Presos Por Um Olhar escrita por Carol McGarrett


Capítulo 127
Recomeços


Notas iniciais do capítulo

Demorei, mas voltei antes do Natal!
Novo capítulo com uma ótima novidade!
Boa leitura!



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Nossa volta à Los Angeles foi tranquila e, logo na terça-feira, voltei ao trabalho, um pouco antes do previsto, mas era para compensar as duas semanas que passei no Rancho.

Como na metade deste tempo, todos ficaram de férias, não tinha tanto trabalho acumulado, o que foi ótimo, tendo em vista que eu agora tinha uma pesquisa importante a ser feita e uma tese de defesa perfeita para elaborar se eu quisesse que a NT&S embarcasse na missão de carregar os equipamentos da Fórmula 1.

A reunião extraordinária do Conselho foi marcada para o fim do mês de agosto, então eu tinha algo como cinquenta dias para que tudo estivesse perfeito e, também, já precisaria de alguns contatos dentro da categoria para que a empresa saísse em vantagem.

A primeira parte era comigo, a segunda, Pietra se encarregou de me ajudar e ela não me decepcionou quando, em uma manhã, me ligou e pediu para que eu agendasse minha ida à Cingapura, já que lá, ela faria as vezes de ligação entre a NT&S e a F1.

— Por que Cingapura? – Tive que perguntar.

— Porque já sei que até lá você terá a resposta do Conselho. Assim, eu só quero que você se aclimate ao ambiente de negócios, sabe como é.

Ela não estava errada, não seria uma viagem a passeio, mas a negócios.

— E por que não na Itália, onde você poderia controlar o encontro?

— Porque é sempre bom um campo neutro, você viu como o Chefe da Mercedes já agiu em Silverstone, se essa reunião acontecer na Itália, vão falar que a Ferrari está sendo privilegiada... e não é essa a verdade. Queremos alguém neutro, e creio eu, Cingapura será a nossa Suíça perfeita.

— Tudo bem. Cingapura. É quando mesmo a corrida?

— Final de setembro. Vou te mandar a data para que você possa se ajeitar com estadia.

— Agradeço.

— Nos vemos lá, porque sei que você não volta para a Europa nem tão cedo...

— Meio impossível no momento... mas se você e Benny quiserem vir nos ver.

— Mais para o final de ano é garantido. Agora não. Tenha um bom trabalho por aí, Bionda.

Grazie mille, italiana! E bom descanso para você.

Ela desligou e eu anotei na agenda mais esse compromisso, do jeito que as coisas estavam andando, eu teria que contratar outra pessoa só para dar conta da minha agenda, já que Milena, sozinha, não conseguiria.

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No meio da semana começaram oficialmente as gravações da série e, com isso, algumas pequenas notas foram espalhadas na imprensa e, também, foram lançadas as redes sociais do show. Era uma página verificada em cada uma das redes existentes, desde as mais famosas até mesmo naquelas que são abertas somente ao público de um país.

Com todo esse marketing, vieram duas coisas, os desagradáveis paparazzi e, também, os repórteres sem noção que começaram a acampar na porta de nossa casa, querendo uma exclusiva e nós dois tivemos que passar a ter horários separados para evitar que eu fosse assediada também.

Com o nome de Alex em alta, a figura de Lee também passou a ser uma constante e, não raro, nos dias em que Alex chegava cedo em casa, Lee aparecia e solicitava uma reunião a portas fechadas com meu noivo. De início eu me incomodei, depois percebi que ele fazia isso só para saber se eu era capaz de escutar atrás da porta e depois espalhar para o mundo, algo que me fez revirar os olhos. A opinião dele sobre mim não mudara nem um pouco nos últimos dez meses, e a minha sobre ele só piorava com o passar do tempo, mas, graças a Deus, conseguíamos conviver em paz, já que um evitava a todo o custo o outro e quando éramos obrigados a nos encontrarmos, ficamos apenas nas conversas amenas e triviais.

E, para a tristeza de Lee, eu não fiz nenhuma das duas opções que ele esperava e, para seu completo desespero, muitas vezes quando ele entrava na casa, eu saía pelas portas laterais, seja para malhar na academia, ou até mesmo correr com meus cachorros, que também não gostavam dele e, se deixasse, avançariam sem dó nem piedade, e, aqui eu incluiria Stark também, o que era bem estranho.

E, assim, o verão passou, a data de estreia do episódio piloto foi anunciada, Alex teve que engolir a sua aversão a sair em capas de revista e estampou algumas, e deu uma longa entrevista para a mais conceituada revista do mundo das celebridades.

