Amor Perfeito XV escrita por Lola


Capítulo 14
Suicídio


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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 Alice Narrando

Assim que chegamos a Torres, Arthur mandou que fossemos para a casa da vó Isa. Todos estavam na biblioteca. Não entendi muito bem, mas me sentei observando seu estado de aflição.

— Você fala Kevin ou eu começo? – ele perguntou e o meu amigo deu de ombros e se posicionou à frente.

— Uns dias atrás um cara me procurou. Disse que eu receberia instruções e deveria fazer o que me mandassem... – contou tranquilamente. – Era coisa do meu pai. Como todos sabem ele me preparou para assumir o lugar dele. Como deu ruim, eu devo estar em seu lugar... Não apenas no hotel... – entendemos tudo. – Só que eu não fiz nada. – colocou as mãos no bolso. – E agora disseram que vão... Meio que... Se vingar por isso.

— E não tá com medo? – perguntei assustada.

— Passei boa parte da minha vida sendo torturado por um homem que não me aceita como eu sou e quer me moldar desde que nasci. Alguém assim não pode ter espaço para medo.

— Mas tem espaço para amor no coração. – Gio disse e tampou a boca.

— Garota esperta. – Ryan comentou sorrindo. Otávia virou os olhos. Minha conversa com ela não adiantou muita coisa.

— Estou começando a repensar todo esse amor. – falou sério encarando a figura loira e alta no fundo do cômodo, que apenas o ignorou.

— Tá. O que vamos fazer? – Arthur questionou antes que os dois brigassem. – Esperar?

— Fora de cogitação. – Yuri se manifestou. – Anda Kevin, reage.

— Deixa eles fazerem o que quiserem. Eles não vão me machucar. Não entenderam ainda que o objetivo é me manter no comando?

— E qual você acha que vai ser a vingança?

— Não sei. E não estou curioso e nem preocupado. Podemos encerrar isso?

— Fiquem atentos. Principalmente você Rafael. – Arthur ordenou com o tom de voz firme. Kevin saiu sem dizer mais nada. – De alguma forma ele sempre consegue me surpreender. – meu namorado balançou a cabeça negativamente e eu ri.

— É difícil, mas ele sempre se supera. – Soph disse também sorrindo. – Bom... Já que estamos aqui...

— Outra gravidez de novo? Não né? – Alê questionou no intuito de ser engraçado.

— Que brincadeira idiota! – Arthur o repreendeu. – Nem mesmo Kevin seria capaz.

— Verdade. – concordei ficando séria.

— Eu ia dizer que vou ir viajar. – o humor de Sophia mudou para desanimo. – Para Paris. Passarei uns dias com o Muh.

— Que história é essa? – ativei meu modo ciumenta. Ela contou que como ainda não estava estudando, devido a gravidez no início do ano e ela adiou a entrada na faculdade, ela iria aproveitar para viajar e saber o que queria da vida.

— Isso é fácil. – Ryan iria ofende-la, mas Larissa não deixou. Era incrível como as duas amadureceram e a relação entre elas era outra atualmente.

 Continuei com ciúme, mas entendi que Soph precisava daquilo agora. E eu tinha que aprender a dividir meu irmão, uma hora ele iria se casar e ser feliz com alguém. Bom... Pelo menos era assim que eu pensava e esperava.

Estávamos entrando em Outubro, como de costume, Yuri e Arthur comemoraram o aniversário juntos. Meu namorado fazia vinte e um anos de idade no fim de setembro e Yu fazia dezenove nesse início de mês. Saímos todo mundo no sábado, apesar do medo de Arthur.

Todos menos Sophia, que já havia ido para o aeroporto. Mesmo sem ela, que era uma das mais animadas, a noite foi boa. E no pós não teve brigas, afinal não tinha Soph para alfinetar ninguém.

— Não queria me despedir. – ouvi no domingo e olhei de um jeito fofo para o dono das palavras.

— Dois meses. Está acabando. – Kevin buzinou e levantou uma de suas sobrancelhas. Quando ele fazia isso estava impaciente. Bufei.

— Vai. – ordenou e me beijou. – Amo você Alice. – o abracei deixando o garoto no carro ainda mais nervoso. Foi uma viagem chata.

Pelo que eu entendi parecia que Rafael e Kevin estavam bem, só brigavam às vezes... E eu odiava o quanto isso alterava o humor dele.

