Amor Perfeito XV - Versão Kevin escrita por Lola


Capítulo 20
A vida é assim


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ♥



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Kevin Narrando

Não sabia que sentia tanto a falta de Alice até tê-la de volta. E prova disso foi que segui seu conselho sem nem pensar duas vezes e fui enfim conversar com minha mãe.

— Tá na hora de conversarmos mãe. – a abordei após a festa de Mark e Isa. – Eu já sei de tudo. O motivo de você praticamente ter se mudado.

— Kevin... – a cortei.

— O que é isso, uma tentativa de me mostrar que as pessoas não prestam? Nenhuma delas? Você quer me fazer desacreditar na lealdade e no respeito? É isso?

— Não. Foi por pura vingança. Ele começou. Apenas retribui. Temos isso no sangue Kevin.

— Uma boa vingança seria se separar e tirar tudo dele e não trair.

— Não sei o que Luna te contou, mas eu não sou esse monstro.

— Ela contou o que aconteceu.

— Eu já te expliquei tudo.

— E já que você e ele passaram esse gene de vingança pra mim, nada mais justo que eu me vingar por você ter me deixado sofrendo com ele enquanto se divertia longe daqui.

— Você não faria nada de ruim contra mim.

— Se acha intocável né? Apenas lembre-se que eu não sou mais o Kevin que tem uma consciência exemplar... – nos olhamos – Pulsa em minhas veias o desejo de te ver na pior.

— Você está perdendo o controle.

— Não. Eu já perdi há muito tempo. Desde que fui traído. E você sabe disso. E agora eu fico sabendo que você também é adepta ao estilo de vida da infidelidade... Ah mamãe... Desonestidade e falsidade me tiram do sério.

— Você está sendo consumido pelo ódio. Já fez terapia e entendeu que ninguém te tratava diferente por ter sido fruto de traição Kevin! E... – a cortei novamente.

— Você traiu a própria melhor amiga. E agora após anos e anos ela se vingou contando ao seu filho que é terrivelmente contra traição que você traia o pai dele. A vida é mesmo interessante.

— Pai esse que merecia ser traído, não é?

— Você o amava.

— E não era valorizada. Foi assim que acabei me apaixonando por outro. – me levantei.

— Você só pode estar de brincadeira com minha cara. Não piore as coisas. Além de te tirar o que você tem direito, eu posso ser mais cruel... Sabe mãe. De todos os cheiros do mundo o seu era o que eu mais gostava. E hoje eu tenho nojo dele. Assim como não aguento mais ouvir sua voz. Só consigo te imaginar com outro, me enganando e mentindo pra mim. Você não traiu a ele, traiu o seu filho e a vida de mentira que você construiu desde que eu nasci. Eu quero ficar o mais longe possível de você.

O que eu fiz após isso? Enfiei minha cara no trabalho. Era assim que eu agia. Desse jeito que eu fugia dos meus próprios demônios. Só que eu tinha que lembrar que não estava sozinho.

— Estou sendo compreensivo o tempo todo. Perdoei seu pai. Passei por cima da minha mágoa quando você tão facilmente se negou a mim porque queria dormir e isso sendo que a gente havia se reencontrado há apenas três dias. Compreendi seu ciúme. Compreendi até isso. – Murilo apontou para minha mesa. - Fui compreensivo como ninguém. Não consigo mais. Estou de férias, realmente preciso descansar e me divertir. Estou indo me encontrar com o pessoal. Se mudar de ideia me encontre lá. - Virou as costas e andou rápido até a porta.

— Murilo. - nos olhamos. - Não estamos nem perto de fazer o seu pai mudar de ideia. Então... Desculpa ter feito suas forças serem em vão.

— Não foi como uma força pra mim. Só preciso que saiba que é injusto pedir compreensão quando eu só tenho feito isso. - Abriu a porta.

— Isso é mesmo um fim ne?!

— Eu te amo e ainda quero ficar com você. Não vou ser orgulhoso. Mas acho que o fato do meu pai não aceitar a gente está te fazendo me magoar e você tem que resolver isso antes que eu decida que não dá mais.

— Não vai assim. – fui até ele e o segurei. - Se for, facilmente poderá acontecer algo. E isso pode ser o nosso fim. Não vou perdoar uma traição. – ele ficou olhando em meus olhos por bastante tempo. - Fala alguma coisa.

— Solta o meu braço.

— Você vai?

— Vai me prender aqui?