A entrevista e a sessão de fotos foram realizadas em nossa casa, mais precisamente no jardim, em uma tarde de sábado. Eu vi, de longe todos aqueles fotógrafos, jornalistas, chegarem e, enfim, conheci a equipe que estava por trás da carreira de Alex, não era somente Lee, ele era a peça principal, mas tinha assessor de imprensa, personal stylist, assessor jurídico e também cabeleireiro e maquiadores.

Fui apresentada a cada um deles que, diferentemente de Lee, me receberam de braços abertos e animadamente, iam me falando o que faziam por trás das câmeras, além de como trabalhavam com a imagem de Alex. Por fim, todos eles disseram que ficariam muito felizes em me ajudar a me produzir para as premiações e tapetes vermelhos.

— Ah... não se preocupem comigo. – Falei sem graça enquanto colocava o café e algumas coisas para que eles comessem, lógico que perguntei o que eles queriam e o que poderiam comer.

— Depois desse banquete e da forma calorosa que você nos recebeu, Katerina, você é parte dessa equipe também. – Disse Sarah, a responsável pelas redes sociais de Alex.

— Não fiz nada demais, vou deixá-los trabalhar no modelo ali, qualquer coisa, estou no meu escritório, podem chamar. – Levantei-me do banco e deixei que todos trabalhassem em paz.

A confusão durou a tarde inteira, e, como eu havia fechado as cortinas de meu escritório e colocado os fones, quase não escutei nada, estava tão concentrada no que tinha que fazer que parecia que estava em meu escritório.

Foi só com o cair da noite que Alex literalmente invadiu meu escritório para me dizer que a equipe já estava indo e que eles queriam se despedir.

Fui até onde eles estavam acabando de guardar os equipamentos da entrevista e fechando as enormes maletas de maquiagem.

— Nossa, precisaram disso tudo para fazer aquele surfista de araque apresentável? – Brinquei.

— Não liguem, ela tem muito mais do que isso escondido no banheiro. – Alex chegou brincando.

— Para você ver. Se não é a gente para transformar esse cara em um modelo de capa de revista, duvido que ele teria tanta fã babando atrás dele. – Miguel o cabeleireiro me respondeu com um sorriso.

— E as pessoas ainda acreditam no que veem na internet. – Foi meu comentário sarcástico.

Conversei mais um pouco com eles e até ajudei a guardar tudo nos carros, claro que sob protestos de todos da equipe.

E, na saída, Sarah apenas falou:

— Obrigada por nos fazer sentir em casa. Era complicado com a Suzanna, ela não podia nos ver que já nos tratava como cachorros sarnentos.

 - Não há de que, Sarah, mas não fiz nada demais, de verdade.

— Você nos tratou bem... fez exatamente o oposto que Lee disse que faria.

E essa informação me deixou com a pulga atrás da orelha, então, tentei disfarçar o máximo a minha surpresa e segui com as despedidas.

Quando todos se foram, Alex veio caminhando ao meu lado, feliz que tudo estava dando certo.

— E então, como foi conhecer todo mundo? – Alex me perguntou dando uma cotovelada nas minhas costelas.

— Adorei a todos, apesar de que creio que não guardei todos os nomes.

— Com o tempo você guarda! E, só para te dizer, eles realmente gostaram de você. E de Thor, porque você sabe.

— Thor foi Thor e só nos fez passar vergonha...

— Exatamente. – Ele deu uma gargalhada, expressando ainda mais a sua animação com os novos rumos de sua carreira.

— Fico feliz que ele é um ótimo entretenimento para todos, pelo menos descobrimos o talento oculto do mais lesado dos huskies. – Comentei e tive que chamar por Thor que agora chorava no portão, como se tivesse sido deixado para trás na mudança. – Estamos aqui, Thor! Pelo amor de Odin! A casa fica para o lado contrário!

Meu cachorro veio correndo e teve a capacidade de escorregar no tapete quando entrou em casa.

— Deveria fazer parte de um circo. – Alex murmurou meio preocupado com o cachorro.

— Só se for o circo dos horrores. – Balancei minha cabeça em negativa e rumei para a cozinha, onde tinha coisas para arrumar.

— Deixe que eu arrumo. – Alex logo falou do meu lado.

— De dois vai mais rápido. -  Comentei e já fui passando vasilhas para ele enxugar e guardar.

Com a casa arrumada, já tarde da noite, Alex ainda cismou que queria sair para jantar fora.

— Tem certeza? – Perguntei desaminada.

— Tenho. Não sei quando teremos tempo agora, Rainha do Gelo. As coisas vão ficar um pouquinho mais complicadas nas próximas semanas.

