Presos Por Um Olhar escrita por Carol McGarrett


Capítulo 113
Uma Verdade Inconveniente


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo para vocês.
ATENÇÃO: Possui alerta de gatilho, pois falo de abuso sexual, não há descrição de cenas, apenas o assunto é posto em pauta, como a última verdade sobre o controle que tiveram sobre a Katerina. Assim, quem se sentir desconfortável com o tema, haverá a marcação de * antes da parte, para que evitem o restante do capítulo.
Esse assunto irá voltar no próximo capítulo, mas com a solução ou resolução de Kat sobre ele.
Boa leitura.



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"Não é quem segura a sua mão.

E sim quem não solta em meio ao caos."

Natan Rodrigues

(página no Instagram, @eunatanrodrigues)

Alex tinha ido para o Novo México há quase duas semanas agora. Lógico, antes que ele fosse, eu entreguei o presente que havia comprado de Dia dos Namorados e ele me fez prometer que nunca mais iria esquecer a data… fiz a promessa sabendo que essa era uma data que eu esqueceria, afinal, eu só me lembrava de todos os aniversários e datas importantes porque tinha tudo anotado e com lembretes no meu celular, claro que eu não disse isso a ele, contudo, tratei de logo ativar o lembrete anual no calendário.

Depois de um café da manhã já com gosto de saudade, Alex subiu, pegou as malas, que ele havia feito no dia anterior, e me pediu que o levasse ao aeroporto.

— Claro que não é no hangar dos voos particulares, sou parte da plebe e voo de comercial mesmo.

— Até parece que nunca voou em jato… - Comentei enquanto o ajudava com as malas e a mochila.

— Para a grande maioria, eu nunca fiz isso… fica só entre a gente. - Piscou e me roubou um beijo

— Se você diz…

Ele foi dirigindo o meu carro, brincando que eu ainda não conhecia o caminho, que era muito novo para mim - mesmo que tivéssemos passado ali ontem, por duas vezes.

— Só para tirar uma dúvida minha. - Falou a certa hora.

— Sobre…

— Você vai viajar para a América do Sul?

— Sim. Dentro de quatro semanas, tenho que vistoriar os portos e tentar entender o que está acontecendo por lá… às vezes parece que os números não dizem a verdade.

— Estou convidado?

— Você já terá voltado?

— Não dá pra esperar um pouco mais? - Devolveu a pergunta.

— Estou querendo ir o mais cedo possível, por conta de Vic. Nunca se sabe o que vai acontecer. Ela já está de quatro meses.. até lá estará entrando no sexto mês, e temos que arrumar muitas coisas para a chegada do bebê.

— Se eu já tiver voltado…

— É mais do que bem-vindo para me acompanhar - Garanti.

— Vamos ver se daremos sorte de aceleramos essas gravações. - Disse um tanto confiante.

— Torço para que consigam, mas sem levar ninguém à exaustão, por favor. Lembre-se, você não é o único do set e muito menos o que quer voltar mais cedo para casa.

Ficamos em silêncio assim que avistamos o aeroporto. Como sempre, meu noivo manobrou com maestria entre os carros indecisos e logo achou uma vaga bem perto da porta de embarque.

Descemos do carro e a primeira coisa que ele fez foi colocar um boné e óculos escuros.

— Para que isso? - Questionei.

— Evitar fotos. Aqui sempre tem uma horda de paparazzi.

Olhei apreensiva ao redor, contudo, eu jamais saberia dizer quem ali é turista, morador da cidade ou um urubu em forma de fotógrafo…

Pegamos as malas e nos dividimos, Alex foi fazer o check in no totem e eu fui para a fila do despacho de bagagens, já certa de que ele pagaria sobrepeso.

Estava batendo o pé no chão, já entediada com a demora e com o fato de que a moça no balcão discutia com a atendente da companhia aérea, porque ela queria levar a prancha de surfe na cabine, enquanto a atendente, pela milésima vez, dizia que era proibido. A conversa já durava quinze minutos e foi preciso que a gerente em terra fosse chamada para desenhar para a chata de galocha que era proibido levar o objeto na cabine. 

Muito revoltada a mulher gritou que da próxima vez ela vai comprar uma passagem para a prancha e que ela jamais voaria com essa companhia novamente.

Todo esse drama durou vinte e cinco minutos e foi o tempo necessário para que Alex se juntasse a mim na fila.

— Os chatos do guichê atacam novamente? - Perguntou.

— Eu diria A Chata. - Apontei com queixo para a mulher que saiu revoltada, já com o celular na mão, provavelmente xingando horrores em alguma rede social, só para conseguir engajamento.

Após esse incidente, a fila andou mais rápido, na nossa vez, o atendente, que parecia ter virado a noite no guichê de despacho, só nos olhou e disse:

— Vão pagar sobrepeso. - Apontou para o peso das duas malas.

