Presos Por Um Olhar escrita por Carol McGarrett


Capítulo 52
Alex Tem Uma Ideia


Notas iniciais do capítulo

E para quem estava curioso em como seria a Olivia junto com os Pierces... aqui está!
Boa leitura!
Ps.: Desde já eu peço desculpas a quem ama e entende sobre cavalos que esteja lendo a história. Fiz meu melhor pesquisando sobre motaria, equitação no geral e raças de cavalo, se algo estiver muito, mas muito esquisito, podem me falar que eu mudo!



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— Eu quero uma revanche! E quero ainda hoje! – Will bradou antes mesmo que Alex parasse o carro na garagem. No branco de trás, Liv, que ainda estava dormindo, deu um pulo e xingou Tuomas, achando que era o irmão quem estava fazendo toda essa bagunça.

Alex estacionou carro no meio do caminho, na frente da casa e desceu, chamando Will de maluco.

— Será que alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui? – Dona Amelia se levantou da cadeira em que estava na varanda e veio para perto dos filhos.

Liv me cutucou e só perguntou o que acontecia. Não precisei responder, Alex respondeu por mim.

— Ele está bravo com a Kat, porque perdemos no vôlei de praia para a dupla formada por ela e Liv.

Minha sogra olhou para os filhos e depois para mim e, principalmente, para Liv, já que tínhamos descido do carro e estávamos libertando o trio peludo.

— Vocês dois perderam para elas? – Ela perguntou. Ao fundo escutei a risada abafada de Pepper.

— Sim. Mas foi roubado. Kat resolveu sair distribuindo bolada em todo mundo. – Will se defendeu.

E Dona Amelia olhou para mim.

— Mas é ela quem está com os braços vermelhos!

Fiz aquela cara de inocente e comecei a andar até eles, Liv do meu lado, um tanto encolhida, já que não conhecia a minha sogra, e os três cachorros já tinha saído correndo há um tempo.

— Acho muito bom vocês dois não terem provocado isso! – Minha sogra pegou o meu braço e mostrou aos filhos. - Porque eu conheço minhas crias e os dois, quando estão perdendo, cismam de provocar o adversário. – Ela continuou.

E Will e Alex começaram a falar embolado, se explicando, até que foram cortados pela mãe.

— Não quero que isso se repita! Eu criei os dois para serem competitivos, não para saírem acertando boladas nos adversários, ainda mais quando os adversários fazem parte da família! – Ela começou ralhando. – Se estavam perdendo, que jogassem melhor. Não quero saber mais disso.

— Sim, senhora. – Os dois homens murmuraram.

E então, Dona Amelia pode, enfim, se virar para Olivia:

— E aqui está você! Finalmente tenho a oportunidade de te conhecer pessoalmente, Olivia! E me desculpe por toda essa falação!

— Oi Dona Amelia!!! Que bom conhecer a senhora!! – Olivia estendeu a mão, mas como a família do meu noivo adora abraços, logo foi envolvida no abraço de minha sogra.

— Você é ainda mais bonita pessoalmente, minha criança.

— Ahn... obrigada. – Disse Liv toda sem graça.

— Nada de ficar igual a sua tia, e pode ir se acostumando com os abraços. – Minha sogra avisou, já dando o braço para Liv e foi levando-a para dentro. – Vocês quatro, podem vir também, disse se referindo aos filhos e às noras.

— Obrigado por se lembrar de nós, mãe. – Alex disse. E eu me vi na obrigação de dar uma cotovelada nele.

— Não liga para eles, Olivia. São assim mesmo! – Pepper nem ligou para a vergonha de Liv e já foi abraçando a minha sobrinha. – Agora eu posso te abraçar, afinal, na praia não deu! – Bem-vinda à Califórnia!

E foi quando ouvimos a voz do meu sogro:

— Quer dizer que é de família ficar toda sem graça? Aqui não tem isso, criança. Pode ficar à vontade. – Ele disse e veio abraçar Liv também, que a essa altura não tinha onde ficar ainda mais vermelha.

