A herdeira escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 9
Conhecendo o verdadeiro Dante SantaHelena


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem vindos a uma postagem especial de a herdeira.
Resolvi adiantar o capitulo de hoje em comemoração a linda recomendação que a história recebeu, por isso este capitulo é em homenagem a Miimii, por suas lindas palavras e seu carinho com as minhas histórias.
Obrigada por me acompanhar durante essa jornada incrível, que foi contar a história da Leah e dos seus descentes.
Espero que goste do capitulo de hoje.
❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️
Beijos a todos e boa leitura.



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Corria pelo bairro em que cresci no subúrbio de Nova York com fones de ouvido, cumprimentando alguns dos meus vizinhos pelo caminho, que saiam de suas casas para colocar o lixo para fora ou simplesmente passear com o cachorro.

Correr sempre me ajudou a manter o meu temperamento explosivo sobre controle, principalmente depois que me transformei em lobo aos treze anos, quando estava fazendo uma excursão da escola pelo parque florestal de Nova York e Michele, a garota mais bonita da sala e por quem nutria uma paixonite secreta, me mandou um bilhete por nossos colegas de turma durante o passeio, dizendo que queria ficar comigo o que me deixou apavorado.

Afinal, nunca tinha beijado uma garota antes e mesmo com as dicas dos meus amigos, a pressão foi demais para um adolescente e acabei passando mal e fugindo para o mais longe que pude de Michele floresta a dentro, me transformando em um lobo de pelos pretos como a noite. Sem saber o que estava acontecendo comigo, vaguei durante dias pela floresta me escondendo das pessoas com medo de assustá-las ou machucá-las, até que fui encontrado por um lobo de pelos vermelhos que me ajudou a voltar ao normal e fiquei surpreso, ao ver que o lobo em questão era Benjamin Thompson.

O homem que havia salvado a minha vida, me entregando aos meus avôs maternos depois que meus pais morreram quando era apenas um recém-nascido.

Por causa dele havia crescido em um lar rodeado de amor e carinho, após a morte dos meus pais que ocorreu durante a guerra que sua prima travou na nossa tribo, para tomar o seu lugar. Depois de todo caos e dor causados por Leticia, Benjamin fez questão de ajudar todos aqueles que perderam seus familiares, criando uma fundação que auxiliasse a todos que foram atingidos por essa tragédia, que dizimou inúmeras vidas e deixou muitas crianças órfãos como eu.

Diante disso, Benjamin fez questão de ajudar a encontrar os familiares de todas as crianças órfãos, garantindo que pudéssemos ter uma parte da nossa família depois de tudo que vivemos, se assegurando de que estaríamos em um lar seguro e amoroso arcando com todas as nossas dispensas até um ano após a nossa formatura na faculdade.

Se não fosse por Benjamin Thompson jamais teria encontrado meus avôs, que na época haviam brigado com a minha mãe por ela ter se casado rápido demais com um completo estranho, do qual nem fizeram questão de conhecer e muito menos ir ao casamento, mas assim que souberam da tragédia que havia acontecido, os dois me acolheram da melhor forma possível, um bebê de poucos dias de vida, sem se importar quem era o pai.

Mesmo me deixando em segurança e se assegurando que meus avôs eram pessoas confiáveis e amorosas, Benjamin sempre matinha contato para saber como estava e só mais tarde, quando me transformei e ele me explicou sobre tudo, entendi o porquê de toda a sua preocupação. Desde então, comecei a frequentar La Push nas férias, aprendendo tudo que podia sobre o meu povo, enquanto meus avôs achavam que estava em um acampamento de verão custeado por Benjamin, que sempre solicitava aos mesmos que me deixasse ir em todas as minhas férias escolares, poucas pessoas na tribo sabiam da nossa existência, para a maioria deles todas as crianças que foram entregues aos seus familiares jamais retornaram.

O que em parte era verdade, mas a pequena parcela da qual fazia parte, a que havia se transformado, voltava todo o verão para aprender a controlar nossos poderes de transfiguradores, para que não machucássemos nossas famílias quando voltássemos para nossas casas. Poucas pessoas sabiam sobre a existência desse pequeno grupo de elite, apelidados por nós de os “renegados”, pois havíamos aberto mão de conviver na tribo como os outros para protegê-la em silêncio, tendo sua existência conhecida apenas pelo alfa atual e o concelho da tribo e todos deveriam manter segredo sobre a nossa existência.