— Sim. Sabemos. - Tentei ser cordial, contudo, não adiantou nada.

Sem drama, ele deveria estar realmente cansado, pagamos a diferença, despachamos a bagagem e fomos em direção à área de embarque.

Como o LAX é um dos aeroportos mais movimentados do país, não dava para ficar matando tempo até que o voo de Alex estivesse quase na hora do embarque, até porque ele ainda teria que passar pela revista de rotina e caminhar por um longo trecho até o portão de onde seu voo decolaria. Então, o que nos restou foi uma despedida mais rápida, já na frente do portão de acesso à sala de embarque.

— São só trinta dias… mas se você quiser ir me visitar no set, eu ia gostar da surpresa.

— Vou ver se dará para ir… contudo, não garanto nada.

— Me avise que eu peço para liberarem a sua entrada no set.

— Pode deixar.

Respiramos fundo, tentando prolongar o momento por mais alguns minutos, mas foi em vão.

— Você sabe que te amo e vou sentir a sua falta, não sabe? - Perguntei o abraçando.

— Não mais do que eu a sua. - Foi a resposta que recebi.

Tentei me fundir em seu corpo para que não tivéssemos que nos separar, algo impossível. 

— Vai passar rapidinho. - Ele foi o otimista entre nós.

— Nem tão rápido… me ligue informando quando vai voltar… eu venho te pegar aqui. - Pedi.

— Pode deixar. - Ele confirmou e logo diminuiu a distância entre nós e me deu um beijo. - Até logo, Rainha do Gelo. - Sussurrou em meu ouvido.

— Até…. - Falei respirando fundo, pois queria começar a chorar e isso era tudo o que não poderia acontecer, visto que eu não podia ir trabalhar com a cara toda inchada e com a maquiagem borrada. - Te amo. - Sussurrei.

— Eu também. – Respondeu-me e depois jogou a mochila nos ombros. - Será que um dia fica mais fácil essas despedidas? - Questionou.

— Tenho certeza de que não. - Mantive minha voz baixa, para não entregar que eu queria começar a chorar.

— Também acho que não. - Falou e me deu outro beijo. Depois me abraçou apertado e sem dizer uma palavra, foi para a área de revista.

Fiquei ali parada, até quando ele saiu definitivamente do meu campo de visão, depois de me acenar um adeus.

Respirando fundo e me concentrando em não chorar, voltei para o carro, mas bastou que eu arrancasse e as lágrimas brotaram de meus olhos.

Fiz o trajeto do LAX até o centro de Los Angeles chorando. E, assim que parei o carro na garagem do prédio, permiti me olhar no espelho. Estava com os olhos vermelhos, o rosto inchado e uma parte de minha maquiagem tinha dito adeus.

Mesmo com essa cara, tive que descer e ir trabalhar. Minha sorte era que ainda era cedo e que eu tinha um kit de maquiagem no banheiro da minha sala, para emergências como essa.

Depois de me fazer apresentável, foquei no trabalho, que seria o meu companheiro nas próximas semanas.

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Se Alex estava trabalhando a morrer no Novo México, eu não estava lá em uma posição muito melhor. Meus dias estavam cada dia mais corridos e parecia que vinte e quatro horas eram muito poucas para dar conta de tanto serviço.

Na última semana de fevereiro fui para Londres, para a minha reunião mensal e, por incrível que possa parecer, foi no voo de pouco mais de onze horas que consegui dormir e deligar um pouco a cabeça.

Cheguei na quarta-feira à tarde, e já me dirigi direto para o escritório, e essa foi a única vez em que vi vantagem em estar dez horas atrás no fuso, trabalhei com mais ânimo do que grande parte do prédio.

A quinta e a sexta foram no mesmo ritmo alucinado, a diferença, o fuso bateu e eu tinha prometido que iria sair com minhas amigas.

Deixei o prédio tarde da noite, todavia, todos as reuniões e trabalhos foram devidamente conversados e adiantados, e, depois de três meses desde o fatídico dia do atentado contra a minha vida, pudemos falar que finalmente a NT&S estava voltando aos trilhos. Não havia uma reclamação em atraso, não havia cargas paradas em portos por muito tempo, e, o mais importante, as contas e a administração estavam em dia e caminhando muito bem, uma prova do bom trabalho que Camilla estava fazendo à frente da Empresa.

A única peça que ainda faltava encaixar era o Vice-Diretor. Vários nomes foram especulados e trazidos para que o Conselho aprovasse, contudo, nunca havia unanimidade. Cogitaram trazer alguém de fora, o que foi rechaçado na hora, com o argumento de que se uma pessoa que trabalhou por mais de trinta anos dentro da NT&S fora capaz de atentar contra uma funcionária, o que uma pessoa de fora não seria capaz de fazer?

