Presos Por Um Olhar escrita por Carol McGarrett


Capítulo 42
Teste


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo para vocês, aproveitando que tive tempo de escrever mais alguns.
Uma boa leitura!



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Eu podia jurar que eu carreguei durante todo o dia o perfume das flores que Alex havia me dado. Eu podia sentir o perfume de cada uma delas, além do perfume de Alex, em mim, não importava onde eu entrava. Fosse na minha sala, ou em cada um dos andares onde tive uma rápida reunião com os setores, o perfume me seguia.

E ficou ainda mais evidente na parte da tarde. Eu estava trabalhando nos últimos detalhes de três rotas para nossos novos clientes, quando Milena bateu na minha porta.

— Katerina... tem uma encomenda para você aqui fora.

— Você não pode receber por mim? – Perguntei sem desviar os olhos da tela do computador, pois estava no meio do cálculo da distância x gasto.

— Infelizmente não. Só você.

— Tudo bem! - Me dei por vencida. – Peça para entrar.

Milena só abriu ainda mais a porta e logo eu senti o mesmo perfume que estava na sala da minha casa. Olhei para o buquê que o entregador carregava com tanto cuidado, pois vinha em um lindo jarro de cristal, e abri um sorriso.

— Onde posso colocar, senhora? – Ele me perguntou.

E eu tive que segurar a risada, afinal, ali, parado, no meio da minha sala, vestido como entregador de floricultura, estava ninguém mais, ninguém menos, que Alexander.

— Ahn... Pode deixar na mesa. – Respondi e, depois de conferir se Milena havia voltado para sua mesa, perguntei:

— Mas o que é isso!?

Alex abriu os braços para mostrar o seu “uniforme”.

— Gostou? – Questionou baixinho.

— Você é maluco! – Tive que rir. – E eu não gostei, eu amei a surpresa! – Respondi e me dei o direito de roubar um beijo dele.

— Creio que isso é melhor do que gorjeta. – Ele riu depois que nos separamos. – Infelizmente tenho que ir, mas que tal se você parar o que está fazendo, por meia hora, e vir tomar café comigo do outro lado da rua?

Eu não podia fazer suspense para responder, não quando a minha secretária estava lá fora contando o tempo do entregador.

— Estarei lá em quinze minutos. – Garanti e o acompanhei até a porta, entregando uma gorjeta de dez dólares assim que ele cruzou a porta. Sem Milena ver, Alex se virou para mim, me deu um sorriso e uma piscadinha. Só me restou me manter séria para que ninguém desconfiasse de nada.

— Ah, senhora. – Ele falou da porta do elevador. – Me mandaram avisar que tem um cartão.

Ele se foi e Milena me olhava com os olhos arregalados, e eu pude ler exatamente o que ela queria saber: “Quem tinha me mandado aquele enorme buquê?”

Voltei para a minha sala e realmente tinha um cartão ali. Não tinha lá muita coisa escrita, só:

“Para que você se lembre da noite passada.

Amo você.

A.”

Peguei o cartão e coloquei dentro da minha bolsa, queria evitar que alguém acidentalmente o visse, já bastava o buquê e o entregador.

Não demorou e Milena entrou na minha sala, carregando os relatórios diários e, claro, parou bem perto das flores e as observou.

— Bonito. E de muito bom gosto.

— Não é? – Respondi.

E ela se mordia de curiosidade para saber quem tinha mandado. E eu não vi motivos para esconder, mais cedo ou mais tarde, a verdade viria à tona mesmo.

— Foi meu namorado. – Falei.

Se fosse possível, os olhos dela teriam saltado as órbitas de tão surpresa que ficou.

— E sim, eu tenho vida social, apesar de não parecer. – Respondi aos seus pensamentos.

— Nossa! Ele deve realmente gostar muito de você. Porque... uau. Olha esse buquê!

— A recíproca é verdadeira. – Garanti. – E, por favor...

— Eu não vou comentar nada. – Ela respondeu rapidamente.

— Não era isso que eu iria te pedir, Milena. Vou sair para tomar um chá. Se algo de muito urgente acontecer, por favor, me ligue, não estarei longe.

— Sim, Katerina.

Saí junto com Milena, ela ficando em sua mesa e eu indo para o elevador.

Quando saí do prédio, até os porteiros estranharam, isso era novidade até para mim.

Atravessei a rua e me perguntei em qual dos dois Cafés Alex poderia estar. Tentei a sorte e busquei pelo entregador de flores no primeiro. Ele não estava lá. Assim, parti para o segundo, que era um pouco menos badalado. E lá estava ele, já de roupa trocada, sentado no fundo do lugar, com uma xícara de espresso na sua frente. Quando parei ao seu lado, ele conferiu o relógio.

— Quinze minutos em ponto. Isso é o seu sangue britânico falando? – Brincou.

— Gosto de manter a minha palavra. E só para começar, obrigada pelo buquê. É lindo e combinou com a minha sala.

— Espero que te traga boas lembranças.

— Não precisava das flores para me lembrar da noite passada. Ela não saiu da minha cabeça nem por um segundo durante esse dia. – Garanti e ia fazer o meu pedido, quando a barista veio e colocou uma xícara de chá na minha frente.

— Canela e maçã, seu favorito, não é? – Ele me perguntou com um sorriso.

— Sim.

Nossos trinta minutos roubados no meio da tarde passaram rápido e para evitar que qualquer fofoca vazasse, saímos separados. Eu primeiro, depois Alex. Que prometeu voltar para me buscar às 18:30, já que ele tinha me dado carona para o trabalho.

