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Eram 17:40, sábado, o baile começava ás 19:00, eu tinha tempo o bastante pra me arrumar, mas decidi começar cedo.
    Tomei um banho, vesti o terno novo, os sapatos, e fui para o cabelo, ai sim era a parte meio complicada, eu tive umas ideias no meio da semana antes do baile, e duas delas funcionaram, arrepiar as pontas, ou deixá-lo meio ondulado, porém não testei com o terno, comecei a arrepiar as pontas, quando terminei, ficou muito bom! Ficaria melhor se fosse loiro mas tudo bem, ficou bom de qualquer jeito. Decidi deixar daquele jeito, antes de fazer alguma merda e destruir a arte, estava bonito assim então está muito bom!
    Olhei cada canto do meu rosto, procurando alguma coisa que me incomodasse, e achei, a pinta que eu tenho do queixo não era muito desejada, ainda bem que consegui tampar, já a outra na bochecha não tive problema de camuflar um pouco. É meio raro um garoto usar maquiagem, mas eu sou vaidoso e não me importo nem um pouco.
Quando terminei, chamei minha mãe que estava no quarto dela.
— Já posso descer? - perguntei;
— Não, deixa eu te ver antes - disse ela ainda no quarto;
— Okay - esperei no corredor;
— Ah que lindo! Taka! - ela disse, saindo do quarto e parando á minha frente;
— Arigato -
— Está tão fofo! E o cabelo ficou bom! -
— Ficaria melhor loiro! - eu sei, bajulando apesar de saber que não vai funcionar;
— Ainda não, espertinho! Assim está bom! - ela disse, mexendo em algumas pontas;
— Quero ver a cara dos dois -
— Eles vão gostar! Ah como você tá lindo! - ela disse, me abraçando de leve;
— Ah... Arigato -
— Vamos, eles devem estar curiosos! - disse me puxando até a escada;
    Desci os primeiros degraus, minha mãe parou no caminho, pedindo que eu esperasse, ela desceu, chamou meu pai e meu irmão, exagerada!
— Pode descer Taka! - ela gritou da sala;
Desci as escadas devagar, coloquei as mãos no bolso da calça, aquilo parecia um casamento!
Tá, exagerei eu sei, mas tudo bem.
— Uooooh! Olha só o baixinho! - gritou meu irmão;
— Está bonito - disse meu pai, se aproximando;
— O que fez com o cabelo? - perguntou meu irmão;
— O que, não gostou? - perguntei;
— Não, gostei muito, você vai fazer no meu também mais tarde! - ele disse, rindo;
— Só arrepiei, nada de mais, idiota! - brinquei;
— E pra onde foram suas pintas? - perguntou minha mãe;
— Ué não estão aqui? - brinquei de novo;
— Bobo, que horas começa? - ela perguntou;
— Ás 19:00 -
— E que horas são? -
— AH! Mas já?! - gritei, olhando as horas no celular;
— O que? - perguntou ela;
— 18:40! Vamo pai! - corri para a porta;
— Taka espera! - disse minha mãe;
— Vou ligar o carro - disse meu pai saindo;
— Toma - ela me entregou uma caixinha;
— O que é isso? -
— Aquelas coisas de baile, é só por no pulso dela, e aqui um broche só de presente - me entregou uma caixinha menor e arrumando meu terno;
— Valeu, mãe - a abracei;
— É pra dançar, hein! - ela gritou;
— Já sei, já sei, pode deixar -
    Entrei no carro e fomos para o salão que a escola alugou, meu pai me deixou na entrada, tinha tanta coisa lá dentro que nem me dei o trabalho de ver, tinha um jardim ao lado onde tinha algumas mesas decoradas. Esperei Reira na entrada, não demorou muito até que ela chegasse, o carro parou um pouco á frente, ela saiu, vi um salto não muito grande, quando a vi, subiu o nervosismo de novo, porém misturado com alguma coisa que eu não faço ideia do que seja, ela sorriu para mim, e eu tinha que admitir, ela estava maravilhosa! Um vestido de um rosa claro, alguns babadinhos, e um colar que tinha um pingente de uma flor, mais ou menos uma rosa, porém toda de prata, o cabelo preso em um coque, com alguns fios soltos, enrolados, com algumas presilhas prateadas. Kami-sama! Está perfeita...
— Taka... - ela me chamou a atenção;
— Olá - eu disse;
— Oi... Está bonito -
— V-Você também, tá muito bonita -
— Ah... Obrigada - ela disse, sorrindo;
— Aqui, pra você - mostrei a caixinha;
— Que lindo, Taka! - ela sorriu;
Puxei a mão dela e coloquei a fita, o bom foi que combinou com o vestido... Espera... Oh manhee! Que bruxaria é essa?! Você é vidente por acaso?! Que porra é essa Kami-sama?!
— Arigato - ela sorriu de novo;
— De nada - sorri de volta;
    Aquele sorriso realmente me animou, como sempre faz, mas não consegui parar de olhar para ela, estava tão... Ah!