— Se for preciso eu vou. - Dei uma risada nervosa. - Até nos acertamos. Você tem que sair calmo Murilo. Estarmos brigados vai...

— Dá para você, por favor, parar de falar?! - perguntou depois de desviar o olhar. - Acha mesmo que estarmos brigados é motivo suficiente?

— Acontece muito. É a situação perfeita. A relação fica vulnerável. Você confuso, triste... Alguém legal, cheio de novidades aparece...

— Tá bom. - Fechou a porta. - Vou ficar. – Sentou na cadeira em frente à minha mesa. - Pode trabalhar.

— Está fazendo isso para não discutirmos? Para não mostrar ao seu pai que ele estava certo? Estou vendo que está nervoso. Vai terminar comigo depois disso?

— Você é esperto demais para que eu pense em qualquer uma dessas opções e você não saiba ao certo qual é. Estou apenas fazendo o que você quer porque eu te amo. Eu nunca amei alguém, acho que estou cometendo erros que todo mundo comete em seu primeiro relacionamento. Estou sendo bobo, idiota, trouxa... Mas eu não ficaria bem saindo daqui. E eu estou nervoso porque não gosto de brigar com você.

— Eu te amo. – Eu o levantei e o abracei e depois o soltei e fiquei acarinhando seu rosto. Por que com ele eu sentia vontade de dizer que o amava a cada minuto perto? Eu não era assim.

— Trabalhe. – segui sua ordem.

Notei que Murilo dormia na cadeira. Tão lindo. Não acreditava na sorte que eu tinha. Quando a vó Isa contava as histórias de Vinícius e Raissa eu não acreditava nas coisas que ele era capaz por ela, alguns diriam até que ele era um capacho. Daí vi o Arthur e notei que o homem quando ama fica bobo. Quando comecei a amar Murilo foi incontrolável, acabei ficando assim, porém sempre tentei manter os pés no chão e ser racional. Ele não. Era exatamente igualzinho ao pai. Eu o amava tanto. Ele acordou assustado e me olhou. Fechou os olhos e massageou o pescoço, o estalando em seguida.

— Quantas horas? - sua voz estava rouca mesmo com o pouco tempo de cochilo.

— Não importa. – me levantei e fui até ele. - Por que não me conta o que queria fazer no dia em que te neguei? - ele passou a não no cabelo, parecia confuso.

— Isso é inusitado.

— Você quis dizer incrível.

— Isso tudo é de vidro

— Já disse que me excito mais com o perigo.

— Você é mesmo doente.

— Relaxa. O andar é praticamente fechado.

— Sua secr...

— Já foi embora.

— Ainda pode aparecer alguém.

— Hum... Quanto porém. Vai fugir como vingança?

— Deveria. - Ele me olhou intensamente. - Mas porra... Eu não consigo. - Ele se levantou e veio para cima de mim tornando as coisas mais fáceis e maravilhosas.

Arthur Narrando

Voltei para a cobertura. Uma decisão difícil, porém, necessária. Na festa dos meus avós Rafael apenas passou por lá. Sabia que não era bem-vindo. Foi por pura educação. Nem devia ter ido.

Acabei encontrando umas coisas dele que haviam ficado por lá e que eu levaria para o trabalho hoje ainda. Não queria nada que o lembrasse naquele lugar.

— Não acha que já está na hora de parar de trata-lo com tanta frieza? – Ravi questionou após eu entregar os pertences de Rafael e ele sair.

— Ele traiu a pessoa mais importante da minha vida. Então não, eu não acho.

— E vai condena-lo pra sempre? Já se esqueceu de tudo que viveram? – fiquei em silêncio. Odiava discutir com Ravi. – Foi você que o trouxe pra cá Arthur.

— Eu sei. E estou cumprindo com tudo que eu combinei com ele. Só não consigo estar perto. Não agora. Já basta trabalharmos no mesmo lugar.

— Só acho que você não devia misturar as coisas. Ele não te traiu. Pensa um pouco. – Bateu em meu braço e foi para a sua sala.

O bom de estar de férias da faculdade era aproveitar o pessoal, incluindo Murilo que estava aqui nesse período. Não que ele estivesse disponível, já que vivia com Kevin... E por falar nos dois, eu sentia que a diferença entre eles era gritante. Meu primo era solto, livre e não se repreendia, já Kevin... Bom... Kevin era Kevin.

— Sinto saudade do Rafael, eles eram tão discretos. – Yuri disse e olhei meu primo no colo de Kevin e os dois no maior amasso. Estávamos todos na biblioteca fechada.

