Presos Por Um Olhar escrita por Carol McGarrett


Capítulo 14
Família


Notas iniciais do capítulo

Como eu confundi os dias na última postagem, e prometi um capítulo para hoje, aqui está!
Mais um pouquinho da Família Pierce para vocês!
Boa leitura!!



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Acordei com aquela sensação gostosa de quem teve um sonho bom, de que o sonho em questão fora tão, mas tão agradável, que tudo o que eu queria era continuar a dormir e torcer para que continuasse de onde havia parado. Para tanto, me ajeitei na cama e busquei por um travesseiro para abraçar.

E foi quando eu notei duas coisas: Primeira, aquela não era a minha cama e, segunda, eu não estava sozinha ali.

Um tanto desperta pela constatação, me virei, só para bater o joelho em quem estava do meu lado. Com a pouca claridade, só pude distinguir o cabelo castanho e a pele coberta por uma tatuagem.

— São Jorge! O que aconteceu? – Discretamente tateei meu corpo e descobri que estava vestida, Alex também, a julgar que uma de suas pernas estava embolada na minha e eu podia sentir o tecido.

— Fica quieta, Kat, ainda é cedo... – Ele murmurou ao abraçar a minha cintura e esconder a cabeça em minhas costas, entre meus ombros.

Só que agora não tinha a menor condição de eu voltar a dormir, e a noite passada foi voltando aos poucos à medida que meu cérebro acordava.

O jantar de aniversário da Dona Amelia; eu sendo apresentada para toda família; as brincadeiras de Wil; não me deixaram ir para casa e eu acabei aqui, ao lado dele, na cama dele.

Estiquei meu braço para pegar o celular e conferir as horas, e logo que a tela brilhou, assim que eu o levantei, minha cabeça doeu em protesto.

Com muito custo consegui ver as horas, eram 4:25 da manhã.

— Avisei que era cedo. – Meu companheiro falou emburrado. – Fica quietinha, por favor, Kat. Eu acho que tô de ressaca.

Abaixei o aparelho e minha cabeça agradeceu a falta de luz, pois ela doía de uma maneira inimaginável, como se a ressaca de Alex estivesse passando para mim.

Foi quando me lembrei do brinde e do copo de champagne que tive que tomar.

— Droga... - Sussurrei.

— Que foi? – Alex se virou de barriga para cima e tampou o rosto com um travesseiro.

— Minha cabeça.

— Dói também?

— Hum... hum...

— Você não bebeu.

— Eu não bebo... mas brindei com o champagne. Foi ele.

Alex tentou dar uma risada, mas saiu mais um gemido.

— Se importa se a gente não correr hoje?

— Não.

— Você vai trabalhar às nove?

— Sim. – Nossa conversa era toda sussurrada.

— Sete e meia da manhã é um bom horário e não vai te atrasar, vai?

— Creio que não.

— Ótimo. – Ele disse, destampou o rosto, esticou um braço e me puxou para o seu lado. – Vamos torcer para as nossas dores de cabeça já terem passado até lá.

Eu, mais do que feliz, me aninhei do seu lado, fazendo-o de travesseiro e, sem sono, passava a ponta da unha sobre a linha de uma de suas tatuagens.

— Você não vai dormir de novo? – Me perguntou depois de alguns minutos em silêncio.

— Desculpe. Vou parar. – Imediatamente levantei minha mão e ele a pegou, entrelaçando os nossos dedos. Fiquei o mais quieta possível enquanto notava que a respiração dele ficava cada vez mais mansa. E toda essa proximidade, combinada com a respiração calma de Alex e o silêncio do quarto me convidaram a dormir de novo.

Acordei horas mais tarde, com alguém batendo na porta, esfreguei os olhos para espantar o restante do sono e rolei para o outro lado da cama, no exato momento em Alex começava a despertar.

— Fala sério! – Ele murmurou ao escutar a pessoa batendo na porta. E, muito mal-humorado, se levantou da cama.

— Bom dia! – Escutei a voz de Will.

— Sério, Will? – Alex não estava nem um pouco feliz com o irmão mais novo.

Escutei não só a risada de meu cunhado, como a de sua namorada também. E resolvi me levantar e tentar ficar o mais apresentável possível, penteei o cabelo e fiz uma trança para mantê-lo no lugar.

— Parabéns, você acordou a Kat. – Alex sibilou.

— Eu achei que vocês dois iriam correr hoje. Não fizeram isso nos últimos três dias?

Foi quando eu percebi que tudo o que Will queria era perturbar a paz de Alex, meu namorado percebeu isso e bateu a porta bem na cara do irmão. E mesmo com a porta fechada, escutamos a risada de Will.

— Não tem esportiva nenhuma!

— Eu... – Alex se virou para mim, ignorando o comentário do irmão.

E eu estava era rindo.