— É um prazer conhecer todos vocês pessoalmente. – Ela conseguiu reunir forças para dizer.

— Uma pergunta que não deu para fazer na praia. – Will começou e todos olhamos para ele. – Você é tão formiga quando a sua tia?

Liv olhou para mim intrigada.

— Ah! Não contaram? – Pepper continuou para o namorado.

— Não. – Nós respondemos.

— Então, Liv, a história, bem resumida é: quando Dona Amelia e o Sr. Pierce viram a sua tia pela primeira vez, ela estava praticamente escondida atrás de uma pilha de panquecas.

— Não exagera, Pepper. – Pedi para minha cunhada.

Quase escondida. Ela já tinha comido metade! – Will brincou.

— São as panquecas da Dottie? – Quis saber Liv.

— Sim. – Nós seis respondemos juntos.

Täti, está perdoada.

— Mais uma sem frescura! – Meu sogro comemorou. – A família está aprovada. – Ele saiu falando até a cozinha.

Começamos a rir.

Dona Amelia logo levou Liv para conhecer a casa, incumbindo a mim e a Alex a tomarmos conta das panelas, e eu só escutei minha sogra convidando Olivia para passar todas a férias com a família.

— É Kat... perdeu o status de visita preferida para a sua sobrinha. – Will veio brincando atrás de nós.

— Por que você não ajuda, também? – Alex perguntou para o irmão.

Will só levantou o dedo e escutamos:

— Por acaso, Alexander, você se lembra do que aconteceu na última vez em que William chegou perto da minha cozinha?

Olhei para os irmãos.

— Ele pôs fogo no pano de prato de uma maneira que ninguém entendeu até hoje e quase que queima toda a cozinha! – Pepper explicou. – Então, agora, as únicas pessoas autorizadas a entrarem nessa cozinha e, efetivamente, fazerem algo, são vocês!

— E por que não você, Pepper? – Questionei.

— Fui condenada como cúmplice. Também estou de gancho. – Ela disse rindo.

Nem perguntei sobre o meu sogro... afinal, ele estava sempre de gancho, mas não parecia ligar.

Eu, que achava que iria poder dar uma descansada, me vi terminando as receitas que minha sogra tinha começado. Dona Amelia estava encantada com a presença – e educação – de Liv, e ficou conversando praticamente por todo o tempo com minha sobrinha e, de tempos em tempos, se levantava de seu banquinho e vinha checar se eu estava fazendo tudo certo.

— De olho nessa costela, Kat. Ela já está quase no ponto! – Me alertou depois que abriu o forno.

— Sim, senhora. Só terminando isso aqui.

Por “isso aqui” eu quero dizer uma torta holandesa, um pedido de última hora de meu sogro, que, estranhamente, tinha todos os ingredientes na casa.

— Alexander, venha ajudar a Kat. – Ela continuava comandando.

Alex, rindo, parou do meu lado para me ajudar e só soltou:

— Até parece técnica do MasterChef...

— Eu escutei isso, Alexander, e se você quiser ter direito de comer dessa torta, pode parar de reclamar.

Meu noivo tem 33 anos nas costas e ainda é ameaçado de ter a sobremesa cortada pela mãe.

Com quinze minutos o almoço estava na mesa e a conversa incluiu a todos, de Will, que estava de volta por uma semana, devido a uma suspensão temporária nas gravações por conta do mal tempo pelos lados da Geórgia, à Liv, que agora explicava a dinâmica de um fim de semana de F1 para a família que nunca tinha ido a um Grande Prêmio.

— Me deu até vontade de ir. – Meu cunhado comentou.

— Só no ano que vem... a menos que alguém queira animar a ir em outro GP ainda nessa temporada... – Liv soltou essa pérola para cima de mim.

— Não olhe para mim! – Me defendi. – Depois dessa prova só tem mais duas, e a única que presta é o Brasil, e eu não vou à São Paulo nesse ano.