Assim que pisei no último andar, Milena me encarou e com uma careta apenas disse:

— Odeio ser a fofoqueira, mas já estão comentando quem mandou as flores.

— Chegaram a te perguntar?

— Não. Contudo as conversas estão altas e quando eu fui entregar estes relatórios acabei ouvindo. O mais estranho é que, qualquer fofoca sempre começava com as faxineiras, mas elas não estão falando nem um pio.

— Talvez as fofocas não começassem com elas, Milena. Pense nisso. Elas são excelentes bode expiatórios, já que andam em todos os andares, durante todo o expediente. – Dei a dica e entrei para terminar o meu trabalho. Ou tentar. Porque eu mal havia me sentado quando a tela do computador espelhou a do celular.

Chamada em grupo no “Bando de Loucas”

— Olha se não são as amigas da onça que se cansaram de falar de mim no privado e resolveram dar as caras! – Comentei sem olhar para a tela.

— Mas como você sabe que criamos um...

— MELISSA!!! FECHA ESSA MATRACA! – Pietra gritou.

— Eu sempre sei, Mel. E aí, já planejaram o fim do meu namorado?

— Isso vai depender de como ele vai reagir a nós. – Mel começou.

— Se ele não sair correndo, eu até posso pensar em pegar leve com ele. – Pietra completou.

— Bem, já avisando que ele já conhece as duas, de vista. Viu o GP de Cingapura. E te achou muito louca por usar óculos escuros à noite, Pietra.

E a Italiana Louca fechou a cara.

— Olha aqui, avisa para o Tatuado que ele TEM que gostar de mim, pois eu sou a voz da sua consciência...

— Você é o que??? – Vic perguntou rindo.

— Ela disse consciência. Só não sei de quem... porque nem ela tem isso. – Completei às gargalhadas.

Porca miseria! Ma che?? Façam isso mesmo. Vou falar para a Nonna.

La nonna non c’entra niente.[1]— Nonna Agnelli respondeu ao fundo. E claro, nós começamos a rir, e muito.

— Que seja. Vamos focar em outro assunto. E como está a vida de quase casada? Porque se já está morando com o Surfista...  E eu já tô quase fazendo um requerimento para sobrinhos. – Pietra trocou de assunto.

Eu só virei a câmera e mostrei o buquê.

— Ele te deu isso?

— Sim, veio aqui disfarçado de entregador de floricultura só para me dar.

— Onde eu acho um desses? Onde?? – Mel começou a perguntar. – Também mereço um boy desses. Vou pesquisar no Google!

— Vamos para a Califórnia correr na praia, vai que a gente tropeça em um. – Pietra soltou. – E só para constar. Está de anel novo. Nunca vi esse aí... ou teria pegado emprestado. – Ela observou a minha mão.

— É... é novo.

— Água Marinha e diamantes... Quando com.... – Vic começou, mas se engasgou. – Isso não é o tipo de anel que se compra!!!

Escutei o barulho de duas cadeiras virando e uma vasilha caindo. Quando olhei na tela, nem Pietra ou Melissa estavam em frente às câmeras e Nonna Agnelli estava olhando espantada para o computador.

— O MEU DEUS DO CÉU!!! MAS JÁ??? DESDE QUANDO??? Agora que o Parquinho acaba de pegar fogo em Londres. – Vic gritava.

— Nada oficial. – Confirmei sem confirmar. – Ele me perguntou, eu disse sim. Não temos data, não temos pressa. Foi só... uma afirmação, eu acho. É que passamos por muito na semana passada. E mais virá nas próximas. – Expliquei.

Melissa voltou a se sentar na frente da câmera.

— Mas a gente não deu nem a aprovação ainda! Como você já partiu para o próximo passo??

— SOBRINHOS!!! EU QUERO UNS TRÊS CAPIROTINHOS PARA QUE EU ESTRAGUE!! E doutrine para serem futuros torcedores da Ferrari.

— Você quer dizer SOFREDORES, né? – Vic perguntou.  – Agora, voltando a um ponto importante: O que está por vir?

— Ele é o garoto propaganda da nova Cayenne. O evento de lançamento é em oito dias. E quer que eu vá com ele. E, bem depois das fotos que saíram, ele já meio que vem me preparando para o que pode acontecer. Dona Amelia também. Não que o anel seja uma forma de me comprar, só que... eu nem sei explicar como foi o pedido em si. Foi tão... espontâneo, inesperado. Creio que nem ele estava imaginando que fosse do jeito que foi.

— Esse vai ser o primeiríssimo evento em que vocês vão como casal. – Mel falou.

— Ele só quis garantir que você não fugisse depois dos paparazzi?

— Não, Pietra. Ele só me fez o pedido. E eu disse sim. Como eu disse, nada oficial. É só para nós. E eu não estou usando no dedo e mão certos.

— Fofo, mas apressado. – Pietra concluiu.

Prima che tu salga all'altare, Bionda, voglio incontrare quello tatuato.[2]— Nonna falou ao fundo.

—  Ti prometto che lo farai, Nonna. In dicembre[3].

— Então ele vem à Europa em dezembro. Bom saber. – Mel disse com um sorriso ardiloso.

— Nem comecem! – Alertei. – Eu só vou ter um final de semana com ele aí. Vamos passar a semana na Inglaterra e eu o levo para a aprovação da Nonna no sábado, para voltarmos no domingo. Tudo muito corrido. Mas é pela Nonna.