Os renegados, eram um grupo de oito pessoas formado por seis homens e duas mulheres, do que eu era o líder, uma espécie de alfa para eles, já que fui o primeiro deles a me transformar. Éramos altamente treinados em todas as artes marciais e de combate, sendo responsáveis pela segunda linha de defesa da nossa tribo, não podendo assim usar a tatuagem que os outros transfiguradores usavam quando entravam no bando e muito menos, mencionar sobre nossas origens.

Todo esse sigilo era mantido por nós, para que pudéssemos rastrear e aniquilar possíveis inimigos, antes que os mesmos chegassem as nossas terras, poupando assim nosso povo de outro extermínio, como o que havia acontecido a vinte e seis anos atrás. Benjamin havia tido a ideia de criar o nosso grupo, quando outras crianças começaram a se transformar depois de mim, permitindo assim que pudéssemos compartilhar da irmandade da matilha que havia em nossas terras, igual a matilha original.

Depois que crescemos, três de nós se mudaram para a Espanha, onde a prima de Benjamin havia ido parar depois que foi expulsa de nossas terras, para monitorá-la reportando todos os seus passos a mim, que os comunicava ao alfa e ao conselho, evitando assim que fossemos surpreendidos por uma possível retaliação de Leticia ou dos seus descendentes, o que duvidava muito que acontecesse. Já que ela estava ocupada demais em gastar a fortuna do marido, um banqueiro espanhol que era bem mais velho que ela, bancando seus luxos extravagantes com seu amante mais jovem.

Suspirei e balancei a cabeça, esquecendo a vida deprimente de Leticia e todo mal que fez a mim e a todos que havia conhecido, enquanto voltava a minha atenção a minha corrida fazendo uma curva e entrando na rua onde ficava a casa dos meus avôs.

 Abri o pequeno portão da frente de ferro batido, subindo os quatro degraus que davam acesso a varanda, antes de entrar em casa ficando surpreso com a outra pessoa que estava na companhia dos meus avôs na sala.

—Benjamin? - questionei surpreso assim que entrei e o vi sentando no sofá da sala, com uma xicara de café nas mãos enquanto meus avôs lhe faziam companhia, já que os dois estavam aposentados e não precisavam mais dar aulas na universidade de Nova York.

—Olá Dante, será que poderíamos conversar? - Benjamin pediu deixando a xícara de café em cima da mesa de centro e olhei em seus olhos, que demonstravam que ele havia chorado por horas além de aparentar não ter dormido a dias, o que me deixou preocupado.

Benjamin sempre evitou me encontrar pessoalmente, a não ser quando fosse algo de extrema urgência, e sua presença aqui assim como a sua aparência cansada e desesperada, me dizia que algo muito grave havia acontecido.

Sabia que não importasse o que fosse faria de tudo para ajuda-lo, não só pelo juramento de lealdade que havia lhe feito anos atrás quando assumi a liderança dos “renegados”, mas principalmente por ser grato a ele por ter me proporcionando uma vida diferente, da qual uma grande parte dos órfãos possuem.

—Claro. Será que esperaria eu tomar um banho e trocar de roupa, antes de conversarmos? Estou de saída para visitar uma obra, podemos ir até um café e conversarmos antes. - sugeri e ele concordou, antes de eu subir para o meu quarto.

Tomei um banho rápido me arrumando em seguida, antes de pegar meu tubo telescópico onde o desenho das plantas das obras que iria visitar estavam, descendo em seguida para a sala. Me despedi dos meus avôs saindo de casa em seguida acompanhado de Benjamin, que me seguiu com o seu carro até estacionarmos em uma cafeteria que havia próxima a primeira obra que visitaria.

—Como está a empresa? Está indo tudo bem, com a sociedade com o Roger? - ele questionou preocupado, enquanto nos sentávamos em uma das mesas livres que havia no café.

—Sim, está indo tudo bem. A cada dia temos mais clientes, obrigado por nos indicar para alguns dos seus amigos e para o Conglomerado. - agradeci sincero e Benjamin sorriu suave, antes da atendendo vir até nos anotando os nossos pedidos e saindo em seguida.