— Esquece. Sei muito bem o que é isso... Kim e Vic são mestres em acordar a casa inteira, como se fossem duas crianças na manhã de Natal. – Falei. – E, bom dia para você!

Alex se jogou na cama de bruços.

— Ainda com dor de cabeça? – Acariciei a sua nuca.

— Sim. – Sua voz saiu abafada pelo travesseiro.

Dei um beijo na sua cabeça e saí da cama.

— Vai aonde?

— Arrumar um remédio para você. – Falei, me enrolei no roupão e, descalça, sai para o corredor, em direção à cozinha. Do alto da escada, era possível ouvir a risada de Will e Dona Amelia repreendendo o filho mais novo por ter nos acordado. Ao passar pela sala, vi que eram seis e dez da manhã.

— Isso não foi nada educado, William. Seu irmão merece dormir e você ainda acordou a Kat. – Dona Amelia falava quando entrei na cozinha. Por sorte, a família inteira ainda estava de roupão.

— Bom dia! – Falei.

— Bom dia! – Dona Amelia me respondeu e veio me dar um abraço. – Dormiu bem, querida?

— Sim. E a senhora?

— Acordei com uma dor nova! Deve ser coisa da idade. – Ela fez piada. – Quer alguma coisa?

— Sim. Alex está morrendo de dor de cabeça. – Informei.

— Copos ali. – Ela me indicou o armário. Remédios, aqui. – Ela me entregou o comprimido. – Diga para ele deixar de ser preguiçoso e descer para pegar. – Falou enquanto eu enchia o copo com água.

— Ele não me pediu. Me ofereci. – Defendi o doente.

— Então vá lá, entregue o remédio para ele e desça para tomar café. Sei que você tem horário e ele fica muito mal-humorado quando é acordado como foi acordado hoje.

Meneei a cabeça e voltei para o quarto rindo, Alex estava na mesma posição quando entrei.

— Seu remédio. – Falei.

Ele se levantou, com cara de pouquíssimos amigos, pegou o copo e o comprimido de minhas mãos.

— Obrigado. Te joguei aos leões de novo, hein? – Me deu uma cotovelada de leve no braço.

— Todos estão de pijama e robes.... nada demais.

Ele tomou o remédio, colocou o copo em cima do criado e se deitou, me levando junto.

— Nada disso. Vou tomar café. Ver se a minha dor de cabeça melhora. Fica quieto aí um pouquinho. – Dei um selinho nele.

— Fica aqui comigo, Kat. – Ele pediu manhoso.

— Não. Sua mãe está me esperando. E eu tenho horário. – Respondi e fui me levantando, só para ele me puxar de novo. – Hei! – Reclamei.

Alex me deu um beijo.

— Agora sim, bom dia, Katerina!! – Falou com um sorriso de lado.

— Feliz? – Perguntei.

— Não faz essa cara de quem não gostou. Pois eu sei que você está mentindo.

— Deixa de ser convencido e eu estou achando que você não está com dor de cabeça coisa nenhuma. – Dei um tapa no peito dele. – Agora, eu vou tomar café, fique aí. – Falei e me levantei.

Antes de sair, vi Alex se ajeitar na cama e abraçar o travesseiro com o qual eu dormi.

Já na cozinha, comecei a ajudar minha sogra a preparar o café.

— Não precisa, querida!

— Eu não sei ficar parada quando tem alguém trabalhando. – Comentei.

Com tudo pronto, nos sentamos à mesa e começamos a comer. Alex apareceu alguns minutos depois, roupão aberto, cabelo todo espetado e esfregando os olhos.

— Sua mãe está aqui, Alexander. – Meu sogro falou antes de tudo.

Com um suspiro de criança birrenta, Alex fechou o roupão e foi direto para a geladeira.

— E bom dia para você. – Dona Amelia falou. – Não liga, Kat, enquanto não come, é isso aí.

Eu estava tentando não rir, mas foi impossível, ainda mais quando Will soltou.

— Você estava mais falante quando eu fui te acordar...

Alex lançou uma olhada tão mortal para o irmão que eu achei que os dois iriam sair no braço ali dentro da cozinha.

— Isso vai ter troco. – Foi a ameaça velada que ele disse. – E bom dia. – Falou para o restante, ao se sentar do meu lado e ter a cara de pau de pegar a minha torrada e comê-la.

— Tem mais ali. – Apontei para a mesa.

— Essa tava mais fácil. – Falou com a boca cheia. – Cadê o café? – Perguntou para mim.

— Eu não tomo café.

Ele fez uma careta para o que eu falei e resolveu encher uma xícara de café para ele mesmo.

Fomos conversando e à medida que a cafeína acordava o sistema do meu namorado, ele foi entrando na conversa e, ao final, depois que eu e ele arrumamos a cozinha, corri para o quarto para arrumar a cama e me trocar.

— Você vai ser motivo das fofocas do prédio hoje. – Alex brincou quando saí do banheiro. - Chegando em casa com o dia claro e com a mesma roupa que saiu ontem...