— Vamos entrar? - ofereci;
— Ah sim, vamos -
    Peguei sua mão e a puxei para dentro da festa, ela se surpreendeu com a decoração, seguimos para uma das mesas livres. Logo a convidei para dançar, uma música agitada, o bom é que era eletrônica.
— Quer dançar? - perguntei;
— Ah, eu sou péssima em dançar! -
— Então não faz mal, porque eu também sou terrível! - eu disse, rindo;
— Ta, eu vou tentar - ela disse, rindo comigo;
    A puxei até o meio do salão, onde se encontrava a pista de dança, alguns alunos já estavam dançando, no meio da zona, encontramos Aoi e Hikari.
— Ruki-san! Reira-chan! Vocês vieram! - disse Aoi, alegre;
— Sim - respondi;
— Reira-chan, você tá linda! -
— Arigato! -
— Estão juntos? - perguntou Aoi;
— Sim - respondi de novo;
— E vocês dois? - perguntou Reira;
— Hai! - ele respondeu, abraçando Hikari;
— Entendi -
— Nos vemos depois, vamos dançar Hika-chan! - disse Aoi, puxando Hikari para o meio do povo;
— Okay - respondi, rindo, acompanhado de Reira;
    Continuamos dançando até que a música mudou para uma lenta, ai santo Kami... Reira olhou em volta, curiosa, estendi minha mão até ela, ficou surpresa mas logo sorriu, pegou minha mão e a puxei mais perto de mim, e como de costume, a posição de dança, pelo menos aquilo eu sabia dançar, acho que Reira também, ela olhava para os pés as vezes, mas conseguiu acompanhar.
    Eu não tive saída dessa vez, ou eu olhava pro nada, ou para ela. Olhei para seu rosto, estava corada, olhou para mim, mas logo baixou os olhos, sorriu de leve, olhou para o lado, vi Uruha e Yumi, também dançando, e logo vi Reita e Ayano, sentados em uma das mesas, rindo sozinhos, voltei minha atenção para Reira, a primeira coisa que vi foi aqueles olhos, malditos olhos, não consegui desviar a atenção deles, e parece que Reira me olhava, atenta, soltei sua mão e a coloquei na cintura dela, ela passou os braços em meus ombros, ficando mais próxima de mim, ainda estava corada, acho que eu também estava. A música acabou, e logo começou outra, ainda no ritmo lento, nem contei quanto tempo ficamos lá, dançando. Fiquei perdido naqueles olhos, era impossível não olhar, eu sabia que, mesmo sendo bobo, não queria olhar pra lugar nenhum, aqueles olhos eram a melhor coisa que eu tinha, naquele momento, e não iria desviar o olhar de jeito nenhum. Reira parecia avoada, assim como eu, olhava em meus olhos, foi só o que consegui prestar atenção, uma sensação estranha subiu em mim, mas era boa, eu logo entendi, só fui burro de não obedecer, eu queria mais que tudo beijá-la, mas estava nervoso, além de não saber a reação dela, mas eu queria arriscar, porém a música acabou, começou a tocar J-pop, Reira tirou os braços dos meus ombros, soltei sua cintura e peguei suas mãos, fiquei realmente frustrado, sentamos na mesa que pegamos, era perto da mesa de Aoi e Hikari.
— Quer algo? - perguntei á Reira;
— Uma água, pode ser -
— Okay, vou buscar, já volto - me levantei, dei um beijo no rosto de Reira, por impulso;
— Pera Ruki! Eu vou com você - disse Aoi;
— Porque não juntamos as mesas? - perguntou Uruha, que também sentava por perto;
— Boa, puxe a sua mais perto - disse Hikari;
Fui com Aoi pegar água, no caminho, Aoi aproveitou pra conversar.
— Eu vi hein - disse Aoi;
— Viu o que? - perguntei;
— Você e a Reira -
— Ah, isso... -
— Sim, você sabe dançar hein! -
— Triste se não soubesse nee - sorri;
— Com certeza - disse rindo;
— E você e a Hikari? - perguntei;
— Estamos bem - respondeu;
— Que bom -
— Você ta gostando da Reira não tá? -
— Cara, acho que eu to ficando louco - respondi, passando a mão no cabelo;
— Ta apaixonado por ela... - ele disse, com um sorrisinho e colocando a mão em meu ombro;
— Acho que sim -
— Mas você não tem que achar, tem que ter certeza! Você tá! Dá pra ver de longe! -
— Sério? -
— Claro! Taka! Dá pra ver quando você sorri feito bobo pra ela, dá pra ver até o brilhinho nos seus olhos! Taka, você TÁ apaixonado por ela - disse apontando para mim;
— Mas... Eu... - tentei falar mas ele me interrompeu;
— Sem "mas", admita logo, isso foi só a metade do que deu pra perceber em você, tem muito mais! - disse com a mão em minhas costas;
    Fiquei pensativo por um tempo, ele entendeu, pegou as garrafas de água, me entregou uma e seguimos para as mesas, já estavam juntas, Uruha ria com Yumi, Hikari e Reira conversavam, entreguei a água para Reira, e continuamos conversando.