— Eu gosto de Interlagos... é uma pista que sempre tem boas corridas!

— Olivia, nem adianta insistir. Não posso abandonar o escritório tão perto da reunião anual do conselho.

Minha sobrinha fez uma careta.

— Então temos que conferir a agenda de todos para conseguirmos ir em alguma no próximo ano...

— Quando começa? – Will, realmente tinha se empolgado.

E foi a deixa para que Liv começasse a falar sem parar. E a conversa estava tão animada que ela acabou sendo arrastada para a sala por toda a família para continuarem com o papo por lá, sobrando a cozinha do almoço para que eu e Alex arrumássemos.

— O mesmo de sempre, eu lavo, você seca e guarda?

— Vai varrer e passar o pano também? – Tentei barganhar.

— Você varre e eu passo o pano.

— Tudo bem.

E nós dois limpamos tudo, sempre escutando um resquício da conversa animada na sala.

Quando nos sentamos no sofá, Dona Amelia se voltou para mim.

— E como estão esses braços?

— Vão ficar bem. – Garanti.

Ela fez uma cara de desgosto e suspirou.

— Não caia mais na provocação desses dois, Kat, principalmente na de Alex. E eu sinto muito que a educação que dei para os meus filhos não foi suficiente para que eles aprendessem a ter uma disputa justa.

Levantei meus olhos e pude ver a cara de injuriado de Alex e de perplexo de Will. A mãe tinha ignorado a situação deles e estava tomando conta de mim.

— Mãe! – Os dois falaram.

— Já disse lá fora e torno a repetir. Não foi essa a educação que dei a vocês. Então nada de reclamarem. E Kat, vá passar algo nesses braços. Você é muito branquinha e é bem capaz que fique um hematoma aí. – Disse se levantando. – E Liv, se quiser dar uma volta agora.

— Ah, se não for atrapalhar a senhora, eu quero sim! – Minha sobrinha disse feliz.

— Então venha calçar um sapato. – Dona Amelia instruiu.

Saí da sala escutando meu sogro passando outro sermão nos filhos, mandando-os serem um pouco mais cavalheiros. Pepper, que estava sentada no sofá, só abafava o riso.

E antes que pudéssemos chegar aos quartos, escutamos:

— E se eu sonhar que vocês acertaram uma bolada dessas na minha neta!

Na mesma hora, Liv me deu uma cutucada.

Dona Amelia foi um pouco na frente e mostrou o quarto onde Olivia ficaria, e disse a ela que ficasse à vontade e, que se quisesse poderia ficar pela semana inteira ali com ela e o Sr. Pierce.

— Muito obrigada, Dona Amelia, e me desculpe todo o trabalho.

— Não é trabalho nenhum, minha pequena. – Ela garantiu e logo em seguida apontou para o meu quarto. – E você, Kat, vá olhar esses braços.

Dez minutos depois, Liv batia na porta.

Täti, tá tudo bem por aqui? – Perguntou colocando a cabeça para dentro.

— Sim, só passando um hidratante nos braços, por quê?

— Uhm... é coisa boba. - Disse entrando e fechando a porta.

— Você está assustada pelo Sr. Pierce ter te chamado de neta, não está?

— Muito. – Ela arregalou os olhos.

— Eles são assim, Liv. Eu fui apresentada a eles quando tinha só trinta e seis horas que eu conhecia o Alex. E logo já foram me chamando de filha. Você se acostuma com isso e com os abraços.

— Dona Amelia e o Sr. Pierce tem os melhores abraços. Parece que vamos ser engolidas no carinho. – Liv disse com um sorriso.

— Sim, realmente parece. – Concordei.

— Ainda vai demorar muito aqui? – Me perguntou, mordendo a ponta do dedão.

— Não. Já terminei! E é melhor irmos antes que Dona Amelia venha nos buscar. - Brinquei com ela e a arrastei porta afora.