— Que eles falem. – Dei de ombros. – Estou mais preocupada em como vou achar os meus bebês!

 - Tomara que Thor não tenha morrido de tanto dormir! – Alex brincou ao me dar passagem para sair do quarto.

Eu carregava meus saltos na mão e ele ia tagarelando escada abaixo sobre as mil e uma formas que eu poderia achar a minha casa.

— Agora imagina se você deixou o seu closet aberto... e o Loki foi lá e resolveu mastigar o seu sapato mais caro?

Dei uma sapatada nele.

— Nem cogite essa ideia! – Falei, minha cabeça latejando ainda mais só de pensar em algum dos meus sapatos sendo brinquedo de mastigar dos meus cachorros.

Me despedi de todos, minha sogra me fazendo prometer que iria jantar com eles no domingo à noite e, depois de quase doze horas, estava voltando para casa.

E hoje, mais calma, realmente notei que era bem longe de onde morava.

Alex estava remoendo algo, tanto pelo silêncio quanto pela forma como ele pegava no volante.

— O que você tem nessa sua cabeça, além da dor, é claro?

— Nós vamos correr hoje? Porque pelo visto amanhã vai ser impossível...

— É amanhã minha reunião no porto é as oito em ponto da manhã... mas creio que dê para correr hoje... que horas?

— Às sete?

— Acho que dá, te confirmo no meio da tarde... e vai ser bom, vou levar o Thor e o Loki, aqueles dois precisam gastar energia.... – Completei.

O caminho de volta nos fez passar em frente à praia e sol brilhando no mar não ajudou em nada com a minha dor de cabeça.

— Devia ter trazido os meus óculos. – Murmurei desviando a cabeça.

— Se estiver muito ruim, os meus estão no porta-luvas.

— Jura? – Perguntei e logo fui abrindo a tampa. – Não tem nada aqui que vá me assustar, tem? – Brinquei.

— Não, não tem... ou tem? – Ele fingiu pensar.

— Agora já era, já abri. – Falei e abri a caixinha, tirei os óculos e os coloquei. – Ai que alívio. – Praticamente gemi de satisfação.

Alex me olhava com uma sobrancelha levantada.

— Não se esqueça, eu estou com dor de cabeça.

— Eu também e nem por isso estou desesperado por conta dos óculos escuros...

Balancei a mão como que falando que eu não dava a mínima para a sua opinião e apoiei a minha cabeça no encosto. Alex ficou em silêncio, concentrado nas confusas entradas e saídas dos viadutos.

— Você tem máquina de café na sua casa? – Me perguntou depois de muito tempo calado.

— Tenho.

— Tem cápsulas?

— Tenho.

— Mas você não toma café...

— Já estavam lá. Só não me peça para mexer naquilo, não sei e não vou aprender. E por que você quer saber disso?

— Preciso de mais café.

— Depois reclama do modo como eu fiquei só de colocar um par de óculos escuros. – Cutuquei.

 - Isso diferente. Cafeína melhora a dor de cabeça. Um par de óculos não. – Ele começou.

— Diga o que você quiser. Não ligo. – Eu não estava nem um pouco disposta a brigar com outra pessoa por conta do café... Pietra e Mel já falavam horrores na minha cabeça por conta das minhas escolhas de bebidas.

Alex me olhou atravessado e depois sacudiu negativamente a cabeça, só para fazer uma careta depois.

— Se eu fosse você movimentava bem pouco a cabeça hoje. Nada de show de rock para você.

Como que me testando ele ligou o som do carro e procurou por uma estação de rádio, para deixar, justamente, na de Rock. E os acordes de Master Of Puppets do Metallica encheram o carro.

— Feliz? – Ele perguntou.

— Você não faz ideia! Uma das minhas bandas favoritas, e uma das músicas também! – Dei um sorriso na direção dele e comecei a bater o pé, seguindo o ritmo da bateria.

Metallica?

Eu ri.

— Culpe o meu pai e meus irmãos...

— O que aconteceu com as garotas que gostam de... – Ele parou e começou a pensar.

Backstreet Boys? Spice Girls? N’sync? – Completei o raciocínio dele.

— É!

— Ouvi tudo isso, e ainda escuto Spice Girls. Mas tenho uma veia para o rock. O que não quer dizer que não escute outros gêneros. Só, por favor, não me venha com country, isso eu não suporto.

Alex me olhou com uma expressão de quem iria colocar justamente um country.

— Eu desligo o som. – Ameacei.

— Eu ligo de novo.

— E eu torno a desligar. – Retruquei e nós dois ficamos nos encarando.

— Tá bom, você venceu, nada de country!

— Aprendeu rapidinho. – Brinquei e comecei a cantarolar a próxima música.

— Essa é velha. – Ele comentou quando reconheceu a música.

Eu sou velha! E, sinceramente, música boa não tem idade. – Comentei e continuei a cantar Zombies do The Cranberries.