    O resto do baile foi só zueira, comemos alguma coisa que eu nem prestei atenção no que era, só sei que era bom, dançamos mais um pouco e rimos o resto da festa. No fim do baile, nos despedimos de todos, esperei até que o pai de Reira chegasse para buscá-la. Quando saímos, estava ventando de leve. Reira se encolheu um pouco, deu um pulo e olhou para mim.
— Esqueci meu casaco lá dentro! Vou pegar e já volto -
— Eu pego - ofereci;
— Não precisa, Taka -
— Deixou na mesa nee? -
— Ah, sim -
— Deixa que eu pego - sorri para ela e entrei;
Vi o casaco dela pendurado na cadeira da mesa onde estávamos, o peguei e sai.
— Achei - disse mostrando o casaco a ela;
— Ah Arigato - ela sorriu;
    Abri o casaco e coloquei sobre seus ombros, ela sorriu, corada. O pai dela chegou e parou em frente a nós, a levei até o carro, ela me abraçou, a abracei de volta, lembrei do presente que minha mãe comprou para que eu desse a ela.
— Ah Reira - a chamei;
— Hai? -
    Peguei a caixinha no meu bolso, dei graças por estar inteira até agora, entreguei á ela, que ficou surpresa, mas logo sorriu, me beijou no rosto, e tenho quase certeza de que chegou perto do canto da minha boca, fiquei ansioso mas triste por não ter cido um pouco mais pro lado... Tá bom! Tá bom! Parei!
    Abri a porta do carro e ela entrou, fechei e ela abriu o vidro e acenou, acenei de volta e o carro se foi.
    Realmente gostei daquele baile, e sim, eu sabia o motivo, não era a música, nem o fato de ser um baile, e sim ela, depois da longa dança com ela, tive certeza. Mas acho que não fui só eu que percebi, Aoi e Hikari parecem bem juntos, fico feliz por ele, afinal, ele é meu amigo, tanto que até percebi que ele gosta da Hikari, assim como ele e todos os outros no baile viram como eu estava, menos Kai, mas ele já deve ter percebido antes, ele conhece Reira a mais tempo que eu, mas mesmo assim, tenho quase certeza de que todos eles perceberam.
    Fiquei um tempo brisando até que meu pai chegasse, até ele percebeu, eu devia estar com uma cara de idiota, tanto que me peguei olhando pro nada, e demorei para perceber que ele tinha chegado, quando parei de brisar, meu pai me chamava de dentro do caro, sacudi a cabeça de leve, entrei no carro e meu pai já começou.
— E ai como foi? - perguntou ele;
— Foi bem legal... Eu acho - respondi;
— Foi tão bom assim? - ele fez uma cara de curioso;
— Hein? - e eu como sempre não entendi o porque daquela cara;
— Você está muito avoado, vai ver está cansado -
— Mas eu nem dancei tanto! -
— Ah, então você dançou? - dessa vez ele fez uma cara de irônico;
— Claro nee! - não é muito comum me ver dançar, por isso a ironia dele;
— Ah bom, e como foi com a Reira? -
— ... -
Ele me fez lembrar dela, realmente eu estava com problemas.
— Taka? -
— ... -
— Takanori? -
— O-O que? -
— Você está bem filho? -
— To, por que? -
— Nada, a gente conversa em casa -
    Não demorou muito para que chegássemos em casa, entrei enquanto meu pai guardava o carro na garagem, me deparei com minha mãe no caminho, mas subi direto para meu quarto, tirei a camisa e minha mãe entrou no quarto.
— Taka, como f... Opa, desculpe filho - ela riu e fechou a porta;
    Ri e me troquei rápido, abri a porta para ela que esperava no corredor, ela entrou e sentou na cadeira da minha escrivaninha, me joguei na cama.
— Como foi lá? - ela perguntou, curiosa;
— Legal -
— E vocês dançaram bastante? -
— Acho que sim, a maioria das músicas eram J-pop, mas tinham umas eletrônicas... Ah e umas lentas também -
— Ah e vocês dançaram as lentas? -
Balancei a cabeça dizendo que sim, sorri de leve, ela deu uns pulinhos e riu de leve.
— Ah! Você entregou o bracelete né? - ela perguntou;
— Sim, e o presentinho também -
— Ah ótimo -
Fiquei um tempo em silêncio, olhando pro teto, até que ela chamou minha atenção de novo.
— O que você tem? Está muito avoado - ela se aproximou e colocou a mão em minha testa;
— Eu to bem, mãe - fiz uma cara de desprezo e ela riu;
— Você está diferente, com a cabeça longe talvez, espera... - ela me olhava, pensativa;
O silêncio tomou conta novamente.
— Vocês dançaram certo? Como foi Taka? -
— A dança? Ah... -
— Sim, você disse que dançou as músicas lentas, como foi? - ela sorriu de leve;
— Ah... Acho que... Etto... Foi bom... -
— Bom? -
— Mãe... - eu nem terminei e ela pareceu entender;
—Tá bom, eu sei, mais tarde a gente conversa - ela sorriu e saiu do quarto, parecia meio feliz;
    Voltei a brisar por um tempo, pensando nela, já tinha virado um costume pensar nela, e passei a não me incomodar com isso, afinal, eu estou quase louco por ela, não é?
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