— Se está dizendo...

— Ânimo, Kat. Vamos lá, te prometo é o tipo de restaurante que você vai gostar. – Ele me prometeu e subiu as escadas quase que me arrastando.  

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Enquanto Alex voltava aos holofotes e as expectativas para a estreia da série cresciam, eu tinha terminado a minha explicação para o Conselho e já arrumava a mala para voltar para Londres.

— Quantos dias? – Meu noivo me perguntou ao me ver fechando a mala.

 - Desta vez seis. Volto no próximo domingo, a tempo de te ver passando nervoso pelos Seahawks. – Brinquei.

— Mas tem corrida no domingo...

— Sim, Bélgica, a primeira depois das férias da F1, depois vejo no aplicativo. Algo me diz que a corrida nem será tão emocionante assim. – Dei de ombros.

Acabei de arrumar as minhas coisas e fomos jantar na casa de meus sogros, de lá Alex me levaria para o aeroporto.

Despedi-me de meu noivo ainda dentro do carro, nós tínhamos visto alguns paparazzi borboletando pelo estacionamento e preferimos não arriscar uma bagunça sem segurança.

— Você vai ficar bem? – Alex perguntou ao me segurar pela mão antes que eu saísse do carro.

— Vou sim. Não é a minha primeira viagem sozinha, Alex. – Garanti a ele e depois de lhe dar um último beijo, desci do carro e peguei minha mala.

Passei pela segurança e depois fui levada ao hangar dos jatos privados, onde esperei por um bom tempo até que fosse liberado o meu embarque.

Aterrissei em Londres no final da tarde de segunda, culpando o fuso horário pela minha dor de cabeça, já que, apesar de ter dormido por todo o tempo, o dia aqui já estava quase terminando, enquanto em Los Angeles ainda era início da manhã.

— Essa é a pior coisa de se viajar pelo globo. – Reclamei enquanto puxava minha mala até meu carro. – Que ótimo! Vou pegar o rush de final de tarde. Chegarei em casa quase meia-noite. – Murmurei para ninguém em particular, entrei em meu carro e parti para o início de noite londrino.

Apesar de ter descido no aeroporto do centro de Londres, levei noventa minutos para chegar em casa e mais alguns para, enfim, me acostumar com o fuso e me lembrar do que eu tinha que fazer.

Avisei a todos que estava em casa e não me alonguei em conversa nenhuma, ainda tinha que arrumar algumas coisas para o dia seguinte.

Estando com jetlag me perguntava como iria conseguir dormir para estar como nova na manhã seguinte. Não encontrei nenhuma resposta, acabei tomando chá de camomila aos litros na esperança de isso me desse o sono que estava procurando. De início não deu e eu acabei que me joguei no sofá e fui trabalhar no que tinha que falar para o Conselho durante a semana e, também, tentei prever como seria a minha conversa com Camilla.

De todos os cenários que previ, seja acordada ou dormindo, já que o chá fez efeito e eu acabei escorada no sofá mesmo, nenhum me preparou para o que estava por vir....

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 A semana de reuniões foi desgastante, para dizer o mínimo. O Conselho, além de querer os motivos por trás do súbito interesse da empresa no transporte dos equipamentos da Fórmula 1, quis que fosse feita uma estimativa de quanto teríamos que investir de início e quando começaríamos a lucrar de verdade.

Eu já tinha previsto esse pedido, até pela atual situação da empresa que só foi ter lucro substancial no terceiro trimestre, já que operamos no vermelho no primeiro semestre em virtude de tudo o que ocorrera no final do ano passado. Diante disso, já tinha pedido essa prévia para o pessoal de Los Angeles, porém, eles queriam que o financeiro de Londres aprovasse os cálculos.

E, essa revisão de contas, levou um dia, enquanto isso, Camilla me pedia algumas opiniões sobre os demais escritórios, sobre como tudo estava indo.

— Nossos números não serão os mais belos este ano. – Falei a verdade. – Perdemos muito no primeiro semestre tentando abafar o escândalo e, também, com as mudanças implementadas. Foi custoso manter os clientes e garantir que continuaríamos a operar da mesma maneira ágil e confiável de antes, mesmo diante de todas as mudanças drásticas.

— Sua estimativa de prejuízo.... – Camilla jogou a bomba.

— Não fiz contas, todavia, estou otimista que não teremos prejuízos.

— Não?! – Ela me perguntou espantada.

— Estamos na metade do terceiro trimestre e estamos operando uma boa margem de lucro. Acredito que não teremos um lucro astronômico no final do ano, o que vai diminuir os dividendos das cotas, mas não teremos prejuízo.