Passamos pela sala onde tanto Will quanto Alex continuavam sentados, e cada um comia o que me pareceu um sanduíche, enquanto viam os resultados do Futebol Universitário.

— Liv, Kat! – Dona Amelia nos chamou. – Vamos!

— E eu posso saber onde as três estão indo? – Alex perguntou todo cheio de ciúmes.

— Andar a cavalo. Você quer ir, Pepper? – Liv chamou.

— Claro! Encontro com vocês no estábulo! – Ela deu um pulo do sofá e foi correndo para o quarto.

— Que isso! As quatro vão nos abandonar aqui na sala? – Will reclamou.

Eu fingi que não ouvi, Liv se escondeu atrás de mim, foi Dona Amelia que respondeu.

— Bem... isso deve significar algo. – E olhou para a televisão.

Alex deu uma risada, Will fez uma careta, meu sogro só olhou para a esposa e soltou:

— Depois de tantos anos, Amelia, achei que você já estava entendendo alguma coisa.

— Eu nem sei quem é quem em campo, Jonathan!

— Aposto que se fosse Fórmula 1 tinha gente que ficava por aqui... – Alex jogou a dica.

— Aí era você quem sairia. – Respondi de uma vez.

— É claro, eu não entendo nada daquilo, e ficar assistindo a corrida com uma maluca torcendo do meu lado não ajuda em nada.

Eu só tirei o celular do bolso e mostrei a ele.

— Como é a história da torcedora maluca, Alexander?

E foi quando ele se lembrou que eu tinha as provas de que ele era tão, ou mais, torcedor fanático do que eu.

— Deixa quieto. – Ele murmurou e voltou a sua atenção para a TV.

Will olhou para o irmão e para mim e depois, com uma cara de surpresa, perguntou:

— Mas o que você tem aí que dobrou ele tão rápido?

— Fica em sigilo até o dia em que eu precisar usar de verdade.

— Mano... você tá muito encrencado com essa noiva que você arranjou. – Ele deu um tapa na cabeça do irmão.

— Vamos ver até quando ela vai usar isso contra mim. Semana que vem...

— Só te digo para ter cuidado, Alex. Eu não vou estar sozinha na semana que vem.

Eu não precisava falar a palavra “sogro”, Alex entendeu o recado.

— Vocês não iam cavalgar? Andem antes que fique tarde! – Foi o que meu noivo falou.

E antes que alguém pudesse falar algo, Pepper voltou correndo, e parou no meio da sala, só para dizer.

— Ah, eu não acredito que perdi uma guerrinha de palavras... eu sempre tenho o pior timing da história. Diz aí, Mascote, o que eu perdi? E conte com detalhes. – Ela foi saindo e carregando Liv com ela, minha sobrinha não se fez de rogada e saiu fofocando.

— E depois eu sou o fofoqueiro. – Alex jogou uma almofada em mim.

— Eu deveria tê-la deixado longe da Pietra. – Murmurei, coloquei a almofada em cima do sofá mais próximo e segui a minha sogra, que ia rindo de toda a situação.

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— Então agora vamos ver se essa mocinha realmente sabe montar, ou se tudo o que ela me falou mais cedo era só invenção. – Dona Amelia passou por Liv e a guiou para dentro do estábulo.

Pepper pegou a sela e rumou para a baia de Cookie, o cavalo castanho claro com manchinhas marrons.

Como eu só traria os meus cavalos em dezembro, fui para perto da baia de Furia, enquanto minha sogra ia mostrando os outros cavalos para Liv. Ela até ficou tentada em montar Duke, mas desistiu, o cavalo estava um tanto mal-humorado. Então deu mais dois passos e logo parou.

 - Ela! – Disse feliz, já acariciando o focinho da égua.

— Então, Canela, essa é a Olivia. – Minha sogra apresentou as duas. – Sabe selar? – Perguntou para Liv.

— Sim, senhora! Faço isso direto com a Lady Sif! – Olivia respondeu.