Eu tinha que ser compreensiva porque o pai dele estava preso e a mãe dele fazia disso um grande acontecimento, colocando em cima do filho toda a responsabilidade pela dor dela. Eu via o que ele estava passando, não era cega. Mas era difícil entrar nesse assunto. Caleb era um terreno tão arenoso, não dava para falar dele e não ver surgir reações violentas involuntárias. Ao mesmo tempo os dois tinham uma espécie de ligação que eu também conseguia entender. Acredito que não exista no mundo quem entenda Kevin melhor que Murilo e eu.

Qual o motivo disso? Sempre fui atacada por ele desde nova... Meu irmão eu compreendo, agora eu... Entendê-lo tanto sempre vai ser um mistério pra mim.

— Um real pelos seus pensamentos. – ele disse chegando na sala e se sentando ao meu lado.

— Como eu consigo te entender tanto? – me olhou e depois se virou pra frente.

— Tá pensando em mim? Seria mais aceitável pensar em Arthur.

— Não banca o babaca. Estou falando sério. – respirou fundo.

— Não sei Alice. E por que tá pensando nisso? – o olhei com cuidado. – Não. Não quero falar dele e nem nada que o envolva. Ele está onde deve estar e isso basta. – se levantou me assustando.

— Kevin... – gritou me deixando ainda mais assustada. – O que está acontecendo com você?

— Sua maldita mania de querer saber o que estou sentindo, pensando, passando... O que me atinge ou não. Não importa Alice! Eu aprendi a me manter firme e isso basta.

— Tá bom. Quando desabar eu estarei aqui. – ele riu.

— Já viu isso acontecer?

— Por mais de uma vez. – desviou o olhar. – Não estou jogando em sua cara, você perguntou.

Meu celular tocou interrompendo o momento. Era Arthur e eu agradeci por isso, talvez aquilo ali ficasse ainda pior.

— Oi amor. – atendi vendo Kevin se afastar indo para o andar de cima. Foi então que ele me contou algo que me deixou extremamente preocupada. Yuri estava com algumas desconfianças absurdas que se estivessem corretas Kevin acabaria parando no mesmo lugar que o pai. Com certeza.

— Alice! – ele desceu correndo as escadas. – Aconteceu um acidente com Rafael, temos que ir pra Torres AGORA. – me levantei.

— Calma Kevin. – ele continuou no mesmo estado e só queria saber de ir. – Conta direito.

— Ele bateu o carro Alice. Eu preciso ir vê-lo. Vai ficar aqui?

— Não, vou com você. – saímos da casa e eu pedi para que ele se acalmasse antes de começar a dirigir. – Como você soube?

— O hospital me ligou, estou como contato de emergência no celular dele.

— Nossa! Foi sério então. – me olhou insatisfeito. Preferi ficar em silêncio e não fazer com que Kevin ficasse ainda mais nervoso ou irritado. Era a única coisa que eu podia fazer.

Murilo Narrando

Recebi Sophia com Adam e ela logo colocou maldade entre nós dois. Era a especialidade dela. Ter minha prima em minha casa por uns dias iria ser bom, pelo menos era o que pensei inicialmente. Até ela entrar no time de Arthur e insistir que eu tinha que ajudar Kevin a trilhar o momento que ele estava passando.

Para chegar até essa chatice tenho que contar do início. Kevin e Rafael passavam por momento nebulosos em que a fidelidade do loiro era questionada e se houve mesmo traição, incrivelmente parecia que ele seria perdoado. Ninguém nunca imaginaria isso.

O fato mais impactante é o que veio depois disso tudo. Caleb. Ele cometeu suicídio na prisão. Pouco menos de um mês preso. Kevin jurava que era uma armação dele até ver o corpo. Continuei aqui e pelo que soube, ele sumiu depois disso. Ninguém sabia dele.

— Estou indo embora amanhã, por favor Murilo. E já tem meses que você não aparece. – Soph insistiu. – Eu não queria ser os seus pais.

— O que vai adiantar eu ir? Ele não vai voltar.

— Ele vai saber que está em Torres porque ele sempre sabe de tudo e vai ir porque ele não consegue se controlar. E você vai ajudar nosso amigo a passar por isso.

— Não devo nada a ela Sophia. Por que tenho que ajudar?

— Porque a gente sabe que as coisas lá estão fora de controle. Antes de sumir... – ela olhou pra baixo. – Ele ofendeu sua irmã. Sabe o quanto perdido ele está pra fazer isso?

— Está agindo igual a um moleque. Deixando a pior parte dele tomar conta de tudo.

— É isso. – bateu em suas pernas. – É exatamente isso que ele tá fazendo. E sei que ele vai voltar mais terrível seja lá de onde ele esteja.