— Você não chegou nos trinta!

— Estou há meses dos trinta anos. Três décadas é muito tempo. Sou velha. Já sou até chamada de tia!

— Eu que já passei dos trinta sou o que?

— Velho também! – Respondi simplesmente enquanto ele procurava uma vaga para estacionar em frente ao prédio onde moro. – Eu tenho outros dois controles da garagem... acho que vou te passar um, assim você não precisa ficar dando voltas, já que tem espaço para seu carro lá... – Comentei quando ele só conseguiu estacionar duas quadras depois do prédio.

— Seria uma boa. Assim não tenho que pedir pra você abrir todas as portas e falando nisso. – Me estendeu a chave da portaria.

— Me lembre de te entregar. – Falei e deixei a chave com ele.

Andamos pelas sombras, como dois vampiros que não podiam ver a luz do sol e quando subi os degraus da entrada, uma das moradoras estava saindo com seus dois pinschers.

— Bom dia! – Falamos e demos passagem para ela.

Ela nos olhou de cima embaixo e fez uma careta e soltou:

— Esses jovens de hoje... não respeitam nem os dias da semana.

Fui obrigada a segurar a risada.

Aproveitamos a porta aberta e o elevador no andar para acelerar as coisas.

— Ela adorou as nossas caras! – Alex comentou debochado.

— Muito. Virou fã. Depois vem pedir autógrafo. – Ri junto. Quando o elevador parou no último andar foi a minha vez de fazer careta.

— E aí, preparada para o apocalipse que está lá dentro? – Alex me empurrava para a porta.

— Nem um pouco. – Disse ao virar a maçaneta e ser recebida por um míssil ruivo que me jogou no chão. – Oi Lokinho! Eu também senti a sua falta. – Falei para o desesperado cachorro que me fazia aquela festa só de me ver. – Onde está o seu irmão?

Foi Alex quem me respondeu.

— Dormindo em cima do sofá. Ou ele está morto?

Loki deu um pulo para trás e voltou correndo para dentro do apartamento. Alex me ajudou a me levantar e olhava em dúvida para Thor.

— Ele tá vivo. É a posição que ele gosta de dormir. – Informei ao ver meu cachorro com as patas para o ar e a língua para fora.

— Brincando de morto?

— É o Thor. Não tente entendê-lo. – Respondi e tentei fazer uma vistoria da sala. – Parece que tudo está em ordem, tirando o husky no sofá, é claro. – Tirei os sapatos e comecei a andar pela casa, procurando vestígios do caos. Até onde fui, não vi nada. Até que entrei no meu quarto.

— Perkele[1]! – Xinguei.

— Comeram seus sapatos? – Alex veio brincando, pelo visto ele estava se sentindo em casa e já tinha achado a máquina de café.

— Não, muito pior. – Choraminguei.

Meu namorado parou atrás de mim e começou a rir.

— Não é motivo para rir. Meu quarto parece um galinheiro!

O veredicto, Loki e Thor, ou só o Loki, vai saber, tinham se apossado da minha cama, rasgado o meu lençol e colcha, estraçalhado dois travesseiros e rasgado o colchão, o resultado, plumas e espuma estavam espalhadas por todo o canto. E eu não tinha tempo para arrumar aquilo tudo e não tinha uma faxineira de confiança que pudesse vir para colocar ordem nesse caos.

Enquanto eu lamentava os meus travesseiros, o colchão e a bagunça, Lokinho entrou trotando no meu quarto, pulou em cima da cama e abanando a cauda, olhava para mim como que me chamando para brincar.

— Você quer brincar? – Perguntei para ele. Loki se agachou com as patas dianteiras e se preparava para sair correndo. – Eu vou é te colocar de castigo!! – Gritei. Meu cachorro sumiu pelo apartamento a fora e tudo o que eu fiz foi tentar juntar o grosso da bagunça no lençol elevar para a lixeira.

— Eu nunca mais deixo essas duas pestes sozinhas por tanto tempo! – Murmurava ao passar pela sala e diante da dupla que estava lá. – E olha que saí com vocês dois ontem!

Alex tinha desaparecido também. Decidi que não iria me preocupar com ele, com certeza ele apareceria do nada, me dando um susto, e eu tinha que me arrumar para trabalhar.

Separei minha roupa, entrei no banho, saí já pronta do banheiro – para não ser surpreendida por Alex deitado no que sobrou de minha cama. -  Ele não estava lá, aliás, estava sentado na ilha da cozinha com outra xícara de café na mão.

— Não melhorou em nada a dor de cabeça? – Passei atrás dele e dei um beijo em sua cabeça.

— Não. – Ele murmurou. – Já tá saindo? – Me olhou desconfiado enquanto eu tomava um copo de água.

— Com certeza. – Apontei para o relógio.

— São oito e dez da manhã, Kat.