— Um dia vocês ainda vão me explicar os nomes dos seus cavalos? – Dona Amelia perguntou espantada com o nome.

— Os meus são fáceis de saber! – Me defendi já levando Furia para fora do estábulo.

— Claro, täti! Prince Hal e Filho do Perigo, super fácil.

Desdenhei do que ela falou, e logo Pepper estava do meu lado.

— Poxa... assim vocês humilharam o nome do meu... todo simplesinho, chamado de Cookie e vocês duas colocam a realeza no meio!

Acariciei o focinho de Cookie.

— Mas ele realmente parece um cookie! Olhe a cor predominante dele e as manchinhas! Um Cookie de Chocolate! – Brinquei.

— Não tem sangue azul, mas é o meu amor, não é Cookie? - Minha cunhada deu um beijo no focinho do cavalo que relinchou alto com o carinho.

Logo em seguida saíram Liv e Dona Amelia, e a primeira coisa que minha sogra fez, foi pedir a explicação sobre o nome da égua.

Lady Sif é uma Akhal-Teke[1]. E tem a pelagem dourada. Nada mais justo do que chamá-la assim, em homenagem à Deusa da Mitologia Nórdica.

— Uma me vem com Shakespeare, a outra com mitologia... agora eu estou ainda mais envergonhada do nome do meu! – Pepper fingiu vergonha.

— Mas eu tenho outro cavalo. – Liv falou, a essa altura já estávamos montadas e começando a dar uma volta pela propriedade e eu tinha que segurar Furia para não sair em um galope.

—  E qual é o nome chique dele? – Quis saber Pepper. – Espere que eu vou tampar as orelhas do Cookie.

Chocolate.

Pepper parou Cookie de uma única vez e fez com que ele empinasse.

— Sério? Chocolate? Simples assim?

— Sim. Ele tem a pelagem da cor de chocolate ao leite e é um docinho de cavalo! – Liv explicou.

— Então, Kat, é só você que tem complexo de gente chique e batizou seus cavalos com nomes pomposos.

— Não são pomposos. São nomes que combinam com os cavalos. Só isso. – Tentei me defender.

— São pomposos e ponto final. – Pepper bateu o pé no estribo. – Prince Hal... olha isso. Só quero ver a frescura que é esse cavalo.

Liv começou a rir.

— Fresco o Prince Hal não é não, mas creio que jamais fará amizade com o Furia.

— Eu aposto que vão se dar bem. Se o Loki que é o Loki se acostumou com a presença do Stark, por que Perigo e Hal não se acostumariam?

— Pensando por esse lado... Lokinho tá até bem tranquilo perto do Stark... e olha que sempre foi possessivo. - Liv ponderou.

— Quer fazer outra aposta valendo um jantar, Kat? Porque a primeira você perdeu... – Pepper me desafiou.

— Não. Não vou apostar nada. Já chega de apostas na minha vida. – Comentei e Dona Amelia tomou a frente e foi explicando para Liv o que era o que. Tudo estava indo às mil maravilhas, até que minha sobrinha viu a área de salto.

Herran jestas[2]! Eu deveria ter trazido o meu equipamento!! – Liv disse e só não saiu em um galope rápido até a área porque era educada, mas era tudo o que ela queria fazer.

— Então você prefere o salto? – Dona Amelia perguntou.

— Sim. Eu adoro saltar. E, também, as seis balizas. Bivô e bivó praticamente me tiram à força da área quando eu vou ao haras... se deixar, até durmo perto dos cavalos... quando não estou com o meus, pego Prince Hal emprestado.

— Sabia que alguém estava tentando roubar meu cavalo...

— Por que não o outro? – Pepper perguntou.

Perigo? Aquele lá morde até a própria sombra, porque está perto demais. A única pessoa que ele permite a montaria é a tia, e bivô é a segunda pessoa em quem ele confia e mais ninguém. Ele é arisco e bravo que dói.