Essa reunião foi que me manteve presa no prédio até quase onze da noite, quando, enfim, cheguei no meu carro, notei que tinha mais de vinte ligações não atendidas, e várias mensagens, a última de quase 45 minutos atrás era a seguinte:

Amiga desnaturada,— escrevia Pietra. – te esperamos por quase uma hora e você não atendeu nenhuma das nossas ligações ou mensagens. Já jantamos, Mel, Henry, Benny e eu vamos escolher um lugar para ir, se quiser vir, me mande uma mensagem que te mando o endereço.

Era fora de cogitação que eu tivesse forças para ir atrás dos quatro, cansada como estava, para ficar segurando vela... Pietra e Mel que me desculpassem, eu estava precisando descansar, porque voltaria para LA no domingo bem cedo e passaria o sábado arrumando Elena para o recital de balé.

E, mal cheguei em casa, só coloquei as minhas coisas no meu escritório e subi para o quarto, já desfazendo o coque baixo e tirando o blazer que usava.

Tomei um merecido banho quente, pois Londres estava gelada como sempre, e assim que me joguei na cama – sim, me joguei, não tinha forças para me deitar como uma Dama. – meu celular tocou.

— Pai, tenha misericórdia dessa sua filha que está morta de cansada! – Murmurei contra o travesseiro e estendi a mão para pegar o aparelho que tocava sem parar.

— Eu... – Falei ainda com o rosto enterrado no travesseiro.

— Dia puxado? – Alex me saudou.

— Sim... Muito.

— Mas ainda não são duas da tarde!

— É meia-noite em Londres...

— Esqueci que você iria para casa nesse final de semana! – Pude escutar o tapa que ele se deu.

— Eu te falei que vinha. – Ajeitei-me na cama e coloquei um travesseiro nas costas e me enrolei na coberta, tudo para não perder o calorzinho do banho.

— Sei que falou, eu que ando com a cabeça nas nuvens.

— Algum problema por aí?

— Não... só muitas cenas sendo gravadas por dia. Parece que tem mais gente interessada em ir para casa o mais rápido possível do que eu poderia prever.

— Ou o orçamento do filme já estourou e estão correndo com isso para não terem prejuízo.

— Outra ideia plausível, mas isso, se aconteceu, ainda não chegou no ouvido de ninguém.

— Bem... seja o que for, espero que estejam gravando dentro das normas de segurança! Não quero nem pensar em receber alguma notícia ruim!

— Tudo está certinho, Kat... o Sindicato até esteve aqui hoje, vistoriando tudo.

— Então é por isso que está me ligando nesse horário! – Chutei.

— Sim, estou no estacionamento do estúdio, enquanto o pessoal é quase que interrogado lá dentro.

— E você não?

— Já fui... achei que iria ver o que foi a Inquisição bem de perto.

— Ruim assim?

— Os caras te pressionam de qualquer jeito, de todas as formas, sempre achando que vamos mentir em algo.

— Errados eles não estão... afinal, estavam conversando com um ator e sabem que tem a enorme possibilidade de que você vá mentir, omitir ou fingir alguma situação.

— Não vai ficar do meu lado!? – Alex perguntou brincalhão.

— Estou do seu lado, sou a vozinha da sua consciência que fica pedindo para você ter juízo. E que o ambiente seja o melhor e mais seguro possível.

— Tudo bem, Voz da Consciência que está do outro lado do Oceano, vamos mudar de assunto?

— E vamos falar do que? Por favor, que não seja do clima! Cada vez que entrei no elevador hoje, alguém puxava esse papo... Vou ficar sem ver a previsão do tempo por um longo período!

— Exagerada, mas o que quero te perguntar é sobre as reuniões... Tudo certo?

Comecei a contar as reuniões para ele e do impasse para achar o Vice-Diretor. Terminei o meu relato, tentando esconder o bocejo que estava prestes a dar.

— Já está deitada?

— Estou...

— Então eu vou te deixar dormir, mas antes, tenho uma boa notícia para te dar...

— E que boa notícia é essa?

— As gravações vão terminar mais cedo.

— Quando?! – Agora eu estava mais do que desperta.

— Não te digo... será surpresa quando eu aparecer.

— Vai dar para você ir na viagem comigo?

— Você vai ficar sabendo mais para frente. – Disse todo misterioso.  – Agora, Rainha do Gelo, vai dormir.

— Impossível ir dormir com uma notícia contada pela metade! Alexander, quando você volta?

— Surpresa, Kat.

Gemi em frustração e dei um soco no travesseiro ao meu lado.

— Por favor! – Pedi.

— Não... só digo para que fique preparada. Te amo, Kat.

— Duvido disso! Se me amasse, não me deixaria no escuro desse jeito!

— Você não vai me manipular, Kat. Nem adianta...