— Acredita mesmo que vamos conseguir isso tão rápido?

— Sim. Estou atuando com o Conselho faz pouco tempo, porém, tendo em vista os documentos que chegaram até mim e a forma como os escritórios ao redor do mundo estão respondendo às demandas, bem como os lucros que Los Angeles está dando, sim, acredito nesta hipótese.

Camilla se sentou na sua cadeira, a mesma cadeira que eu um dia corria para me sentar e ficava rodando, cantarolando que eu era a CEO.

— Tenho uma proposta para te fazer. – Ela começou e eu gelei todinha. – O Conselho andou vendo os números de Los Angeles, e, também, os desempenhos dos portos que você visitou e ficou visível o aumento, não só do trabalho destes lugares, como do retorno financeiro. – Ela deu uma pausa e eu confirmei com a cabeça, afinal, estava em contato com todos os portos, pelo menos uma vez por semana, tudo para garantir que todas as necessidades e demandas fossem cumpridas rapidamente e para que nada desse errado.

— E, levando-se em consideração que não chegamos a um consenso quanto ao Vice-Diretor, pois nenhum nome agradou a todos. Na verdade, somente um nome agradou, mas a pessoa já tinha recusado o cargo.

Isso era algo que eu não sabia...

— Chegamos ao denominador comum, Katerina, que só tem uma pessoa que pode ocupar este cargo e fazer um trabalho bem-feito.

Levantei a minha sobrancelha. Pois se tinha uma pessoa, por que até hoje não a chamaram?

— E essa pessoa é você. – Ela falou pausadamente e me encarou, lendo a minha reação.

Levei um tempo para processar o que Camilla estava falando.

— Perdão? Eu?!

— Sim, Katerina. Você conhece essa empresa desde o cerne. Já foi parte de cada setor que tem aqui. Está fazendo um trabalho invejável à frente de Los Angeles e ainda dá conta de me auxiliar aqui. Tudo o que você faz para a Diretoria, me assessorando, é papel que o Vice-Diretor exerce. Portanto, seria mais prático, já te empossar como Vice-Diretora e te dar carta branca para agir conforme você ache correto, sem precisar que seus relatórios passem por mim e pelo Conselho. Isso diminuiria o nosso tempo de reação e beneficiaria os demais escritórios, inclusive, Los Angeles.

Eu ainda não tinha reação.

— E, então, o que me diz?

Pisquei duas vezes para me fazer presente na conversa novamente.

— E, claro, essas suas viagens mensais poderiam ser resumidas para uma vez a cada três meses, pois você não iria precisar pedir nossos avais. Além do que, na reunião de Paris, seria muito mais conveniente para a NT&S ser representada pela vice-diretora do que por uma simples chefe de escritório.

— Isso quer dizer que o Conselho aprovou a nossa proposta de transporte?

— Katerina, você nos convenceu a transportar cargas de graça, fazer o nosso trabalho atraindo visibilidade e lucro como pode ser com a Fórmula 1 é mais do que certo de que todos aceitariam. Só falta saber se você aceita o cargo de vice-diretora.

Como era uma proposta de momento, eu não poderia pedir um tempo para pensar, então tive que pesar tudo o que eu andava fazendo, com todas as responsabilidades que peguei e colocar na balança. No fim das contas, seria só o título de vice-diretora que eu carregaria de novidade, porque o trabalho eu já estava fazendo.

— Sim, eu aceito, porém, vou precisar de mais gente para me ajudar. – Falei de uma vez.

— Creio que Wendy ficará feliz em te acompanhar para Los Angeles. – Camilla disse com um sorriso. Sorriso que eu acompanhei, pois não havia pessoa melhor para me ajudar nesta transição e no trabalho do que ela.

O último dia de reuniões foi somente para que eu fosse empossada no cargo de vice-diretora e de assinar o aval do conselho para tentarmos o transporte dos equipamentos da Fórmula 1.

Depois disso, era só ir para casa.

Mas quem disse que eu descansei de sexta para sábado? Minha família me arrastou para o Haras e lá, comemoramos o meu novo cargo e o fato de quem a NT&S estava, aos poucos, voltando para as mãos da família e que era eu, e ninguém mais, que um dia poderia liderar a empresa.

— Como você um dia sonhou, KtiKat. – Minha avó Mina disse ao me abraçar apertado.

— É... há muito tempo.... – Respondi.

O clima de alegria permaneceu até o momento em que eu embarquei para a Califórnia, já que meus pais fizeram questão de me levar ao aeroporto e, na despedida, meu pai disse todo orgulhoso:

— Até mais, vice-diretora!