—Não precisa agradecer, Dante. Você é como um filho pra mim, além do mais, não fiz nada demais, apenas sugeri uma empresa de engenharia com excelentes profissionais.

—Sei. Você sabe que não precisa mais se sentir responsável por mim ou pelos outros, já somos adultos, Benjamin. - disse suave e ele balançou a cabeça concordando.

—Sei disso Dante, mas sempre estarei em divida com você e os outros. - ele disse triste e suspirei, me inclinado por cima da mesa para que só ele escutasse.

—Você precisa parar de se culpar, pelos eventos do passado. A única culpada dessa história é a sua prima, e nem dela tenho raiva. E sabe porquê? Porque meus avôs me ensinaram que guardar magoa dos outros nos destrói, enquanto o objeto do nosso ódio continua intacto. E a melhor forma de destruí-lo é sendo feliz. E sabe porque aprendi isso? Porque você transformou a raiva e magoa que sentia da sua prima, por tudo que fez a nossa tribo, em algo bom se empenhando em dar uma família para todos aqueles que perderam as suas. - disse baixo olhando em seus olhos castanhos e Benjamin sorriu triste.

—Queria que minha lobinha, tivesse a metade da sua sabedoria. - ele segredou triste e o olhei sério, enquanto a atendente trazia nossos pedidos, antes de nos deixar a sós novamente.

—O que está acontecendo, Benjamin? Porque você não é do tipo que visita, sem que tenha um bom motivo para isso. - questionei indo direto ao assunto e ele respirou fundo, como se estivesse tomando coragem antes de falar.

—Preciso que volte para Forks e se assegure de que a minha filhotinha esteja bem. Seja a sombra dela se for necessário. Quero saber cada passo dela e principalmente do noivo, algo me diz que ele não é o homem que aparenta ser.- ele disse sério me olhando nos olhos e tomei um gole do meu café pensativo.

—Você sabe que estamos monitorando a família de Leticia e todas as suas conexões, não sabe? Não existe nenhuma possibilidade deles terem encontrado sua família. - disse sério olhando em seus olhos castanhos, para que não existisse nenhuma dúvida e ele concordou. - Achei que não gostasse da ideia de vigiar seus próprios filhotes.

— E não gosto, Dante, sempre achei isso uma invasão de privacidade, mas nesse caso é necessário. E sei muito bem, que Leticia não pensa em revidar o que houve, assim como confio no trabalho da sua equipe, mas antes de ser um alfa e líder tribal do nosso povo, sou pai de cinco filhotes que amo mais do que tudo no mundo e meu instinto de pai, passa por cima de tudo, até do que acho certo e errado .- Benjamin disse culpado e dei de ombros, deixando claro que não iria julgá-lo por sua atitude.- Um dia você entenderá bem a minha razão, quando tiver seus próprios filhotes.

E não disse nada, pois sempre soube que casar e formar uma família não era para mim, e o grande motivo disso era o meu trabalho nos “renegados”.

Seria cruel da minha parte colocar uma pessoa inocente no meio do meu mundo, totalmente frágil e indefesa que poderia ser usada como arma contra mim...

Não, eu estava muito melhor sozinho e continuaria assim.

—Sei que pediu para ser retirado das missões de campo, por causa dos seus avôs e entendo seus motivos, mas seria por apenas um mês, Dante. - Benjamin voltou a falar me tirando dos meus pensamentos e respirei fundo, pensando em sua proposta e ele me olhou de maneira desesperada, como se eu fosse sua única salvação. - Você é a única pessoa em que confio, para cuidar da minha princesa, só assim meu coração de pai, ficará em paz. Por favor, me ajude.

Respirei fundo, sabendo que seria uma missão delicada, contando apenas comigo, sem o apoio dos meus irmãos de bando, mas não poderia jamais negar um pedido desses a Benjamin, depois de tudo o que fez por mim.

—Tudo bem, vou investigar o noivo da sua filha e me assegurar de que ela esteja bem. Não se preocupe, pois não irei falhar na minha missão. -assegurei e Benjamin sorriu agradecido, antes de começar a me contar a rotina da sua filha e o pouco que sabia do noivo dela.