Pelo menos eu tinha tentado.

— Boa noite.

— Bom trabalho para você. E, por mais que você não ande merecendo, também te amo.

Alex uma risada do outro lado da linha.

— Tenho que ir, nos vemos em breve... – Terminou e desligou o telefone para que eu não tentasse mais uma vez tirar a data da sua volta.

 Cai no sono ainda especulando a data do retorno de Alex e, quando dei por mim, meu celular despertava.

Eu tinha um sábado e tanto pela frente, afinal, controlar a Elena já tarefa difícil, uma Elena ansiosa para dançar balé é tarefa para os fortes.

Passei minha tarde arrumando minha sobrinha mais nova e depois tive que arrumar a mais velha também, para que nenhuma ficasse com ciúmes.

Assim que acabei de arrumar o cabelo de Liv, gritei em direção ao quarto de Tuomas:

— Precisa que a sua tia te arrume também?

Meu sobrinho só gritou um palavrão de volta, estava mais do que bravo de ser obrigado a ir no recital e perder sei lá que balada que ele tinha sido convidado.

Com as crianças prontas, fui para casa, com o intuito de me arrumar também.

— Encontro com vocês no teatro! – Falei por sobre o ombro, já abrindo a porta e saindo para a rua.

— Tudo bem! - Tanya me respondeu de algum lugar. - E muito obrigada pela ajuda!

No caminho me lembrei da tradição de todo balé, dar flores para as bailarinas em sinal de agradecimento por seu esforço e trabalho, assim passei em uma floricultura e busquei pelo buquê mais colorido que tinham.

A apresentação de Elena foi uma fofura, como ainda são todas crianças, não houve nenhum destaque, todas as menininhas dançaram ao mesmo tempo, dividindo a atenção dos presentes.

Ao final, elas se enfileiraram para o agradecimento final, todos ficaram de pé e aplaudiram animadamente, afinal, daquele grupo de quase vinte bailarinas, poderia realmente sair a próxima primeira bailarina de alguma companhia importante.

Tanya foi pegar a filha nos bastidores e nós prometemos que esperaríamos pelas duas ao pé da escada, já do lado de fora do teatro.

— Se elas demorarem mais, eu perco minhas orelhas! – Liv reclamou e tentou buscar no pai, um pouquinho de calor humano.

Mãe e filha só foram aparecer quase vinte minutos depois. Elena estava eufórica por ter conseguido dançar sem cair e falava sem parar.

Todos cumprimentaram a pequena bailarina, quando ela chegou na minha frente, entreguei o colorido buquê e ela.

— Para mim, tia?

— Mas é claro! Um lindo buquê para a mais linda bailarina daquele palco.

E Leninha ficou toda sem graça com o mimo.

— Obrigada, tia! – Falou ao me abraçar com força.

Dali fomos jantar todos juntos, e, depois do jantar, aproveitei para me despedir de minha família.

— Até quatro semanas! – Falei com minhas avós.

— É melhor pouco do que nunca. – Meu avô respondeu pelas duas.

No domingo cedo peguei um taxi que me deixou no aeroporto quando o dia ainda nem tinha amanhecido. Estava na hora de voltar para casa.

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 As semanas passaram voando...

O primeiro marco foi a reunião geral do prédio. Todos os setores e todos os funcionários se reuniram no auditório e ideias das mais variadas foram trocadas. Algumas específicas para determinado setor, outras poderiam a vir beneficiar todos. E, com três horas, resolvemos tudo, as pendências que estavam paradas há quase um ano, assuntos internos, falta de pessoal, escala de férias e tínhamos um cronograma para a implementação de melhorias e novidades por todo o prédio. Ao final, aproveitando que era sexta-feira e que ninguém faria nada mesmo nos noventa minutos para o final do expediente, e encerramos os trabalhos de sexta, todos começando o final de semana mais um pouco mais cedo.

Uma piscada e o final de semana passou voando, culpa de minha sogra que me arrastou para a Fazenda para continuar o processo de doma de Athena, e quando vi, a minha viagem para o Chile estava batendo na porta. E eu não tinha ideia se Alex conseguiria ou não ir... por via das dúvidas, o nome dele estava no manifesto de voo, era mais fácil cancelar a ida dele do que encaixá-lo de última hora, algo que a alfândega detesta e, em determinadas situações, costuma barrar o novo passageiro.

Passei a tarde de sexta organizando as pautas e agendas com Milena que iria aproveitar a minha viagem e tiraria férias. Eu ficaria uma semana fora, ela quatro.

— Eu treinei Amanda para organizar quase toda a sua agenda, ela só não conversa pessoalmente com os fornecedores, mas, a burocracia interna ela tira de cor e salteado. – Garantiu minha secretaria.

— Sei que tira. Pode ir viajar com tranquilidade, descanse e desligue a cabeça. Esse prédio não existe para você nas próximas quatro semanas. – Falei.