— Se você quer um relacionamento discreto tenha um. O nosso vai ser assim mesmo, na base da indecência.

— Você acha isso bonito?

— Demoramos anos para ficarmos juntos de novo, acha mesmo que a gente liga para o que é bonito? – dei uma risada. Murilo não tinha jeito.

— Kevin tem um amigo seu te esperando na sala. – vó Isa veio dar o aviso e todos nos olhamos. Kevin não tinha amigos. Não além de nós e isso incluía Danilo, que agora estava puto com ele.

Era Kemeron. Todos foram ver, por pura curiosidade.

— Eu fui o primeiro amor da sua vida. Tenho um lugar totalmente inesquecível em sua mente. Você me conheceu antes desse cara aqui. Como não me contou que finalmente concluiu que seu grande amor é ele? – ele perguntou diretamente.

— Como assim? Como você sabia?

— Passei na sua casa e sua mãe disse que você estava com o seu namorado. – Sorriu.

— Desculpa, é que não faz muito tempo...

— Tudo bem, estou só brincando. Eu vim me despedir. Vou ir morar na França.

— Em qual cidade? – Murilo perguntou e eles começaram a bater papo.

— Isso é sério? – Kevin se direcionou a mim, usando um tom de voz baixo.

— Sabe que ele é assim... Não tem ciúme do que não deve ter. Kemeron é seu passado e não presente.

— Estou tão acostumado com outro tipo de relacionamento.

— Esqueça aquele depravado inseguro. Murilo não é ele.

Acabou que o ex namorado de Kevin ficou com a gente até pedirmos pizza e finalizarmos a noite. Ele era legal. Tinha assuntos variados e uma postura que lembrava Kevin. Talvez os dois não dessem mesmo certo sendo tão iguais.

No outro dia quando a gente se reuniu fiquei observando Otávia fazer um penteado em Alice, sem me cansar de admira-la.

— Aonde pensa que vai linda desse jeito? – brinquei quando ela acabou.

— Está com ciúme por acaso? – seu olhar era de satisfação.

— Digamos que um pouco... Só um pouco.

— Pelo que está parecendo eu acho que é mais do que diz.

— Vocês dois podem parar de ser fofos? Já basta Kevin e Murilo, Otávia e Ryan e Aline e Fabiana.

— Já era pra você e sua irmã terem assumido relacionamento cada uma delas, mas insistem em bater cabeça... – Ryan opinou, invasivo como sempre.

— As coisas não são tão simples. Só parece fácil para os outros. Murilo mal chegou e pegou o ex de volta. Otávia pediu perdão e você se derreteu. Fabiana veio de longe para ter Aline.

— Entendo que deva ser difícil pra você ser apaixonada por um idiota como Alexandre, no entanto... Pra que fugir?

— Não vai falar nada para a Larissa?

— Yuri já a ajudou a esquecer Arthur, eles não estão juntos porque não querem.

— Vamos parar de falar da vida alheia. – Sugeri.

— E nem tudo são flores. Penso muito na vida que a gente nunca poderia ter, uma fantasia. Se nada daquilo tivesse acontecido. Mas a vida que tivemos foi ótima também. A vida é assim, tem coisas ruins. – Murilo falou em um tom filosófico.

Depois desse papo intenso caímos na gargalhada com o interesse de Adam em Kemeron. Segundo meu primo, o seu amigo era um pervertido que não podia ver um homem.

— Imaginei muito a Otávia dizendo em um discurso caloroso que Adam mancha a reputação dos gays. – Minha irmã não gostou nada do comentário de Alê. – Tá bom, tá bom... Você é outra pessoa.

— Murilo. – Vinicius chegou e encarou o filho. – Você arranhou meu carro?

— Pai...

— Quando pretendia me contar? Ou você ia mentir?

— Só não ia contar a verdade. – Segurou o riso.

— Como você define não contar a verdade?

— Guardar informações para mim?

— Some. Moleque. – Fingiu que ia bater nele e depois saiu da biblioteca rindo.

Admirava a relação de Vinicius e Murilo. Mesmo que meu primo guardasse mágoas do pai, os dois eram amigos e isso era tão evidente e natural. Pra mim que nunca tive um pai chegava a ser algo de outro mundo. Esperava que Caleb estivesse queimando no inferno nesse exato momento.


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Notas finais do capítulo

até talvez amanhã ♥



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