Depois de me instruir com todas as informações que precisava e lhe assegurar que partiria no dia seguinte, após ter conversado com meu sócio, explicando que precisava tirar um mês de licença para resolver alguns assuntos particulares, e com meus avôs, que foram contra desde o inicio quando lhes contei que voltaria para a mesma cidade que eles tanto odiavam.

—Dante, meu filho, por favor, não vá para aquele lugar...Ainda mais agora, que acabou de completar vinte seis anos. - minha avó implorou sentada na poltrona do meu quarto, enquanto arrumava a minha mala.

Sabia que ter vinte seis anos e estar indo para Forks, fazia um filme passar pela cabeça da minha avó. Afinal, era a mesma idade em que minha mãe saiu de sua cidade natal para trabalhar na pequena cidade chuvosa no estado de Washington, onde encontrou o homem da sua vida, se apaixonou, casou e teve um filho, antes de morrer de forma trágica pela guerra que a prima de Benjamin travou contra ele.

Respirei fundo deixando minha mala e me sentando ao lado da minha avó, segurando suas mãos nas minhas e olhando-a em seus olhos castanhos escuros, para que não tivesse nenhuma duvida do que iria falar a seguir.

—Vovó, não precisa se preocupar, pois irá ficar tudo bem. Prometo, que voltarei para casa o mais rápido possível e que nada de ruim irá me acontecer. - jurei olhando em seus olhos e ela concordou entre lágrimas, antes de nos abraçarmos.  

—Promete mesmo que voltará para casa? - vovó questionou preocupada ainda abraçada a mim.

—Prometo, vovó. Não importa o que aconteça, vou voltar para casa. - jurei sincero e ela respirou conformada, me afastando dos seus braços e beijando a minha testa com carinho, antes de me deixar a sós no meu quarto para que pudesse terminar de arrumar a minha mala.

Depois que cheguei em Forks comecei a minha missão, investigando sobre o noivo da futura alfa e líder tribal dos Quileutes, em poucas semanas descobri que o tal sujeito era um tremendo cafajeste e jogador compulsivo, que devia inúmeros agiotas em outro estado, vindo para Forks para fugir das suas dívidas, mas acabou esbarando em uma verdadeira “mina de ouro”, quando conheceu a filha de Benjamin.

Além dos seus problemas com jogo ele ainda fazia questão de trair a então noiva, além de roubá-la, usando seu cartão para bancar seus vícios, enquanto a deixava em casa acreditando que o mesmo estava trabalhando como chef em um restaurante renomado da cidade, o que não era mais verdade há meses, e a cada vez que investigava ficava com mais raiva daquele idiota estar enganando a filha do meu alfa.

Assim que um dos vizinhos que morava em frente ao apartamento da minha missão se mudou, vi a oportunidade perfeita para me aproximar e obter informações pessoais. Além daquelas que havia obtido com minhas investigações, por isso bati na lateral do seu carro de proposito, criando um pretexto para que pudéssemos nos conhecer pessoalmente, permitindo ter conhecimento sobre a sua situação pessoal, mas nada do que aprendi nos meus treinamentos me preparou para aquele momento.

No qual abri a porta furioso com a toalha enrolada na cintura, após de ter meu banho interrompido, depois que havia passado a noite toda acordado em uma casa de jogos fétida vigiando de perto o noivo da minha missão, assim que vi aqueles belos olhos cor de mel que pareciam queimar de fúria, senti meu coração acelerar como se quisesse sair do meu peito, enquanto minhas mãos tremiam como se estivesse prestes a me transformar, mas antes que pudesse me afastar para protegê-la, senti fios de aço me prendendo a ela, me deixando em pânico assim que entendi o que estava acontecendo.

Não...Isso não pode estar acontecendo...

Não podia trair a confiança do meu alfa....

Não podia estar tendo um imprinting pela minha missão.

Meu dever era apenas saber se a próxima alfa estava segura e se seu noivo era confiável, e não me envolver com ela, isso era praticamente assinar o meu atestado de traição.

Traição não só com o meu voto de não interferir ou me fazer conhecer, pelos transfiguradores da matilha vigente, mas principalmente a Benjamin, para quem devia tudo que tinha na minha vida.