Minha volta para Los Angeles foi marcada também pela mudança de Wendy, que ficou mais do que feliz de acompanhar para o outro lado do mundo e eu torcia para que ela se desse bem com Milena, já que uma seria meu braço direito para o Escritório de Los Angeles e a outra para os assuntos da Vice Diretoria.

E eu mal via a hora de contar a novidade para a parte americana da minha família.

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 Como Wendy só viria em quinze dias, afinal tinha uma mudança para fazer, a minha prioridade foi contar que a nossa equipe da direção aumentaria e, logo na segunda-feira, pedi uma reunião com Milena e Amanda.

— Quem é essa Wendy? Ela é gente boa? – Quis saber a adolescente.

— Sim. Ela era minha secretária quando estava em Londres. – Respondi.

— Então, espere. Com relação a este escritório, tudo fica como está, não haverá nenhum acréscimo de trabalho... e Wendy chegará para te auxiliar com o seu mais novo cargo de vice-diretora?

— Exatamente. A nossa dinâmica não muda. Creio que para vocês duas, haverá uma diminuição de trabalho, já que, como eu estava acumulando funções, vocês duas acumularam também. Wendy chega para dividir esse serviço em dois e facilitar a comunicação de Los Angeles com o restante do mundo.

— Acho que vamos precisar de mais um estagiário... – Milena brincou. – Porque essa aqui é a minha escragiária! – Disse batendo com uma folha de papel na cabeça de Amanda. – Ou a Olivia vem para cá também, fazer esse papel?

— Nem cogite essa ideia. Doida para vir para Los Angeles ela está, mas o lugar dela é em Londres.

— E como vamos fazer?

— Bem, Amanda, a seleção de estagiários começa em dezembro e eles assumem os postos em janeiro... até lá, só temos você, isso se alguém quiser vir para essa loucura...

E a adolescente só abriu um sorriso.

— Desde que eu possa mandar no novato, eu tô de boa.

Milena só olhou de forma desacreditada para Amanda, já eu tive que rir.

— Isso vamos ver.

— Nossa, Chefa! Você falou igualzinha à minha mãe quando eu peço algo e ela sabe que não vai me dar. Poderia ter falado não.

— Você não vai tecnicamente mandar em ninguém, Amanda, mas como já conhece tudo aqui, vai treinar o novo estagiário para nós.

— Acho que posso fazer isso.

— Fico feliz em ouvir isso. Assim, temos quinze dias, para organizar tudo por aqui e, também, dar um jeito de encaixar mais uma mesa na antessala.

— Espaço é o que não falta. – Milena comentou.

— Sim. Mas eu quero algo bem-organizado, que deixe vocês três, bem confortáveis e com espaço para irem e virem, e atenderem telefones, sem que uma atrapalhe a outra.

— Vamos dar um jeito.

E eu tinha mais um trabalho a fazer, não que decorar e organizar móveis fosse o fim do mundo, eu bem que gostava, mas teria que ser muito bem-feito e com o aproveitamento de todo o espaço possível.

Sorte a minha que meu sogro é um excelente carpinteiro e poderia me ajudar com isso.

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 A semana passou indistinta, meu trabalho não tinha aumentado em nada, porém, carregar o título de vice-diretora trouxe um certo ar de importância.

E Amanda estava adorando atender o telefone e dizer: “Vice Diretoria Executiva da Nieminen Trade and Shippiment, Amanda falando, boa tarde!” que, cada vez que eu ouvia, gelava toda.

Eu ainda não tinha contado a minha promoção para ninguém por aqui em Los Angeles, primeiro, porque mal vi Alex. Ele foi me buscar no aeroporto quando cheguei, porém, ele teria uma chamada bem cedo para gravação na segunda, e quando eu digo cedo, é cedo mesmo, ele tinha que estar no set às 02:00, o que resultou em muito pouco tempo para conversarmos, já que ele foi dormir cedo, para estar pronto para madrugar.

E, nos demais dias, a rotina louca continuou. Nós nos encontrávamos ou pela madrugada, porque eu acordava junto com ele, ou então, se eu ficasse acordada até tarde para esperar por ele.

— Eu prometo, Kat, hoje eu chego cedo e vamos colocar todos os assuntos em dia. – Ele me disse ao sair às 04:00 da manhã de sexta-feira.

— Eu sei. Não se preocupe comigo, tudo está mais do que bem! – Garanti, dando um beijo nele.

Como era muito cedo, até mesmo para pensar em fazer exercício, decidi voltar para cama e dormir mais um par de horas, afinal, não sabia o que o dia me reservava.

