Amor Perfeito XV - Versão Kevin escrita por Lola


Capítulo 21
Perdão


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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Arthur Narrando

Não queria nem olhar para o loiro em minha frente e se não fosse Murilo com certeza não estaria aqui tendo essa conversa.

— Fique calado. – Ordenei assim que sua boca se abriu. – Você vai ouvir tudo o que ainda não ouviu de mim. – Dei meia volta e depois voltei a encará-lo. – Em todo esse tempo eu tentei entender sua atitude Rafael. Não consigo. Ele fazia tudo por você, sempre te respeitou...

— O problema não era com ele e sim comigo, eu não consigo resistir e manter a fidelidade. Você me conhece por todos esses anos e sabe como eu sempre fui um tanto depravado Arthur. Seu irmão é perfeito. Eu é que não soube valorizar isso. E vou pagar pelo resto da vida perdendo a sua amizade e a dele.

— A dele com toda certeza, mas a minha... Eu estou aqui disposto a te ouvir. Isso deve dizer alguma coisa, não?

— Espero que ainda não seja tarde para me perdoar por magoar o seu irmão. Espero mesmo.

— Sabe que não vai ser a mesma coisa né? – Nós dois nos olhamos.

— Sim. – Ficou um tempo em silêncio. – Mas ainda existe cumplicidade entre a gente. E eu ainda te entendo como ninguém. O que está pegando que você tá meio nervoso?

— Além de encarar o motivo do maior sofrimento do Kevin? – Torci o nariz.

— Ele ficou bem pior quando o Murilo decidiu ir embora. – Respondeu sério e categórico. – Vai, diz logo. Sei que há algo a mais.

— Vou pedir Alice em casamento. Essa noite. – Contei sem conseguir segurar o sorriso.

— Uau! Que grande passo. Você e o seu irmão são mesmo românticos incorrigíveis. – Concordei gestualmente. – Espero que ela aceite e que vocês sejam felizes.

— Obrigado. E você, ainda está com a garota? – Fiquei carrancudo mesmo sem querer.

— Não. Aquilo foi um erro que eu não precisava repetir. Eu estou sozinho, acredito que fico melhor assim. Bom... Vou indo. E espero que dê tudo certo no resto da noite.

— Fica. É um momento importante para mim. E ninguém aqui tem raiva de você, porém o Kevin é a figura mais simbólica da nossa turma, não procurar você fez parte do processo de apoio a ele.

— Eu te agradeço muito. Por me perdoar e por me inserir novamente ao convívio com todos. Senti falta das maluquices de cada um.

Nós dois nos encaminhamos para a sala e eu fui fazer o que eu pensava em toda essa noite. Pedir Alice em casamento talvez tenha sido a atitude mais corajosa que eu tive e a mais real. Eu tinha certeza daquilo, que a amava e queria passar o resto da minha vida ao seu lado e isso era tudo o que bastava.

Murilo foi pegar bebidas e chamou Rafael, eu preferi me desviar de toda a minha felicidade e ir atrás deles, para caso precisasse eu estivesse por perto. Mas não foi o que aconteceu.

— Posso te pedir uma coisa? – Ouvi meu primo perguntar ao loiro. – Seja mais honesto comigo, eu não sou seu inimigo. 

Rafael não merecia a sorte grande de ter Kevin, eu, Murilo e todos nossos amigos. Ele era um grande filho de uma puta. Mas é aquilo, visto que se faz uma amizade verdadeira com alguém cria um vínculo eterno e perdoar erros fazia parte dessa trajetória.

Kevin Narrando

Um novo dia nasceu e com ele a merda da partida de Murilo. Não acreditava que aquilo iria acontecer o mais breve possível. Queria mais horas, mais dias e mais semanas com ele. Todo tempo era pouco.

— Não mudei minha decisão. Abro mão em um segundo de tudo o que tenho lá. Só preciso terminar meu curso. Quero estar com você, é tudo o que mais quero. – Ouvi sua voz dizer de forma mansa e carinhosa.

— Promete que isso é pra sempre. Dessa vez não vai ter fim. – Pedi um pouco receoso. – E se tudo der errado Murilo? Se terminarmos? – Agora com a proximidade de sua partida, o meu medo era ainda maior.

— Teremos sido felizes por um espaço de tempo que com certeza me preencherá para o resto da vida. Eu preciso disso Kevin. Muito mais do que já precisei de qualquer coisa.

— Eu sei que te amo... Só não quero te fazer nenhum mal. – Fiz carinho em seu rosto enquanto encarava seus olhos de perto.

— Já disse que isso seria impossível. – O carinho se tornou algo com maior necessidade e após aquele momento duradouro e épico acabamos nos atrasando para uma coisa muito importante, sua partida.

Seu celular não parava de tocar e enquanto ele se secava eu colocava minha roupa. Eu o vi pegar o telefone e atender, dizendo “tá bom pai” umas cinco vezes.

— Eu estou fodido Kevin. Se eu perder esse voo nem sei quando vou conseguir passagem para ir embora.