Diante disso, comecei a lutar desesperado me livrando dos fios que me prendiam a ela, mas a cada fio quebrado outro surgia mais forte, nos prendendo ainda mais ao outro. Incrédulo, senti que os fios que nos prendiam não partiam apenas de mim, mas dela também indicando que meu imprinting estava sendo correspondido, algo que nunca havia acontecido na história da tribo, pelo menos era o que sabia.

Determinado, respirei fundo e usei toda a minha força para me libertar dos laços que nos prendiam, pois não ia cometer uma deslealdade dessas com o meu juramento e muito menos a Benjamin. Quando estava no ultimo fio de aço, prestes a ser quebrado impedindo assim que o imprinting se concluísse, já que a futura alfa não conseguia manter a nossa conexão por estar muito fraca, ouvi uma voz conhecida implorar desesperada na minha cabeça.

“Por favor, Dante, pare de lutar...Não percebe que está machucando a nossa fêmea?!” - a voz do meu espirito de lobo implorou desesperado e balancei a cabeça negando.

“Não posso aceita-la, ela é a futura alfa...Meu dever é protegê-la e não me unir a ela, da forma mais sagrada para o nosso povo. Seria uma traição contra meus votos e contra o homem que salvou a minha vida...Não posso fazer isso...” - solucei com dor por saber que havia encontrado a minha companheira, mas que devia renegá-la em nome do meu dever.

“Ela é a nossa fêmea, Dante. Não importa a nossa missão ou nossos votos, a magia Quileute a escolheu e devemos aceita-la. Se renegarmos esse laço, seremos infelizes para a vida toda...Você não vê que a nossa fêmea precisa de nós?! Ela está morrendo por causa das suas escolhas, se a magia decidiu que somos companheiros é porque devemos aceitar. Afinal, jamais devemos duvidar das escolhas dos nossos antepassados.” -meu espírito de lobo implorou desesperado na minha mente e olhei novamente nos olhos da mulher que estava na minha frente tão perdida quanto eu diante da situação que estávamos vivendo, enquanto percebia que  o brilho da magia Quileute que havia dentro dos seus olhos e que só poderia ser identificado por outro transfigurador, estava fraco demais.

Como se estivesse prestes a se apagar, algo extremamente perigoso para qualquer transfigurador, pois indicava que o mesmo estava com os dias contados o que me deixou desesperado, ao pensar na possibilidade de perder a minha companheira, antes mesmo de conhecê-la ou entender porquê a magia havia nos colocado no caminho do outro.

Decidido respirei fundo, tendo ciência de tudo o que enfrentaria se aceitasse aquele imprinting com a filha do meu alfa.

“Você tem razão. Não entendo, porque a magia Quileute decidiu nos unir, mas sei que ela precisa de ajuda, antes que algo ruim aconteça.” - pensei e meu espirito de lobo concordou, em seguida voltei minha atenção para a minha futura fêmea, olhando em nos olhos cor de mel. “Prometo que cuidarei de você e encontrarei uma solução para salvá-la, não importa onde ou qual seja ela.”

Respirei fundo relaxando, deixando de lutar contra a força do imprinting que nos unia de forma definitiva e irrevogável, ficando confuso em seguida por não poder ver as suas memórias assim como não podendo compartilhar as minhas com ela, mas antes que pudesse pensar muito no assunto, fui dominado pela necessidade de ter minha fêmea nos meus braços não me importando com o fato dela ser comprometida com outro.

Afinal, aquele compromisso não era nada em relação ao nosso, que seria para a vida toda. De forma inconsciente, minha fêmea deu um passo em minha direção e imitei seu gesto, puxando-a em seguida para os meus braços e beijando-a de forma apaixonada, sentindo meu corpo se moldar ao dela, me fazendo gemer de prazer e felicidade por estar finalmente com a minha companheira.

Nossa...

Nossa fêmea...

Nosso imprinting...

A voz conhecida disse de maneira possessiva e concordei, antes de  perder o raciocínio por causa dos beijos da minha fêmea, mas antes que pudesse aprofundar mais nosso beijo fomos interrompidos pelo idiota que ela chamava de noivo, me deixando com mais raiva dele por sua intromissão.