— Se você ainda quiser correr às sete, tenho que sair agora. Quanto mais cedo eu chego, mais cedo eu saio...  – Falei e dei um beijo na bochecha dele.

— Só na bochecha?

— Eu não gosto nem de passar perto de café. Fique sabendo disso.

Alex tomou o restante do café, enquanto eu ajeitava a comida e o cantinho dos meus cachorros, rezando para que, pelo menos agora, eles não fizessem mais nenhuma bagunça.

— Pronto? – Perguntei para o meu namorado que estava parecendo um morto-vivo. – Creio que você precisa disso mais do que eu... – Coloquei os óculos em seu rosto e ajustei os meus, depois de fechar a porta de casa.

Como ontem, Alex me acompanhou até a garagem e, depois que eu entreguei o controle reserva para ele, saiu por lá quando abri o portão, andando devagar até o carro dele. Fui para o escritório mais cansada do que nunca, mas feliz. Uma felicidade incontida que eu nunca havia sentido.

Cheguei cedo e mesmo tendo liberado Milena cedo ontem, minha mesa estava apinhada de pastas.

— Que os jogos comecem! – Falei ao pegar o primeiro e logo na capa, tinha um aviso:

Reunião com o Escritório de Londres ao meio-dia.

E lá ia o meu horário de almoço pro espaço.

A parte boa era que meu trabalho rendeu, sem a preocupação de ontem e certa de que nada poderia dar errado hoje, trabalhei sem parar até o horário da reunião.

E, meio-dia em ponto, eu estava pronta para encarar o Conselho Diretor da Empresa, já sabendo muito bem quem seria o primeiro a falar, meu avô.

E não deu outra. Matti Nieminen nem chegou a me saudar direito, foi direto para os negócios, querendo uma atualização parcial de como o escritório estava indo e, principalmente, o motivo dos atrasos nos embarques das cargas.

Expliquei o funcionamento do escritório, a política de trabalho daqui e a forma como os funcionários preferiam fazer seus horários, e, demonstrei por A mais B que tudo ia bem. Bem até demais, tendo em vista os números dos meus primeiros oito dias aqui.

— E quanto aos atrasos nas docas? – O Vice-Diretor da Empresa, Edward Cavendish, amigo pessoal de longa data de meu avô, me perguntou de maneira até rude.

— Fiquei sabendo disso ontem, Vice-Diretor Cavendish. As reuniões com o setor responsável pelos portos acontecem uma vez por semana, às quartas-feiras, como cheguei aqui na quinta passada, ainda não tinha tido a oportunidade por entrar em detalhes com eles. Mas fique tranquilo, senhor, eu mesma vou averiguar isso, pessoalmente, amanhã. Às oito da manhã, estarei nas docas de Los Angeles, e à tarde, em San Diego. Meu relatório completo da situação estará à disposição do Conselho nas primeiras horas da manhã de segunda-feira, horário de Londres. – Fui a mais diplomática que consegui.

Cavendish coçou o queixo e, mesmo que um oceano e um país nos separassem, vi que ele me media. Ele nunca foi lá o meu fã número um e sabia que se eu ficasse em Londres, logo o estaria desbancando e não duvido que a ideia de me mandar para esse escritório tenha partido dele.

— E os novos clientes? – Ele se atreveu a perguntar.

— Todos agendados para a semana que vem. E não, não fui eu quem arranjei isso, já estava assim. Primeiro estou conhecendo o pessoal do prédio, depois que tudo estiver engrenado por aqui, partirei para os negócios. Mas não pense que não houve análise de mercado ou de novas propostas, sim, houve e elas estão pendentes de nossos testadores. Afinal, não podemos comprometer o nome da nossa logística quando a empresa fornecedora do produto não cumpre com o que ela oferece. – Terminei de falar e contive um sorriso de vitória quando vi que ele se levantou de uma vez e abandonou a reunião.

O restante do tempo foi gasto com planejamentos futuros e para me avisar do Conselho Geral que ocorreria na segunda semana de dezembro.

— Arrume uma pessoa de confiança que possa monitorar o escritório para você, Katerina. Porque preciso que você venha à Londres nessa data. Você sabe como essa semana funciona.

 - Sim, senhor, eu sei.

Fiz uma nota na minha agenda para buscar pelo balanço anual do escritório, tanto no quesito negócios quanto no de pessoal e despesas internas, era isso que seria discutido lá.

— Ótimo. Dois dias antes do início do Conselho Geral, o avião estará à sua disposição.

— Muito obrigada.

— Nossas reuniões serão semanais, ao meio-dia de todas as quintas-feiras. Tenha um bom trabalho e até a semana que vem. – O Diretor Nieminen disse e encerrou a chamada de vídeo.

— Isso porque é meu avô... – Murmurei para a tela apagada. – Imagina se não fosse.