— Ele tá odiando o fato de sofrer pela morte do pai. Quer machucar a si e a todos.

— Tá vendo só Murilo, você o entende melhor que qualquer um.

— Isso não muda o fato que eu não quero e não posso fazer nada.

Ela continuou insistindo e fazendo tanta pressão que no dia seguinte lá estava eu indo com ela. Como as minhas aulas acabaram e a de Adam também e os dois estavam tão amigos, ela acabou o chamando e ele aceitou de primeira. Audrey iria para a casa ver o namorado, então não poderia vir com a gente.

Senti meu estômago revirando ao sair do avião. O gelo que estava em minha barriga era insuportável. Vi meu pai esperando com minha mãe, Alice e Arthur. Dessa vez todos estavam avisados. Não sei quem me abraçou primeiro, mas só agora percebi o erro em ficar longe.

— Ei peoples. – Adam ergueu sua mão direita e deu um sorrisinho. Soph se despediu indo para o carro dos pais.

— Avisei que iria trazer um amigo. Esse é o Adam. Ele mora comigo desde que iniciamos nossos cursos. Começamos a trabalhar juntos recentemente também.

— Ah sim. – meu pai ficou um pouco sério e o olhou por cima, com certeza imaginando que éramos um casal.

— Que família linda você tem Lilo. Todo esse tempo e você não conta que tem um irmão gato desses.

— Ele não é meu irmão. É primo. E cunhado. E ele foi uma vez lá em Paris.

— É, ele é mesmo muito gato. Já gostei de você Adam. – minha irmã disse e riu.

— Ah! – ele a olhou com surpresa. – Seus olhos são ainda mais incríveis de perto.

— Só são... Amarelos.

— Herança dele ne?! – ele apontou para o meu pai. – Meu pai é seu fã. Assistia todas a lutas, juro! Ele diz que nunca haverá um mundialmente bom igual você.

— Acho melhor irmos não é mesmo? – perguntei incomodado. – Adam fala mais que qualquer ser humano no mundo. – comentei enquanto íamos para o carro. – Isso me deixou na dúvida se o trazia ou não. Mas a família dele não comemora as festas de fim de ano e então fiquei com pena de deixa-lo sozinho.

— QUE MENTIRA! Estou aqui porque... – tampei sua boca.

— Se é algo relacionado ao Kevin... – meu primo falou é ficou me olhando. – Ele não é o mesmo de antes. Sabe que precisamos da sua ajuda né?

— Já estou sabendo. – olhei para Alice que parecia discordar e depois Arthur. – Não tem nada a ver. – menti. O caminho foi ainda mais torturante. Cheguei em minha casa de pedra e uma sensação de estar em casa, mas ao mesmo tempo não pertencer mais ali. Era estranho.

— Tá bom. – minha mãe falou e sorriu. – Meus planos era preparar uma comida bem gostosa para vocês dois, mas... Seus amigos estão com saudades Murilo. Eles queriam fazer uma festa surpresa, só que Arthur disse que teremos muitas festas nesse mês e os convenceu a apenas irem a um bar. Então se arrumem que eles já estão nos esperando.

— Todos vão estar lá?

— Sim. Seu tio Gu esta morrendo de saudade inclusive.

— Mae... Todos?

— Ele foi convocado. Recebeu a mensagem. Seja onde estiver ele tem que ir. - Arthur respondeu por ela. – Meu irmão pode ser um monstro, mas a insensibilidade dele é distraída quando se trata de você.

— Essa noite vai ser demais! – Adam bateu palminhas. – Ate passou o cansaço da viagem. Vou tomar banho e por minha melhor roupa. Venha me levar ao meu quarto Murilo, anda. – revirei os olhos enquanto Alice ria do jeito de Adam e fui.

Primeiro de tudo eu tinha que saber a situação dos dois, Rafael e Kevin, a última vez que tentei ajudar Kevin não acabou bem. Alice me disse que Rafael negava a traição, já Kevin tinha certeza e dizia que estava tudo bem e que ele iria mesmo perdoar. Como eu o conhecia, sabia que era um jogo. Rafael confessaria e ele se vingaria. Era assim que as coisas funcionavam com ele em seu modo cruel, enganava todos até o fim. E confesso, até mesmo eu tinha medo desse Kevin.


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Notas finais do capítulo

vou fazer post mais tarde, por motivos de... Já tá pronto e eu não consigo segurar kkk
demorou, mas ele se foi o
Adam em Torres é tudo pra miiiim (;



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