Grazie, Bionda![4]— Escutei Nonna dizendo.

— Tudo bem... vamos ficar só com o GP de Austin. – Pietra se deu por vencida. Mas não pense que eu não vou aparecer no Ristoranti, porque eu vou. Quero ver a Nonna ameaçando o Tatuado de Venice Beach com um rolo de macarrão. – Ela começou a rir.

— Falando em Tatuagens... quantas são? Já chegou nessa parte, ou vão esperar a Lua de Mel? – Melissa questionou.

Eu não respondi nada, mas foi impossível não sorrir.

— MEU DEUS! TODAS FIQUEM CALMAS! PORQUE ACONTECEU!! – Vic gritou.

— Quantas são e onde estão? – Mel começou desesperada.

— Informação confidencial. Não vou dividir com ninguém!

— Ah meu Deus!! Não faz isso comigo! – Pietra gemeu frustrada.

— Já fiz. Isso eu não divido.

— Mas pelo menos... algum detalhe. – Melissa pediu.

Comecei a rir.

 - Não. Não sobre isso. Fica só entre ele e eu.

— Definitivamente Katerina Elizabeth Nieminen está apaixonada. Não quer dividir nenhum detalhe do amado com estas pobres mortais... – Vic riu.

— Quantas?!! Só isso!! – Melissa pediu.

Mentalmente fiz a conta.

— Dezenove. E eu não falo mais nada. Tenho que trabalhar. – Encerrei a chamada, mas ainda pude ouvir o grito de Pietra clamando por detalhes.

O restante da tarde passou voando e, como que por milagre, quando Alex me ligou dizendo que estava me esperando na garagem, eu não deixei um mísero relatório para o dia seguinte.

— Devo ou não perguntar como foi o seu dia? – Alex começou assim que entrei no carro.

— Depende… será que você vai gostar de saber que recebi um belo buquê de flores hoje à tarde?

E ele fez aquela careta, como se não tivesse gostado da notícia.

— Não. Eu não vou gostar de saber. – Me respondeu.

— Então esquece essa parte!

— Quem assinava o cartão? – Me perguntou sério, enquanto manobrava o carro para sairmos.

— Um tal de Alexander. Será que você conhece?

— Não, mas se eu descubro quem é, te garanto que ele aprende rapidinho que não se mexe com a minha noiva.

Comecei a rir.

— Agora falando sério, como foi o seu dia?

— Produtivo ao máximo. Finalmente posso dizer que entramos nos eixos e todo mundo está sincronizado. Daqui para frente as coisas serão mais fáceis.

— Isso é bom. Quem sabe assim, você arranja tempo para comer no meio do dia. Porque eu sei que não tem feito isso!

Fingi que não escutei o puxão de orelha e mudei o assunto:

— E você? Decidiu se vai às compras comigo amanhã?

— Vou confiar no seu bom gosto. – Foi a resposta que recebi.

— Sério! Não tem nada que eu possa fazer para mudar a sua cabeça?

Ele fingiu pensar…

— Ter até tem. Mas seria injusto com você, eu não vou de jeito nenhum.

— Mas que noivo complicado esse que eu fui arranjar! – Reclamei. – Depois não reclama da roupa.

Alex riu.

— Você não compraria qualquer coisa! – Disse convicto.

— Se aparecer uma fantasia de palhaço na sua frente, você vai ter que usá-la!

E ele me olhou atravessado.

— Você não se atreveria!

— Você não conhece o meu lado vingativo! – Retruquei.

E com isso eu coloquei a dúvida na sua cabeça.

—————————-

A quarta-feira passou tão rápida que eu me assustei ao olhar no relógio depois que terminei a videoconferência com um dos meus clientes mais antigos.

— Bem, hora de ir às compras. Pelo visto sozinha, já que nem carona quiseram me dar hoje. – Murmurei ao fechar a minha bolsa.

Milena já tinha ido, assim foi fácil garantir que não teria nada esperando para pular em cima de mim quando chegasse no dia seguinte.

Como uma pessoa precavida, eu já tinha pesquisado mais ou menos o que eu compraria, tanto para mim quanto para o meu noivo avesso a uma simples ida ao shopping. Então, coloquei o endereço no GPS e torcendo para não errar nenhuma entrada, acelerei o máximo que pude e que as ruas congestionadas me permitiram.

Achei um estacionamento e logo estava entrando na famosa Rodeo Drive.

— Aí que saudade da Bond Street. – Falei baixinho e comecei a olhar as vitrines. Porque, apesar de saber exatamente o que eu queria, olhar vitrines não faz mal nenhum.

Uma, duas, três lojas e algumas compras nada necessárias depois, entrei na loja onde compraria o terno de Alex.

Achei que seria mais demorado, porém o conjunto parecia que tinha o nome dele escrito, de tão perfeito que era.

Minha próxima parada era para comprar o meu vestido. Confesso que não tinha a intenção de sair da loja com mais de uma sacola… mais uma vez menti para mim mesma! E para evitar a tentação maior, decidi encerrar o melhor happy hour do mundo. Eu só não contava que uma mãe e sua filha fossem me fazer ficar parada em frente a uma joalheria e que logo na vitrine teria o presente ideal para Alex.

Não pensei nem duas vezes e entrei, já decidida em comprar a pulseira que eu sabia que ele usaria.