E foi o que aconteceu. E já que não tinha mais jeito e ele iria embora novamente só daqui alguns dias, marcamos um passeio com todo mundo. Iriamos a uma festa em outra cidade, depois de Alela.

— Você já passou por essa rua Kevin. – Murilo disse fazendo as meninas no banco de trás rirem.

— Só estou seguindo Arthur e acho que estamos oficialmente perdidos. – Entramos em uma estrada de terra que levava até a cidade e acabamos parando no caminho.

— Vamos beber, tem um cooler com bebidas e copos. – Arthur sugeriu com bom humor.

— Vou ver a vista. – Avisei indo até à beirada de um penhasco perto de onde estacionamos, mas não imaginei que pisaria em falso. Alice me segurou vindo correndo até a mim.

— O meu irmão te salvou da escuridão e eu da morte. Acho que nós dois somos definitivamente a sua bússola legítima.

— Obrigado por ficar de olho nesse aqui. – Murilo disse a irmã ao chegar até a gente.

— Agora eu preciso de babá?

— Você quase caiu, então suponho que precisa sim. – Mordeu minha bochecha e riu. Observei o carro de Rafael se aproximar. Agora ele iria ser reinserido em nosso contexto e eu não suportava ter que lidar com isso.

— Estou aguentando o máximo que posso por sua causa. – Avisei olhando meu namorado. Não me vingar era demais para mim.

— Murilinho é brabo, aqui oh fala com ele. – A voz de Soph se fez presente antes mesmo que ele pudesse me responder algo. Eles estavam rindo de algo e era relacionado as habilidades de dançarino de Muh. Quando vi Arthur havia colocado um som e eles dançavam alegremente.

A cena era típica, mas como fazia muito tempo – desde o abrigo – que eu não presenciava, fiquei impactado. A alegria do Murilo sempre foi contagiante e agora estava ainda mais. Aquilo era de alguma forma, suplantado ao extremo. E essa era a mágica de estar ao seu lado, dividir toda essa felicidade que eu geralmente não tinha dentro de mim.

— Tem certeza que alguém com seus problemas de raiva e sua agressividade devia beber tanto? – Olhei o dono da pergunta e não acreditei. Ele já estava bêbado para dirigir a palavra a mim.

— Não é porquê você conseguiu o perdão de Arthur que eu sou obrigado a te aturar. Não fale comigo.

— Tá bom, foi mal. – Saiu de perto de mim sem eu precisar mandar.

Aquela noite foi divertida apesar de tudo e chegou a hora da despedida de Murilo... Não lembrava a última vez que o meu coração ficou tão apertado. Agora que não tínhamos mais o belzebu para nos atormentar, somente nós dois erámos responsáveis por fazer dar certo. E isso era enquanto libertador, assustador demais.

Ao me despedir eu tentei disfarçar, mas lágrimas rolaram por minha face. Já ele com toda sua esperança e alegria, me confortou. Nós dois nos completávamos. Isso era o mais incrível.

Assim que ele chegou em Paris eram cinco para meia-noite, enquanto aqui era cinco para as sete da noite. A diferença de cinco horas com certeza nos atrapalharia, mas não faria com que deixássemos de nos falarmos constantemente.

“Oi meu diabinho lindo.”— Ouvi sua voz enquanto via apenas sua camisa. – “Só um minuto.”— Ele mexeu em algo e se deitou, mostrando aquele sorriso lindo que só ele tinha.

“Oi meu playboy gostoso.”— Brinquei e ri. – “Como foi a viagem?”

“Extremamente cansativa. Estou morto.”— Seu beicinho me fez querer estar ao seu lado.

“Era para você já estar dormindo e não me ligando.”

“E acha mesmo que eu iria conseguir pregar os olhos sem falar contigo e ver esse rostinho lindo?”

“A parte do lindo eu aceito, já você não dormir eu fico sem dar muito crédito...”— Ele riu alto e depois colocou a mão na boca.

“Vou acordar o pessoal aqui e a culpa é sua.”— Falou como se chamasse a minha atenção. – “Fica sem dar crédito até eu te ligar de madrugada morrendo de sono e saudades.”

“Pior que eu imagino muito isso acontecendo.”— Admiti com um sorriso. – “Ausência de sono quando não está com “o alguém” deitado na cama é um dos sintomas do amor.”

“Você fica ainda mais gato quando fala de amor, sabia?”— Não aguentei e ri. – “Trata de me levar a sério Kevin Morelli.”

“Ok Murilo Montez.”— Sorri grande. – “Meu amor, você tem que dormir. Nós nos falamos amanhã.”

“Tudo bem. Eu te mando mensagem assim que acordar.”

“Não espero nada menos que isso.”— Ele deu um sorriso de canto e me mandou beijo em seguida. Nós nos despedimos e eu fiquei absorto naquela conversa e em tudo que Murilo significava para mim.

No outro dia como prometido ele me mandou a mensagem e acompanhada de um bom dia dizia que me amava e já sentia saudade. Podia muito bem me acostumar com suas palavras, seu carinho, sua necessidade... Tudo me preenchia tão grandemente que eu estava começando a ter certeza que nós dois daríamos mesmo certo.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo ♥



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