— Estou precisando mesmo. Então, boa viagem para o Chile e todos os portos, que seja melhor do que foi ir para San Diego.

— Também espero que seja. E um ótimo descanso para você, Milena!

Ela se despediu e entrou no elevador, já falando que não sentiria falta de nada do que havia ficado.

Tranquei o andar direção todo, qualquer ordem na próxima semana viria de Londres. Pois até Amanda estava de folga, merecida para que começasse as provas e ensaios de final de semestre da escola.

Parti para a minha casa com uma sensação estranha no peito. Não sabia o que era, mas parecia que iria me sufocar.

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ATENÇÃO, GATILHO À FRENTE!

Estava acabando de arrumar as malas para a viagem, quando tocaram a campainha. Desconfiada, olhei primeiro pela câmera e, parada, com cara de poucos amigos, escorada em um carro que não era uma Ferrari, estava Pietra.

— Espere que já vou abrir!

— Abra a garagem, por favor! – Ela pediu.

— Era o que eu ia fazer!

Abri o portão e escutei minha amiga tresloucada guardar o carro e descer praguejando que os americanos não sabem fazer automóveis e muito menos dirigir!

— Eu estou falando sério! – Ela veio marchando até a porta principal. – Onde já se viu colocar um motor V8 em um carro e o bendito só ter quatro marchas que são passadas por uma alavanca que fica ATRÁS do volante!

— É um carro velho.... de quando? Anos 70?

— Sim. 71 para ser mais exata. E dizem que esse Corvette Stingray é clássico! Clássica é a minha Enzo!! Isso é velho e fora de mão! – Apontou para o carro.

— E de quem é o idoso?

— Do Benny... e nem me pergunte o porquê ele ainda tem aquilo.

— Pelo mesmo motivo que você tem a sua Enzo e meu pai tem a Mercedes SRL McLaren. Gostam dos carros.

— Eu vou ter que ensinar para o Benny muito mais do que italiano. – Disse dramática. – Mas não vim falar do péssimo gosto para carros do meu namorado, vim colocar o papo em dia, porque você nos deu bolo em Londres.

— Foi mal... a reunião acabou tarde e eu estava morta de cansada. – Expliquei.

— Poderia dizer que é uma mentira, mas te entendo. Essa coisa de ficar passeando pelos fusos-horários da Terra é complicada... Agora, não sei o que está fazendo, mas pode parar e me contar as fofocas.

— Não posso parar, tenho viagem marcada para a madrugada de domingo para segunda, estou arrumando as malas, vem comigo que vou te contar a maior Justiça Divina da história.

— Que seria a sua irmã tomando um tombo da passarela e levando a Suzanna junto?

— Não, melhor do que isso! ‘Aquele Que Não Deve Ser Nomeado’ sendo deserdado bem na minha frente!

Pietra deu um pulo como uma criança que tenta alcançar um doce e depois de se ajeitar no divã ao pé da minha cama, só pediu para que eu continuasse.

E foi o que eu fiz, eu contei os detalhes de toda a conversas e as reações dele.

— Assim, ele perdeu a namorada, o emprego, a família, a casa, os carros e o dinheiro que o sustentava até hoje! – Terminei. – De que ele vai viver, não faço ideia.

— Olha... sinceramente, nem para garoto de programa deve servir! – Pietra soltou essa pérola, já chorando de rir, e depois começou a dizer ocasionais adjetivos bem pesados sobre o meu ex. – E eu perdi uma coisa dessas! Eu não acredito! Perdi quando Alex bateu nele e agora isso. Queria vê-lo chorando por dinheiro!

— Pois é, o mundo dá voltas! – Concordei.

Ela se deitou no divã, já cansada da minha andança pelos cômodos, e, soltou sem dó nem piedade:

— Você ficou livre de seus abusadores. Todos três.

— Matti ainda está por aí. – Lembrei-a.

— Está, contudo, ele perdeu tudo do que ele mais se vangloriava. E não era a família.  – Destacou a última frase.

Concordei com ela e voltei para dentro do closet, atrás de algumas peças específicas que queria levar. Todavia, uma palavra ficava dando voltas ao meu entorno.

Abusadores. Abusadores. Abusadores.

Balancei a cabeça em negativa e tentei me concentrar nas escolhas que fazia, em vão, e quando notei, me peguei questionando, assim que voltei ao quarto com a última leva de coisas para colocar na mala de Alex.

— Por que você disse ‘abusadores’?

— Ora... – E aqui minha amiga Louca se sentou e balançou a mão direita. -  Você nunca parou para pensar que foi abusada por eles? Eles te abusaram emocionalmente, psicologicamente e sexualmente.