E, com mais essa compra, a primeira parte estava concluída. Me restava só mais uma coisa…

————————

Eu nem tinha desligado o carro e Alex apareceu do meu lado.

— Estou pronto para conhecer o seu lado vingativo. – Disse brincalhão. – Mas antes, olha quem voltou para casa! – Deu um passo para o lado e eu pude ver, além de Loki e Stark, Thor.

— Não me diga que esse estabanado destruiu algo na casa de seus pais!

— Não. O Velho veio medir a parede de novo e caiu na besteira de trazer o Branquelo aí. Ele só não quis voltar. Mal chegou e correu para o nosso quarto, se deitando em cima do seu travesseiro. Acho que sentiu saudades da mãe!

— Sentiu saudades de mim, é Thorzinho??

Meu cachorro faltou pouco me jogar no chão.

— Vou considerar isso um sim.

Depois de brincar com os meus cachorros e quase matar Alex de nervoso por conta da minha demora. Resolvi por me levantar e entregar as compras pra ele.

— Finalmente! Achei que eu só ia ver o que você comprou no dia do evento.

— Larga de ser exagerado! E esse aqui é o seu! – Entreguei o pacote.

Alex, como um bom cavalheiro, não abriu logo de cara, ao invés, me ajudou a carregar as demais sacolas e me guiou para dentro de casa.

— Como barganha por você ter gastado os seus saltos atrás da minha roupa, eu fiz o jantar. – Me disse.

— Sei… barganha. Isso está mais para consciência pesada do que barganha.

Ele me olhou todo ofendido.

— Admita, isso é verdade!

Alex resolveu por ficar calado e abriu a capa do terno.

E eu precisei morder a língua para não gargalhar da cara dele.

Mas o que é isso?!

— Bem… você me deu carta branca para escolher a sua roupa, achei bem apropriado que você se vestisse de Capitão América! – Disse normalmente.

Ele ainda me encarava e olhava para a fantasia.

— Katerina….

— Não vai experimentar? – Provoquei.

— Katerina…

E eu comecei a rir, ri tanto que chorei e quase que caio sentada.

— Não tem graça! – Falou mal-humorado.

— Ah!! Tem sim! Muita! A sua cara foi hilária!!

— Você realmente comprou essa fantasia??!

— Não!!! É alugada! Mas eu precisava ver a sua cara quando abrisse a capa! Eu simplesmente precisava! – Dizia entre risos.

Alex ficou calado, esperando que a minha crise passasse.

— Admita, você vai rir disso um dia! – Afirmei ao passar por ele.

— E vai aonde?

— Pegar o seu terno! O oficial! Prometo que não tem mais pegadinhas!

Corri na garagem e peguei o embrulho certo.

Voltei com a maior carinha de santa que pude fazer e estendi o cabide na direção dele.

Ele olhou desconfiado para mim.

— Pode confiar! – Garanti.

Com uma sobrancelha levantada ele pegou o embrulho e nem quando testou o peso deixou a desconfiança passar.

Já eu, sabendo que ali estava o terno certo, só me sentei no braço do sofá e esperei por sua reação, não à roupa, mas ao que estava no bolso do paletó.

Alex abriu o zíper e encarou o terno e a camisa.

— Achei que você era fã do colete.

— E sou. Mas acho que você vai ficar ainda mais bonito em um look all black. – Comentei. – Não vai experimentar?

— Preciso?

— É sempre bom, né?

E ele tirou o paletó do cabide e, assim que o fez, notou que algo pesava dentro do bolso.

— Outra pegadinha?

— Não posso gastar todas as minhas cotas de uma vez…

E lá foi o desconfiado colocando a mão no bolso para descobrir o que estava lá.

Quando ele pegou a caixa, estranhou. Bem, que homem não estranharia uma caixa de joia?

A desconfiança virou curiosidade quando ele mediu o tamanho da caixa.

— Kat, o que é isso?

— Abra e descubra! Mas já vou avisando, não é um anel de noivado! Sinto muito, já sou comprometida!

Alex deu uma risada e abriu a caixa de uma vez. Me olhando entre o surpreso e o espantado.

— E? – Perguntei.

Na mesma hora ele tirou a pulseira da caixa e a colocou no pulso.

— Daqui não sai mais! – Disse com um sorriso. – Mas posso saber o motivo?

— Gosto de dar presentes. – Dei de ombros. – E achei que combinava com você. – Terminei.

Ele me puxou para que eu ficasse de pé e me beijou.

— Obrigado. Agora eu vou ver o seu vestido?

— Não. Isso fica só para terça que vem. E nem comece com a carranca ou tentativa de barganha, dessa vez só no dia mesmo. – Avisei e subi com o restante das sacolas para o quarto.

— E tudo isso é o que você vai usar?

— Não. Comprei umas coisinhas para a Olivia. Porque eu sei que ela vai esquecer de trazer, principalmente pijamas... Aquela lá ama dormir, mas sempre esquece de pôr o bendito na mala.

— E tem mais o que, aí? – Ele correu para me alcançar.

— Enxoval para a sobrinha desmemoriada. – Resumi as compras. – E só para combinar, onde ela vai poder ficar?

— Escolhe o quarto que ela vai mais gostar. Você conhece a sua sobrinha melhor do que eu. – Apontou para as portas.

— Algum já tem dono?

— Nenhum.