No fim, acabei perdendo a paciência e quebrando o nariz daquele mal caráter quando ele ofendeu a minha fêmea, mas o que doeu mais foi ver que ela foi capaz de me atacar para defender aquele idiota, me deixando revoltado enquanto gritava com ela antes de entrar na minha casa furioso.  

Depois que me acalmei, procurei por uma das pessoas que mais conheciam sobre as lendas Quileutes, já que havia passado anos estudando o nosso povo e que por coincidência, era o avô paterno do meu imprinting, o doutor Elliot Thompson, que havia sido meu professor de cultura Quileute durante os verões que passava em La Push.

—Tem certeza disso, Dante? - Elliot questionou preocupado esquecendo o seu café em cima da mesa, depois que mandei uma mensagem para ele pedindo para que me encontrasse em Seattle em uma cafeteria, não comprometendo assim o meu disfarce.

—Eu tenho, Elliot. Tentei de todas as formas evitar ter um imprinting com ela, mas não consegui...E agora, ela precisa de ajuda...A sua magia Quileute, está se apagando dos seus olhos rápido demais. Por favor, me diga que existe alguma solução para isso, não posso perdê-la antes mesmo de conhece-la. - implorei desesperado para meu antigo professor que respirou fundo, antes de tomar um pouco do seu café e voltar a me olhar sério.

—Porque não queria ter um imprinting com a minha neta? Porque relutou se unir a Kyra? - ele questionou e sorri incrédulo, não acreditando que depois de tudo que contei a única coisa na qual ele havia prestado atenção, foi no fato de que não queria me unir a sua neta.

—Por Deus, Elliot...Ela é filha do Benjamin, que me mandou até aqui para vigiá-la. Ela é filha do homem que mais admiro e respeito no mundo, por quem tenho uma divida de gratidão eterna e como agradecimento a tudo que ele me fez, aceitei ter um imprinting pela sua herdeira. E nem vamos falar do fato de que aceitar esse imprinting, me fez trair também meus votos da matilha dos “renegados”, de não interagir com os transfigurados da matilha original...Eu trai a minha família por amor a uma mulher, que preferiu renegar suas origens em nome de um homem que a trai de todas as formas possíveis...Ela preferiu me atacar, logo depois que tivemos o nosso imprinting, para proteger o cafajeste do noivo.- disse magoado por tudo que meu imprinting havia me feito em poucas horas que nos conhecíamos e Elliot sorriu, antes de tomar o seu café me deixando confuso e irritado.- Não vejo motivo para graça, Elliot.

—Pois eu vejo, Dante. Você está furioso, porque está morrendo de ciúmes da minha neta, mal a conheci e já está completamente nas mãos dela. O que é curioso...Afinal, os dois são alfas...Mas você é apenas por ser o primeiro dos seus a se transformar...Já ela...É porque é filha e neta de alfas...Por isso a liderança dela se sobressai a sua...- Elliot disse perdido em pensamentos voltando a tomar um gole do seu café, me deixando confuso com as suas palavras.- Preciso pesquisar mais para saber o que está acontecendo com a Kyra, assim que tiver as minhas respostas mando mensagem para você marcando um encontro. E tente ter paciência com a minha neta, ela é extremamente parecida com a avó. Um gênio difícil, por causa do sangue quente dos Clearwater, e o orgulho dos Thompson, mas depois que conseguir atravessar esse murro de defesa dela, experimentará o amor mais sincero e puro que existe. Quando um Clearwater ama, ele ama de corpo e alma.

Sem dizer mais nada, Elliot se despediu de mim, antes de se levantar da mesa me deixando sem entender metade do que havia dito.

Com o tempo comecei a me aproximar de Kyra, que me evitava a todo custo por causa dos beijos que sempre trocávamos quando nos encontrávamos, mesmo tentando resistir ao desejo de tocá-la, havia momentos em que a necessidade do meu lobo interior falava mais alto e acabávamos nos beijando, mas no fim sempre acaba sendo rejeitado por ela o que me deixava magoado por não ser aceito pela minha fêmea.

Sem conseguir dormir, pensando em tudo o que estava acontecendo na minha vida, levantei da minha cama e decidi correr pela floresta na forma de lobo, seguindo apenas meu instinto e esquecendo tudo pelo que estava passando.