Eu não fui abusada sexualmente, está louca? De onde tirou essa ideia. – Neguei automaticamente, minha voz subindo tantas oitavas que eu nem me reconheci.

Pietra me encarou e jogou a verdade inconveniente e dolorosa na minha cara:

— Dempsey estava com você por três motivos: dinheiro, poder e status. Como vocês eram um casal, ele ganhou outros privilégios e benefícios com você, como Cavendish bem disse naquela fatídica tarde em Londres. Assim, todas as vezes que vocês dormiam juntos, ele te abusava, Kat, ele te usava, você era só a mulher mais fácil com quem ele poderia ter uma noite de sexo.

— Não é assim, eu queria... – Afirmei.

Bionda, ele nunca te quis, como você achava que o queria. Você sempre foi um objeto para ele. A gostosa, rica e herdeira da fortuna que ele iria herdar. A função dele com você era te conquistar, casar com você e procriar... nunca te amar ou se preocupar com você ou cuidar de você!

Fiquei calada. Custava-me aceitar essa ideia de Pietra. Parecia, era inconcebível o que ele falava! Eu não fora abusada...

— Aqueles três canalhas fizeram tudo isso com você... controlaram até com quem você teria filhos... e provavelmente iriam te culpar se você tivesse uma menina.

Eu ainda processava o que Pietra tinha dito, e a pressão que eu já vinha sentindo em meu peito foi aumentando, até chegar ao nível do insuportável.

— A ficha caiu agora, não foi? – Perguntou a Italiana quando eu comecei a respirar ruidosamente.

Meus olhos arderam, algo se revirou dentro de mim, minha cabeça começou a doer violentamente e tudo o que eu via eram vultos, formas indistintas, acabei por me sentar na cama.

Contudo, eu não poderia demonstrar como toda essa conversa estava me afetando, e, com muito jeito, consegui disfarçar o que sentia, voltando a dobrar e enrolar as roupas para colocar na mala.

Minha amiga ainda falava ao fundo, explicando a sua teoria, desisti de ouvir e só concordava com ocasionais “sins”. Acabei por dar sorte, porque logo Pietra recebeu uma ligação de Benny e disse que estava indo se encontrar com ele.

— Não fica assim, Katerina. A verdade dói, sinto ter sido aquela que te contou a parte dolorosa, mas você tinha que ser ciente desse fato, porque não tem como perdoar o que te fizeram, não vai ser a prisão, a perda da herança e o sumiço que irão apagar o que foi feito com você! Só queria que estivesse ciente de todos os fatos, antes de sair falando que todos merecem perdão! Ou que você vai tratá-los apenas como uma página sem significado do seu passado. O importante é que, agora, você está emancipada desse controle nojento e vil. Comemore sua emancipação, Katerina! Principalmente a sexual. Sua vida agora é completamente sua. Você escolhe o que quer fazer e com quem quer fazer.

— É... obrigada por me contar isso. Não sei se hoje eu sou realmente grata, mas um dia, serei.

— Você vai superar isso também, Katerina. Lembre-se: o que não te mata, te deixa mais forte. – Falou e entrou no carro, já reclamando de tudo e, depois de buzinar e acenar, acelerou para fora da minha casa.

Fechei o portão às pressas e corri para o banheiro, a bile, que eu tanto segurava, fez seu caminho de volta e eu vomitei meu almoço.

Quando esvaziei meu estômago, comecei a chorar.

Fora doloroso saber que eu tinha sido usada, mas saber que até nisso... o pior era que Pietra tinha razão... Dempsey me usou como se eu fosse uma prostituta de luxo... ou nem isso, porque elas recebem pelo trabalho, e eu não recebi nada... ele nem me agradecia ou fingia que se importava comigo... e quantas vezes, depois de fazermos sexo, ele simplesmente se levantou, vestiu a roupa e me deixou sozinha? Inúmeras! Ou melhor dizendo, ele nunca ficou... eu sempre amanhecia sozinha na cama.

Com essa constatação, quase dei um ataque histérico no banheiro, querendo quebrar tudo, jogar tudo pela janela, todavia, não valia a pena. Tentei controlar a minha respiração, tentei estabilizar meu corpo e colocar na minha mente que tudo isso era passado, um doloroso passado que me ensinara a nunca mais confiar cegamente nas pessoas. Mesmo assim a dor não passou, piorou, pois todas as lembranças voltaram como um furacão.  

Não sei quanto tempo tinha se passado, ainda estava chorando no chão, abraçando minhas pernas, quando ouvi passos. Tentei secar as lágrimas que escorriam de meus olhos, e, quando os abri, Alex me olhava apavorado.

Tinha me esquecido que ele prometera que chegaria mais cedo, não tinha me dito quando, mas dissera que seria uma surpresa, tanto que eu esperava que fosse nesse final de semana, e tinha até feito a mala dele para que me acompanhasse na viagem da próxima semana. Internamente perguntei-me por que ele não chegou amanhã? Por que justo hoje para me ver desse jeito?