Minha sogra me encarou e eu dei de ombros.

— Avisei para a senhora que Furia era dócil perto de Perigo...

Como Liv tinha ficado empolgada com a área de treinamento, acabamos indo para lá. Lógico que ela desmontou e teve que pular a cerca para ver tudo de perto.

— Amanhã eu te levo até os cavalos que saltam.

— Não se preocupa, Dona Amelia. Como eu disse, não quero incomodar!

Mas eu quero ver o que você sabe fazer!— Disse a minha sogra, desafiando a garota.

Liv deu uma olhada na pista e nos obstáculos, depois concordou.

— Já que a senhora insiste.

E eu já sabia que teria que jogá-la no meu ombro para tirá-la dessa pista.

O dia já estava terminando e, sinceramente, nunca esperava que o pôr-do-sol pudesse ser tão bonito quanto aqui. Estávamos no meio de uma colina quando todo o horizonte ficou pintado de laranja e as nuvens mais próximas estavam variando do rosa escuro ao lilás.

— Ô täti, trouxe a câmera?

— Não, Olivia!

— Mas a senhora nunca tá com ela, hein... credo. Olha o que tá perdendo!

— Ao invés de reclamar, aproveita a paisagem! - Dei uma cotovelada em minha sobrinha, para ver se ela fechava a matraca.

Ela fechou a expressão e voltou a contemplar o céu.

Descemos de volta à casa devagar, conversando sobre nada de importante, já em frente à casa, desmontamos e cada uma foi tratar do cavalo. Como meu pai vivia me dizendo, esses animais eram mais bem tratados do que nós.

E fazendo planos com Olivia para o próximo dia, entramos na casa, para notarmos que os três homens estavam em um humor péssimo, tão ruim que nenhum dos cachorros estava por perto.

— Quem perdeu hoje? Seahawks ou os Bruins? – Pepper foi a corajosa quem perguntou ao abraçar Will pelo pescoço, eu só guiei Liv para o quarto para que ela pudesse tomar um banho.

— Os dois. – Will respondeu sem vontade nenhuma. E o silêncio voltou a imperar na sala.

Já do meu lado, Olivia só me perguntou:

— Quem são os Seahawks e quem são os Bruins?

— O primeiro é o time de coração da família inteira no futebol americano. Já o segundo eu não faço ideia!

— Vou olhar no Google! – Liv me disse.

— É, vai, depois do banho, de ligar para o seu pai e do jantar, afinal, temos que ajudar a dona Amelia.

— Tá bem... – Murmurou e entrou no quarto com a cara enfiada na tela do celular. – Bruins é o time de futebol universitário da UCLA. – Ela gritou. – Não falei que Google é o Salvador!

— E agora a família inteira ouviu que nenhuma de nós duas tinha a menor ideia do que eles estavam falando minutos atrás. – Murmurei fechando a porta.

Entrei para o banho e passei o tempo inteiro tentando treinar a minha cara de paisagem, porque eu sabia que cedo ou tarde, alguém traria a fala de Liv à tona. E nem demorou tanto pois, assim que abri a porta do banheiro, Alex, que estava sentado na cama, soltou:

— Então quer dizer que vocês não faziam a menor ideia de quem são os Bruins? – Disse rindo.

— Me formei na Inglaterra, Oxford, Cambridge e London School Of Economics. E os times dessas três universidades não têm apelidos... e nem tem um time de futebol americano. Portanto, não comece a rir.

— Só achei espontâneo o gesto da Liv de querer procurar sobre o que estávamos falando... – Ele tentou esconder o sorriso.

— Cresci vendo esportes de inverno e automobilismo e o mesmo, vale para Liv. Nem meu avô inglês conseguiu me fazer assistir ou entender o futebol, aquele que se joga propriamente com os pés... – Terminei.

Alex deu uma risada.

— Eu vou resumir para você. Tem o Campeonato Universitário e o Profissional; o time da casa inteira no primeiro é o Bruins. No segundo, Seahawks, simples não?