Contudo, a sexta-feira passou tranquila, e eu recebi a boa notícia de que Wendy chegaria no meio da próxima semana. E, como nós havíamos combinado em Londres, o apartamento que ela usaria seria bancado pela empresa por um ano, até que ela se adaptasse totalmente à cidade e escolhesse onde queria morar.

Com tudo em ordem, deixei o prédio às 17:00 horas, agradecendo que teria como descansar no final de semana.

Cheguei em casa e Alex já estava lá, me surpreendendo quando abri a porta e notei que ele estava cozinhando.

— Olá você! – Gritei da porta. – Tem algo para me contar?

Alex apareceu na porta da cozinha e me olhou em dúvida.

— Você só cozinha quando tem uma notícia para dar... – Expliquei minha fala quando passei perto dele em direção ao meu escritório.

— Eu não tenho, mas acho que você tem. – Foi a resposta que ele me deu.

— Tenho? Qual?

— Não sei... – Ele continuou a falar, mesmo tendo entrado na cozinha. – Talvez tenha a ver com o fato de que liguei para o seu escritório hoje, e a ligação foi transferida para a antessala e me atenderam assim: “Vice Diretoria Executiva da Nieminen Trade and Shippiment, Amanda falando, boa tarde!” – Alex imitou a voz e o sotaque de Amanda.

Corri para a cozinha. Não acredito que a minha surpresa tinha ido por água abaixo por conta de um telefonema!

— Amanda não me falou que você ligou! – Falei desesperada.

— Mas eu não me identifiquei... desliguei assim que ouvi o título de “Vice Diretoria Executiva”. Tem algo para me falar agora?

— Juro, não era assim que pensei que te contaria isso. – Murmurei.

— Não!? – Ele pareceu surpreso.

— Não!! Eu queria fazer igual você fez quando da confirmação da série! Eu queria contar com detalhes enquanto a gente jantava... talvez até fazer um pequeno suspense...

Alex começou a rir.

 - Confesso que pensei que tinha ligado para o número errado, mas a voz da Amanda é um tanto difícil de confundir. E a garota estava toda orgulhosa ao dizer essas palavras.

— Ela está. Na verdade, é quem mais está empolgada com a nossa promoção.

— Então, agora, você não é mais a Diretora do Escritório do Pacífico? – Alex me fez sentar na bancada para que eu contasse.

— Ainda sou a diretora desse escritório, Alex. Só que agora este escritório é também a vice diretoria executiva da empresa. Londres é a sede e nós somos o segundo em comando.

— O que te torna...

— É, você já sabe o que!

— Não. Fale o seu título. Quero ouvir da sua boca. Com esse seu sotaque chique.

Revirei meus olhos.   

— Eu sou a vice-diretora da NT&S, Alex.

Não sei como era possível, mas ele abriu um sorriso ainda maior.

— Precisamos comemorar!

— Eu queria contar isso para seus pais primeiro... eles me apoiaram tanto no início e ainda me apoiam, que merecem saber antes que tudo fique oficial.

— E tem como ficar mais oficial do que já está?

— Ficará oficial quando Wendy vier como a secretária da vice diretoria e Milena puder continuar a ser a secretária chefe daqui.

— A Wendy...

— Era a minha secretária em Londres.

— Então, você escolheu essa a dedo?

— Sim. Confio nela. Demais.

— Isso é importante. – Ele voltou a mexer na panela.

— Não quer que eu faça isso?

— Não, Vice-Diretora. Você vai se arrumar, nossas visitas chegarão a qualquer momento!

— Não me diga que você contou para seus pais?

— Não contei... mas falei que você tem uma notícia boa para contar que não é a data do casamento e, muito menos, netos. – Ele continuou rindo da própria piada.

— Você simplesmente acabou com todos os meus planos para contar a notícia. – Reclamei.

— Vai logo, ou a sua sogra chega e não te deixa sair dessa cozinha até que ela fique sabendo o que é.

Subi as escadas reclamando sozinha e em finlandês. Por que raios ele conseguiu contar a novidade do jeito dele e eu não?

Mal coloquei os pés no quarto e escutei a campainha. Claro que meus sogros não se atrasariam, ainda mais tendo uma notícia para ser contada. Encostei a porta, porém fui capaz de escutar a curiosidade de Dona Amelia.

— Alex, o que de tão importante vocês têm para contar que você está cozinhando?

Segurei a risada. Minha sogra não tinha um pingo de paciência. Aliás, isso é algo que Alex herdou dela.

