos Arthur. Ele não quer sentir nada por ninguém, além de Rafael.

— O que eu faço? O que eu faço para resgatar meu irmão Alice? – seu choro cortou meu coração. Eu o abracei com todo carinho e falei baixinho em seu ouvido.

— Não consigo te ver chorar. Se Murilo aceitar, eu continuo sendo contra, mas vou parar de brigar.

— Você é igual a ele. – me olhou e deu um sorriso. – Obrigado.

— Não chora mais. Mesmo se meu irmão resistir. Não fique chorando.

— Vou tentar. Mas é difícil... – respirou fundo. – Gradualmente ele tá agindo daquele jeito desinteressado e rude. É letal ver isso.

Só havia uma saída. Distrair Arthur. Então eu o chamei para passearmos, ver um filme, depois jantarmos sem todo mundo, eu cheguei à cidade não tinha muito tempo e queria aproveitar a presença dele sem todo esse drama nos rondando. Ele aceitou. Contudo, estava lá apenas de corpo, eu não tinha certeza se os seus pensamentos estavam presentes.

No fim a gente foi parar na casa do irmão dele, onde descobrimos a traição do Rafael e Arthur perdeu total controle e socou o melhor amigo todo, o expulsando da cobertura. Nada acabou bem naquela noite.

— Anda logo Kevin levanta. – cheguei em seu quarto e abri as cortinas. – É sério mesmo esse cheiro de álcool? Anda. – puxei seu edredom e ele estava só de cueca Aquilo me deixaria tremendamente envergonhada se eu já não estivesse acostumada a vê-lo assim. – Vou te fazer sentir saudades de quando era você que cuidava de mim e não o contrário.

— O que você está fazendo aqui?

— Kira está preocupada. Kev... Você está ultrapassando os limites. E nunca foi assim.

— É... – respirei fundo. – Dó jeito que você fala parece que a única coisa que eu sei fazer é beber.

— Não é isso. Mas... Tem que admitir que não está sendo você mesmo.

— O que você sabe sobre isso? Você realmente sabe quem eu sou Alice?

— Sei. Conheço a sua alma. Você e Rafael terminaram... Dói, mas tem que superar.

— Deixa que eu assumo daqui. – meu irmão apareceu e eu os deixei a sós, mas fiquei da porta caso ele precisasse de reforços. Com Kevin nunca se sabia.

— Precisa esquece-lo e seguir Kevin.

— Não tem como eu esquece-lo. Porque eu percebi que nunca o amei de verdade.

— Não? – arregalei os olhos.

— Bebo todas as noites para esquecer você Murilo. – fiquei imóvel. – Tenho que ficar chapado toda a minha maldita vida para esquecer o que eu estou sentindo por você.

— O que está dizendo? - era clara a confusão na voz de Murilo.

— Pensei que o amava. Mas isso aqui não tem um fim. Isso não acaba. Não modifica. Não transforma. Por que pensa que fiquei remoendo dois anos atrás de mágoas?

— Tem exatamente dois anos que eu te disse que ainda sentia algo e você se decidiu por ele. E vocês começaram a namorar. Senti dor a cada vez que te vi com Rafael. Por que então fez isso Kevin?

— Eu estava loucamente apaixonado. E o meu pai ameaçou te machucar se eu me aproximasse muito de você.

— Por que está me contando isso só agora?

— Tudo o que ele sempre fez foi para me infernizar. Ele não mediria esforços para cumprir a ameaça.

— Quando me buscou no motel eu ainda estava correndo risco?

— Sim. - ele puxou meu irmão o fazendo se sentar ao seu lado, e escondeu seu rosto no pescoço dele. - Mas eu não podia mais te proteger dele te machucando. - comecei um choro baixo. Sabia que Kevin ainda sentia algo por Murilo, mas não imaginava que ele tinha a noção disso.

— Você tá triste, perdido e bastante confuso. E eu sou um alvo fácil. Você vê em mim conforto e estabilidade. Isso é efeito do término e da traição. Vai passar. Vou buscar uma água para você tomar um remédio, aposto que vai ficar com ressaca. – assim que meu irmão saiu eu o segui.

— Muh essa situação do Rafael com Kevin é confusa e você não é confuso, é firme quanto ao que sente e o que quer. Daria tudo para tê-lo. – falei assim que paramos. – Promete que não vai se envolver nisso?

— Não preciso prometer. Eu não vou. Ele só tá... Perdido. E eu não vou ajuda-lo. Vir hoje foi um erro. – saiu antes que eu pudesse concordar. E as minhas previsões estavam certas no fim de tudo. 


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Notas finais do capítulo

amanhãaaa tem post! ♥



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