Não adiantava, quanto mais eu limpava o rosto, mais eu chorava, e, vendo a preocupação estampada nos olhos de meu noivo, me senti ainda pior, pois comparei o tanto que ele cuidava de mim e me amava, com tudo o que eu achei que tinha no outro relacionamento, e, a única reação que tive foi voltar a chorar convulsivamente, com direito a soluços.  

— O que aconteceu? – Alex perguntou, se sentando do meu lado e me puxando de encontro a si.

Eu não conseguia falar. Assim, me aninhei no seu peito e deixei que a dor, que eu não achava que era tão forte, mas era, sair de meu corpo.

— Kat... tem algo que você queira me contar... por que você está sentada no chão do banheiro, chorando desse jeito? Aconteceu alguma coisa com alguém das nossas famílias? Com você? Kat, por favor, me dá uma dica. – Ele começou a ficar quase desesperado diante do meu silêncio e do meu choro.

Levantei a minha cabeça que já pesava uma tonelada e, ao invés de tentar enxergar Alex por detrás da cascata de lágrimas, tudo o que vi foram pontinhos brilhantes, ou seja, era uma enxaqueca que começava.

Alex ainda esperava pela minha resposta e, no meio de soluços e de uma pontada violenta na cabeça, repeti a fala de Pietra.

— Pietra esteve aqui, estávamos conversando sobre os últimos acontecimentos e ela começou a comemorar que agora Dempsey também está pagando pelo que fez comigo... – Parei para respirar e meus olhos, novamente, se encheram de lágrimas, que escorreram rápidas pela minha bochecha.

— Ela te falou que você foi usada por ele. – Meu noivo completou a fala.

Olhei para ele, ou melhor, para o vulto que ele era agora. Como ele poderia saber disso?

— Eu pensei nisso quando você me contou toda a verdade, naquele domingo pela manhã. Você descreveu que tinha sido usada por seu avô, que tinham planejado a sua vida... e quando liguei isso ao fato de Dempsey te deixou no altar, te chamando, dias mais tarde, de marionete, e, depois com tudo o que Cavendish confirmou naquele vídeo, eu percebi que você fora, sem saber, abusada sexualmente por ele. Sempre me perguntei como você nunca percebeu isso, mas, daí me lembrei que você mesma me disse que sempre fora tradicional demais e que nunca fora namoradeira, assim, sem experiência, te manipular e te usar foi fácil para ele.

Minha respiração ficou presa na garganta, eu me sentia péssima, queria gritar, chorar e me esconder do mundo.

— Eu sinto muito por isso, Kat. Não queria que você tivesse que passar por mais essa revelação... não depois que tudo já acabou.

Eu chorava abraçada ao pescoço de Alex, que, depois de um tempo, se levantou comigo em seus braços e me levou para o quarto.

Ele me deixou ali, chorando por alguns minutos, e quando retornou, tinha um copo de água e dois remédios na mão.

— Para a sua dor de cabeça.

E, mais uma vez, fora pega de surpresa por ele saber tanto, sem eu ter dito nada.

— Você está procurando pelas sombras e está enrugando a testa para me ver. Foi o que fez naquela tarde, quando a sua enxaqueca atacou. – Explicou-se.

Com um balançar de cabeça agradeci, foi a coisa errada a se fazer, pois piorou a dor... assim, de uma vez, joguei os dois comprimidos na boca e os engoli com água, deitando-me logo em seguida e tampando a cabeça. Senti que Alex deitou-se do meu lado, estava perto o suficiente para que eu notasse a sua presença, mas me dava um certo espaço.

Virei-me na cama e o puxei para mim, abraçando-o tão forte quanto eu podia. Eu não conseguia expressar o lixo que eu estava me sentindo, mas precisava dele perto de mim. Precisava saber que ele era o meu porto seguro, novamente, enquanto eu processava mais uma verdade escondida da minha vida que resolveu dar às caras.

Alex se ajeitou de modo que me abraçava e, ao mesmo tempo, formava uma barreira de proteção em minha volta. Passava sua mão em minhas costas, fazendo movimentos circulares, tudo para me acalmar, enquanto eu chorava minha alma.

— Por quê? – Perguntei depois de muito tempo, pela primeira vez os remédios para enxaqueca não me apagaram. – Como deixaram que isso acontecesse?

— Nunca gostaram de você, Katerina. Assim, se isso iria te machucar ou não, não importava para eles. Mas já acabou. Você já está há quase um ano livre deles.

— Eu fui... Alex... meu... corpo... e eu achando normal!!

— Não tinha como você saber na época, Loira. Não tinha.

E, tardiamente percebi que os Três Patetas tinham conseguido destruir todos os resquícios de dignidade que eu tinha. Tudo sem eu saber...