Não me demorei no quarto e quando cheguei no alto da escada, sendo recepcionada por Loki, pude ouvir as vozes dos três na cozinha. Mais uma vez Dona Amelia insistia com Alex sobre o que ele tinha para contar.

— Mãe, não sou eu quem vai contar. É a Kat. Ela já deve estar descendo, pois Loki saiu daqui.

Ouvi um banco ser arrastado e pude até imaginar que minha sogra me esperaria na porta da cozinha para me intimar a contar o que quer que fosse. Assim, desci mais rápido e logo estava cumprimentado meu sogro, que estava mais à vontade do que nunca, enquanto a esposa quase morria de ansiedade.

— Boa noite, Sr. Pierce! – Dei um abraço nele.

— Boa noite, filha. – Ele retribuiu o abraço. – Acho bom você contar a novidade logo, ou Amelia vai tirá-la de você de qualquer jeito. – Apontou para a esposa que estava parada atrás dele.

Dei uma risada ao me afastar dele e olhar para Dona Amelia. Pela visão periférica, vi Alex parar de mexer nas panelas e cruzar os braços, esperando para ver a reação da mãe.

— Bem, minha querida, primeiro você me conta o que tem que contar... – Disse minha sogra ao me fazer sentar em um banco. Ela mesma ficou de pé, braços cruzados e olhar ansioso em mim.

— Na verdade, não era bem assim que planejei contar isso, mas como a notícia vazou... – Olhei para Alex que fingia não ter culpa de nada.

— Katerina, por favor! – Implorou minha sogra.

— Eu fui promovida na empresa, Dona Amelia. Só isso.

— Então, você vai voltar para Londres? – Quis saber meu sogro e eu não perdi o olhar dos dois para Alex, como que se preocupando em como essa minha promoção iria afetar o filho.

— Não! De jeito nenhum! Fico aqui. Posso dizer que tanto eu, quanto o escritório de Los Angeles fomos promovidos. Agora, além de lidar com toda a frota do Pacífico, nós também somos a Vice Diretoria da empresa. – Expliquei.

E a reação tanto da minha sogra, quanto do meu sogro, foi a melhor quando, enfim, eles entenderam o meu cargo.

— Você agora é a vice-diretora da empresa que leva o seu nome? – Dona Amelia perguntou já me puxando para um abraço.

— Sim. – Respondi.

— E só tem uma pessoa que manda em você? – Esse foi meu sogro.

— Teoricamente, sim. Mas Camilla Grissom me pediu para continuar assessorando-a em algumas coisas, não diria que ela é a minha chefe.

— Minha querida! Eu estou tão orgulhosa de você! Muito orgulhosa mesmo. Nem imagino como Diana e Jari devem estar. Finalmente você está no lugar ao qual pertence. – Dona Amelia ainda não me soltara e agora me balançava de um lado para o outro. Olhei para Alex pedindo por ajuda, mas ele só filmava a reação da mãe.

— Meus parabéns, Katerina! Mas como fica a sua agenda agora? Porque a responsabilidade aumentou.

— Senhor Pierce, eu já vinha fazendo este trabalho desde janeiro, enquanto o Conselho não se decidia por um novo vice-diretor. Como não chegaram em um consenso, acabaram por me oferecer o emprego e eu... bem, aceitei. Porque na realidade, eu acho que sentiria até falta do que já fazia.

Minha sogra me soltou e pude ver que ela tinha os olhos marejados, genuinamente feliz pela minha promoção.

— Temos que comemorar! E muito! – Ela falou e foi em busca de algo na geladeira. - Por favor, me digam que tem um champanhe nessa casa!

Alex foi quem respondeu ao pedido da mãe.

— Tem sim, mãe, comprei mais cedo, pois sabia que era motivo de se estourar um.

— Eu não vejo necessidade. – Intervi.

— Mas deveria! – Meu sogro me cortou. – Não é todo dia que uma promoção dessas acontece e ainda mais depois de tudo o que você passou, filha.

Alex apareceu com a garrafa de champanhe e minha sogra já estava com as taças em mãos para que a bebida fosse servida.

— Will e Pepper deveriam estar aqui também, mas vou perdoá-los, estão preparando o jantar de noivado que será na semana que vem. – Disse Dona Amelia assim que entregou a última taça.

Foi Alex quem fez o brinde e eu, muito sem jeito, agradeci.

— Então, seu primeiro ato como vice-diretora será? – Alex perguntou.

— Tentar fechar o acordo para transportar os equipamentos da Fórmula 1. No final de setembro vou até Cingapura para fazer o lobby para a reunião que acontecerá em Paris, em dezembro.