Marquei a data do Conselho na agenda e me pus a pensar em quem eu colocaria como meu Vice aqui dentro. Estava tentada em chamar o Diretor do Departamento de Finanças, ouvi dizer que ele recusou a promoção à Executivo-Chefe por conta do excesso de horas trabalhadas, afinal era um pai solteiro, sua esposa tinha falecido e deixado um casal de filhos.

Coloquei um lembrete de analisar o modo como ele trabalhava e se uma semana como Chefe Interino não iria atrapalhar a vida dele, me dando o prazo até 1º/12 para fazer a escolha.

Quando Milena voltou do horário de almoço, me reuni com ela para perguntar a quantas andavam os balanços mensais de gastos com o pessoal.

— Toda semana, às sextas, me são entregues, os da semana passada estão na minha mesa, não te entreguei porque você estava chegando.

— Claro. E os de entrada e saída de ativos, bem como os de clientes?

Ela teve que pensar.

 - Com o Financeiro. Eles montam tudo e uma semana antes do Conselho Geral pedem uma reunião para debater tudo.

— Adiante para duas, qualquer problema ainda teremos quinze dias para resolver. Pelo visto Londres está mal-humorado.

— Sim, anotado. Mais alguma coisa?

— As pastas com os dados das docas de LA e San Diego, por favor.

Ela levantou um dedo, saiu da sala e voltou carregando duas pastas de respeito.

— São essas aqui.  – Ela deixou em cima da minha mesa.

Respirei fundo para não surtar de medo.

— Tudo bem, material de leitura para o resto da tarde. E aproveitando que amanhã não estarei aqui, por favor, pode confirmar a agenda de segunda-feira, deixe os relatórios urgentes na mesa de conferência, porque eu vou passar aqui depois que voltar de San Diego para pegar o que tiver.

— Bem... se você quiser, eu posso te ligar avisando se tem algo muito importante, assim você não vem aqui à toa...

— Eu agradeceria a ajuda. Porém eu vou levar essas pastas aqui e estas. Dever de casa para o final de semana!

Milena fez uma careta.

— Ainda bem que eu não tenho isso.

— Não fique feliz, você tem que treinar sua corrida... – Brinquei.

— Vou roubar a esteira do meu namorado, assim eu posso treinar enquanto vejo televisão. – Ela retrucou rindo.

— Não acho uma boa... vai que você vê algo na tv e acaba caindo da esteira.

— Aí eu saio de licença.

— Faça isso mesmo... vai lá. – Concordei.

Minha secretária riu mais ainda.

— Bem, vou te deixar trabalhar e dar um jeito de organizar a agenda da semana que vem, para que você possa ter, pelo menos um dia de almoço.

— Bem lembrado, toda quinta-feira, ao meio-dia, reunião com o Escritório de Londres.

— E lá se vai um horário de almoço.

 - Devem achar que estou precisando de um regime por lá. – Sarcasticamente respondi.

— Só se for isso. Se precisar de mim, é só chamar. – Milena saiu.

Um tanto desolada, olhei para o meu material de leitura, quem falou que minha vida na Califórnia seria fácil estava redondamente enganado.

Tirei os sapatos, coloquei os pés em cima da cadeira e comecei a ler as fichas do pessoal do porto de Los Angeles, sobre o administrador do escritório e seu imediato não tinha muita coisa, mas o volume de carga era absurdo e eu tinha que descobrir o motivo dos atrasos. O mesmo acontecia com San Diego.

— Kuinka onnekasta minulta[2]!

Concentrada na pasta, me esqueci do mundo, mas o mundo não se esqueceu de mim, pois quase no final da tarde, meu celular tocou, como estava com os fones sem fio, atendi sem olhar quem era.

— Nieminen. – Falei na mesma entonação que usaria para atender o telefone do meu escritório.

— É assim que me atende agora? – Alex falou do outro lado da linha. E a minha concentração saiu correndo pela porta.

— Em minha defesa, não olhei a tela do celular, estou com os fones.

— Sei... – Ele não parecia convencido. – Está muito ocupada?

— Na verdade, sim. Preparação para as duas reuniões de amanhã. Posso saber o porquê?

— Só para saber se a corrida noturna ainda está de pé?

— Sim. São..

— Dezesseis e trinta e oito, exatamente. – Ele me respondeu.

— Te vejo às dezenove... já que você gosta de falar bonito. – Respondi.

— Posso te pegar?

— Pode, mas eu me pergunto, quando vai ser a minha vez de te pegar...

Ele riu do outro lado.

— Talvez um dia, quando você não se confundir com as entradas e saídas dos túneis.

— Só acredito vendo. – Murmurei.

— Até as dezenove, Kat.

— Fala que vai chegar mais cedo... você sempre chega, Alexander... – Joguei na fogueira o que ele queria dizer.

— É... sim... eu chego cedo. – Deixou a frase no ar.

— O que você está aprontando? – Perguntei desconfiada do seu tom de voz.