Minha dor de cabeça piorou, mesmo já medicada e Alex passou todo o tempo ao meu lado. Sendo o porto seguro que eu precisava para passar por mais essa tempestade de revelações que enfrentava.

Ficamos assim, juntos até que as lágrimas secaram, a dor não tinha passado, era cedo demais para isso, ou melhor, jamais passaria, um dia viraria um tormento no fundo da minha mente, e caberia a mim transformá-la em algo útil, se eu não pude me defender, deveria procurar e achar uma maneira para que isso não se repetisse com mais ninguém, principalmente com as pessoas que amo.

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Já era bem tarde quando fiz menção de me levantar, Alex se mexeu do meu lado e cuidadosamente acariciou a minha bochecha.

— Como você está?

— Fisicamente, a cabeça melhorou ao ponto de que agora te vejo normalmente. Psicologicamente, vai levar um tempo para assimilar isso.

— Se precisar de ajuda, saiba que estou aqui.

— Sei que está. Aliás, quando você não está, Alex? Cada uma das vezes em que a bomba estourou, você foi o primeiro que me estendeu a mão para me ajudar e me abraçou para me manter inteira.

E ele me abraçou novamente. Apertado, quase ao ponto que perdi o ar, mas foi bom, pareceu que reajustou os pedaços do meu corpo e os colocou no lugar.

— Obrigada, eu estava precisando de um desses. – Murmurei.

Ele não desfez o abraço e, me balançando devagar, deu um beijo na minha testa, reafirmando a sua presença na minha vida.

Aproveitei o momento e respirei em seu pescoço, tentando me acalmar para evitar que outra onda de choro saísse pelos meus olhos.

— Está com fome? – Questionou.

— Não, mas você deve estar. Chegou de viagem e nem pode tomar um banho ou comer. Eu comecei a preparar o jantar, vem, vamos lá.

— Você não acha melhor ficar aqui em cima...

— Eu tenho que fazer qualquer coisa para me distrair, Alex. Meus pensamentos ainda estão fazendo muito barulho aqui dentro. Preciso me acalmar, cozinhar me faz isso.

— Tem certeza de que está bem? Da dor de cabeça.

— Sim, o pior já passou.

Um tanto desconfiado, Alex concordou comigo e, praticamente, me levou para a cozinha, já que agora me abraçava de lado.

Fizemos o jantar e comemos em silêncio, hoje, diferente dos demais dias, não nos sentamos frente-a-frente, mas sim, lado a lado, com ele passando a perna atrás do meu banco e me puxando para o mais perto de si que conseguiu.

Apesar de tudo, tentei manter uma conversa focada nele, não em mim, eu precisava de distração e Alex a tinha, quando começou a me contar sobre como foram as gravações, as cenas mais difíceis de se fazer, os bastidores, os erros de gravação...

E quando vi, me peguei rindo, pois ele foi detalhista demais em uma determinada cena que teve que ser regravada dez vezes, pois sempre tinha um que não se lembrava do texto.

— Depois dessa, o diretor deu o dia por encerrado. Até ele já estava se confundindo com o número da cena e que take era para ser filmado.

— Também pudera. Nove tentativas e cada hora era um que se esquecia do texto... não sei o que você comeram no set, mas deu amnésia coletiva.

— Nós não comemos nada de estranho... era só cansaço mesmo. – Ele tentou justificar o injustificável.

Arrumamos a cozinha do jeito de sempre e, depois de conferir se tudo estava trancado, voltamos para o quarto, agora, eu esperava, para ter uma boa-noite.

Já deitada e com Alex ressonando baixinho do meu lado, pedi aos céus para que esta tivesse sido a última surpresa negativa da minha vida. Sei que todos tem os seus calvários, mas nos últimos dez meses eu só fui jogada para baixo, tudo o que eu queria era um pouco de paz, que eu passasse a levar a minha vida em paz.

Suspirei, sonhando realmente com um dia em que os problemas que eu enfrentasse fossem mais simples e menos traumáticos.

— Por favor, é tudo o que lhe peço! – Murmurei no quarto escuro.

Como se fosse a resposta divina que eu procurava, Alex apertou seu braço em volta de meu corpo e quando teve a certeza de que eu estava ali e segura, sussurrou um:

— Eu te amo, Katerina.

Beijei seu peito e falei o mesmo.

— E, além de amar sem medidas, sou agradecida por você estar sempre do meu lado quando preciso.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, sei que foi um pouquinho pesado o que foi dito, mas essa parte trará uma resposta positiva. Enquanto as demais foram só dor para a Kat, dessa era tirará uma lição que não irá beneficiar só a ela, mas a outras pessoas.
Muito obrigada a você que leu até aqui e está acompanhando a história!
Semana que vem tem mais.
xoxo



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