— Tudo bem, vou arrumar isso. E, se apresse, pois o jantar está começando a ficar pronto. – Empurrei o curioso para que descesse a escada e abri a porta do quarto onde Olivia ficaria. Sei que ela vai gostar da vista para o quintal dos fundos. Guardei o que tinha comprado, eu deixaria para lavar as coisas mais para o final de semana, para que quando ela chegasse tudo estivesse limpinho.

Fui para o meu quarto e fiz o mesmo, escondendo o vestido no meio de outros para que Alex não desse uma de curioso. Mesmo morrendo de vontade de tomar um banho e mergulhar na cama, só troquei de roupa e fui ajudar meu noivo com a cozinha, porque se dependesse dele, todas as vasilhas ficariam para serem lavadas só depois de comermos.

— Eu falei que fazia o jantar, roqueira! – Ele reclamou assim que me entrando no cômodo.

— Eu não vou mexer na comida, mas lavar as louças. – Informei.

E enquanto ele tentava não queimar o nosso jantar, eu adiantei as vasilhas. E ele não parou de falar. Nem quando nos sentamos para comer.

— E só para te lembrar. Meu pai quer te encontrar nesse final de semana. Para vocês dois decidirem o que você vai querer e onde vai querer, no seu escritório.

— Tudo bem, vou ligar para ele e marcar o dia que ele pode.

— Você só pode no sábado, Kat. – Alex disse a verdade.

— Eu sei. Mas ele já está me fazendo um favor, tenho que, pelo menos, seguir os horários dele.

Alex riu.

— Diz para ele vir aqui e prometa o pagamento em almoço e em uma sobremesa que só você sabe fazer. Problema resolvido.

— Sua mãe tem que vir também.

— E ela perderia a chance de vir aqui em casa? Ainda mais agora que você está aqui? Nunca.

— Preciso saber que sobremesa fazer para sábado... – Murmurei pensativa.

— Pense até quinta, sexta-feira nós vamos sair.

— Posso saber para onde?

— Vou te levar para conhecer Los Angeles à noite, Kat. Só confie em mim.

— Eu confio em você, não confio é no meu cansaço. – Respondi.

— Ela fala como se tivesse noventa anos e não vinte e nove. – Alex caçoou de mim.

Com a cozinha arrumada, decidi por acabar de ajeitar o que tinha chegado da mudança, como era pouca coisa, fui rápida em organizar tudo.

— Acabou por hoje? – Alex me perguntou quando me viu descendo a escada.

— Quase. Vou usar aquela academia, que está abandonada, para dar uma corrida... Estou parada há quase duas semanas.

— Me espere aqui. – Ele passou correndo por mim e menos de um minuto depois, descia com um par de tênis na mão.

— Você já pode correr? Seu fisioterapeuta liberou?

— Corrida ainda não. Mas posso fazer outras coisas.

— Só tome cuidado. – Pedi.

— Sim, senhora! – Ele me abraçou e saiu me guiando até a academia.

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O restante da semana passou no conta-gotas e na expectativa crescente de Olivia, que todo dia me mandava uma mensagem logo pela manhã – no horário dela, lá na Inglaterra. – fazendo contagem regressiva para a viagem.

Tiaaaaaa. OITO DIAS!!! Em oito dias eu vou estar embarcando!!— Foi a mensagem que recebi antes de apagar a luz do quarto para ir dormir.

— Quem é esse horário? – Alex perguntou curioso.

— Olivia. Para ela já é sexta de manhã. O que significa...

— Oito dias. – Ele completou.

— Exatamente. – Confirmei. – Só espero que ela não faça um estardalhaço por aqui.

— Ela não vai fazer, mas eu não confiaria muito na minha mãe.

— Dona Amelia vai ser tranquila. – Falei e me virei para dormir. – É em Olivia que eu não confio.

Por todo o dia, Olivia mandava mensagens, seja para contar que estava quase chegando, seja para perguntar o que ela colocaria na mala ou se ela não iria atrapalhar ninguém.

Para completar o meu dia – que já não estava dos melhores, pois tive um problema daqueles para resolver em um dos portos do México, marcaram uma reunião extraordinária com o Conselho e todos os escritórios.

Tive que encarar a cara de Matti e de Cavendish por quase duas horas. Lucca com sua cara de sonso também estava na sala, mas parece que o posto de preferido não era mais o dele, afinal, ele tinha se sentado bem longe dos dois poderosos. Pelo menos isso era uma notícia boa.

No final, a reunião era uma espécie de puxão de orelha. Não para mim, ou para esse escritório, mas para algum dos outros, seja lá quem tinha feito burrada, foi uma das grandes, porque o Homem de Gelo literalmente espumou pela boca e fez um discurso sobre comprometimento com o trabalho e com a empresa de quase cinquenta minutos, o que era realmente muito, já ele é econômico nas palavras.

Com a reunião encerrada, veio Milena e um monte de relatórios para serem revisados na urgência. Na mão dela, uns dez.

— Por favor. – Pedi que ela colocasse na pilha das coisas para anteontem.

— São do jurídico. E do RH, assinatura para a contratação dos estagiários e trainees.

— Certo. – Abandonei o projeto que tinha nas mãos para dar prioridade a essa pilha, afinal, estagiários e trainees sempre são de grande ajuda, uma pena que não tinha um que aguentava o meu ritmo de trabalho.

Duas horas e uma torcicolo depois, eu passava os relatórios revisados e assinados para o RH, para, então, mergulhar nos problemas do jurídico.