— Eu?! Nada. Nos vemos daqui a pouco, Kat. – Ele disse e desligou.

E eu fiquei encucada com o que ele havia falado.

Resolvi deixar pra lá, afinal, Alex não vai fazer o meu trabalho, voltei a ler as pastas, memorandos e planilhas, destacando alguns pontos principais e vendo quem eram os clientes mais prejudicados com o atraso.

A certa altura, meu estômago deu uma roncada alta, me lembrando que comer faz bem, olhei para o relógio na tela do computador, faltava cinco para as seis. Dei o dia como encerrado, nove horas de trabalho estavam muito bem feitas. Juntei tudo, peguei as pastas enormes e as equilibrei no braço, vendo que eu precisava organizar a minha vida e procurar um estúdio de pilates... estava ficando fraquinha novamente.

Quando fechei a minha porta, Milena estava acabando de juntar as coisas dela.

— Já vai também? – Me perguntou.

— Sim... prefiro comer algo e depois continuar com isso. – Mostrei as pastas.

Fomos caminhando para o elevador e eu não perdi o olhar dos demais funcionários ao me verem saindo no mesmo horário que eles. Todos tinham os olhos arregalados, tanto para mim quanto para o trabalho que levava comigo. Creio que estava precisando dar algumas voltinhas pelo prédio durante o horário de expediente, só para que o pessoal se lembrasse que eu existo e não sou uma máquina.

— Boa noite. – Cumprimentei com um sorriso educado quem estava na fila dos elevadores.

Ninguém me respondeu em voz alta, só menearam a cabeça. Céus, eu não mordo! Porém, o mais engraçado foi quando o elevador chegou no andar, ninguém sabia quem tinha que entrar primeiro. Por fim, uma das tradutoras de mandarim-inglês tomou coragem e entrou na frente de todos e os demais a seguiram, antes de as portas se fecharem, - eu acabei por esperar o próximo - escutei a mesma mulher dizendo:

— Ela não morde! É branca de dar dó, parece até um membro da Família Cullen, mas não morde! Respeitá-la sim, mas fazer isso. Coitada!

Mentalmente a agradeci por isso. E não era só naquela fila que as pessoas estavam com receio de ficar perto de mim, quando foi a minha vez de descer, em todos os andares que o aparelho parou, alguém preferiu ficar para trás a ter que dividir o cubículo comigo.

— Ossos do ofício. – Falei quando parei na garagem e caminhei até o meu carro.

Acomodei as pastas no banco de trás de modo que nenhuma escorregasse e espalhasse uma pilha de papeis no assoalho do carro e, verificando a hora, vi que ainda era cedo na Inglaterra e decidi ligar para o meu pai, com quem eu não falava há mais de oito dias.

Mesmo estando no trânsito, não vi problema, coloquei o celular no viva-voz e esperei a chamada internacional ser completada.

Chamou uma, duas, três, quatro... e eu vi que na quinta vez a ligação foi recusada.

Não sabia se era porque meu pai estava realmente ocupado ou se era porque ele ainda não tinha se conformado que eu tinha vindo para o outro lado do globo, mas, estando parada no congestionamento, decidi por mandar uma mensagem para ele.

Oi pai! Espero que o senhor esteja bem... tentei ligar para o senhor – já que o senhor não me liga! – mas a ligação foi recusada. Estou sentindo saudades do senhor, me liga quando puder. Te amo.

Eu sabia, no fundo eu sabia, que ele não iria me ligar. Então liguei para a minha mãe. E a mesma coisa aconteceu. Resolvi pela mensagem.

Oi mãe! Só passando para avisar que estou viva. Sei que a Liv já deve ter falado isso para a senhora e o vovô também, já que tivemos uma reunião hoje. Liguei para o papai, mas ele não me atendeu, e nem a senhora... espero que tudo esteja bem, não aconteceu nada, né? Me liga quando a senhora tiver um tempo, é mais fácil eu atendê-la do que achar um horário para a senhora me atender, sei como são as coisas em Oxford. Estou com saudades. Te amo.

Fiquei com o celular na mão por um tempo, já que o máximo que eu fazia era andar alguns centímetros com o carro, contudo nenhum dos dois me retornou. Comecei a rir sozinha, quando Kim veio jogar em um time dos EUA, foi a mesma coisa, os dois fizeram greve de silêncio por quase um mês...

— E depois as crianças somos nós.... – Sibilei.

Vendo que iria ficar um bom tempo presa no trânsito, liguei para Alex, para tentar atrasar a nossa corrida. Ele, sim, me atendeu.

— Diga Kat.

— Estou presa no trânsito... podemos correr às sete e meia?

— Onde você está?

Falei o nome da rua.

— A contramão está livre?

— Você não quer que eu faça uma conversão proibida, quer?

— Olhe no seu retrovisor.

Fiz o que ele me disse e tinha um monte de gente fazendo isso.