— Já vai chegar com os dois pés na porta. – Alex deu uma risada.

— Eu vou tentar. Chutar portas é a sua especialidade. – Fiz piada.

— Eu sei que vai conseguir, querida. – Dona Amelia me deu seu voto de confiança e meu sogro só levantou a taça e tomou mais um gole de champanhe em minha homenagem.

A noite acabou por ser tranquila, e eu fui impedida de todas as formas de fazer alguma coisa, não me deixaram lavar nenhum prato! Até parece que um título de vice-diretora iria me fazer virar madame da noite para o dia!

E, depois que eu fui muito paparicada, até por telefone, já que cismaram de ligar para dona Laura e até para Dona Ilsa, a conversa mudou de foco e passou para os dois atores, que estavam em fase inicial de gravação das respectivas séries.

Da cozinha passamos para a sala, sentamos nos sofás, com os três cachorros aos nossos pés, e a conversa continuou até bem tarde. Alex, que tinha se sentado do meu lado e ainda bebericava uma taça de champanhe, me abraçava pelos ombros e, de vez em quando beijava o alto da minha cabeça.

Quando meus sogros foram embora e estávamos voltando para a sala, ele só me pegou em um abraço apertado e me rodou.

— Eu estou muito orgulhoso de você, Katerina! – Ele falou quando me colocou no chão. – Muito orgulhoso mesmo. Em menos de um ano, você conseguiu o que parecia ser impossível. Deu a volta por cima, ressurgiu das cinzas, colocou os palhaços para correrem e reconquistou o que é seu por direito. Você é a mulher mais incrível que eu conheço, Kat!

Senti meu rosto corar na hora.

— Também não é...

— Nem complete essa frase. Você é tudo isso e mais além, Kat. São poucas as pessoas que conseguem encarar o que você encarou, sobreviver a tudo o que você sobreviveu e ainda voltar por cima. Você é um exemplo!

Meu rosto ficou ainda mais quente e eu queria que ele parasse de me elogiar desse jeito.

— E, - Alex pegou meu queixo para que eu o olhasse nos olhos. – acho muito bom você se acostumar com todos estes elogios.

— Impossível disso acontecer. – Murmurei escondendo meu rosto em seu peito largo e ele ria, porque, apesar de não poder me ver, ele podia...

— Eu ainda sei que você está com vergonha. – Falou me dando um beijo no alto da cabeça.

Não respondi nada, mas deixei que ele continuasse a me abraçar e, agora, também a me guiar em uma dança sem música, ficamos um tempo assim, um nos braços do outro, aproveitando o momento e matando a saudade que tínhamos.

Um tempo depois ele me guiou para o quarto e quando eu já estava quase dormindo, o silêncio foi quebrado pelo murmúrio de Alex.

— Katerina Elizabeth Nieminen, vice-diretora executiva da NT&S. – Ele falou. – Sabe de uma coisa, Kat? – Tentou chamar a minha atenção me abraçando mais forte.

— O que?

— Eu gosto muito de como seu nome soa com o seu novo título... até parece que você faz parte da realeza e não de uma empresa.

— Deixa de ser bobo, Alex. – Pedi ainda sem encará-lo, estava muito confortável com minha cabeça em seu peito e meu ouvido em cima de seu coração.

— Estou falando sério! Ficou bonito. Ficou importante. Como sempre deveria ter sido...

Apoiei meu queixo em seu peito e tentei vê-lo no escuro.

— Por mais que eu não me importe tanto assim pelo título, fico agradecida que você ficou tão feliz pela minha promoção. Além dos meus pais, nunca ninguém havia ficado orgulhoso por algo que eu havia feito. Assim, o mais importante de tudo que me aconteceu nessa noite não foi o jantar que você fez, ou a presença de seus pais, foi ver tanto nos seus olhos, quanto nos de seus pais, que vocês estavam orgulhos e felizes por algo que eu havia conquistado. Isso é o que me importa. Obrigada por me fazer sentir assim, amada, acolhida, querida de verdade.

Alex só me apertou mais forte e me instou a me deitar novamente.

— Eu sempre, sempre, Kat, estarei torcendo e comemorando cada conquista sua. Sempre estarei com você em cada momento, seja bom ou ruim. – Ele me prometeu.

— Eu sei. E saiba que eu também estarei sempre do seu lado. – Falei.


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Notas finais do capítulo

E agora Katerina é Vice Diretora, será que até o fnal da história ela chega à CEO ou ela para onde está para viver o romance com Alex.
Cenas dos próximos capítulos!
Muito obrigada a você que leu até aqui!
Até o próximo capítulo!
xoxo



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