E uma das pastas chamou a minha atenção. Murphy estava processando a empresa por conta da demissão por justa causa.

— Faz-me rir. – Comentei ao ler os pedidos dele.

Tendo feito o meu controle sobre as queixas e já repassado para o Jurídico central em Londres. Me dei o luxo de encerrar a semana, já passava das 20:00 e eu, para variar, estava sozinha no prédio.

Ficar até tarde pode ser ruim por conta do excesso de serviço, por outro lado, significa que não vai ter trânsito para voltar para casa. E com isso eu encerrava o meu primeiro mês como diretora do escritório de Los Angeles. E como tanta coisa tinha mudado em tão pouco tempo!

E, para encerrar de vez a semana, tirei forças não sei de onde, me arrumei toda para que, enfim, eu pudesse sair com Alex. Uma noite, sem ter que me preocupar com trabalho ou qualquer outra coisa.

— É com essa roupa que você vai? – Ele perguntou assim que me viu descendo a escada.

— Alguma coisa errada?

Ele deu uma boa olhada em mim, demorando um tempo considerável em minhas pernas, já que eu estava com uma saia que eu jamais usaria para ir trabalhar.

— Errada não tem não. Porém, começo a achar que eu não vou te deixar sair de casa assim...

— Eu já falei que você não manda no que visto!

— E não mando! Nem poderia reclamar de como você está vestida! Só acho que não quero dividir essa visão com mais ninguém – Foi o comentário dele quando parei na sua frente.

— Você não me fez me arrumar toda para sair, para acabarmos dentro de casa! – Falei.

Alex deu um passo para trás e só soltou:

— Eu estou tentado em responder que sinto muito, mas sim, vamos ficar.

— Ciumento.

— Pode apostar que sou sim! – Ele disse, e logo estava me puxando pela mão.

Nós pulamos o jantar, para podermos aproveitar a Casa Noturna que ele tinha escolhido a dedo e, pelo que parece, deveria conhecer alguém lá dentro, pois passamos na frente de toda uma fila quilométrica.

— Quem você conhece? – Perguntei assim que entramos e ele nos dirigia para o bar.

— O dono. Estudou comigo no Ensino Médio.

— Ah... claro. – Murmurei. – Coincidência, né?

Alex pegou nossas bebidas e nos sentamos em uma das mesas da área VIP, e, ao invés de aproveitar a pista de dança, ficamos comentando sobre as pessoas que estavam dançando.

— Gosta de dançar, Kat? – Ele me perguntou do nada.

— Sim. Não o que está tocando aqui, mas eu gosto.

— E o que a roqueira gosta de dançar? – Ele me perguntou ao se sentar de lado, passando uma das pernas por trás da minha cadeira e apoiando a mão no encosto.

— Te dou três chances para você acertar, e você não vai passar nem perto. – Apostei.

— Se eu acertar ganho o que?

Cheguei bem perto dele e soltei.

— Quando chegarmos em casa, eu talvez, possa te mostrar uma das minhas compras secretas de quarta...

Alex levantou uma sobrancelha.

— Que seria?

— Aqui não é lugar para discutir sobre isso. – Comentei casualmente.

E meu noivo estreitou os olhos na minha direção depois abriu um sorriso bem sugestivo.

— Acho que eu vou acertar.

— Veja bem... eu disse talvez.

Alex me analisou e começou a pensar. Enquanto um casal dava aquele tipo de show na pista de dança.

— Flamenco.

Tive que rir.

— E eu lá tenho cara de que consigo fazer aquelas caras e bocas para dançar flamenco?!

— Não sei... para quem correu com touros, vai saber! Eu não sei se você tem uma quedinha por tudo o que vem da Espanha.

— O Piqué é bem bonito... sortuda é a Shakira.

— Quem?? – Ele me olhou assustado.

— Gerard Piqué. Zagueiro do Barcelona. Marido da Shakira. Campeão do mundo com a Seleção Espanhola em 2010...

— Mais alguém?

Abri um sorriso.

— Vou deixar quieto, senão você nunca mais vai me deixar assistir à Fórmula 1. Mas, voltando, não, eu não danço flamenco. Mas já tentei.

— E não conseguiu? Isso seria inédito.

— Na verdade, eu consegui. Só que... faltou algo.

— O que?

— Ter a paixão espanhola. Não dá. Creio que só os espanhóis conseguem transmitir a emoção e sensualidade que a dança pede. Próximo chute.

— Samba.

— “Você pagou com traição/A quem sempre lhe deu a mão/Você pagou com traição/A quem sempre lhe deu a mão/Mas chora/Chora/Não vou ligar/Eu não, essa aqui não/Chegou a hora, vais me pagar/Pode chorar, pode chorar!/Mas chora...” – Cantei em português, batendo as mãos na mesa como se fosse um tamborim.

— O que foi isso?

— Um trechinho de Vou Festejar da Beth Carvalho. Um samba que ouvi uma vez quando fui ao Brasil.

— Então eu acertei! – Ele respondeu convencido.

— Não. O fato de eu saber cantar uma música, não significa que eu saiba sambar. E eu não sei. E nunca tentei, para a sua informação.

E Alex fechou a cara.

— Última chance. – Falei antes de bebericar o meu chá gelado.

Alex deu uma golada na cerveja e olhou para a pista de dança. Tocava uma batida estranha que eu nunca tinha ouvido. Mas que ele acompanhava com o pé.

— Lambada.

— O QUE?! – Eu quase que me engasgo.