— Nessa rua não tem câmeras, só nos sinais. – Ele me informou.

Fiz a conversão, morrendo de medo de tomar uma multa.

— E agora? – Perguntei. – Já fiz uma conversão proibida, mais o que?

— Vire a primeira a direita. – Ele começou a me guiar. – Siga reto até ver um túnel.

— Estou vendo o túnel.

 -Vire à esquerda e depois reto.

Estava seguindo as instruções que ele passava. Até que me vi na rua de trás do meu apartamento.

— Que atalho é esse? – Perguntei abismada com a rapidez com a qual cheguei em casa.

— Um que só o pessoal que mora em Los Angeles conhece. – Eu não o estava vendo, mas tenho certeza de que ele tinha aquele sorrisinho de lado ao dizer isso.

— Eu preciso disso desenhado em um mapa!

— Não. Assim você tem uma desculpa para me ligar.

Dei uma risada. E entrei na garagem do prédio, só para encontrar o carro dele parado ao lado de onde paro o meu.

— Onde você está? – Perguntei, descendo do carro e procurando por ele.

— Por que a pergunta?

— Seu carro está aqui na garagem...

— Me encontre. – Me desafiou e encerrou a chamada.

Fui para perto do BMW e não o vi lá dentro, o carro estava aberto, e nada dele ali.

— Isso não tem graça. – Falei, voltei ao meu carro e tirei minhas coisas de lá, caminhei desconfiada até o elevador, crente que ele poderia se materializar do meu lado a qualquer momento. Ele não fez isso. A única pessoa que encontrei foi a minha vizinha, a mesma que vi de manhã, voltando de outro passeio com seus pinschers. Ela não me cumprimentou, mas não me julgou também, afinal, eu estava chegando do trabalho não da “balada”, e desceu dois andares abaixo do meu.

Quando o elevador parou no meu andar, tive que fazer malabarismo para conseguir pegar a chave dentro da minha bolsa.

— Por que não fiz isso dentro do carro e vim com ela na mão? – Me xinguei enquanto rodava igual ao Thor quando quer pegar a ponta do rabo. Depois de uns três minutos lutando com a bolsa e as pastas, consegui. Abri a porta e com alívio, tirei os sapatos, fechando a porta com o pé e, antes de mexer com os maiores bagunceiros da face da terra, levei o serviço para dentro do escritório, me sentindo aliviada por ficar livre das pesadas pastas.

— Oi vocês!! – Falei e meus dois cachorros vieram até mim. Me ajoelhei e acariciei as orelhas deles. – Foram comportados agora de dia, foram? – Perguntei e dei um beijo em suas cabeças peludas. – Para evitar que vocês destruam mais alguma coisa, hoje vamos correr! – Bati palmas e os dois saíram correndo atrás das guias.

Me levantei, voltei para o hall de entrada, peguei meus sapatos e os levei comigo para dentro do quarto, só para parar na porta e olhar confusa para a minha cama.

— Eu juro que não estava assim! – Falei alto e surpresa, pois a cama estava devidamente arrumada, com o lençol no lugar, e cheia de travesseiros por baixo da colcha nova e de um colchão novo!

— Não, você não deixou o seu quarto assim. – Alex falou bem próximo de mim e eu dei um pulo de susto.

— Como foi que você entrou aqui? E como foi que... – Olhei para ele e para a cama.

Ele me puxou para um abraço e um beijo.

— Como eu não tinha nada para fazer hoje e sabendo que a sua cama só ficou daquele jeito por minha culpa... resolvi que deixar tudo arrumado era uma boa forma de pedir desculpas... – Ele disse dando de ombros.

Meu Deus, eu realmente tinha tirado a sorte grande!

— Mas isso não explica como você entrou aqui. – Falei intrigada.

— Fácil. Peguei a chave reserva que estava dependurada atrás da porta. – Ele me mostrou o molho de chaves, que já estavam no chaveiro de seu carro. – Fiz errado?

— Te perdoo porque, primeiro você me tirou do meio daquele congestionamento horroroso, meu GPS favorito! E, segundo, você arrumou a minha cama!! E tem até  um colchão novo e travesseiros! – Abracei o seu pescoço e lhe dei um beijo. Alex me levantou pela cintura e tentou me levar para a cama.

— Creio que temos que estreá-la. – Murmurou quando parou de me beijar.

 - Temos que correr primeiro!

— Kat...

— Não me olhe assim... por favor... – Pedi com jeitinho e ainda dei um selinho nele. – E você já está até pronto! – Constatei.

— Então vá se arrumar. – Ele falou soltando a minha cintura e caindo de costas na cama, com um suspiro frustrado.

— Sim, senhor! – Respondi com um sorriso e roubei outro beijo dele.

 

[1] Droga.

[2] Que sorte a minha!


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Notas finais do capítulo

Bem, é isso! Espero que tenham gostado!!
Até a semana que vem com o próximo!
xoxo



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