— Tão simples que eu ainda estou perdida. – Falei.

— Eu tô vendo que vou ter que acabar te... – Meu noivo começou e parou do nada, se levantando da cama e correndo porta afora.

— Doido. Maluco de pedra. – Falei sozinha, e Loki, que eu não tinha visto que estava no quarto, só deu uma latida, como se concordasse comigo.

Fui para a cozinha com o intuito de começar o jantar, Dona Amelia e Liv chegaram e logo Liv teve uma ideia.

— Uhm... Dona Amelia, eu vi que tem um forno de pizza ali fora. Será que podemos fazer pizzas?

Minha sogra levantou os olhos do caderninho de receita e encarou a garota.

— Você sabe fazer pizza?

— Sei, sim senhora.

— E você, Kat?

— Também. – Confirmei, mas eu queria saber onde Liv tinha aprendido a fazer pizza.

— Então, fiquem à vontade, eu vou ficar aqui sentadinha, para o caso de precisarem de mim.

Comecei pelas massas, sovei tudo e Liv ficou por conta de abri-las, com essa parte pronta, passamos para os sabores. E assim que o cheiro de molho ficou forte, Alex apareceu na bancada.

— Isso é cheiro do que eu acho que é?

— Se o senhor está falando de pizza, setä, sim. Estamos fazendo pizzas.

Alex voltou para a sala, espalhou a notícia das pizzas e logo todos estavam sentados ao redor da mesa, conversando, rindo, e foi aí Alex que começou com o seguinte papo:

— Vai ficar na cidade até quando, mano?

Will, que estava mais preocupado em comer do que ficar de papo furado, encarou o irmão mais velho e depois, muito à contragosto respondeu:

— Para o seu azar, vou ficar mais uma semana. Por quê?

— Bem, terça-feira temos um compromisso.

— E desde quando eu tenho um compromisso com você, Alex? A sua noiva tá ali, fazendo pizza.

— Ela vai também.

E aqui foi a minha vez de parar e olhar para Alex. Liv olhava para todos, tentando entender o que estava acontecendo.

— E o que vocês vão fazer? – Minha, sempre curiosa, sogra perguntou.

— As duas finlandesas vão aprender o que é futebol e o resto da família vai torcer para o Bruins, como há muito não fazemos.

— Tem uns três anos que você não vai ver um jogo no campo com a gente, Alex... – Pepper falou.

— Pois é, chegou a hora de mostrar para essas duas o que é esporte de verdade.

Olivia deu uma encarada em Alex e eu fiz o mesmo. Ele realmente estava desdenhando dos esportes que nós duas gostamos?

— Então, terça-feira, às 20:00 horas, todo mundo no Rose Bowl Stadium. Sem atrasos.

E foi o que bastou para meu sogro se empolgar com a ida ao estádio e começar a falar sobre a história dos Bruins, e, fiquei surpresa em saber que ele havia jogado pelo time, o que, é claro, explicava muita coisa sobre a paixão da família (dele e dos filhos).

Com essa ideia de Alex, tive um tempinho para questionar à Olivia uma coisinha:

— E desde quando a senhorita sabe fazer pizza? – Perguntei quando, enfim, nos sentamos para comer.

 

[1] https://www.comprerural.com/akhal-teke-cavalo-dourado-do-deserto-encanta-pela-beleza/

[2] Meu Deus!


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Notas finais do capítulo

E é isso! A primeira parte da chegada de Olivia à Fazenda dos Pierces!
E como se não bastasse eu enfiar Fórmula 1, Hoquei no Gelo, Surf, Vôlei e equitação na cabeça, agora se preparem para o Futebol Americano. E se você é igual a mim, que não entende nada, não se preocupe! Tudo estará explicadinho!
Muito obrigada a você que leu até aqui e que está acompanhando a história! Significa muito para mim!
Espero que tenham gostado do capítulo.
Até domingo com o próximo!
xoxo



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