— Lambada. – Ele disse simplesmente.

— De onde você tirou isso? – Me virei para ele.

Ele deu de ombros.

— Sei lá... você é tão imprevisível que eu busquei pelas danças mais inusitadas.

— Flamenco, Samba e Lambada. - Enumerei com os dedos. - Olha, eu amo a América Latina e a Península Ibérica, talvez tenha nascido ou vivido em algum desses países em outra vida, mas não. Eu não danço lambada. Nem sei como se dança.

— Mas já ouviu.

— Devo ter ouvido, só não me recordo. Mas, imprevisível?

— Vai me dizer que você é como a maioria das mulheres daqui? – Ele apontou para um grupo.

— Você nunca me viu com o meu grupo de amigas, nos chamamos de “Bando de Loucas”, não é à toa!

— KitKat... você ficou bêbada de cair com quatro canecas de cerveja na sua despedida de solteira... e voltou para casa para comer sorvete e assistir à uma comédia romântica! Pergunta se alguma delas faria isso...

Fiquei calada.

— Vou presumir que você está considerando o título de “imprevisível”.

— Eu estou considerando se te dou um chute ou não. – Falei friamente.

— Minha canela está bem perto de você!

— Eu não disse que seria na canela.

E lá estava o sorriso presunçoso.

— Estou de protetor, além do mais, meus anos lutando me deram uma certa resistência...

Tive que rir.

— Meu sapato tem um bico bem fino...

Ele engoliu em seco.

— Agora ficou com medo... – Provoquei.

— Que dança? – Ele trocou de assunto, o que foi uma pena, estava adorando brincar com a cara dele.

— Valsa Vienense, bolero e tango.

Tango?

— Sim. Tango. Amo. E danço muito bem.

— E posso saber onde você aprendeu a dançar tango?

— Com ciúme do argentino que me ensinou?

Ele bufou.

— Aprendi em uma escola de dança. Mas meu avô me ensinou os primeiros passos. Ele e minha avó adoram dança de salão, e parece que eu herdei isso deles. E talvez, só talvez, tenha alguma influência do filme “Perfume de Mulher”.

— Tango... não disse! Você é imprevisível. – Alex afirmou.

— Isso porque você nunca me viu dançando Thriller! – Brinquei.

Elvis não entra na lista? – Ele chutou brincando.

— Pode apostar que sim! E Beatles também!

— Uma alma velha! – Ele comentou e se levantou.

— Vai aonde? – Perguntei diante do seu movimento.

— Tentar rejuvenescer a alma da minha noiva que parece ser mais velha que meus pais.

Eu tive que rir.

— Exagerado. Mas você sabe dançar isso? – Indiquei a música que tocava.

— Eu não, mas deve ser só seguir o que o povo tá fazendo!

Dei uma olhada para a pista de dança, um tanto desconfiada de que aquilo fosse dançar. No entanto, eu tinha uma excelente companhia, não custava tentar e, se tudo desse errado, eu poderia simplesmente abraçar Alex e deixar que ele nos guiasse ao som dessa música eletrônica.

Ele me puxou pela mão até o centro da pista. Sim, ele não se contentou em ficar na beirada, teve que ir bem para o centro. E, já para começar, resolveu que eu tinha que girar.

Quando voltei para perto dele, tive que falar.

— Não é esse tipo de dança!

— E quem liga para isso? – Me respondeu.

Não demorou muito e eu peguei o ritmo da música, e até o refrão que se repetia insistentemente.

Nós nos perdemos nas incontáveis músicas, ficando muito mais do que pensávamos na pista de dança. E não vou negar, eu adorei cada momento.

— Meu Deus!! Tinha anos que eu não dançava tanto assim! – Falei quando nós saímos da Casa Noturna e estávamos esperando o valet trazer o carro.

— E quando foi isso?

— No casamento do Kim e da Vic. A festa atravessou a noite e só foi acabar às nove da manhã. E eu fiquei na pista de dança mais de cinco horas...

— Perdi uma festa dessas?

Duas. Foram duas festas. Uma na Inglaterra e a outra na Finlândia. E uma melhor do que a outra. – Comentei.

— Eles se casaram há muito tempo?

— Tem cinco anos. Aí você pode imaginar que essa foi a primeira festa da Elena, pois ela nasceu uma semana depois.

— Isso explica o Furacão que ela é. – Ele riu. – Com frio? – Me perguntou ao ver que eu me abraçava.

— Um pouco. Deveria ter trazido uma jaqueta, porém não achei que iria esfriar tanto...

— Por que não falou antes? – Questionou e foi me puxando para me abraçar. – Melhor?

E tinha como não estar? Eu estava nos braços dele! Poderia congelar ali que congelaria feliz.

— Com certeza. – Me aconcheguei mais nele, apoiando minha cabeça no seu ombro.

E foi de repente. Sem aviso nenhum. Uma hora erámos nós dois e mais um casal esperando pelo carro. E, com um piscar de olhos, flashs pipocaram atrás de mim. E várias perguntas eram feitas ao mesmo tempo. E eu só consegui distinguir algumas delas:

Ela é a sua nova namorada, Alex?

— Alex, qual é o nome dela?

— Onde vocês se conheceram?

— Tem muito tempo que vocês estão em um relacionamento?

Alex me apertou contra o seu peito, tentando proteger o meu rosto, que já estava virado para o seu pescoço, pois alguns deles realmente invadiram o nosso espaço pessoal para o clique perfeito.