E estava conseguindo, até sentir um cheiro conhecido ao redor me fazendo correr em direção a ele. Graças a minha visão apurada na forma de lobo, consegui avistar minha fêmea desmaiada na grama e meu coração parou, pensando na possibilidade de que algo tivesse acontecido com ela.

Desesperado corri para perto dela, voltando a minha forma humana assim que estava perto o suficiente, me vesti rapidamente antes de completar a distância entre nós com uma simples corrida, caindo de joelhos ao seu lado entre lágrimas. Assim que percebi o que estava acontecendo, a coloquei no meu colo aproximando seu peito do meu para que pudesse acompanhar o sobe e desce do meu, regularizando a sua respiração, antes dela desmaiar nos meus braços me deixado apavorado.

—Por favor, não me deixa Kyra... Me perdoe por ter sido um idiota...Eu te amo tanto...Seria capaz de dar a minha vida por você... Só volta pra mim, minha princesa. - solucei com dor sentindo que o cheiro e o calor da minha fêmea estavam fracos demais, deixando claro que estava perdendo-a.

Logo me lembrei do outro encontro que tive com Elliot, alguns dias atrás no qual ele me explicou o que estava acontecendo com Kyra. segundo ele, sua neta estava morrendo porque renegou suas origens deixando de assumir o seu lugar de nascença, perante a matilha e o nosso povo, por isso a magia havia decidido tomar a vida que havia lhe dado, mas como seu imprinting poderia atrasar tal processo lhe cedendo uma parte da minha força, algo extremamente perigoso para os dois, mas que agora se mostrava a única alternativa para mantê-la viva até que pudéssemos achar uma cura definitiva.

Respirei fundo, buscando na memória as palavras das antigas folhas que Elliot havia me entregado nesse dia, enquanto deitava com cuidado a minha fêmea na grama na qual havia encontrado minutos atrás.

Em silêncio me ajoelhei ao seu lado e entrelacei minha mão direita a sua, colocando-a em cima do meu peito onde meu coração batia acelerado de preocupação, por ver que a cada momento minha fêmea ficava cada vez mais pálida e fria.

— Eu Dante SantaHelena, alfa dos renegados, entrego a você, Kyra Thompson, herdeira do alfa vigente e minha fêmea, minha força vital. Tome de mim, a força que precisa para viver e que nos unirá em um só. Sua vida dependerá da minha, fortalecendo-a e curando-a até que possa restabelecer a sua força natural sozinha. A partir de agora, você será parti de mim e eu serei parte de você, para sempre. - recitei em Quileute e senti uma forte dor tomando conta de mim, como se toda a minha força estivesse sendo sugada me causado dor, enquanto caia no chão perdendo os sentidos ao lado da minha fêmea.

Assim que abri os olhos, olhei para o lado aflito com medo de que o pior tivesse acontecido, mas respirei aliviado, quando vi que o rosto da minha fêmea estava mais corado me fazendo ter certeza de que havia funcionado.

Pelo menos era o que achei por um tempo, antes de Kyra adoecer novamente e ter que leva-la as pressas para a casa do seu avô, que deixou claro que dessa vez nem mesmo a doação da minha força vital iria ajudar a minha fêmea.

A única coisa que poderia salvá-la agora, seria se Kyra fizesse o juramento do líder tribal e do alfa.

—Precisamos chamar o Benjamin. - Leah disse preocupada em pé ao lado do marido atrás de mim, enquanto me mantinha sentado ao lado da minha fêmea segurando sua mão entre as minhas, enquanto ela estava deitada inconsciente na cama do quarto de hospedes da casa dos seus avôs.

—Está tudo bem, não me importo se o Benjamin irá me odiar quando souber toda a verdade, tudo que quero é que minha fêmea fique viva. - disse entre lágrimas olhando para o rosto pálido de Kyra, que respirava com dificuldade e beijei sua mão com carinho, sabendo que estava perdendo-a cada minuto que passava.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado de saber o outro lado da história pela visão do Dante. Me desculpem os erros de português, pois não tive tempo para revisar o capitulo.
E lembrando que amanhã não teremos capitulo.
Beijos e até quarta.
❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️



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