Mesmo no meio desse caos, escutei Alex contando até dez, e respirando fundo. E na hora me lembrei do que Dona Amelia havia me dito e na fofoca que Vic tinha lido.

— Vai ficar tudo bem. – Murmurei perto de seu ouvido e, agarrando forte a sua mão, comecei a fazer círculos com o dedão nas costas na tentativa de acalmá-lo. Ele respondeu ao meu toque, me segurando com mais firmeza na cintura.

— Alex... Alex... Esse anel que ela está usando é de noivado? Quando é o casamento?

E ele tensionou completamente nos meus braços.

— Respira, Surfista. Eles só estão especulando. Respira. – Eu falava contra o seu pescoço.

Alex estava a ponto de perder a paciência quando um dos paparazzi encostou no meu ombro para tentar um close do meu rosto. E eu nunca fiquei tão feliz de escutar o ronco do motor do Aston Martin quanto hoje.

Alex me levou até a porta do carro, jamais deixando que tirassem uma foto de meu rosto, ou que chegassem ainda mais perto de mim. O valet abriu a porta, eu entrei e consegui esconder o rosto ao me abaixar no painel. Mas pude ver pelo espelho, Alex dando a devida gorjeta ao rapaz e depois acompanhei sua corrida até o lado do motorista.

Do meu lado direito, era possível ouvir algumas câmeras batendo na janela, tentando pegar um vislumbre do interior, para a minha sorte, eu tinha mandado colocar o mais escuro dos filmes nos vidros quando comprei o carro, assim, os paparazzi não conseguiam nada. A única fonte que eles tinham era o para-brisa e alguns faltaram pouco se jogarem em cima do capô para tentarem algo.

Alex assumiu o volante rapidamente, ligando o carro com uma acelerada alta, muito alta, para avisar que estava arrancando. E antes que eu pudesse falar para ele ter cuidado, escutei os pneus cantando e pude levantar a cabeça quando não vi mais nenhum flash, só para constatar que meu noivo voava pelas ruas de Los Angeles.

— Alex... – Chamei com cuidado.

Ele não me escutou.

— Eles já ficaram para trás, não tem ninguém nos seguindo. Pode reduzir um pouco. – Falei e acariciei o seu braço.

Aos poucos o velocímetro foi baixando para um número aceitável para se trafegar nas ruas.

— Me desculpe. – Ele falou ao parar o carro em um semáforo vermelho.

— Não foi culpa sua.

— Mas um deles até tentou puxar o seu braço!

— E não conseguiu o que queria. Não há nada para se desculpar aqui, Surfista. – Falei e me inclinei para dar um beijo em sua bochecha.

Vi Alex relaxando imediatamente, enquanto, já em velocidade normal, dirigia pelas ruas da cidade.

— Mais calmo? – Perguntei depois de um tempo.

— Na verdade, assustado.

— Posso saber com o que?

— Com a sua calma! Eles literalmente voaram em cima de você. Dos vinte que estavam lá, dezesseis nos cercaram para tirarem uma foto sua! E você estava me acalmando! Tinha que ser o contrário!

Me sentei de lado para olhá-lo.

— Eu não tinha motivos para me desesperar, Alex. Eu sabia que você não deixaria que algum deles chegasse muito perto.

— E precisava me acalmar?

— Você foi quem tentou evitá-los nos últimos dias. Sei que você não gosta deles... então eu só tinha que garantir que você ficasse bem.

— Minha mãe comentou algo com você?

— A respeito de?

Ele fechou a expressão.

— Que eu quebrei o dedo de um deles. Quando tiraram uma foto da minha ex, pegando por baixo da saia dela.

— Não.

 - Então você leu.

— Alex. Eu não li sobre a sua vida. Eu não quis saber quem você era quando começamos a nos ver. Eu preferi te conhecer por mim. Descobrir aos poucos quem você é.

Ele me olhou rapidamente.

— Obrigado. Tanto por não ter procurado as fofocas com o meu nome, como por me deixar te mostrar quem eu sou.

— Estou sempre por aqui. – Falei.

— Isso eu sei. – Ele sorriu, porém o sorriso não durou muito. – Está preparada para terça à noite?

— Sim. – Disse convicta.

— E para o que vai acontecer na quarta-feira? E na quinta? E na sexta... – Ele testou o terreno.

— Não sei o que vai acontecer, Alex. Só tenho uma ideia, tendo por base o que a sua mãe me falou que passou. Mas te garanto, eu não vou me esconder, não vou ligar para o que falarem. E gostaria muito que você ignorasse os comentários também. Seja lá o que sair na mídia, se é que vai sair, não vai afetar o que temos. Eu te amo demais, para te deixar porque um bando de desocupados resolveu falar de mim. Eu só me importo com o que minha família fala. E família para mim são meus pais, irmãos, cunhadas, sobrinhos, você, seus pais, seu irmão, minhas amigas e só. O restante pode falar à vontade, eu não me importo.

Alex só pegou a minha mão e a beijou.

— Mesmo assim, me desculpe por tudo o que vai acontecer.

 

[1] A nonna não tem nada a ver com isso!

[2] Antes que você suba ao altar, Loira, eu quero conhecer o Tatuado!

[3] Prometo que vai, vó. Em dezembro.

[4] Obrigada, Loira.


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Notas finais do capítulo

Então é isso! Espero que tenham gostado!
Mais um capítulo no domingo.
Até lá!
xoxo



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